— Por que acha que eu sinto o cheiro dele? — Victor franziu o cenho para ele.
— Não sei... — Girou nos calcanhares, se afastando. — Talvez por causa do jeito que olha para ele.
— Pensei ter te ouvido dizer que não queria se meter.
— E não quero. — Virgílio se sentou de volta na sua cadeira, cruzando as pernas. — Mas se você está assim tão desinteressado no Lee boy... — Virou o restante do whisky na boca. — Você sabe que eu não me preocupo muito se sinto cheiro ou não na hora de tirar o atraso.
— Não me importo. — “Desgraçado”, pensou consigo. — Não tirando a vida dele... Lee é um bom mordomo.
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Pôs a xícara na bandeja de sempre, pondo ao lado um prato cheio de tarteletes de creme inglês com frutas vermelhas que Santi fizera de sobremesa e que acabaram sobrando, e a garrafa de whisky que Conte sempre pedia, com um copinho de shot ao lado.— Hyung. — Ele entrou no escritório. Já eram oito horas; Victor estava acordado, mas bem mais relaxado do que de costume, vestido apenas num robe vermelho escuro, uma calça fina e pantufas nos pés, sentado na poltrona de couro vinho, com um livro particularmente grande no colo. — Seu café.— Ah, sim... — Victor desviou os olhos do livro por um instante. — Obrigado.
Havia acabado de voltar do aeroporto; deixou o carro na garagem e trancou tudo, já com a mochila nas costas, apenas verificando se estava tudo bem. A mansão do senhor Conte não tinha sistema de segurança, o que às vezes o deixava preocupado; sem ele ali então, realmente não queria ficar lá sozinho. Desceu para o jardim e ficou aguardando sentado na escadinha de pedra que dava para a estrada. Virgílio lhe disse que iria buscá-lo lá daquela vez.“Victor não pareceu satisfeito”, pensava, lembrando-se da sua reação quando disse que passaria o final de semana com Virgílio; na verdade, puxando pela memória, Victor sempre tinha reações estranhas quanto ao rapaz, desde o dia que Virgílio o trouxera para a entrevista e eles mal se olharam. Claro, aquela
Virgílio passou pelo canto perto do bar para uma escadaria na lateral, sem hesitar um passo, familiar àquele local. Quando terminaram as escadas, Lee viu um segurança de terno e óculos parado na frente de um corredor que dava para várias portas.— Mestre Virgílio... — Ele fez uma reverência de cabeça para Virgílio, respeitoso. Lee franziu a sobrancelha.— E aí? — Virgílio respondeu, despachado.— Qual quarto?— O meu.Ele deu passagem para os dois e Virgílio avançou reto, Lee junto, vendo várias portas
— Esse é meu palácio. — Virgílio desceu da cama, indo até uma adega baixa na parede oposta à da cabeça de crocodilo.— Eu não frequento aqui, esse lugar é meu. — Fez um gesto com as mãos. — Eu criei um lugar amigável onde as pessoas podem praticar suas esquisitices e eu posso praticar as minhas.— Pessoas que tem fetiches com sangue… bebem ele? — Lee sentou na cama, confuso.— E eu vou saber? — Pegou uma garrafa de whisky. — Mas quando eu bebo ninguém acha ruim. — Serviu a bebida em dois copos redondos. — O clima permite isso, e o preço... — Veio andando de volta, cada passo suave e sem cálculo; natural no seu hábitat. — O sexo com sangu
— Virgílio... — Lee engoliu em seco. — Por que… nunca me contou isso antes?— Por que você não perguntou...?...— Aish! — Reclamou, irritado. — Mas que porra, eu tenho que perguntar tudo...?!?... — Mordeu os lábios. O whisky finalmente lhe subindo à cabeça, a ficha de que Virgílio era um vampiro finalmente caindo, com o peso de uma bigorna. Em um breve momento que pra ele durou horas ele olhou pra Virgílio e teve vontade de chorar. Era como se ele estivesse… se sentindo traído. Por que não soube antes que seu melhor amigo era um vampiro, que tinha sofrido tanto, que tinha vivido tanto? Por quê? Por que de um momento pro outro Virgílio não era mais seu calouro, ingênuo e bri
Já era segunda à tarde quando Lee pôs a bagagem de Victor no porta malas e voltou para o banco do motorista, dando uma espiadela em Victor pelo retrovisor. Ele estava com o paletó solto sobre os ombros, abraçado à perna dobrada sem se importar com o sapato em cima do banco e com a testa no joelho. Parecia cansado e sem querer olhar pra janela de um jeito que Lee nunca vira antes.Assim que chegaram na garagem da mansão, Victor saiu do carro por conta, batendo a porta atrás de si e tirando os sapatos e meias ali mesmo antes de entrar em casa. Lee suspirou, recolhendo os sapatos e entrando na casa depois dele; olhou-o de esguelha, os cabelos castanhos muito lisos, como que recém penteados, em nada combinando com os olhos cansados, os lábios levemente puxados para baixo, os ombros largos des
— Mh... — Lee suspirou nos lábios alheios, se sentindo cada vez mais derrotado e entregue. Ficou pensando se Victor sempre beijava assim, com tanto calor, com tanta intensidade, com tanto desejo que parecia exclusivo e direcionado para a boca que estava beijando. “Viciado em sexo”... estava mais para especialista.Victor subiu as mãos pelo abdômen do garoto, no intuito de tirar-lhe a camisa branca, já um pouco translúcida pela quantidade de suor. Separou o beijo, deixando Lee erguer os cotovelos para o ajudar a descer as mangas pelos ombros, e então enxergou claramente ali, do lado esquerdo, um risco vermelho, entre a clavícula e o peito.— Onde se machucou? — Franziu o cenho, passando a ponta do dedo pela textura do coágulo recente
Lee piscava os olhos, letárgico, já se sentindo meio tonto na metade do segundo copo de whisky. Virgílio ria dele, achando divertido.— Caralho, como você é fraco.— E você é um saco furado. — Soluçou. — Igualzinho o Victor. O que é que vocês têm no estômago? Um buraco negro?— Seria legal se fosse, mas, não. — Falou, esvaziando seu copo pela quinta vez. — Com o tempo o álcool para de fazer efeito; mas continua gostoso.— Hm... — Murmurou, esticando o corpo na cama e agarrando um travesseiro, segurando o copo redondo o mais firme que conseguia naquele estado.