A viagem começou rápida, logo saímos das montanhas que cercavam Rocha nublada. Chegando nas enseadas da praia. Era estranho ver o mar novamente, Julian parecia ver minha empolgação de estar ali após tanto tempo. -- que lugar você vai querer visitar quando for livre para tal? -- eu me empertiguei sobre o cavalo. Pareciam que fazia anos que eu havia dito aquilo para ele. -- eu lia muitos livros de viagens no palácio, tem um lugar que eu sempre via nas páginas... Um lugar muito bonito, distante "elemor" um reino que fica ao sul, dizem que é sempre verde, e quente. Não há espaço para frio, ou medo. -- ele escutou com atenção, parecendo guardar a informação. -- elemor, hein... Eu já ouvi falar. Parece muito uma história infantil para mim, não acha?-- vocês também eram uma história infantil para mim, e olha onde estamos. -- ele ficou quieto um instante, um sorrisinho nasal saindo. -- tuchê, princesa. -- eu sorri. Continuamos a cavalgar mesmo a noite, os lobisomens ao nosso redor. Pro
Acordamos cedo no dia seguinte, meus sonhos haviam sido perturbados pela conversa intensa que havia tido com Adam. Fazendo-me ter diversos pesadelos, onde Julian me devorava e eu morria em seus braços. Aquilo me deixou perturbada, e o clima frio e escuro daquele dia não ajudou muito. -- podem ter vermes por perto. -- Mary disse ao nosso lado. -- por conta do céu? -- isso também, mas a floresta está quieta demais. Devemos ficar atentos. -- Julian assentiu. Estar no mesmo cavalo que ele, também me deixava mais desconfortável. Seu braço estava frouxo ao meu redor, e ele estava mais quieto que o normal. O que me fazia pensar se ele podia sentir meu desconforto. Andamos o dia inteiro novamente, e assim foram três dias seguidos. Para nossa sorte não havíamos topado com nenhum verme, ou inimigo. Paramos a margem de um lago mais a frente, para nos lavarmos e bebermos. Mary e Adam estavam conversando do outro lado da floresta, parecia uma discussão. Eris não parava de olhar para eles,
Tudo aquilo se tornou um maldito caos sem proporções imediatamente. Os lobisomens que estavam ao nosso lado desceram de seus cavalos, enquanto os guerreiros da floresta viam nossa direção. E eu via Mary sangrando no cavalo, enquanto Eris estava com os olhos arregalados. -- Mary, MARY! -- eu gritei. Julian olhou para eles. Sua mão continuou apertada em minha cintura. -- ADAM, MARY! -- ele a encarou, seu rosto ficando pálido. Rapidamente ele correu até ela, mas Eris não parecia disposto a soltá-la. -- que merda, TODOS PARA A FLORESTA! TODOS PARA A FLORESTA! -- Julian ordenou. Enquanto aqueles monstros gigantes não paravam de vir em nossa direção. Alguns vieram conosco, outros ficaram com Adam que tentava salvar Mary das garras famintas de Eris. Eu não conseguia ver mais nada, enquanto Julian corria o mais desesperadamente para dentro da floresta. Até que um deles atingiu nosso cavalo, e caímos no chão. Julian usou de sua agilidade rapidamente, para que eu caísse por cima dele p
Os guerreiros da floresta nos levaram para seu acampamento contra sua total vontade. Eles nos guiavam por entre as árvores, e riachos próximos. Enquanto eu continuava com o filhote em meu poder. Ele parecia assustado, mal se movia. Eu sentia pena, mas aquilo era necessário. Julian estava a todo instante ao meu lado. Eu não entendia bem o que a expressão no rosto dele significava, mas ele não parava de me encarar. Era... Estranho. Mais a frente Mary era levada no cavalo, ainda nos braços de Eris. Que não queria soltar ela a nenhum custo, eu estava impressionada com seu autocontrole em relação ao sangue dela. E Adam estava ao nosso lado, ele encarava os grandes guerreiros da floresta com ódio crescente. Passamos por mais uma grande floresta escura, até que chegamos em um bosque. Os guerreiros pararam, assim como nós. o mais alto, aparentemente o líder foi na frente. Fez um gesto com as mãos, disse algumas palavras em uma língua estranha. E então como mágica, toda uma aldeia foi re
Julian continuou na minha frente, me protegendo do que quer que viesse. Enquanto os guerreiros não paravam de vir em nossa direção. Até que... -- PAREM! -- o grande líder ordenou. E todos obedeceram, eu apertei o ombro de Julian sentindo a respiração faltar. -- a moça não machucou Miderias. -- eles voltaram para trás. -- ela está mostrando que tem palavra, e eu gosto disso. -- a mãe do filhote entrou na tenda, e logo ele correu para a mãe. Julian continuava na minha frente, ainda me protegendo. -- vocês podem dormir na aldeia até que sua amiga esteja melhor, e então... Podem seguir viagem em seguida, tem a minha palavra. -- eu assenti mais aliviada. -- fiquem aqui, mas... Mantenha seus animais na coleira. -- Julian lhe lançou um sorriso cheio de zombaria, enquanto ele saia da tenda. Todos nós ficamos ali, para a nossa sorte o lugar era grande. E todos os lobisomens concordaram em manter a calma, até mesmo Adam. Mas eu ainda estava de olho nele. Eu tirei aquela calça, e aquele
Voltei para a tenda ao lado de Cardos, que logo chamou Julian para uma conversa. Ele me encarou com um sorriso sarcástico no canto dos lábios, enquanto seguia o líder. Eu fiz o mesmo, aquilo era um grande passo. Ter aliados como eles ao nosso lado, guerreiros tão grandes e poderosos que poderiam nos ajudar ainda mais na luta contra Hector. Aquilo me deixava ainda mais esperançosa. Quando entrei na tenda, avistei Mary sentando-se enquanto a curandeira examinava seu ferimento. Rapidamente corri até sua cama. -- Mary, como está? Fiquei tão preocupada. -- ela me abriu um sorriso gentil, seu rosto estava meio abatido. -- sinceramente... Estou bem surpresa, afinal o que aconteceu? -- não era disso que eu perguntava, seu ombro como está? -- ela sorriu. -- não dói, apenas arde um pouco. -- é a erva. -- disse a curandeira enquanto enfaixava o braço dela novamente. -- fico tão feliz que você esteja bem. -- eu segurei sua mão. Ela me lançou um sorriso gentil. -- agora me diga, o que acon
Eu fiquei imóvel, enquanto Julian voltava para meu lado e se colocava na minha frente. -- por favor... Me escute isso... -- MATEM ESSE MALDITO LOBISOMEM! -- Cardos ordenou. Eu me sobressaltei, Julian fez o mesmo. -- espere... Ele... -- EU JÁ FALEI, VOCÊS TRAMARAM ISSO... TRAMARAM TUDO ISSO! -- os guerreiros seguraram Adam em sua forma lupina. Enquanto se voltavam para nós. Eu sentia meu coração batendo de forma descompassada no peito. -- não, nós nunca fariamos isso! -- VOCÊS MATARAM UM IRMÃO, EM MINHA MESA! ISSO É UMA TRAIÇÃO SEM PRECEDENTES. -- eles quiseram vir em nossa direção, mas Julian se colocou na frente. -- ninguém vai tocar nela, se fizer vai morrer. -- VOCÊS TODOS VÃO... -- Cardos! Por favor me escute. -- eu saí de trás de Julian. A tensão naquela mesa só parecia piorar, enquanto os outros guerreiros disparavam palavras de morte para nós. Eu comecei a me aproximar de Cardos. Julian segurou minha mão, mas eu a soltei. -- Cardos... Adam não estava em seu juízo nor
Eu estava feliz com nossa nova conquista, ter Cardos e todos os guerreiros da floresta ao nosso lado era algo inimaginável. E saber que ele nos ajudaria a lutar contra Hector, me deixava feliz pelo o que o futuro nos reservava. Mas o que Cardos havia dito para Julian, parecia tê-lo deixado confuso e abalado. Pois ele mal estava falando, e sua cabeça parecia estar em mil lugares diferentes. Estávamos passando pela floresta, ao lado de um grande riacho. Seu braço estava em volto de minha cintura, mas eu podia sentir seus pensamentos bem distantes. -- você está bem? -- o que? -- ele se sobressaltou, como se tivesse acordado. -- ah... Eu só estou pensando em algumas coisas. -- eu me empertiguei. -- está preocupado? Pode me falar Julian. -- ele sorriu. -- não é nada importante amor, deixa pra lá. -- e logo ele voltou ao seu silêncio. Eu não sabia, não fazia ideia do que aquilo siginificava. Mas Julian era um homem misterioso demais. ***