CristalApós ouvir o som da porta bater não consigo segurar o choro. Ele se foi! Deslizo pela madeira até sentar-me no piso encapetado do meu closet e choro compulsivamente. Por que ele me deixa sentir o gosto doce da felicidade e me arranca em seguida? Estou com frustrada, com raiva e esse sentimento parece crescer ainda mais dentro de mim, me sufocando. Estou com raiva de mim por ser tão tola, por tê-lo desviado do meu caminho. Droga, ele quer que eu peça, quer que eu tome a decisão e ele não está errado porque fui eu, fui eu quem o empurrou para cima daquela garota. Eu forcei a barra mesmo sabendo que ele não queria. Sempre fui eu a quebrar a nossa conexão perfeita quando ele sempre quis a mim. Então, por que nunca demostrou? Por que nunca me deu um sinal? Talvez ele tenha dado, cristal, mas você tinha outros interesses e foi burra o suficiente para não perceber. Burra! Burra! Burra! Olho as horas no relógio analógico que fica em uma das prateleiras e respiro, enxugando as lágrimas
Cristal— Eu quero te agradecer. — Mantenho o meu sorriso estampado, mas confesso que estou surpresa.— Por quê?— Por ter me apresentado o Mick. Ai, Cris, ele é muito fofo e eu estou completamente apaixonada por ele! — Ok, agora ficou difícil, mas segurei a peteca e me mantive no meu papel.— Ah, sério?! Que legal! — Ela abre um largo sorriso.— Antes de ontem tivemos uma noite fabulosa!— Ah... é?— Nossa, Cris, o Mick é um fenômeno na cama! — A garota sibila com um tom de confidência e tem o cuidado de olhar para os lados para ter certeza de que ninguém nos ouviu, mas eu permaneço estática a fitando.— É... muita informação, Rute — ralho incomodada, porém, ela sorri ainda mais.— Me desculpe! É que eu não tenho uma amiga para conversar essas coisas e eu pensei que poderia conversar abertamente com você. — Puta que pariu! Sério isso? Eu não quero ter que ouvir o quanto o cara que acabei de descobrir que amo é bom de cama com outra garota. Não mesmo!— Só que não! — rebato rudemente.
Cristal— Me desculpe! — Ela tenta falar, mas uma nova crise de riso lhe acomete. É tão engraçado assim eu me apaixonar por ele? Bufo. Ela respira fundo e tenta se controlar. — Ok! Ok! A crise passou! — diz segurando a próxima risada. — Agora me explica, qual é o problema de se apaixonar pelo Mick? — Arqueio as sobrancelhas. Que diabos de pergunta é essa?— Problema nenhum!— Certo. Então, por que esse desespero todo? — Suspiro desanimada e volto a deitar no seu colo.— Porque eu me declarei pra ele hoje.— Ai meu Deus! Sério? E aí?— Ele foi embora de mãos dadas com a Rute.— O Mick fez isso?! — Jas parece não acreditar.— O que eu faço, Jas?— Não, definitivamente isso não é o Mick. Não mesmo. Desde que me entendo por gente que eu sei que ele gosta de você.— Como assim? — inquiro me levantando outra vez.— Você é mesmo cega, sabia? Cris, o Mick te ama, ele gosta de você desde os catorze anos. — Ele o quê?! Agora sou eu que estou embasbacada.— Não vem com essa. Se fosse, eu teria p
JasmineAlguns dias depois...Seguro o buquê de rosas brancas apertando- o contra o peito. Não tenho mais lágrimas para chorar. Não tenho mais palavras para lamentar. Só me restou a saudade. Na pedra de mármore observo as palavras douradas...Daniela Vieira mãe e filha dedicada. Logo abaixo a descrição...Delia Vieira mãe e vó amada.Suspiro sentindo a mão carinhosa do Jonathan acariciando o meu braço. Dou dois passos para frente e me agacho colocando o ramalhete sobre o túmulo no gramado viçoso. A despedida é a coisa mais dolorosa do mundo, ainda mais quando você não teve a chance de se despedir de verdade. Jonathan se afasta me dando o espaço que eu preciso. Com lágrimas não derramadas eu olho as imagens nos porta-retratos embutidos na pedra. Após trinta dias da sua morte ainda dói como se fosse ontem. Ana só me deixou vir quando teve certeza de que eu estava recuperada física e emocionalmente. Ela tem sido como uma verdadeira mãe para mim. Às vezes me sinto até constrangida com ta
Jasmine — Já chega! — Jonathan rosna. — Ela não vai mais responder nenhuma dessas merdas! — Jonathan?! — Tio Luís o repreende. — Só mais uma coisa Jasmine. — O oficial insiste. — Eu trouxe algumas fotos e preciso que olhe com atenção e que me aponte os seus agressores. — Assinto secando as lágrimas. Ele começa a colocar dezenas de fotos sobre a mesinha de centro e a primeira imagem que vejo é o tal homem careca e imediatamente o aponto com o indicador. Tia Ana trocar um olhar preocupado com tio Luís. — O que foi, Léo? — Tio Luís pergunta. — Esse é o Cicatriz, o irmão de Alessandra Linhares que sequestrou Kevin há alguns anos. — Puta que pariu! — Meu tio rosna exasperado. — Ele chegou a dizer pra você o que queria? — O policial pergunta e eu engulo em seco. — Sim. — Olho para todos dentro do cômodo. — E o que ele queria, Jasmine? — Tia Ana pergunta curiosa. Olho para o Jonathan em um pedido mudo de desculpas e ele franze a testa. — Ele queria que eu atraísse o Jonathan para a
Jasmine Se tem uma coisa que eu amo nesse lugar é o jardim. Os jardins da mansão Alcântara são extremamente lindos e encantadores. Um lugar onde a natureza impera com a sua beleza e cores. O sol da tarde está ameno e ainda assim aquece a minha pele de uma forma gostosa. Ansiosa, me livro dos meus sapatos para caminhar descalça pela grama verde, apreciando a maciez das folhas debaixo dos meus pés e respiro fundo, sentindo os perfumes misturados das flores, e encanto-me com as borboletas que brincam entre elas. Logo sinto a sua presença atrás de mim e o meu peito chega inflar de amor. — Por que não me contou nada, Jasmine? — pergunta caminhando ao meu lado. O que eu posso dizer? Não era fácil pra mim pensar em tudo que passei ali, quanto mais tocar no assunto, ainda mais falar sobre um quase estupro. Mesmo sem acontecer de fato eu me sentia suja e imunda. Não vou negar que ainda consigo sentir aquele toque repugnante na minha pele, que a sua voz áspera ainda ecoa dentro dos meus ouvid
Mick Momentos antes de acabar o namoro... Me aproximo da Rute e de cara já recebo um beijo na boca. Os caras ao meu redor fazem burburinhos e eu peço a Deus que a Cristal não tenha percebido isso. Ela tenta segurar a minha mão, porém, não permito e isso a faz me olhar atônita. — Podemos conversar? — indago assim que nos afastamos. Ela franze as sobrancelhas, mas assente. — Claro! — Quer ir para a lanchonete? — sugiro, pois é um local movimentado e fica mais fácil assim. — Não, vamos para o apartamento da minha irmã. Se o meu namorado quer ter uma conversa mais à vontade comigo... — Ela deixa a frase no ar e abre um sorriso sugestivo. Vamos em silêncio para o estacionamento. Eu monto na minha moto e ela vem logo atrás de mim. O trajeto também é feito em silêncio e penso em como terminar um namoro que nem ao menos começou direito. E pensar que tudo isso poderia ter sido evitado com um simples não como resposta. Eu devia ter me recusado a entrar nas loucuras de Cristal. Devia ter d
MickDe volta a boa rotina, ou quase isso. Mas, o quarteto finalmente está de volta, só que com uma versão mais melhorada que me deixa muito feliz. Estamos indo para o colégio, os quatro como sempre deveria ser, só que não no carro de Jonathan como sempre fazemos. Dessa vez estamos dentro de um enorme carro preto e blindado com dois seguranças na frente e mais a um carro nos seguindo logo atrás. Confesso que isso está deixando a Cristal maluca e com um humor quase insuportável. Quando chegamos ao pátio do estacionamento os olhares curiosos recaem imediatamente sobre nós, a final, não é todos os dias que entramos aqui de mãos dadas feito como casais e ainda acompanhados de enormes armários vestidos de preto e para piorar a situação, Luís Alcântara desce do seu carrão e segue direto para a diretoria.— Tudo isso é uma grande merda! — Minha garota resmunga do meu lado.— Será por pouco tempo, amor. Logo eles vão pegar esses idiotas e seremos livres outra vez — digo beijando levemente os