— Fetiches com sangue. Já ouviu falar?
— Ah... Já...?... Por alto.
— Então... — Ele apoiou os cotovelos nos joelhos. — ... é aí que eu entro. — Falou baixinho, como que contando um segredo. — E você pode entrar também.
— Isso não faz sentido. — Ele tomou metade do whisky em um gole. — Você é maluco.
— Pessoas pensam que tem fetiches. Nós não, nós temos um fetiche de verdade. Um fetiche com sangue. — Voltou a recostar as costas na cadeira. — Basta se misturar entre elas, as pessoas que acham que tem fetiches sexuais com sangue, e... <
Lee olhou em volta, mesmo que não precisasse, mas na verdade precisou, porque só então notou que não haviam espelhos naquela mansão, sendo a única exceção o espelho velho atrás da porta do armário do seu quarto.Girou nos calcanhares e abriu a boca, mas Victor já estava na cozinha, conversando com Santino.— Muito obrigado pelo seu tempo, eu agradeço muito.— Não agradeça antes de experimentar. — Santino estava amolando uma faca atrás da bancada da cozinha, vestido numa elegante dólmã preta e um lenço vermelho afastando os cabelos do rosto.— Su
— Hã... — Victor riu soprado, agarrando os joelhos do garoto com as mãos, mas Lee ignorou aquilo e moveu a cintura no seu colo novamente, agora com a mãos firmes nos seus ombros. — Você não tem a menor noção do perigo, Dante Lee. — Puxou o ar entre os dentes, tentando parar Lee de novo, agora apertando suas coxas. — Escuta... Eu posso ficar anos sem sangue, você está muito enganado se acha que consegue barganhar qualquer coisa comigo oferecendo sangue pra mim.— Você até pode, mas é o que você quer? — Jogou os próprios cabelos para trás com a mão, a outra no ombro largo, apertando de leve. — Eu tô aqui, deixando você tomar o quanto te saciar... E pode ser a última vez. — Ergueu as sobrancelhas. — Vai deixar passar?Victor suspir
— Por que acha que eu sinto o cheiro dele? — Victor franziu o cenho para ele. — Não sei... — Girou nos calcanhares, se afastando. — Talvez por causa do jeito que olha para ele. — Pensei ter te ouvido dizer que não queria se meter. — E não quero. — Virgílio se sentou de volta na sua cadeira, cruzando as pernas. — Mas se você está assim tão desinteressado no Lee boy... — Virou o restante do whisky na boca. — Você sabe que eu não me preocupo muito se sinto cheiro ou não na hora de tirar o atraso. — Não me importo. — “Desgraçado”, pensou consigo. — Não tirando a vida dele... Lee é um bom mordomo. &nb
Pôs a xícara na bandeja de sempre, pondo ao lado um prato cheio de tarteletes de creme inglês com frutas vermelhas que Santi fizera de sobremesa e que acabaram sobrando, e a garrafa de whisky que Conte sempre pedia, com um copinho de shot ao lado.— Hyung. — Ele entrou no escritório. Já eram oito horas; Victor estava acordado, mas bem mais relaxado do que de costume, vestido apenas num robe vermelho escuro, uma calça fina e pantufas nos pés, sentado na poltrona de couro vinho, com um livro particularmente grande no colo. — Seu café.— Ah, sim... — Victor desviou os olhos do livro por um instante. — Obrigado.
Havia acabado de voltar do aeroporto; deixou o carro na garagem e trancou tudo, já com a mochila nas costas, apenas verificando se estava tudo bem. A mansão do senhor Conte não tinha sistema de segurança, o que às vezes o deixava preocupado; sem ele ali então, realmente não queria ficar lá sozinho. Desceu para o jardim e ficou aguardando sentado na escadinha de pedra que dava para a estrada. Virgílio lhe disse que iria buscá-lo lá daquela vez.“Victor não pareceu satisfeito”, pensava, lembrando-se da sua reação quando disse que passaria o final de semana com Virgílio; na verdade, puxando pela memória, Victor sempre tinha reações estranhas quanto ao rapaz, desde o dia que Virgílio o trouxera para a entrevista e eles mal se olharam. Claro, aquela
Virgílio passou pelo canto perto do bar para uma escadaria na lateral, sem hesitar um passo, familiar àquele local. Quando terminaram as escadas, Lee viu um segurança de terno e óculos parado na frente de um corredor que dava para várias portas.— Mestre Virgílio... — Ele fez uma reverência de cabeça para Virgílio, respeitoso. Lee franziu a sobrancelha.— E aí? — Virgílio respondeu, despachado.— Qual quarto?— O meu.Ele deu passagem para os dois e Virgílio avançou reto, Lee junto, vendo várias portas
— Esse é meu palácio. — Virgílio desceu da cama, indo até uma adega baixa na parede oposta à da cabeça de crocodilo.— Eu não frequento aqui, esse lugar é meu. — Fez um gesto com as mãos. — Eu criei um lugar amigável onde as pessoas podem praticar suas esquisitices e eu posso praticar as minhas.— Pessoas que tem fetiches com sangue… bebem ele? — Lee sentou na cama, confuso.— E eu vou saber? — Pegou uma garrafa de whisky. — Mas quando eu bebo ninguém acha ruim. — Serviu a bebida em dois copos redondos. — O clima permite isso, e o preço... — Veio andando de volta, cada passo suave e sem cálculo; natural no seu hábitat. — O sexo com sangu
— Virgílio... — Lee engoliu em seco. — Por que… nunca me contou isso antes?— Por que você não perguntou...?...— Aish! — Reclamou, irritado. — Mas que porra, eu tenho que perguntar tudo...?!?... — Mordeu os lábios. O whisky finalmente lhe subindo à cabeça, a ficha de que Virgílio era um vampiro finalmente caindo, com o peso de uma bigorna. Em um breve momento que pra ele durou horas ele olhou pra Virgílio e teve vontade de chorar. Era como se ele estivesse… se sentindo traído. Por que não soube antes que seu melhor amigo era um vampiro, que tinha sofrido tanto, que tinha vivido tanto? Por quê? Por que de um momento pro outro Virgílio não era mais seu calouro, ingênuo e bri