Nós paramos nossa conversa para escutar o que um dos soldados diz ao telefone. — Chefe, o ambiente está tranquilo. Há dois garçons aqui, uma gerente no caixa e uma mulher sentada em uma mesa próxima ao banheiro feminino. As roupas que ela traja são iguais às que sua esposa estava vestindo hoje. — Permaneçam neutros e aguardando ordens! — Nick ordenou.
É Beatriz! Graças a Deus! Está aqui. Sinto um certo alívio por ela estar bem e segura, não em mãos inimigas. Isto já me tranquiliza. — Eu irei entrar lá e pegar minha esposa. — Não, Marco! Os soldados estão lá dentro. Tranquilize-se! — Nada vai me impedir de entrar lá, Nick. Não se oponha! É a minha mulher que está lá dentro. — Sei disto. Apenas quero me certificar de que é ela, não uma armadilha. — Se
Beatriz:SOU ARRASTADA PELO meu pai, que me carrega em seus ombros de ponta-cabeça como se eu fosse um animal. Enfim, leva-me para perto de um carro que está nos fundos da lanchonete. Nós saímos do estabelecimento por um acesso restrito somente aos funcionários. Grito, pedindo por ajuda, porém sei que ninguém me salvará. Meus olhos analisam o ambiente ao redor, fechado por prédios. Meu estômago embrulha quando sinto um cheiro forte de comida jogada no lixo e quase vomito aqui mesmo. Em sequência, sou empurrada brutalmente para dentro do veículo, onde há um motorista no banco da frente. O meu pai fecha a porta e logo se acomoda no assento ao lado do seu cúmplice. Olho para trás e não vejo ninguém, apenas alguns gatos de rua, que ficam para trás. Para onde estou indo? — Ainda dá tempo de me deixar ir. Talvez Nick e Marco, poup
MATHEUS:Seu riso foi à primeira coisa que chamou sua atenção. Vibrante e brilhante. Tão efervescente e cheio de alegria desenfreada que o prendeu, e ele não conseguia lembrar em que pensava apenas momentos atrás. Virou-se, buscando a fonte da música cativante. E então pensou que já tinha ouvido isso antes. Quando era muito mais jovem. Uma vida inteira atrás. Beatriz. A lembrança dela ainda tinha o poder de fazê-lo doer. Então, muito arrependimento. Culpa. Pensamento tendencioso. Se ao menos ele pudesse fazer tudo de novo. Ele não tinha pensado nela por algum tempo agora. Não porque ela tivesse escorregado de sua mente, mas, porque tinha se forçado a parar de pensar na bela jovem tímida de dezoito anos que significara seu mundo quando ele estava com seus vinte anos. Ainda o machucava trazê-la à mente an
— Bem-vinda aos seus novos aposentos, princesa! — Sou jogada para dentro do pequeno quarto empoeirado. — Você deve estar acostumada com a vida de luxo e já deve ter se esquecido de que já se passou por pobre. Talvez este lugar te faça lembrar. — Sua risada diabólica me causa uma sensação de pavor. — Não pode me deixar trancada aqui! — Imagino como deve ser horrível ficar presa em um lugar imundo e apertado. A porta se fecha, deixando-me trancada em um ambiente com pouca luz. Este cômodo parece mais com uma dispensa abandonada. Aqui não há nada além de prateleiras sujas, nem mesmo uma cama onde eu possa dormir. Nem sequer há um cobertor. Estou presa em um cativeiro da pior qualidade. Tenho certeza de que meu pai me providenciou este lugar por ter conhecimento da minha fobia de lugares sujos e apertados. Bato várias vezes na porta, gritando por aju
— Pensa que ela pode estar viva/ Eu pergunto com coração transbordando de esperanças. — Eu não sei, ainda! Ele fala andando em direção ao quarto se arrumando. — Alguma coisa nessa história não bate, que valor, Beatriz teria morta? Isso não faz sentindo. — Eu vou até ele quase que correndo e em ajoelho em suas pernas com ele sentado na poltrona. — Nick, você precisa descobrir se ela está viva, precisa salva-lá. Ele acaricia meu rosto. — Eu tentarei descobrir, mais ainda não tenho nada, minha menina. Mais se ela estiver viva, eu vou descobrir. E quem fez isso ira pagar com seu sangue, eu beberei cada gota do seu corpo. Agora preciso ir, tenho algumas coisas para resolver. Não quero que sofre com isso! — É impossível! Estou perdendo alguém com quem me preocupo profundamente e minha melhor amiga também. Você n
8 semanas depois...Beatriz:NÃO SEI DIZER quanto tempo já se passou desde que fui trazida à força para este cativeiro, mas como me sinto muito mal, creio que estou doente. Parece que meu estômago está travando uma guerra contra todas as partes de meu corpo, que está transpirando mais do que o normal por causa do calor excessivo causado pela falta de oxigênio no ambiente completamente fechado. Não há nenhuma janela aqui para que o ar circule entre às quatro paredes. Também estou tremendo de fome e não consigo mais comer os pães duros que me dão. É como se estivessem podres e com mofo, apesar de sua aparência não mostrar nada disto. Durante todo o tempo presa aqui, parei para pensar que estou com minha menstruação atrasada. Então, comecei a me preocupar
— O que te fez pensar que eu queria te ver? — indaguei com sarcasmo e desprezo. — Eu sabia que era a última pessoa que você gostaria de ver, mas como o dono das duas pessoas que você mais ama, apostei que iria ser gentil comigo. No entanto, o plano de Dominic era mais ambicioso. Eu ganharia muito mais ao seu lado do que tentando firmar acordos com seu marido. E aquele traste do Nick, que se acha superior, mais não passa de um grande monte de lixo, mais o que é dele está guardado.— Onde elas estão? Você deveria sentir vergonha por intimidar e manter presas duas mulheres. Homem de verdade não subjuga, muito menos obriga uma mulher a permanecer ao seu lado. — Não venha me ensinar valores! Você não passa de uma pu*ta. Pensa que não sei que seu marido te obrigou a se casar? Vai me dizer que ele não te violenta? — Sim. Eu me casei enganada, eu achava qu
PARALISO POR ALGUNS instantes, sentindo uma leve falta de ar e uma vontade imensa de chorar bem alto. Quem me dera se, com o grito provocado pela dor em meu coração, eu pudesse derrubar todas as paredes ao meu redor e fugir para os braços de Marco, que era tudo que eu mais queria agora. Acabei de ouvir barbaridades do meu pai. Ele me chamou de “maldição” e “problema”. Ser tratada como um fardo durante a minha vida toda, não foi nada fácil. Eu me sinto um nada agora, sem valor algum para ele. Com certeza falou tudo isto para me afetar e me deixar mais fragilizada ao ponto de me perder em minha própria dor. Como estou sendo mantida presa, seu desejo é me deixar ainda mais frágil. Não posso lhe dar o sabor da vitória. Engulo o choro e o pressiono com um pouco de dúvida. — Você não está falando sério. Não seja covarde e diga a verdade
— Machista! George não passa de um cretino machista e destruidor de nossa família. Agora consigo entender o porquê de nunca ter me amado e ter sempre me menosprezado. Ele me vê como um fardo, um problema do qual jamais conseguiu se livrar. Eu já o odiava antes, mas nem ódio consigo mais sentir, pois merda e ele são, para mim, as mesmas coisas. Seu olhar diabólico também não me assusta mais. Tudo que eu mais desejo neste momento é o ver sofrer e pagar por todo mal que cometeu. Tomada pelo choro, não consigo raciocinar bem. Só penso em todas as dores que minha mãe suportou sozinha, sem o apoio da pessoa que mais precisava: o homem que acreditei que fosse meu pai. — Agora, que já sabe de tudo, pode parar de me olhar com esta expressão de nojo. Não sou seu pai. E depois de ter revelado a verdade, sinto a necessidade de realizar todos os meus desejos com você. — Prende meus cabelos entre seus dedos, fazendo-me sentir asco. — Eu sempre a desejei, Beatriz. Em todas às vezes que me chamava