Cristal— Quer beber alguma coisa? — Ele pergunta, apenas para ter algo a dizer, eu acho.— Não. — Sem saber ao certo como agir, me sento no sofá, porque se continuar em pé com certeza não é uma opção para as minhas pernas trêmulas. — Mick agita os fios loiros em sua cabeça e após um suspiro alto ele volta a me fitar.— O que aconteceu lá em cima, Cristal? — Ele está preocupado com o que fizemos, ou comigo? Comigo, eu sei que sim.— Nada. Quer dizer, ele até tentou, mas eu disse que não e sai correndo do quarto. — Um par de olhos claros me avaliam e enquanto faz isso eles brilham, parecem aliviados e sinto vontade de sorri. Sim, ele se importa comigo, ainda se importa. Então, isso quer dizer que ainda tenho uma chance? E se eu me abrir, contar pra ele o que estou sentindo aqui e agora, o que pode acontecer? Um coração dispara só de pensar nessa possibilidade. Motivada por esse pensamento eu penso em me levantar, aproximar-me e sem deixar os seus olhos tocá-lo com desejo. A minha expe
CristalAlgumas horas depois...Já passa de uma da madrugada quando escuto o ronco do motor da moto de Jonathan e através da janela percebo o quanto ele está animado. O meu irmão tem um sorriso sem tamanho no rosto e eu penso que provavelmente conseguiu o que queria com a Helena. Suspiro e segundos depois a porta da sala se abre.— Boa noite, família, ou seria boa madrugada? O que fazem acordados a essa hora? — Ele inquire olhando para todos e inevitavelmente o seu sorriso morre. — O que houve? — interroga sério agora.— Vem cá, filho, precisamos conversar. — Papai diz levando uma mão ao seu obro e Jonathan fica tenso. Meu pai diz.— Vocês estão me assustando. — Ele força um sorriso, que logo desaparece. — É com a Jasmine? O Mick está bem?— Vem, filho. — Papai insiste e eles se fecham dentro do escritório e eu fico encarando a porta fechada por um tempo, até ouvir os lamentos do meu irmão. Contudo, a voz branda do meu pai tentando acalmá-lo. Minutos depois meu irmão sai do escritório
JasmineJá tem algum tempo que estou trancada no antigo quarto da minha mãe. Atrás dessa porta consigo ouvir algumas vozes, mas não consigo entender sobre o que eles estão falando exatamente. Não sei que horas são. Só vejo pela janela que o dia está indo. O meu celular foi levado, então não tenho como falar com ninguém. Saio da cama e me aproximo mais da porta para tentar ouvir algo outra vez, mas tudo está em silêncio agora. Vou para a janela e olho para as grades. Elas deviam me proteger, no entanto, estão me fazendo prisioneira. Nervosa, ando de um lado para o outro do quarto, pensando em várias maneiras de sair daqui, mas elas simplesmente não existem. A única forma de sair desse lugar é pela porta que entrei. Contudo, ela está fechada de chave. Puxo a respiração quando escuto o barulho da chave e corro de volta para a cama. O meu coração acelera imediatamente quando um homem alto e careca adentra o cômodo, e dessa vez pede para ficar sozinho comigo. Estremeço, mas não tenho o que
Jamine — Deus, me tire daqui! — peço em agonia e fico um longo tempo deitada e chorando, até as minhas forças acabarem e eu finalmente adormeço. — Hum! — solto um gemido baixo e abro apenas uma brecha de olhos, percebendo que a noite já chegou. O quarto está em uma penumbra só e inevitavelmente eu penso em minha avó. Ela não voltou para casa e se voltou, não teve chance de vir até mim. O que fizeram com ela? Será que os Alcântara não permitiram a sua volta para casa? Não. Eu conheço bem a dona Delia, ela jamais me largaria aqui sozinha. Então, por que ela não chegou ainda? Forço-me a levantar no exato momento em que a porta volta a se abrir. As luzes que invade a escuridão do quarto me fazem fechar os olhos.— Boa noite, princesa! — Marrento diz se agachando ao meu lado. — O Cicatriz quer te ver. Vai lavar esse rosto e nada de falar sobre o que aconteceu aqui. Entendeu? — rosna baixo, porém, frio. — Entendeu, Jasmine? — Ele insiste e eu assinto. — Ótimo! Agora entra naquele banheiro
JasmineTrês dias depois...As vozes sussurradas estão sempre ao meu redor, mas eu não consigo entender o que eles dizem. Confesso que tenho medo de abrir os meus olhos e de saber que eles ainda estão aqui. Um som diferente surge em seguida, é como um bip, depois uma porta se abre e se fecha. Sim, são eles. Mas logo tudo fica silencioso e eu penso que esse é o momento de espiar. Puxo uma respiração profunda, reprimindo-a no mesmo instante quando uma dor lancinante me acomete e no mesmo instante solto um gemido dolorido. Tento mexer a minha mão para levá-la ao local da dor, porém, eu não consigo. Ela está presa a alguma coisa. Puxo mais uma respiração, dessa vez com mais cuidado e tento engolir, mas a minha garganta está seca demais. Após outra respiração, a dor volta e eu torno a gemer. Me forço a abrir os olhos, preciso ter certeza de que estou sozinha e assim que consigo, olho ao meu redor. Eu não estou em casa, nem no quarto da minha mãe. Só de saber disso o meu coração acelera. Oh
JonathanMomentos antes do resgate...Já é madrugada quando chego em casa depois de uma noitada regada a bebidas, danças e muito sexo com a gostosa da Helena. É, estou radiante e ao mesmo tempo me sinto vazio. Não era exatamente o que eu esperava. Helena é simplesmente linda e na cama ela é uma leoa, mas falta algo. Penso e assim que passo pelo hall, encontro a minha família reunida na sala. O que é uma novidade para mim já que o dia está prestes a raiar.— Boa noite, família, ou seria boa madrugada? — ralho com humor, mas eles permanecem sérios e parecem preocupados. — O que aconteceu? — pergunto olhando de um para o outro.— Vem comigo, filho. — Papai pede levando uma mão ao meu ombro e seguimos para o seu escritório. Isso me deixa alarmado, porque sempre que ele quer ter um papo sério comigo age assim. — Sente-se! _ Ele pede e eu faço.— Está me deixando apreensivo, pai — falo e ele suspira, fitando os meus olhos.— É sobre a Delia e a Jasmine.— O que elas?— A comunidade foi toma
Jonathan Momentos antes do resgate... — Sim, ele vai me ajudar. Como estão as coisas por aí? — Tudo bem! O Caio ainda está no quarto dele e a reunião do papai já terminou, mas ele ainda não veio aqui no quarto dizer nada. E a mamãe está no telefone falando com a tia a Mônica. — Perfeito! — Jonathan? — Escuto o meu avô me chamar. — Eu tenho que desligar. Beijo! — falo rápido, encerro a ligação, guardando o aparelho no bolso e me viro para o meu avô. — Terminou? — Claro! — Temos que ir. — Ok, isso sim é música para os meus ouvidos! Penso. — Certo! — Assim que Edgar me dá as costas eu o acompanho apressado e entramos em um dos carros blindados que já nos aguarda na frente da casa. — Não vamos entrar pela entrada principal. — Ele avisa para o motorista. — Não sabia que existe outra entrada para a comunidade — comento atônito. — E não tem. — Franzo a testa me sentindo perdido agora. — Nós vamos abrir uma porta onde não tem, garoto. — Arqueio as sobrancelhas. — Ah! Essa determ
JonathanEu nunca estive em uma situação como essa antes. Estou com raiva, com medo e quero chorar, mas não posso. Eu preciso estar forte para quando ela acordar. Nervoso, ando de um lado para o outro da sala de espera vendo a imagem da minha bonitinha quebrada e sangrando nos meus braços. Vê-la daquele jeito me deixou quebrado também e um tanto frio também. Os meus instintos de vingança estão aflorados e nesse instante eu só consigo pensar em destruir o desgraçado que a tocou.—Jonathan?! — Escuto a voz desesperada da minha irmã e me viro fitando-a, os meus pais e o Mick na entrada. Cris imediatamente me abraça e logo começo a chorar nos seus braços. — Como ela está? — pergunta com um sussurro trêmulo, mas meneio a cabeça fazendo não quando me afasto.— Eu não sei. — Droga, me sinto fraco, sem forças. — Ainda não me trouxeram notícias dela. — Ela se afasta e logo estou nos braços da minha mãe. Por fim encaro o olhar duro do meu pai. Ele se aproxima, mas não diz nada. No entanto, eu s