MarrentoO encontro falso com Jasmine...Olho para o meu reflexo no espelho pela terceira vez. Jeans azul escuro, camisa de botão preta, botina de cano curto preta, os cabelos bagunçados, mas com estiloso e a barba feita. Tudo para agradá-la. Olho para a minha cama e fito o lindo buquê de rosas vermelhas com laços de fita da mesma cor que comprei para ela. Suspiro abrindo um sorriso largo e nervoso. Falta pouco mais de quarenta minutos para nos encontramos. Pensar nisso me deixa um tanto agitado e ansioso, vou até o closet e ponho o meu melhor relógio, uma corrente grossa de ouro 18k e borrifo algumas gostas de perfume. Solto outro suspiro e dou alguns passos largos até a cama para pegar o buquê, forçando-me a sair do quarto em seguida. Em segundos estou descendo as escadas e encontro Jacira, uma diarista passando o aspirador de pó em um tapete felpudo branco. A mulher me olha com uma certa curiosidade e desliga a máquina em seguida.— Uau, Seu Marrento! Vai se encontrar com alguma ga
Marrento— Não, por favor! — O rapaz volta a suplicar.Contudo, Max age rápido. Ele saca a sua arma e dispara contra o meu ombro. A dor lancinante queima a minha carne. A garota grita apavorada e eu a jogo bruscamente contra o segurança e enquanto ele se preocupa em segurar a mulher, deixa a arma cair. Imediatamente disparo dois disparos acertando um dos seus homens. A multidão se apavora e logo tudo vira uma confusão de gritos e de corre-corre. Me misturo as pessoas em pânico e saio correndo feito um louco pelas dezenas de degraus. Nervoso, olho para trás e percebo os homens virem atrás de mim. Essa porra toda não passou de uma armadilha. Merda, Jasmine me paga! Penso possuído de raiva. Esqueço o meu carro no estacionamento e resolvo adentrar na mata. Essa é a minha única saída nesse momento. A escolha não podia ser melhor, já que está escuro e é difícil enxergar um palmo a frente do nariz. Mas não para mim, que já conheço cada árvore, cada tronco destorcido e as suas raízes grossas
Marrento— Cicatriz, eu não sei o que aconteceu. O garoto me garantiu... — Paro de falar quando ele segura firme na minha nuca e em um ato de defesa, levo uma mão ao coldre na minha cintura, e o esforço faz uma dor rasgar o ombro machucado. Contudo, os homens imediatamente apontam as suas marmas para mim e eu desisto.— Você e esse garoto são um monte de merda mesmo, dois imprestáveis! — Ele rosna e eu pressiono o meu maxilar segurando uma resposta atrevida. Finalmente ele me larga e ao se afastar, olha de mim para o Lucas. — Olhe bem para mim, rapaz, você me deve dois mil e eu te dou uma semana para me pagar. — Lucas encolhe os olhos e imediatamente o seu olhar corre para mim.— Mas, mas o Marrento disse...— O Marrento não manda em porra nenhuma! — Ele rebata me deixando furioso. — Uma semana, Lucas, nem mais e nem menos. — O garoto engole em seco e me encara apreensivo.— O carro já está pronto, Cicatriz. — Alguém avisa.— Ótimo! Vamos levá-los para o galpão. A comunidade será o pr
Marrento— Ela o quê? — pergunto, porque preciso ter certeza do que acabei de ouvir. Ele sorri presunçoso.— Eu disse para a minha filha que se ela viesse entregaria o garoto são e salvo. Se não, o entregaria em um saco plástico. — Não sei o que dizer. Definitivamente Cicatriz enlouqueceu ou...— E você pretende entregá-lo? — As sobrancelhas arqueadas me dizem o contrário.— Ela acredita que sim. — Não há como negar. Ele é mesmo um filho da puta traiçoeiro.— Posso saber qual é a finalidade disso? — Arrisco-me a questioná-lo.— É bem simples. Farei Jasmine ir à guerra por mim. Vou pedir quinhentos milhões de dólares em notas grandes e ela irá buscar esse dinheiro para mim. — Apenas balanço a cabeça mostrando-lhe que entendi o seu plano.— Quem te garante que ela fará isso? — O chefe se levanta, abre a geladeira e tira uma cerveja de lá. Em silêncio ele a abre e toma um gole grande.— Acredite, Marrento, ela fará! — O tom soberbo me diz que ele está escondendo o jogo. Eu tenho certeza
JasmineNão entendo por que ele não nos deixa em paz. Porque ele insiste em nos perseguir e nos fazer sofrer assim. Cristal é o meu ícone, é o meu exemplo de força. Eu nunca a tinha visto assim tão arrasada, tão destruída e tão frágil. Tem quase vinte e quatro horas que ela não come direito e que não bebe nada. E o seu choro está me deixando desesperada. Queria poder ajudá-la de alguma forma. Meus pensamentos são interrompidos quando sinto o meu celular vibrar dentro do bolso traseiro e antes de pegá-lo, olho para todos ao meu redor. Eles estão alheios, concentrados em sua dor. Afasto-me um pouco e curiosa, abro a tela do celular. O coração dispara quando vejo que a mensagem é do mesmo número que ligou para mim horas atrás. Minhas mãos tremem e coçam querendo abrir a tal mensagem. Contudo, percebo que Max não veio a mim e me pergunto se ele não viu? Respiro fundo e resolvo ler em um outro lugar.— Eu vou para o meu quarto — aviso, subindo as escadas imediatamente. No longo corredor le
Jasmine— Deixa de marra, menina! — Marrento ralha antes que o Cicatriz chegue a fazer a pergunta. Ele segura firme no meu braço e me puxa rudemente para fora do escritório. Contudo, me livro do seu agarre com violência.— Não precisa me tocar! Eu vou sozinha — rosno ríspida. Ele pressiona o maxilar, me encara com raiva, mas logo o noto relaxar. Em silêncio, saímos do escritório e enquanto ele segue na minha frente, guiando-me para uma escada que leva a dois lados diferentes da casa, eu procuro memorizar o máximo possível de cada canto desse lugar. Logo entramos em outro corredor e pararmos no último quarto. Marrento segura um molho com pelo menos dez chaves, abre a porta e me dá passagem. Eu entro no cômodo e abraço o meu próprio corpo, olhando a sua decoração.— Jasmine, eu... — Ele começa a falar e eu paro de me mexer imediatamente. O meu corpo fica rígido, minha respiração fica pesada e eu fecho os olhos tentando me acalmar. — Me perdoe! — Sua voz soa um tanto embargada, porém, nã
Jasmine— Está quase no fim, Jasmine.— O que está quase no fim?— Tudo isso. — Me sinto esperançosa com essas palavras.— O Mick já está em casa? — Procuro saber.— Estará assim que tudo terminar.— Você prometeu, Cicatriz — cobro. — Você disse que se eu viesse o libertaria! — Ele apaga o cigarro no cinzeiro e me encara furioso.— Eu decido como resolver as coisas por aqui, Jasmine. Eu, e não você! — rosna irritado.— Acontece que você me prometeu! — protesto irritada agora. Contudo, ele bate fortemente no tampo da mesa me fazer sobressaltar na cadeira.— Aprenda uma coisa desde já, garota. Eu não tenho que cumprir promessas para você e nem para ninguém. Eu disse que o libertaria, mas desisti. E agora tudo será como eu quero! — Ele grita e eu me levanto abruptamente, movida pela adrenalina que percorre as minhas veias.— Seu... mentiroso de merda! — grito entre dentes de volta. No mesmo instante ele se levanta, contorna a mesa feito um louco enraivecido e segura firme os meus cabelos
JasmineHoras mais tarde...Falta pouco menos de uma hora para o inevitável encontro com Jonathan. Cautelosa, verifico se aporta do quarto está fechada e dobro o pequeno pedaço de papel, colocando-o na pulseira do meu relógio e respiro fundo tentando me acalmar. Cicatriz não é um tolo. Ele está sempre atento as minhas emoções e agora eu preciso me manter imparcial. Ele precisa saber que estou ao seu lado. Solto mais uma respiração e me forço a relaxar. Tiro o telefone do seu esconderijo. Ligo o aparelho, abro a minha agenda e procuro pelo nome de tio Luís nela. Levo o aparelho ao meu ouvido e fecho os meus olhos quando ele começa a chamar.— Alô? — Escuto a sua voz do outro lado da linha e sinto o meu coração descompassar.— Tio Luís?— Jasmine?! Meu Deus, querida, onde você está, querida? — Volto a respirar fundo. Você precisa se acalmar, Jasmine. Nada pode dar errado hoje. Digo para mim mesma e continuo.— Escute com bastante atenção o que eu vou lhe dizer — peço ignorando completam