O grupo se instalou na confortável sala de estar, Dru fechou todas as cortinas e as portas para isolar o ambiente. A jovem sentou em sua poltrona preferida com a poodle em seu colo e desabafou:
- Será que Hans vai mesmo avisar que voltamos para casa?
- Sem dúvida! Afinal, eles não iriam nos mandar de volta se isto não fosse conveniente! – respondeu Meine.
- E agora? Qual é o plano? – indagou Roddie.
- A única certeza que tenho é que eu não vou colaborar com estes crápulas! – Vitina argumentou.
- Nem eu! – constatou Meine – Eu blefei, entenderam?! Jamais vou entregar Bram! Ele salvou a minha vida!
- Eu sabia que era um blefe! Tinha certeza! – Dru se adiantou
- Nossa tio: você foi mais velhaco que Hans! Hahaha, hahaha, hahaha.
- E o tempo todo, eu estava revoltada, imaginando que você era de fato um traidor! &ndas
No terraço à beira-mar, os outros três viajantes permaneciam atentos e ansiosos. Vitina, Roddie e Dru vigiavam a porta da sala de estar em busca de um sinal de Meine, mas ela permanecia fechada há horas. Por volta do meio-dia, Hans saiu da sala carregando as capas térmicas, a bússola e o cantil de água intermitente como se fossem relíquias. Meine o seguia de perto, o cartógrafo estava exausto, mas com uma expressão serena no rosto. Hans passou pelo terraço indiferente, com o passo apressado, antes de cruzar a porta de saída, se virou para o grupo se despedindo: − Vou levar imediatamente este material para análise! Permaneçam aqui e sejam discretos. Como já informei a Meine, vocês serão vigiados e a vida de cada um depende da atitude do outro. Se revelarem a verdade, todos serão eliminados, inclusive todos os seus parentes e amigos mais próximos! O meu grupo vai cuidar de informar a imprensa uma versão oficial dos fatos. Vocês serão devidamente informados atra
Na manhã seguinte a Sra. Lile preparava o café da manhã, enquanto assistia a televisão. Foi quando a programação normal foi interrompida por um noticiário extraordinário. Com o coração ainda abalado pela notícia, a Sra. Lile correu até o quarto de Dru Ruver para informar os trágicos fatos. A jovem ainda dormia quando batidas insistentes na porta a acordaram e Dolly - a poodle mais amada que se tem notícia - que cochilava em sua cama latiu freneticamente com tanto barulho. Dru teve apenas tempo para sentar-se na cama, enquanto a Sra. Lile entrava bufando e aflita no quarto: - Eu sinto muito! Eu sinto muito! Pobrezinha! - a voz aflita da cozinheira demandava urgência. - Mas eu preciso contar o que aconteceu! - O que aconteceu Sra. Lile? - perguntou Dru atônita. - Acabei de ver na televisão! Pobrezinhos! - ela tentava achar as palavras certas, mas não conseguia se decidir sobre a melhor maneira de contar o ocorrido. - Calma Sra. Lile! O que acont
Por volta das quatro horas e quarenta e três minutos daquela madrugada, o telefone tocou: - Quatro corujas alçaram voo esta noite, senhor! - E rumaram para o alvo? - Positivo. Quatro corujas no alvo, senhor. - Não se aproxime do local, os alvos não devem ser procurados, entendido? - Sim, senhor! - O perímetro deve ser evacuado, recolha todo o equipamento e volte para a base. Eu quero ver ainda hoje as imagens das câmeras de segurança deste voo, entendido? - Entendido, senhor. Do outro lado da linha, o chefe saboreou a informação com um sorriso afetado. Tudo havia saído como o previsto. Ele ainda refletiu: “corte-lhes as asas, que em desespero tentarão voar de qualquer modo” – sem dúvida homens e animais tem muito em comum. Após o telefonema, Hans, havia perdido o sono com a promissora novidade. Tudo aconteceu de modo rápido, assim que Dru Ruver tocou o piso branco com a mão, uma luz forte e intensa iluminou o qu
As imagens das câmeras de segurança eram perfeitas. Afinal, o equipamento de visão noturna de última geração era acionado por detectores de movimento. Vendo aquelas imagens, Hans regozijava-se: - Engenhoso, muito engenhoso! No vídeo era possível acompanhar a fuga dos quatro viajantes do tempo, a descida pelo telhado, o movimento de esgueirar-se pela face norte, a eliminação da corda, e toda a trilha percorrida até o grupo chegar à casa de arandelas niqueladas. O relógio da última câmera de segurança marcava quatro horas vinte e três minutos e trinta segundos e registrou o momento exato de um clarão forte e intenso dentro da casa, que não durou mais do que trinta segundos. Para Hans, não havia qualquer dúvida: o grupo de Dru Ruver havia atravessado o Portal do Tempo. Nas Terras Ermas a cerca de nove meses atrás, Ada e Oscar Kupis chegaram exaustos e famintos após a travessia do deserto branco. Aquela novo pedaço de terra era compos
Para os viajantes do tempo o trajeto para o deserto branco era longo e árduo. Naquela noite durante o jantar, Vitina mesmo tentando manter o ânimo, expôs suas preocupações ao grupo: - E se quando chegarmos ao deserto branco não encontrarmos ninguém? Ou pior, e se encontrarmos todos mortos? - Será que eles não conseguiram atravessar o deserto branco e estão seguros em outro lugar? – opinou Roddie. - Não adianta especular - ponderou Meine de mau humor - O mais importante é descobrir a verdade: vivos ou mortos, nós temos que saber o que aconteceu a eles! - Tem razão, doutor. - concordou Dru. - É melhor saber o paradeiro deles do que não saber de nada, não é mesmo? - Isso é verdade. - disse Vitina - Não adianta se iludir com finais felizes, isto só acontece em romances e contos de fadas. Foi quando Roddie disse: - Mas também não precisa ser tão pessimista! Eles podem estar são e salvos em algum lugar... As palavras do jovem
Enquanto aguardava, o trio de viajantes fez uma refeição rápida para repor as forças. Aquele local dava calafrios, a escuridão rodeava a clareira e no céu sem estrelas, não parecia brilhar qualquer astro. O grupo jamais havia estado em um lugar tão sombrio. Foi então, que decidiram acender uma tosca fogueira com gravetos secos e desligaram as lanternas para poupar a bateria. Dru arriscou alguns palpites: - Porque este lugar é tão estranho? Será que estamos dentro de uma bolha? À medida que o fogo diminuía, a escuridão ficava mais intensa, provocando uma sensação estranha, porque as sombras pareciam perscrutar os viajantes. Vitina estava atenta a qualquer movimento e por instinto, decidiu alimentar o fogo: - Vamos deixar o fogo aceso, assim Bram poderá nos encontrar com mais facilidade. A ideia inspirou Dru e Roddie que foram caçando inúmeros gravetos ao redor. Conforme a fogueira iluminava a paisagem, o trio sentia-se mais reconfortado
Bram a tranquilizou: - Você irá sentir muito calor e até mesmo um pouco de náuseas. Mas não se preocupe, é um efeito passageiro do tônico. A jovem assentiu com um sinal afirmativo com a cabeça. Ela ainda não conseguia falar - devido ao seu estado de letargia – mas Bram compreendia com clareza a urgência da situação: aqueles três humanos estavam confusos, desorientados e tiveram parte das forças vitais sugadas pela escuridão. No entanto, o explorador sabia que faltava um viajante naquele grupo e perguntou: - Onde está o Dr. Meine? Dru Ruver sacudiu de leve os ombros e espalmou as mãos para cima, como se dissesse: “Eu não sei onde ele está”. - Mas o Dr. Meine estava com vocês? A jovem afirmou um sim com o polegar. - Ele esta aqui neste lugar? Novamente Dru fez um sinal positivo. - Onde ele está? Em que direção ele foi? A jovem esticou o braço esquerdo na direção sudoeste da clareira. Bram r
Foi quando ruídos vindos da direção sudoeste a distraíram e a silhueta do explorador de Kathumaram, definiu-se através da escuridão. Com a tocha na mão, como que abrindo um atalho seguro nas sombras, Bram se aproximou trazendo Meine nos ombros. Dru foi ao encontro dele, notando a sua fisionomia de preocupação. A jovem ajudou-lhe com Meine que foi colocado ainda inconsciente perto das tochas acesas. - Ele vai ficar bem? - perguntou Dru receosa. - Não sei dizer, não há garantia que ele consiga se recuperar. Dru engoliu em seco para absorver o choque, mas não disse nada. Então, Bram observou: - Você já parece estar recuperada. Mas vejo que seus amigos não tiveram a mesma sorte! - Eu não sei o que há com eles! Eu segui as instruções, será que fiz algo de errado? Eu dei o tônico, metade para cada... Bram fez um sinal de pare com a mão, interrompendo-a. - É certo que você não fez nada de errado. Na verdade, você não poderia ter feito