Jasmine — O cheiro está maravilhoso! — Ela diz me despertando e inevitavelmente sorrio. — Fiz do jeito que você gosta. — Obrigada, querida! — Delia se aproxima para deixar um beijo carinhoso na minha testa. — Eu vou pegar os pratos — aviso indo até o móvel vermelho e branco instalado na parede logo acima da pia. Em alguns segundos estamos sentadas uma de frente a outra conversando sobre o seu dia na mansão Alcantara. — Jonathan me perguntou por você — Ela diz de repente e eu quase me engasgo com o suco. — O que ele queria? — indago incomodada. — Disse que você saiu sem se despedir de ninguém. — Levo o copo a boca e tomo um gole do suco enquanto penso em uma resposta. — Pois é. Eu... me esqueci. — Ela me encara especulativa. — Esqueceu? Querida, você sabe o quanto... — Somos gratos pela ajuda dos Alcântara? Sim, eu sei, vó. Não aconteceu nada, não se preocupe. Está tudo bem! — Assim eu espero. Penso. — Agora, vá descansar e deixe que eu arrumo a cozinha. E não se preocupe, vou
Jasmine Na hora do almoço decido que não vou me juntar a turma. Eu preciso ficar longe do Jonathan por um tempo, pelo menos até organizar as minhas ideias e voltar a ser apenas a sua confidente. Por tanto, me sento em um dos bancos perto da biblioteca e abro a caixa de isopor que contém um sanduíche natural, ponho o canudo no copo com o suco de framboesa, tomo um gole e relaxo. Ao longe vejo a dupla dinâmica indo para a biblioteca e no caminho Jonathan esbarra com ela. Sinto um aperto no coração quando os vejo interagir tão próximos pela primeira vez e pela primeira vez sinto que estou perdendo o que nunca tive de verdade. Jonathan acaba de se tornar algo ainda mais inalcançável para mim. Isso é frustrante! Magoada, eu pego a minha bolsa e saio o mais rápido possível dali, direto para a sala de aula. Eu não devia estar chateada. Droga, eu sou a sua amiga e devia estar feliz por ele, torcendo por ele, mas como fazer isso com o coração doendo desse jeito? O almoço foi parar na lata de l
Mick— Então, leãozinho, essa é a minha amiga Rute. Ela estava a fim de te conhecer e eu a trouxe aqui para isso. — Cristal fala abrindo um sorriso largo no rosto e mesmo chateado com os sus planos para mim eu olho para a garota que tem um brilho de esperança no olhar e depois para a minha amiga de infância. Aí resolvo entrar nesse jogo de merda. Portanto, arqueio as sobrancelhas de forma teatral e sorrio.— Para me conhecer? — Ela assente. Dou uma de idiota e analiso a garota, olhando-a dos pés à cabeça. É, até que ela é gostosa! A menina fica corada com a minha especulação explícita, mas ignoto a sua reação e fito a Cristal. A merda toda é saber que estou explodindo de raiva por dentro e não consigo evitar de olha-la com frieza, deixando bem claro que não estou gostando dessa sua brincadeira. E vamos ao teatro! —— Prazer! Eu me chamo Mikael, mas você pode me chamar de Mick se quiser — sibilo cordialmente e as duas abrem sorrisos largos. Rute me estende a mão, eu a seguro e a puxo p
MickNo decorrer da semana o clima entre mim e Cristal não é dos melhores. A ida ao colégio no carro de Jonathan já estava ficando insuportável, então resolvi que não ir mais com eles. Depois de um bom banho e de um café da manhã reforçado, monto na minha moto e vou para o colégio sozinho. No portão de entrada encontro Rute conversando com algumas amigas e quando ela me vir diz algo para as meninas e vem ao meu encontro no estacionamento. Ao se aproximar, me livro do capacete e ela me beija demoradamente.— Por que veio sozinho hoje? — questiona segurando a minha mão e caminhamos na direção do colégio. Dou de ombros.— Pensei que já que eu tenho uma namorada, tenho que andar com ela agora, certo? — Essa é uma resposta que convence até os mortos. Penso não gostando do que estou me tornando e em troca, o seu sorriso se amplia.— Então estamos namorando? — respiro fundo.— Eu... pensei que sim.— Ain, Mick! — A garota vibra e me beija bem no meio do corredor lotado de alunos. Então, se t
MickDias depois...— Fala, Jonathan! — digo assim que atendo o telefone.— Está pronto?— Pronto para que?_ Ah, qual é, Leãozinho?— Leãozinho o caralho Jonathan! O que você quer?— Hoje é a festa do jogo estadual na casa da Helena. Esqueceu? — Bufo.— Eu não vou pra festa de jogo nenhum!— Como assim não vai?— Eu não vou! Simples assim!— E vai deixar a Cristal sozinha lá com o Hanson? — Reviro os olhos.— A Cristal nunca iria a uma festa na casa da Helena, babaca! Ainda mais quando o tema é futebol, você sabe que ela detesta futebol!— Mas ela foi, e sozinha.Aí eu penso... O que porra eu tenho a ver com isso? Eu estou com a Rute, não estou? Ela está se ajeitando com o carinha lá, então... Puxo uma respiração exasperada e quando vejo, já desliguei o telefone e corri para quarto. Troco de roupa e em menos de cinco minutos já estou colocando o capacete e montando na moto. Que droga, quando eu vou deixar de ser o seu cachorrinho de estimação? Quando vou parar de correr atrás dela, d
CristalTensão, emoção, ansiedade. Droga, eu sou ma caixa de sentimentos intensos! Penso assim que entro na mansão onde a festa já está bombando e logo o meu irmão se afasta de mim. Tem muita gente nesse lugar. Tantas que fica difícil transitar pela casa. A música alta, uma variedade de bebidas, cigarros, pó, muita agitação e até insinuação a sexo explícito nos quatro cantos da casa.— O quê que eu estou fazendo aqui? — Me pergunto observando o estado de alguns jovens alucinados ou até loucos mesmo. E eu posso até apontar alguns menores de idade, mas a maioria eu nem conheço. Continuo forçando passagem pela multidão quando sinto as mãos grande de Victor envolver a minha cintura por trás e no mesmo instante ele funga no meu pescoço e fala ao meu ouvido:— Você veio. — Sorrio.— Por quê? Você tinha alguma dúvida?— De verdade? Eu achei que não viria. Quer beber alguma coisa?— Uma cerveja, por favor! — Então ele simplesmente segura a minha mão e me arrasta pela enorme sala, me levando p
Cristal— Quer beber alguma coisa? — Ele pergunta, apenas para ter algo a dizer, eu acho.— Não. — Sem saber ao certo como agir, me sento no sofá, porque se continuar em pé com certeza não é uma opção para as minhas pernas trêmulas. — Mick agita os fios loiros em sua cabeça e após um suspiro alto ele volta a me fitar.— O que aconteceu lá em cima, Cristal? — Ele está preocupado com o que fizemos, ou comigo? Comigo, eu sei que sim.— Nada. Quer dizer, ele até tentou, mas eu disse que não e sai correndo do quarto. — Um par de olhos claros me avaliam e enquanto faz isso eles brilham, parecem aliviados e sinto vontade de sorri. Sim, ele se importa comigo, ainda se importa. Então, isso quer dizer que ainda tenho uma chance? E se eu me abrir, contar pra ele o que estou sentindo aqui e agora, o que pode acontecer? Um coração dispara só de pensar nessa possibilidade. Motivada por esse pensamento eu penso em me levantar, aproximar-me e sem deixar os seus olhos tocá-lo com desejo. A minha expe
CristalAlgumas horas depois...Já passa de uma da madrugada quando escuto o ronco do motor da moto de Jonathan e através da janela percebo o quanto ele está animado. O meu irmão tem um sorriso sem tamanho no rosto e eu penso que provavelmente conseguiu o que queria com a Helena. Suspiro e segundos depois a porta da sala se abre.— Boa noite, família, ou seria boa madrugada? O que fazem acordados a essa hora? — Ele inquire olhando para todos e inevitavelmente o seu sorriso morre. — O que houve? — interroga sério agora.— Vem cá, filho, precisamos conversar. — Papai diz levando uma mão ao seu obro e Jonathan fica tenso. Meu pai diz.— Vocês estão me assustando. — Ele força um sorriso, que logo desaparece. — É com a Jasmine? O Mick está bem?— Vem, filho. — Papai insiste e eles se fecham dentro do escritório e eu fico encarando a porta fechada por um tempo, até ouvir os lamentos do meu irmão. Contudo, a voz branda do meu pai tentando acalmá-lo. Minutos depois meu irmão sai do escritório