O caminho do aeroporto até o apartamento que iria me servir de lar foi bem calmo e um silêncio constrangedor tomava conta do carro da minha tia, vez ou outra uma pergunta boba surgia e eu apenas respondia com sim ou não. Não que eu odeie minha tia, muito pelo contrário, éramos amigas, muito amigas antes dela se mudar, mas com o tempo passamos a ser família apenas e essa não era a melhor forma de voltar a encontrar com ela.
Assim que entramos ela me mostra onde seria meu quarto e respiro fundo avaliando o local, não era feio como eu imaginava, bem básico com tudo que é relativamente necessário, dou a desculpa que iria tomar banho antes de me juntar a minha tia para o almoço e ela sai fechando a porta atrás de si. Respiro fundo e pego o celular, hora de ver as mensagens da Laura e do Yago, meu coração se aperta ao lembrar e novamente lágrimas volta
Os dois primeiros dias eu só fiquei em casa, tentando me adaptar a essa nova vida, perdi a conta de quantas vezes chorei junto com o Yago durante uma ligação, principalmente durante uma chamada de vídeo, falei com a Laura pelo menos uma vez por dia e a Rosa fiz questão de ligar para conversar com ela também, contar como está sendo tudo aqui.Meu relacionamento com a minha tia é bom, é ótimo na verdade, voltamos a ser rapidamente como éramos antes dela se mudar para Portugal, nesse momento estou mais uma vez em minha cama com o notebook em meu colo observando o site de cada hospital da cidade que eu enviei um currículo junto com minha carta de recomendaçãoEu não iria suportar ficar muito tempo em casa parada, precisava urgentemente de uma vaga em algum hospital ou clínica ou qualquer coisa que me tirasse de casa e me mantivesse ocu
Estava deitada em meu quarto enquanto a Rosa preparava o almoço, sem mais nem menos a porta abriu e um furacão passou por ela- Gab! Misericórdia Gab. - André gritava enquanto eu tentava me recuperar do susto- Quer me matar? Tem formas mais fáceis e mais rápidas - Falo rindo enquanto ele anda de um lado para o outro- Gabriella, eu acabei de notar que estou apaixonado - O olhar de pânico dele me arrancou uma gargalhada enquanto ele ficava cada vez mais bravo- E qual é o problema disso? Você é lindo com esses olhos escuros, ela com certeza deve estar apaixonada também- Você não entende Gabriella, não entende - ele finalmente sossega e se senta ao meu lado enquanto eu tento controlar o riso - sua louca, você é minha melhor amiga, deveria me apoiar e não rir da minha cara- André, você invade minha cas
Essa era a minha maior oportunidade e não estava nem perto dos meus planos desperdiçar a chance de já começar a trabalhar ainda mais no hospital que se enquadra entre os melhores, combinei tudo que seria necessário por hora com o Dr. Eduardo e fui até a sala do Dr. Charles, tinham umas pequenas burocracias para resolver e alguns papeis para assinar.- Gabriela, por enquanto vai ter um contrato provisório – Dr. Charles explicou – tem autorizações provisórias em caso de emergência com alguma criança, e depois do processo de experiencia com o Eduardo, caso decida trabalhar com a gente iremos providenciar a documentação definitiva.-Ta bom Dr. Charles, muito obrigada pela oportunidade – Digo sorrindo- Vou deixar avisado na recepção para que liberem sua entrada – Ele diz enquanto me acompanha até a porta – Quando chegar
Enquanto caminhava até o meu armário, tentei ligar pro Yago pelo menos umas dez vezes, mas para não fugir do costume ele não me atendeu, na verdade ele nunca me atende quando preciso falar e tenho pouco tempo disponível, já estou até acostumada com esse tipo de coisa, então mandei só uma mensagem dizendo que queria falar com ele, mas que agora estaria em uma cirurgia.Coloquei a caixinha dentro do meu armário e quase que deixo a curiosidade me dominar, quase abri antes de falar com ele, mas o conheço o suficiente para ter certeza de todo o drama que ele faria se eu estragasse algum tipo de surpresa ou seja lá o que for isso, bebo um gole demorado do meu café e bato a porta do armário.- Droga, maldita curiosidade – Resmungo enquanto faço o caminho de volta até a sala do Dr. Eduardo- Onde vai assim? – Ele pergunt
Estávamos achando que seria um dia tranquilo, mas só achamos mesmo. As crianças que vieram desse acidente estavam bem mais machucadas do que imaginamos, conseguimos salvar todas que chegaram até o hospital e isso é ótimo, quase reconfortante se for comparado ao cansaço que sentia no final do dia.Quando finalizamos todos os atendimentos já tinha terminado nosso horário e já estava anoitecendo, tudo que eu precisava era de um banho e longas horas de cama, nem adianta me julgar, qualquer um faria o mesmo no meu lugar.- O que acha de irmos jantar? – Dr. Eduardo pergunta enquanto entra na sala- Eu bem que gostaria, mas estou exausta- Então isso é um não?- Infelizmente é, acho que não me aguento mais nem um minuto- Nossa, que pecado – Eduardo diz rindo – Vai me deixar jantar sozinho mesmo?- Fica pra
Ao acordar meu corpo ainda estava dolorido do dia anterior, me permiti a não fazer quase nada, arrumei algumas coisas que tinha ficado espalhadas de ontem a noite, e fiquei quase que o ia inteiro jogada no sofá.Conversei muito pouco com Laura e Yago por mensagem, mas aparentemente eles estavam ocupados demais para ficar mandando mensagens pra mim que estava atoa, tudo bem, entendo que todo mundo tem seus compromissos e blá blá blá mas é meu direito reclamar de tedio e solidão.Confesso que estava quase pegando no sono quando meu celular tocou, levei um susto ao perceber que se tratava de uma ligação da minha tia, afinal ela saiu de casa a pouco tempo.- Oi, aconteceu alguma coisa? – Perguntei ao atender- Gab, preciso de um favor gigante- Claro, o que houve?- Então é uma história um pouco longa, mas preciso q
Hoje tem um pouco mais de seis anos que vim morar com a minha tia, poderia só dizer que muita coisa mudou, mas aconteceram tantas coisas que de certa forma preciso explicar cada uma delas, não é justo só pular e ocultar muitas informações na verdade a maioria dessas informações podem acabar sendo importantes daqui para frente.Vou começar a contar que aquele menino chato, do jantar com o namorado da tia Ana, encheu meu saco por pelo menos seis meses depois daquilo, precisei me esforçar muito para não ser tão grossa com ele, mas precisei fazer ele entender que estava sendo chato e que eu não queria nada com ele, definitivamente não iria adiantar de nada ele ficar sendo um chiclete, provavelmente só faria eu odiá-lo ainda mais.Já que estamos nessa linha, vou contar que minha tia FINALMENTE assumiu o relacionamento com o Ellio
Saber que meu pai estava naquela condição me deixou bem arrasada por instantes, ele podia não ser um exemplo a ser seguido como pai, mas ainda assim era o meu. Não poderia simplesmente ignorar toda aquela situação, porem eu não suportaria estar de frente com ele novamente.- Yago, eu vou precisar da sua ajuda e compreensão.- Como assim?- Não tenho certeza se consigo ir visitar ele, ainda me dói demais tudo o que aconteceu.- Gabb, você não precisa se preocupar com nada disso, eu to cuidando de tudo, só vim te contar porque achei que você precisava saber.- Eu te agradeço profundamente por isso, mas eu quero continuar recebendo notícias, me preocupo com ele apesar de tudo.- Eu vou tentar te atualizar o máximo possível.- Isso ainda é pouco, eu quero um reality show, pagar um pay-per-view, eu quero ficar