Quando terminei a narrativa, percebi que precisaria de uma coletânea diferente para anexá-lo, era muito “gutural” para ser colocado juntamente com alguns contos açucarados de romance. Criei uma nova página, intitulando de “Histórias para ler no escuro”, e o coloquei, reservando o espaço para alguns contos um pouco mais violentos.
Fechei o notebook, e esfreguei os olhos, sentindo-os cansados. Pensei no trabalho videográfico que precisaria fazer em algumas horas e bocejei sonolenta, estava feliz por ter concluído o conto, mas cansada por quase não ter dormido aquela noite.
Peguei meu celular, notando as mensagens do grupo e observei a previsão do tempo, percebendo que o clima iria ficar um pouco mais ameno. Sabendo disso, caminhei em direção ao guarda-roupas e escolhi uma calça jeans clara, combinando-a com uma camiseta branca, um conjunto casual que não chamaria muita atenção.
Peguei minha bicicleta, pedalando pela via destinada aos ciclistas e respirei fundo
Dylan me mandou algumas mensagens, depois de dias sem nenhum sinal de vida, fiquei irritada, sentindo vontade de deixa-lo no vácuo, mas não o fiz. Respondi seus questionamentos de como eu estava, e franzi as sobrancelhas ao perceber a frequência com que ele me questionava a respeito da minha segurança.“Porque a minha segurança te preocupa tanto?” Retribui sua pergunta com outra, e esperei pelo que ele responderia, ficando cada vez mais irritada com suas mensagens ambíguas.“Quando nos veremos novamente?” Questionei sentindo meu peito se apertar pois, começava a pensar novamente sobre nosso possível término, pois, dessa vez, o questionaria sobre minhas dúvidas e caso ele realmente fosse casado, essa seria a última vez que nos veríamos.Para a minha surpresa, uma chamada começou a sinalizar na tela do meu celular, pensei um pouco se
Na manhã seguinte, acordei sentindo os raios de sol entrando pela janela, era quentinho, mas incomodava meus olhos irritados, fazendo com que quase não conseguisse mantê-los abertos. Bocejei, sentando-me desajeitadamente em meio ao amontoado de panos e observei ao redor, reconhecendo o que parecia ser as pernas de Mari sobre seu estomago. Ela estava esticada de qualquer jeito, e seus braços mantinham-se jogados próximo à sua cabeça, repuxando a camiseta longa e branca, mostrando o short curto e rosado que usava.Ri baixo, percebendo que não estava em posição de criticá-la, visto que uma de minhas pernas estava sobre a mesinha e a outra dobrada formando um “quatro”, isto enquanto meu pescoço entortava-se para caber no espaço entre o um móvel que não consegui identificar e a parede.“Como raios eu consegui ficar nessa posição?” Que
Dylan...Fitei a tela do celular, me questionando se a ligação havia caído ao acaso, ou se Azarya havia a encerrado de propósito – algo que não seria uma surpresa visto que parecia muito irritada com os comentários daqueles dois imbecis querendo seu número –, e isso até deveria ser um aliviado, porém, somente me enchia cada vez mais de preocupação.Sua desconfiança era óbvia. Principalmente nas últimas semanas quando começou a fazer algumas perguntas esporádicas, mas que se mostravam bem pontuais, eu diria até que dignas de uma detetive. E algumas hipóteses me vinham à mente para aquele comportamento curioso, sendo que já tinha quase certeza que ela temia ser minha amante pois, era um medo bem recorrente entre as garotas.O número estava guardado em minha memória, eu nunca havia o registrado em nenh
Michel...Apertei os joelhos contra o peito e deitei a cabeça sobre eles, era claro que algo estava errado e por mais que eu teimasse em não querer reconhecer, meu subconsciente me lembrava isso. Principalmente, desde ontem à noite, quando Thomas cancelou nossos planos de ir ao cinema, mal consigo me comunicar com ele.– Quer pizza? Mari questionou irrompendo pela porta da cozinha e vindo em minha direção, em uma de suas mãos, segurando um prato com fatias de pizza requentadas no micro-ondas.– Não. Obrigada! Murmurei voltando minha atenção novamente ao meu celular, me questionando porque ele não respondia.Suspirei mandando uma interrogação e fiquei ainda mais ansioso ao perceber que as barrinhas azuis de visualização estavam desativadas, minha garganta se apertou e senti meus olhos ardendo enquanto pensava que pelo menos para mim, ele poderia vi
Thomas chamou meu nome, sua voz soando hesitante, virei-me para fita-lo, sentindo meu sangue fervendo e quando nossos olhos se encontraram, um nó formou-se em minha garganta causando uma sensação de sufocamento, recuei alguns passos, e tive o ímpeto de correr. Não queria conversar com ele, sabendo que não gostaria do que ouviria, mas não consegui me mover, minhas pernas estavam pesadas como pedras. – Precisamos conversar... – Thomas tornou a falar, erguendo o braço e tentando me alcançar mesmo um tanto distante. – Não seja assim... a gente ‘tá’ junto há quase três anos. – E isso te dá o direito de me trair? Questionei sentindo minha boca se contorcendo involuntariamente, apertei meus punhos e o fitei sério, me esforçando ao máximo para não chorar em sua frente. – Você mais do que ninguém sabe o que eu passei tentando manter esse relacionamento. – Não seja egoísta, você não foi o único a se esforçar... – Thomas retrucou franzindo as sobrancelhas, parecendo est
Dylan... A moça ainda se debateu por mais alguns momentos, balançando seu corpo no ar enquanto tentava acertar chutes aleatórios em qualquer um que tentasse se aproximar. Pelo canto do olho, eu podia ver o sorriso sádico no rosto de Gale enquanto olhava para seu corpo ainda em desenvolvimento, ficando ainda mais excitado quando a viu completamente vulnerável ao receber uma injeção de sedativo que fez seu corpo amolecer. – Se não tivesse uma cara tão bonita, teria levado um soco agora... – Ele disse entre sussurros quando a pegou em seus braços, jogando-a por sobre o ombro como um saco e em seguida, seus olhos voltara-se a mim. – Vamos embora, aproveitando enquanto ela ‘tá’ chapada. Concordei, acenando com a cabeça positivamente e o acompanhei, carregando as duas malas pesadas que um dos subordinados do mercador havia me entregado. Quando chegamos ao carro, notei que Scar caminhava em direção a
Azarya...Depois de noite de bebedeira e a conversa com Mari, dormi uma longa noite de sono cheia de sonhos confusos nos quais a antiga inquilina sempre aparecia entristecida, era como se ela continuasse tentando se comunicar comigo, mas fosse impossibilitada por algo que eu desconhecia.Quando acordei, na manhã seguinte, senti vontade de trabalhar no meu livro compilado antes do café da manhã. Sentei-me em frente a escrivaninha onde ficava o notebook, planejando iniciar um novo conto a partir das anotações que havia feito nos últimos dias, e estranhamente me vi sem saber por onde deveria começar.Esfreguei as têmporas, confusa pelo que estava acontecendo, já havia uma linha de raciocínio pronta, então não fazia sentido estar com aquele tipo de bloqueio praticamente sem motivo. Suspirei apoiando o queixo na mão e tentei pensar em uma frase que fosse impactante o suficiente
Fitei o carro sumindo ao longe, ainda acenando caso minha irmã continuasse me vendo e, de repente, senti uma súbita vontade de contar sobre a novidade para Mari, imaginando que “doida” como ela era, certamente ficaria muito feliz, não conseguindo pensar nas consequências e responsabilidades que eu criança acarretaria. No fundo, eu não podia culpa-la, assim como não podia culpar Lia, elas amavam crianças e isso não era de todo ruim, tirando o fato de que ambas viam apenas a parte fofa e babona do processo. Apalpei os bolsos, procurando pelo celular, quando o encontrei, mandei algumas mensagens para ela, avisando que planejava passar em sua casa, talvez para dormir, e ao receber uma resposta positiva, guardei o aparelho novamente. Depois disso, caminhei pelas calçadas, aproveitando que passei em frente a uma padaria, que possuíam um letreiro chamativo, para comprar um bolo com cobertura de ninho e morango fresco, nosso favorito, e ri ao pensar comigo mesma que