– Soube que você está fazendo outra faculdade... – Anna contou-me, parecendo ter acabado de se lembrar daquela fofoca. – Pelo visto parece que realmente não quer mais trabalhar na educação infantil, não posso nem te culpar.
– Não é bem assim... – Respondi soltando um suspiro, me sentindo culpada por causar aquela impressão, mas logo percebi que apenas ficar fazendo aquele drama não me ajudaria em nada. – Sabe, eu sempre gostei de artes, então decidi seguir minha paixão que é a escrita.
Anna arregalou seus olhos escuros, parecia surpresa, mas sorriu concordando com um balançar da cabeça positivamente, então, aproximou-se, abraçando-me com força, e ao me soltar, seus olhos estavam marejando, ela estava fazendo a mesma expressão de quando contei que iria embora, a qual, na é
MichelDepois de conversar com meus pais, retomando um pouco o vínculo que tínhamos, comecei a me sentir completo finalmente. Eu estava muito feliz, ao ponto que as lembranças daqueles momentos difíceis tinham se tornado somente símbolos das minhas conquistas e superações. Muitas coisas haviam acontecido naqueles dias, e conhecer a filha de Christophe não foi sua única surpresa pois, alguns dias depois, ele mandou-me mensagens, chamando-me para viajar ao interior para conhecer sua família, aparentemente, ele e o irmão sempre a visitavam pelo menos uma vez por mês.Novamente, ele apenas me contava as coisas de forma abrupta, e como um tonto, eu apenas concordei sem pensar direito no que aquilo significava. A dimensão daquela viajem recaiu sobre mim no momento em que entrei no carro, entendendo que eu estava prestes a conhecer minha sogra e cunhado, fato que me fez arregalar os olho
Estar com a família de Christopher fez com que eu pensasse cada dia mais sobre a minha, quando eu cheguei em casa naquele dia, depois de ir para o trabalho, sentei-me no sofá pensando se Noah dormiria na casa do namorado aquela noite. Não conversamos muito, fazemos as tarefas domésticas que separados para cada um, e organizamos as contas, mas tirando isso, quase nunca temos contato. Fiquei meu celular, tomando coragem para m****r mensagem novamente para o meu irmão, e depois de algum tempo, finalmente mandei uma mensagem para Matteo, perguntando como ele estava, e para a minha surpresa, a resposta foi imediata novamente, dessa vez, fazendo uma ligação. De repente, como uma epifania, percebi o quanto fui imaturo e cruel, tomando coragem para atenção a chamada, afim de me desculpar corretamente, mas antes, desatei em lágrimas como um idiota. – Eu percebi que você apagou as fotos com Thomas, vocês brigaram? Matteo questionou sua voz tomando um tom séri
Azarya...Os desmaios não são como nos filmes, durante os quais se fica desacordado por horas, pelo contrário, foi muito mais rápido do que imaginei, e quando voltei a mim, ainda estava na igreja, sendo amparada pelo marido de Neuza, que inclusive não consigo recordar o nome de jeito nenhum, ele me segurava com cuidado, seu rosto lívido de preocupação enquanto a minha irmã – tão apavorada quanto ele –, usando um pano embebido em álcool, tentava me acordar.Senti-me no chão, atordoada e precisei de alguns minutos para enfim, processar o que estava acontecendo à minha volta. Minha estava chorando alto, sendo amparada pela minha mãe que ostentava uma expressão lívida, como se seu cérebro tivesse travado, não sei se por causa do escândalo com a tão “cristã” mãe de família e coordenadora do gr
DylanO dia estava escaldante naquela manhã de verão, e para piorar a situação, eu ainda precisava ficar a postos no estacionamento perto dos carros, sendo que a lataria quente deixava tudo ainda pior. Olhei ao entorno, sentindo que estava apertando a mandíbula involuntariamente, procurei por um cigarro em meus bolsos, mas não encontrei nenhum, o que apenas me deixou ainda mais ansioso. Gale, há alguns metros de distância, parecia me observar em silencio, o que estava em sua mente era óbvio: ele não confiava em mim.Eu estava ciente disso desde a primeira vez que o vi, porém, dessa vez, ele não estava fazendo o menor esforço para esconder.Fui tirado dos meus devaneios quando uma chave foi jogada em minha direção, voltei meus olhos para Scar que havia acabado de sair de dentro do galpão e esperei suas ordens, já podendo imaginar que tratava-se de
Azárya Depois de três dias, tendo me acertado com meus pais e reencontrado alguns dos meus antigos educandos, percebi que precisava retomar minha vida acadêmica, ou acabaria reprovando, então, depois de uma choradeira e promessas de que passaria o natal com eles, voltei para Nova York, sendo recebida na rodoviária por um abraço caloroso de Mari. – Tenho tanto para te contar... – Murmurei sorrindo enquanto a acompanhava, ajeitei a alça da mochila sobre o ombro e suspirei feliz. – Sinto que tirei um peso das minhas costas depois de conversar com a minha mãe, agora ela e meu pai já sabem de tudo, e resolvi minha situação com Neuza também. Mari ouvia tudo, balançando a cabeça em concordância, e ao ouvir sobre meu desfecho de novela mexicana com a ex-diretora, soltou alguns palavrões, mas ainda assim, continuou ouvindo e rindo com meus comentários. – Cadê minha pipoca? Ela questionou retoricamente, ainda divertindo-se muito com o que ouvia,
Devo ter desmaiado em algum momento pois, quando acordei estava dentro de um galpão escuro, ouvia choros, havia muitas mulheres que pareciam jovens ao meu redor, o ambiente estava muito quente, e a única luminosidade vinha de uma porta de metal entreaberta. Quando meus olhos finalmente se acostumaram à penumbra, percebi a presença de Sophia, fazendo meu sangue ferver.Gritei me estatelando no chão empoeirado, e a xinguei de todos os nomes que me vieram à cabeça, como meus braços estavam amarrados para trás, a única coisa física que consegui fazer foi chutar as grades que nos prendiam. Estávamos dentro de uma maldita gaiola.As outras moças começaram a chorar ainda mais, fitei seus rostos joviais por sobre a penumbra, percebendo que eram muito novas, e fiquei ainda mais enojada por uma mulher ser capaz de participar de algo tão hediondo.– Não gas
Depois de tudo o que aconteceu, precisei ficar alguns dias internada no hospital para tratar uma inflamação no estomago causada pelos socos, como estava medicada a maior parte do tempo, não sentia dor, mas a angustia em não poder ver Dylan era o pior. Ele havia passado por cirurgias por cauda das facadas, sua parceira de ação, Hanna, havia me visitado, contando sobre seu estado de saúde que era estável, mas não conseguiu me acalmar. Mari passava a maior parte do tempo ao meu lado, tendo que ser praticamente expulsa pelos médicos, quando o horário de visita acabava, o que sempre me fazia rir de suas carinhas de cachorro sem dono dela. Meus pais eram outros que sempre estavam por perto, não queria contar para eles sobre o incidente, inicialmente, para não os preocupar, mas depois de um tempo, percebi que seria pior se descobrissem depois. Tenho feito muito, mesmo estando presa naquele hospital, trabalhei em meu romance, usando como base o manuscrito que fiz na noite de bebedeira, e não
Fitei minhas mãos, percebendo a pele um pouco mais pálida que o normal por causa do frio, soprei sobre elas, tentando aquecê-las, e vi minha respiração condensando no ar como uma suave neblina branca, era um trabalho inútil, afinal logo elas estariam frias novamente, mas não conseguia evitar de o fazer. Ri com meus próprios pensamentos e fazendo, uma negativa para mim mesma, ergui os olhos em direção à avenida movimentada, a tempo de me deparar com uma cena curiosa.Um rapaz corria apressado alguns metros à minha frente. Era jovem, como um estudante do ensino médio, tinha cabelos loiros lisos que escorriam por sua testa e chamativos lábios avermelhados que tremiam levemente enquanto ofegava pela corrida. Para onde quer que estivesse indo, estava com pressa o suficiente para atrapalhar-se entre segurar seus livros e ou o cachecol esvoaçante.Ergui a câmera