Quando voltei à cozinha, peguei o sal e mostrei para a Carol onde ele estava. Fernando estava ao seu lado, e lembrei que ele queria me dizer algo mais cedo na fazenda, mas eu estava tão exasperada com ele e com o Felipe discutindo sobre a reforma que não quis ouvir. — Era sobre a minha mãe que você queria me avisar, não era, Fernando? — Perguntei, tentando soar tranquila enquanto o olhava. Ele assentiu, a expressão dele mais séria. — Sim, Cindy. Eu queria te avisar que minha tia estava na cidade, mas não sabia que ela ia te procurar. Me desculpe por não ter falado antes. Eu respirei fundo, tentando processar o que ele estava dizendo. A culpa não era dele, mas me vi refletindo sobre como as coisas poderiam ter sido diferentes, talvez se eu tivesse dado mais atenção a ele. — Está tudo bem. Eu é que não quis te ouvir. Talvez, se eu tivesse prestado mais atenção, teria me preparado psicologicamente para esse reencontro. — Falei, mais para mim mesma do que para ele, enquanto tenta
— Cindy, estou precisando de uma arquiteta para auxiliar na decoração do novo escritório. — A voz de Henrique soou enquanto eu saía do banheiro, ainda enrolada no roupão. Já era manhã, mas o dia ainda começava devagar. A luz suave invadia o quarto pelas frestas da cortina, e o cheiro do café que Henrique havia pedido subia pelo ar. Eu precisava voltar para a fazenda; hoje era um dia importante para a reforma do casarão, com a chegada de materiais que eu precisava conferir. Ainda assim, a proposta dele ficou martelando na minha mente enquanto eu caminhava em direção à cama. Henrique já estava perfeitamente arrumado. Ele vestia uma camisa social azul clara, levemente ajustada, que destacava os ombros largos e a postura confiante. Era como se ele tivesse saído de uma daquelas capas de revista que eu sempre achava exageradas, mas nele fazia sentido. Ele parecia… natural. — O que foi? — perguntou, com um sorriso discreto nos lábios, percebendo meu olhar. — Nada — respondi, balançan
Assim que estacionei meu carro em frente ao casarão, eu ainda estava com um sorriso bobo no rosto. Tinha um dia longo de trabalho pela frente, e estar com o Henrique me fez deixar as preocupações de lado por um instante. Foi como uma pausa, mesmo que breve, da confusão que era minha vida agora — inclusive da volta da minha mãe, algo que eu sabia que precisaria enfrentar mais cedo ou mais tarde. Desci do carro e caminhei para dentro do casarão da família Belmonte. Minha tia e o Fernando estavam na sala conversando, mas notei que eles não estavam sozinhos. Para minha surpresa — e leve desconforto —, Alonso estava lá. — Bom dia, tia. Oi, Fernando. — Falei em tom educado, tentando ignorar a presença dele. No entanto, meus olhos não resistiram e encontraram os dele. — Cíntia. — Alonso respondeu, levantando-se do sofá. Seu tom era calmo, mas havia algo na maneira como ele me olhava que parecia desafiar minha tranquilidade. — Alonso. — Minha voz saiu firme, embora eu sentisse o peso daqu
Queridas leitoras Antes de mais nada, quero pedir desculpas pela minha ausência nos últimos dias. Precisei de um tempo para me reorganizar, mas estou de volta com ainda mais vontade de compartilhar histórias incríveis com vocês. Vocês são a motivação por trás de cada palavra que escrevo, e sou imensamente grata por tê-las comigo nessa jornada. Neste Natal, desejo que cada uma de vocês encontre amor, paz e muitos momentos felizes ao lado de quem amam. Que essa data especial renove nossas esperanças e traga novas inspirações para o ano que está por vir. Estou ansiosa para continuar caminhando com vocês em 2025, trazendo histórias que emocionem, inspirem e nos conectem ainda mais. Que nosso próximo ano seja cheio de recomeços, sonhos realizados e páginas inesquecíveis! Um Feliz Natal cheio de luz e magia! Com amor, Marcela Lima.
Mais tarde, já perto do meio-dia, resolvi sair para o pátio enquanto a equipe trabalhava no descarregamento. O sol estava forte, e o vento trazia um leve cheiro de terra úmida, um contraste bem-vindo em comparação a esse calor. Acreditava que iria chover em breve.Eu me permiti alguns minutos de descanso, observando o movimento ao meu redor, quando ouvi passos atrás de mim. Meu corpo ficou tenso por um instante, mas relaxei ao me virar e ver Henrique se aproximando. Ele estava com sua camisa social ligeiramente desabotoada, um sorriso de canto que parecia me desmontar em segundos.— Resolvi passar para ver como você está. — Ele disse, segurando uma pasta em uma das mãos. — Espero não estar atrapalhando.— Nunca. — Respondi rápido demais, sentindo minhas bochechas corarem. — Quer dizer, estou no meio da entrega de materiais, mas nada que eu não possa lidar depois.Henrique sorriu, claramente percebendo minha tentativa de manter a compostura.— Você parece… preocupada. Aconteceu algo?P
Acordei com uma dor de cabeça terrível no dia seguinte. Queria ter passado mais tempo com Henrique, mas sabia que precisaria estar no casarão logo cedo. Por isso, não fui para BH com ele ontem à noite. Havia decidido adiantar a obra e, além disso, pegar o projeto do Henrique. Ele me ajudou com o divórcio; ajudar com a reforma parecia o mínimo que eu poderia fazer em troca. Sem contar que isso me daria a chance de passar mais um tempo com ele. Enquanto a obra estivesse em andamento, precisaria ficar em BH. Não dava para ir e voltar todos os dias. — Até queria te ajudar com alguma coisa, mas hoje não estou me sentindo bem — Ana disse, caminhando ao meu lado no casarão. — Não se preocupe, Ana. Entre e descanse um pouco — respondi, observando um carro se aproximar pela estrada. Ana entrou no casarão enquanto os trabalhadores continuavam avançando bem na obra. Do jeito que as coisas estavam indo, acreditava que tudo ficaria pronto até o fim de semana. O carro parou em frente à font
- Eles são muito bons com você — disse minha mãe enquanto remexia na comida com o garfo, sua voz baixa, quase hesitante.Estávamos sentadas em um pequeno restaurante no povoado, em uma mesa perto da janela, com vista para o movimento tranquilo da praça. O cheiro de comida fresca enchia o ambiente, mas o prato à nossa frente, peixe grelhado com salada parecia ser o menor dos nossos problemas. De pesado, já bastava o clima entre nós.— Eles sempre foram — respondi, tentando manter um tom neutro.Não queria provocar uma discussão, embora a vontade de apontar o óbvio quase escapasse dos meus lábios. Ela sabia que tinha me deixado, sabia que não estive sozinha porque outros assumiram o espaço que deveria ser dela. Não precisava repetir isso.Minha mãe levantou os olhos, buscando os meus, mas eu mantive o olhar firme na mesa. O silêncio que se seguiu foi denso, cheio de palavras não ditas.— Queria que você fosse lá em casa ver seu pai — disse ela, quebrando a tensão, sua voz mais suave. —
— Você não tocou em seu prato, Cíntia. — Henrique disse, sua voz suave, enquanto sua mão pousava delicadamente sobre a minha. Olhei para o prato à minha frente, mas ele parecia distante, como se não tivesse importância alguma. Minha mente estava em outro lugar, presa na confusão que minha mãe havia causado mais cedo. Ela mencionara que meu pai queria me ver. Por que ele simplesmente não veio? Não fui eu quem o abandonou, foi ele quem escolheu não fazer parte de minha vida. — Desculpe, Henrique, minha mente está a milhão. — Respondi, tentando focar nele, mas minhas palavras saíram mais como um suspiro do que uma explicação. Ele apertou minha mão de leve, o toque gentil e reconfortante. — O que eu faço pra te trazer pra mim? — perguntou, os olhos fixos nos meus, enquanto sua voz carregava uma mistura de preocupação e ternura. Pego a taça de vinho e tomo um gole, tentando acalmar o turbilhão dentro de mim. O ambiente ao nosso redor era acolhedor, luz baixa, uma música tranquila