Mick— Está mais calma agora? — pergunto com um sussurro e perto do seu ouvido. Estamos de volta ao seu quarto agora e deitados em sua cama. Cristal apenas assente respondendo se aconchegando ao meu corpo.— Preciso de um banho — diz se afastando um pouco.— Tudo bem. Vai tomar o seu banho e quando voltar eu ainda estarei aqui — prometo. Ela se afasta um pouco mais para olhar em meus olhos e não dá para negar o quanto eles são lindos e intensos, mesmo estando tristes.— Promete? — Em resposta faço o sinal da cruz beijando os meus dedos em seguida.— Eu prometo! — Ela suspira e faz um sim com a cabeça, saindo da cama em seguida e assim que ela fecha a porta do banheiro, vou até uma janela do quarto e observo as ruas vazias durante a madrugada. O dia já começa a raiar lá fora e algumas nuvens brancas começam a surgir no céu. Meu celular vibra dentro do bolso da calça e assim que o pego e vejo o nome Rute brilhar na tela. Chego a puxar a respiração e soltá-la audivelmente. Decido ignorar
Jonathan Alucinado, perdido e quebrado. É exatamente assim que eu me sinto agora. Estou quebrado, assim com ela está quebrada. Como puderam fazer tal coisa com uma garota tão doce? O vento forte e frio da madrugada b**e no meu rosto. Estou praticamente voando na máquina feroz de ronco alto e potente. São quase três da madrugada quando paro a moto no lugar que me traz um pouco de paz. Olhar para a cidade do Rio de Janeiro adormecida do mais alto topo é o meu sossego. As luzes pequenas e brancas que iluminam as ruas desertas, o silêncio do lugar. O Cristo Redentor é o meu lugar preferido no mundo principalmente quando estou frustrado ou decepcionado. Ou triste e como agora. Dolorido e cheio de ódio, desejando vingança. Eu puxo a respiração e olho para o céu ainda escuro e estrelado. O meu pensamento é dominado pelo sorriso mais doce que eu já conheci na vida. Jasmine. Meu coração parece inflar quando penso nela. ...Você é maluco! Ela diz dando risadas altas e sorrio dessa lembrança.
Jonathan Forçado a comer como se eu fosse uma criança mimada. Isso é ridículo, mas não contesto e faço isso o mais rápido que posso. Um copo de suco e uma fruta é o suficiente para me manter de pé. Penso e retorno para a sala de espera. Contudo, assim que adentro encontro a minha família, aguardando por notícias que parece não vir nunca. Até que a porta branca se abre e eu imediatamente fico de pé encarando o médico que perece um tanto aliviado. — A Jasmine acordou finalmente, mas como eu previa ela está muito fraca e fica pouco tempo acordada. Ela ainda precisa do aparelho para respirar devido a cirurgia no pulmão, mas fora isso está bem longe do risco de morte. — Ambro um sorriso amplo, mas os meus olhos queimam de vontade de chorar. — Acha que ela ainda precisa de transfusão de sangue? — Mamãe pergunta. — Acredito que não, Senhora Alcântara. — Podemos ir vê-la agora? — pergunto ansioso. — Melhor não, Jonathan. A Jasmine precisa descansar. — Doutor David, eu juro que fico quie
Jonathan No dia seguinte acordo renovado. Tomo um banho rápido, ponho a minha melhor roupa e tomo um café da manhã rápido. Cristal não está em casa, provavelmente já foi para o hospital, o que me deixa puto da vida porque ela devia ter me chamado. Ainda estou com o pé atrás de que colocaram algo no meu suco na noite passada para me nocautear, porque eu simplesmente apaguei e acordei mais tarde do que devia. Minutos depois, entro no meu carro e dirijo direto para o hospital. Quando chego como era esperado encontro a Cristal com o Mick, e o meu pai está no canto com o meu avô.— Ela praticamente me expulsou do quarto. — Escuto mamãe dizer para a tia Lilian e me aproximo.— Compreenda, Ana, ela está muito abalada e saber que a Delia morreu...— Você contou pra ela?! — rosno interrompendo a conversa.— Eu não tive como não contar, filho. A Jasmine perguntou por ela, o que eu devia dizer?— E deixou ela sozinha depois disso? — interpelo exasperado. De repente os médicos invadem o quarto e
CristalApós ouvir o som da porta bater não consigo segurar o choro. Ele se foi! Deslizo pela madeira até sentar-me no piso encapetado do meu closet e choro compulsivamente. Por que ele me deixa sentir o gosto doce da felicidade e me arranca em seguida? Estou com frustrada, com raiva e esse sentimento parece crescer ainda mais dentro de mim, me sufocando. Estou com raiva de mim por ser tão tola, por tê-lo desviado do meu caminho. Droga, ele quer que eu peça, quer que eu tome a decisão e ele não está errado porque fui eu, fui eu quem o empurrou para cima daquela garota. Eu forcei a barra mesmo sabendo que ele não queria. Sempre fui eu a quebrar a nossa conexão perfeita quando ele sempre quis a mim. Então, por que nunca demostrou? Por que nunca me deu um sinal? Talvez ele tenha dado, cristal, mas você tinha outros interesses e foi burra o suficiente para não perceber. Burra! Burra! Burra! Olho as horas no relógio analógico que fica em uma das prateleiras e respiro, enxugando as lágrimas
Cristal— Eu quero te agradecer. — Mantenho o meu sorriso estampado, mas confesso que estou surpresa.— Por quê?— Por ter me apresentado o Mick. Ai, Cris, ele é muito fofo e eu estou completamente apaixonada por ele! — Ok, agora ficou difícil, mas segurei a peteca e me mantive no meu papel.— Ah, sério?! Que legal! — Ela abre um largo sorriso.— Antes de ontem tivemos uma noite fabulosa!— Ah... é?— Nossa, Cris, o Mick é um fenômeno na cama! — A garota sibila com um tom de confidência e tem o cuidado de olhar para os lados para ter certeza de que ninguém nos ouviu, mas eu permaneço estática a fitando.— É... muita informação, Rute — ralho incomodada, porém, ela sorri ainda mais.— Me desculpe! É que eu não tenho uma amiga para conversar essas coisas e eu pensei que poderia conversar abertamente com você. — Puta que pariu! Sério isso? Eu não quero ter que ouvir o quanto o cara que acabei de descobrir que amo é bom de cama com outra garota. Não mesmo!— Só que não! — rebato rudemente.
Cristal— Me desculpe! — Ela tenta falar, mas uma nova crise de riso lhe acomete. É tão engraçado assim eu me apaixonar por ele? Bufo. Ela respira fundo e tenta se controlar. — Ok! Ok! A crise passou! — diz segurando a próxima risada. — Agora me explica, qual é o problema de se apaixonar pelo Mick? — Arqueio as sobrancelhas. Que diabos de pergunta é essa?— Problema nenhum!— Certo. Então, por que esse desespero todo? — Suspiro desanimada e volto a deitar no seu colo.— Porque eu me declarei pra ele hoje.— Ai meu Deus! Sério? E aí?— Ele foi embora de mãos dadas com a Rute.— O Mick fez isso?! — Jas parece não acreditar.— O que eu faço, Jas?— Não, definitivamente isso não é o Mick. Não mesmo. Desde que me entendo por gente que eu sei que ele gosta de você.— Como assim? — inquiro me levantando outra vez.— Você é mesmo cega, sabia? Cris, o Mick te ama, ele gosta de você desde os catorze anos. — Ele o quê?! Agora sou eu que estou embasbacada.— Não vem com essa. Se fosse, eu teria p
JasmineAlguns dias depois...Seguro o buquê de rosas brancas apertando- o contra o peito. Não tenho mais lágrimas para chorar. Não tenho mais palavras para lamentar. Só me restou a saudade. Na pedra de mármore observo as palavras douradas...Daniela Vieira mãe e filha dedicada. Logo abaixo a descrição...Delia Vieira mãe e vó amada.Suspiro sentindo a mão carinhosa do Jonathan acariciando o meu braço. Dou dois passos para frente e me agacho colocando o ramalhete sobre o túmulo no gramado viçoso. A despedida é a coisa mais dolorosa do mundo, ainda mais quando você não teve a chance de se despedir de verdade. Jonathan se afasta me dando o espaço que eu preciso. Com lágrimas não derramadas eu olho as imagens nos porta-retratos embutidos na pedra. Após trinta dias da sua morte ainda dói como se fosse ontem. Ana só me deixou vir quando teve certeza de que eu estava recuperada física e emocionalmente. Ela tem sido como uma verdadeira mãe para mim. Às vezes me sinto até constrangida com ta