Marrento— Cicatriz, eu não sei o que aconteceu. O garoto me garantiu... — Paro de falar quando ele segura firme na minha nuca e em um ato de defesa, levo uma mão ao coldre na minha cintura, e o esforço faz uma dor rasgar o ombro machucado. Contudo, os homens imediatamente apontam as suas marmas para mim e eu desisto.— Você e esse garoto são um monte de merda mesmo, dois imprestáveis! — Ele rosna e eu pressiono o meu maxilar segurando uma resposta atrevida. Finalmente ele me larga e ao se afastar, olha de mim para o Lucas. — Olhe bem para mim, rapaz, você me deve dois mil e eu te dou uma semana para me pagar. — Lucas encolhe os olhos e imediatamente o seu olhar corre para mim.— Mas, mas o Marrento disse...— O Marrento não manda em porra nenhuma! — Ele rebata me deixando furioso. — Uma semana, Lucas, nem mais e nem menos. — O garoto engole em seco e me encara apreensivo.— O carro já está pronto, Cicatriz. — Alguém avisa.— Ótimo! Vamos levá-los para o galpão. A comunidade será o pr
Marrento— Ela o quê? — pergunto, porque preciso ter certeza do que acabei de ouvir. Ele sorri presunçoso.— Eu disse para a minha filha que se ela viesse entregaria o garoto são e salvo. Se não, o entregaria em um saco plástico. — Não sei o que dizer. Definitivamente Cicatriz enlouqueceu ou...— E você pretende entregá-lo? — As sobrancelhas arqueadas me dizem o contrário.— Ela acredita que sim. — Não há como negar. Ele é mesmo um filho da puta traiçoeiro.— Posso saber qual é a finalidade disso? — Arrisco-me a questioná-lo.— É bem simples. Farei Jasmine ir à guerra por mim. Vou pedir quinhentos milhões de dólares em notas grandes e ela irá buscar esse dinheiro para mim. — Apenas balanço a cabeça mostrando-lhe que entendi o seu plano.— Quem te garante que ela fará isso? — O chefe se levanta, abre a geladeira e tira uma cerveja de lá. Em silêncio ele a abre e toma um gole grande.— Acredite, Marrento, ela fará! — O tom soberbo me diz que ele está escondendo o jogo. Eu tenho certeza
JasmineNão entendo por que ele não nos deixa em paz. Porque ele insiste em nos perseguir e nos fazer sofrer assim. Cristal é o meu ícone, é o meu exemplo de força. Eu nunca a tinha visto assim tão arrasada, tão destruída e tão frágil. Tem quase vinte e quatro horas que ela não come direito e que não bebe nada. E o seu choro está me deixando desesperada. Queria poder ajudá-la de alguma forma. Meus pensamentos são interrompidos quando sinto o meu celular vibrar dentro do bolso traseiro e antes de pegá-lo, olho para todos ao meu redor. Eles estão alheios, concentrados em sua dor. Afasto-me um pouco e curiosa, abro a tela do celular. O coração dispara quando vejo que a mensagem é do mesmo número que ligou para mim horas atrás. Minhas mãos tremem e coçam querendo abrir a tal mensagem. Contudo, percebo que Max não veio a mim e me pergunto se ele não viu? Respiro fundo e resolvo ler em um outro lugar.— Eu vou para o meu quarto — aviso, subindo as escadas imediatamente. No longo corredor le
Jasmine— Deixa de marra, menina! — Marrento ralha antes que o Cicatriz chegue a fazer a pergunta. Ele segura firme no meu braço e me puxa rudemente para fora do escritório. Contudo, me livro do seu agarre com violência.— Não precisa me tocar! Eu vou sozinha — rosno ríspida. Ele pressiona o maxilar, me encara com raiva, mas logo o noto relaxar. Em silêncio, saímos do escritório e enquanto ele segue na minha frente, guiando-me para uma escada que leva a dois lados diferentes da casa, eu procuro memorizar o máximo possível de cada canto desse lugar. Logo entramos em outro corredor e pararmos no último quarto. Marrento segura um molho com pelo menos dez chaves, abre a porta e me dá passagem. Eu entro no cômodo e abraço o meu próprio corpo, olhando a sua decoração.— Jasmine, eu... — Ele começa a falar e eu paro de me mexer imediatamente. O meu corpo fica rígido, minha respiração fica pesada e eu fecho os olhos tentando me acalmar. — Me perdoe! — Sua voz soa um tanto embargada, porém, nã
Jasmine— Está quase no fim, Jasmine.— O que está quase no fim?— Tudo isso. — Me sinto esperançosa com essas palavras.— O Mick já está em casa? — Procuro saber.— Estará assim que tudo terminar.— Você prometeu, Cicatriz — cobro. — Você disse que se eu viesse o libertaria! — Ele apaga o cigarro no cinzeiro e me encara furioso.— Eu decido como resolver as coisas por aqui, Jasmine. Eu, e não você! — rosna irritado.— Acontece que você me prometeu! — protesto irritada agora. Contudo, ele bate fortemente no tampo da mesa me fazer sobressaltar na cadeira.— Aprenda uma coisa desde já, garota. Eu não tenho que cumprir promessas para você e nem para ninguém. Eu disse que o libertaria, mas desisti. E agora tudo será como eu quero! — Ele grita e eu me levanto abruptamente, movida pela adrenalina que percorre as minhas veias.— Seu... mentiroso de merda! — grito entre dentes de volta. No mesmo instante ele se levanta, contorna a mesa feito um louco enraivecido e segura firme os meus cabelos
JasmineHoras mais tarde...Falta pouco menos de uma hora para o inevitável encontro com Jonathan. Cautelosa, verifico se aporta do quarto está fechada e dobro o pequeno pedaço de papel, colocando-o na pulseira do meu relógio e respiro fundo tentando me acalmar. Cicatriz não é um tolo. Ele está sempre atento as minhas emoções e agora eu preciso me manter imparcial. Ele precisa saber que estou ao seu lado. Solto mais uma respiração e me forço a relaxar. Tiro o telefone do seu esconderijo. Ligo o aparelho, abro a minha agenda e procuro pelo nome de tio Luís nela. Levo o aparelho ao meu ouvido e fecho os meus olhos quando ele começa a chamar.— Alô? — Escuto a sua voz do outro lado da linha e sinto o meu coração descompassar.— Tio Luís?— Jasmine?! Meu Deus, querida, onde você está, querida? — Volto a respirar fundo. Você precisa se acalmar, Jasmine. Nada pode dar errado hoje. Digo para mim mesma e continuo.— Escute com bastante atenção o que eu vou lhe dizer — peço ignorando completam
JonathanMomentos antes do encontro...Não é o pôr do sol e nem é de madrugada, mas ainda assim é o meu lugar favorito no mundo. O monumento está superlotado agora, a final, é verão e os turistas praticamente invadem os nossos pontos turísticos. Contudo, procuro me desligar das pessoas ao meu redor e me concentro no meu silêncio interior. Eu preciso pensar com clareza, descobrir por que ela fez aquilo. Deve haver algum motivo para ela agir assim, não é? Então, por que eu não estou vendo? Eu não posso simplesmente acreditar que Jasmine largou a sua vida, os seus ideais, o seu futuro e principalmente o nosso amor para viver uma vida que não é sua. Por quê? Por que ligou para o meu pai e não para mim? Rio sem vontade quando penso que ela nem se deu o trabalho de perguntar por mim. Olho o meu relógio. Eu preciso voltar para casa e encarar a minha realidade de frente. Pensativo, começo a descer os degraus, logo estou na moto e ganho o trânsito carioca. Não demora para entrar em casa e agua
Jonathan— JASMINEEEEE! — grito mais alto que consigo e na sequência escuto dois disparos. Nervoso, olha na direção dos tiros no mesmo instante que Marrento cai ao chão. — O que? — indago completamente confuso. Jasmine! Lembro-me e olho na direção que ela correu. As sirenes anunciam a chegada da cavalaria e eu corro atrás dela. — Jasmine?! — Volto a chamá-la e ela para abruptamente.— Jonathan? — Ela sibila completamente ofegante e eu sorrio para ela. — Jonathan! — diz mais alto e corre para os meus braços. — Oh meu Deus, você veio! — Sua voz trêmula me faz apertá-la nos meus braços e automaticamente procuro a sua boca. Preciso dela, preciso dos seus beijos. Deus, eu preciso matar essa saudade que está acabando comigo!— Estou aqui, Bonitinha! — rosno quando o beijo acaba.— Eu tive tanto medo! — diz um tanto chorosa e eu volto a envolvê-la com os meus braços.— Você está bem? — pergunto, quando o turbilhão de emoções começa a se acalmar dentro de mim. Ela assente, abrindo o seu sorri