Assassino

Passo pela portaria do prédio que estava vazia, e pela primeira vez agradeço por não precisar falar com ninguém, sei que isso é horrível, mas no momento minha cabeça estava prestes a explodir, milhões de pensamentos se atropelando e falar com qualquer pessoa é a ultima coisa que eu queria.

Assim que entro em casa sou pega de surpresa por não ter ninguém, Rosa provavelmente ainda não chegou o que é estranho já que ela nunca se atrasa, e hoje é sexta, meu pai e Yago nunca trabalham cedo na sexta, mas provavelmente só está relacionado a alguma evolução do caso do André e talvez a mensagem que Yago me mandou ontem...

Vou até o quarto do meu pai por ser o único que tem banheira, só me dou conta que estou ali a muito tempo, quando acordo e a água já está bem mais fria do que eu me lembrava, ao sair coloco a primeira roupa que encontro no meu guarda roupa e me jogo na cama logo voltando a dormir.

***

Acordo com batidas na porta e mesmo sonolenta já é possível ouvir a briga do meu pai e Yago na sala, isso indica que coisa boa não era, respiro fundo algumas vezes enquanto me pergunto se existe alguma forma de não ir até lá, ou adiar minha participação nessa gritaria toda.

-Entra - falo um pouco sonolenta enquanto me sento na cama

-Desculpa te acordar - vejo o sorriso da Rosa ao entrar no quarto - as feras estão chamando você

Rosa foi minha babá desde quando minha mãe faleceu, ela se tornou como uma mãe pra mim, mas hoje em dia ela vem trabalhar aqui uma vez na semana para pôr a casa em ordem, comprar as coisas que faltam, separa as contas para serem pagas, coisa que se deixar por nossa conta com certeza vamos esquecer.

- Obrigada Rosa, eu já estou indo – Assim que ela sai do quarto eles fazem silêncio, só pode ser brincadeira

- Agora que me acordaram, fazem silêncio - falo revirando os olhos enquanto saio do quarto

- Gabriella - meu pai fala alto e vem ao meu encontro – Vamos resolver isso agora

-O que tá... – Nem consigo terminar minha pergunta e meu pai agarra no meu braço me puxando em direção ao escritório

- Calma pai, não é assim que vai resolver, só vai machucar ela - ouço a voz do Yago um pouco nervoso vindo atrás da gente

Assim que entramos no escritório meu pai me empurra na direção de uma das cadeiras e eu sem ter nenhuma opção eu me sento, algo realmente está muito errado e eu não estou entendendo absolutamente nada, e pelo visto ninguém vai me explicar

- Esse vagabundo Gabriela? Como você pode? Perdeu a noção? - ele grita e soca a mesa o que faz eu levar um susto

Olho para o Yago atrás de respostas, mas ele está com o mesmo olhar do meu pai, parecia decepcionado, quando uma lágrima escorre dos seus olhos, tento me levantar para ir até ele, mas com um gesto ele manda eu ficar onde estou

- Pai, eu nem sequer sei do que estamos falando - Digo voltando a minha atenção para ele

- Não sabe Gabriella? - ele diz nervoso e se senta na cadeira do outro lado da mesa - Não se faça de burra - grita batendo outra vez na mesa acabo levando outro susto e algumas lagrimas começam a escorrer pelo meu rosto

- Pai, ela não sabe do andamento da investigação, não sabe nada - Yago fala enquanto se aproxima e aperta levemente meu ombro

- Você não falou para ela? - meu pai desviou o olhar de mim pela primeira vez se dirigindo ao Yago

- Não, vamos com calma deixe que eu explicar - Yago pediu e meu pai não respondeu, mas saiu do escritório batendo a porta

- Yago - falo chorando e me encolho na cadeira – O que está acontecendo?

- Calma, eu vou te explicar - ele secou a minha lágrima e depois sentou na cadeira onde meu pai estava minutos antes

Yago pegou diversas fotos de assassinatos e colocou em cima da mesa, aproximadamente 14 fotos viradas para cima e todo aquele massacre fez meu estômago revirar e uma foto virada para baixo escrito "André" na parte que era visível

- O que significa tudo isso? - pergunto com a voz embargada – O que eu tenho a ver com isso tudo?

- Gabriella, você lembra de todos esses casos? – apenas confirmei com a cabeça - Eu estava todo esse tempo fazendo essa investigação, procurando 15 assassinos, mas há 2 semanas eu notei algo em comum - ele diz tocando em cada uma das fotos e fiquei observando

- Todos morreram com um tiro na cabeça e um no peito - falei baixo ao me lembrar que André estava nessa listagem e suspirei

- Exatamente Gab, assassinos costumam deixar pequenos detalhes, uma marca registrada, digamos assim - confirmei novamente com a cabeça para que ele continuasse - quando eu entendi que se tratava de um único assassino para 15 vítimas percebi que provavelmente se tratava de um assassino de aluguel ou uma gangue

- Não entendo onde você quer chegar Yago - falo um pouco confusa

- Ele tirou a vida de suas vítimas em quinze lugares diferentes, fiz uma investigação minuciosa em cada uma das câmeras de segurança de doze lugares já que os outros três não tinham câmeras - sua voz estava se alterando, mas ele tentava ainda manter a calma - e achei algo em comum, alguém em comum em todas elas

-É aquele homem do retrato falado? – Questionei – Tenho visto ele algumas vezes, mas ele some em um piscar de olhos...

                                                                                                            

Ele nega com a cabeça e vira o notebook para mim e me mostrou vídeos curtos dos 12 lugares e meu coração quase saiu pela boca, as lágrimas rapidamente voltaram escorrer pelo meu rosto a pessoa que estava presente em todos os lugares não era aquele homem que parecia sempre me seguir, é alguém pior, alguém que estava sempre ao meu lado, ainda é difícil de acreditar que o Chris seria capaz de tudo isso.

Empurrei o notebook de volta para ele, um bolo havia se formado na minha garganta, abaixo a cabeça tentando controlar meu choro ao mesmo tempo que eu tentava me convencer que o Chris, havia matado meu melhor amigo e mais quatorze pessoas, quando sinto meu irmão me abraçando enquanto se abaixava na minha frente.

- Yago, o Chris - falo olhando para ele que confirma com a cabeça e me aperta com seu abraço, quase como se quisesse me arrancar de todo esse pesadelo.

Não pode ser! O meu Chris não!

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