Estávamos achando que seria um dia tranquilo, mas só achamos mesmo. As crianças que vieram desse acidente estavam bem mais machucadas do que imaginamos, conseguimos salvar todas que chegaram até o hospital e isso é ótimo, quase reconfortante se for comparado ao cansaço que sentia no final do dia.
Quando finalizamos todos os atendimentos já tinha terminado nosso horário e já estava anoitecendo, tudo que eu precisava era de um banho e longas horas de cama, nem adianta me julgar, qualquer um faria o mesmo no meu lugar.
- O que acha de irmos jantar? – Dr. Eduardo pergunta enquanto entra na sala
- Eu bem que gostaria, mas estou exausta
- Então isso é um não?
- Infelizmente é, acho que não me aguento mais nem um minuto
- Nossa, que pecado – Eduardo diz rindo – Vai me deixar jantar sozinho mesmo?
- Fica pra
Ao acordar meu corpo ainda estava dolorido do dia anterior, me permiti a não fazer quase nada, arrumei algumas coisas que tinha ficado espalhadas de ontem a noite, e fiquei quase que o ia inteiro jogada no sofá.Conversei muito pouco com Laura e Yago por mensagem, mas aparentemente eles estavam ocupados demais para ficar mandando mensagens pra mim que estava atoa, tudo bem, entendo que todo mundo tem seus compromissos e blá blá blá mas é meu direito reclamar de tedio e solidão.Confesso que estava quase pegando no sono quando meu celular tocou, levei um susto ao perceber que se tratava de uma ligação da minha tia, afinal ela saiu de casa a pouco tempo.- Oi, aconteceu alguma coisa? – Perguntei ao atender- Gab, preciso de um favor gigante- Claro, o que houve?- Então é uma história um pouco longa, mas preciso q
Hoje tem um pouco mais de seis anos que vim morar com a minha tia, poderia só dizer que muita coisa mudou, mas aconteceram tantas coisas que de certa forma preciso explicar cada uma delas, não é justo só pular e ocultar muitas informações na verdade a maioria dessas informações podem acabar sendo importantes daqui para frente.Vou começar a contar que aquele menino chato, do jantar com o namorado da tia Ana, encheu meu saco por pelo menos seis meses depois daquilo, precisei me esforçar muito para não ser tão grossa com ele, mas precisei fazer ele entender que estava sendo chato e que eu não queria nada com ele, definitivamente não iria adiantar de nada ele ficar sendo um chiclete, provavelmente só faria eu odiá-lo ainda mais.Já que estamos nessa linha, vou contar que minha tia FINALMENTE assumiu o relacionamento com o Ellio
Saber que meu pai estava naquela condição me deixou bem arrasada por instantes, ele podia não ser um exemplo a ser seguido como pai, mas ainda assim era o meu. Não poderia simplesmente ignorar toda aquela situação, porem eu não suportaria estar de frente com ele novamente.- Yago, eu vou precisar da sua ajuda e compreensão.- Como assim?- Não tenho certeza se consigo ir visitar ele, ainda me dói demais tudo o que aconteceu.- Gabb, você não precisa se preocupar com nada disso, eu to cuidando de tudo, só vim te contar porque achei que você precisava saber.- Eu te agradeço profundamente por isso, mas eu quero continuar recebendo notícias, me preocupo com ele apesar de tudo.- Eu vou tentar te atualizar o máximo possível.- Isso ainda é pouco, eu quero um reality show, pagar um pay-per-view, eu quero ficar
A noite anterior tinha sido divertida, Eduardo chegou, os dois ficaram conversando e eu só pude admirar a sintonia, parecia que já eram amigos a bastante tempo, foi muito bom poder ver o clima tão leve e descontraído. Mas não conseguia parar de pensar no que o Yago falou.O Chris poderia ser solto em pouco tempo, será que ele ainda pensa em mim? Será que ainda é com a mesma paixão de antes ou já virou raiva? Eu não sei direito, são muitas perguntas. Eu sei que eu não vou esquecer, ainda me lembro de cada detalhe daquela noite. Me lembro da angustia e do medo que eu senti quando vi aquelas viaturas vindo na direção de boate, eu sabia o que estava prestes a acontecer, só não queria acreditar.Ainda não entendo como tudo aconteceu, eu posso ate jurar que via tudo ao meu redor em câmera lenta, vi o Chris algemado e sendo levado até um d
Depois da dura conversa com o Eduardo, eu não pude deixar de pensar em voltar para o Rio, mas voltar poderia trazer todos os fantasmas que tanto me machucaram de volta. Me sinto um pouco mal de pensar em só abandonar meu pai e seguir minha vida, afinal é o meu pai, independente do que ele tenha feito ainda é meu pai.É um peso que eu não deveria estar carregando, mas estou. Sei que independente de qualquer grau parentesco, preciso me manter afastada daquilo que me machuca, mas eu não consigo, não posso abandonar ele, não agora.Decido ir conversar com a Tia Ana, ela com certeza vai me entender e poder me ajudar, o Eduardo é um amor, mas a Tia Ana vai compreender a situação de dentro da família.Precisava resolver toda essa situação o quanto antes, é melhor aproveitar que o Yago ainda estava em Portugal, não posso inclui-lo nessa conversa por ago
Logo depois da conversa como Dr. Charles, passei na casa do Eduardo para falar com ele sobre a minha decisão.- Eu pensei bastante, conversei com a minha tia e acho que o melhor a se fazer é realmente ir para o Rio- Você está realmente bem com essa escolha?- Acho que estou, é isso que eu quero, preciso passar por isso, acredito que as coisas podem se acertar.- Passou no hospital para falar com o Charles?- Acabei de vir de lá, vou ficar vinte dias afastada- Você acha que é o suficiente?- Na verdade, só iria precisar de um final de semana, mas minha tia vai comigo, faz tanto tempo que ela não visita o Rio, seria cruel da minha parte não aproveitar isso por ela.- Você sempre foi muito generosa, se precisar de alguma coisa, qualquer coisa que seja é só me avisar.- Por falar nisso, meio que eu preciso sim. Nós vamos p
No meio de toda aquela agitação com a minha tia apaixonada pela vida normal, eu só conseguia pensar em como seria voltar depois de tanto tempo, como me sentiria ao entrar na casa que eu morei por tanto tempo. Quase não pude ouvir minha tia tagarelando sobre como era fascinante as barraquinhas de água de coco em cada uma das esquinas.Mas eu não posso deixar de me divertir com ela, minha tia sempre me acolheu e fez o máximo para que eu me sentisse confortável mesmo em outro país. Eu sei que estamos aqui para ver a situação do meu pai, mas esse momento também é por ela.Não demoramos muito para chegar no apartamento, as coisas estavam exatamente como me lembrava, as mesmas enormes grades que pareciam lanças enferrujadas nas pontas, um pequeno jardim de margaridas e a cabine de vidro em que seu Geraldo sempre ficava com o seu radinho de pilha sintonizado na mesma esta&
Quando acordei pela manha estava sozinha no sofá, minhas costas doeram ao tentar me levantar, por alguns segundos pensei em ficar deitada o resto do meu tempo de vida, mas infelizmente isso não seria possível.Estava quase na hora de ir visitar meu pai, ainda não sei direito como me sinto sobre isso, é um pouco angustiante, eu fico pensando em como vai ser quando ele me ver? como vai reagir? Vai ficar feliz? Para falar a verdade nem eu sei como eu vou reagir a tudo isso.Mas não da para pensar nesse tipo de coisas de estomago vazio, preciso de um café e depois eu coloco a cabeça no lugar. Me levanto e percebo que ninguém tinha acordado ainda, vou para a cozinha e preparo o café da manhã, primeiro a Laura acordou e me ajudou a por a mesa, logo depois tia Ana e para variar Yago foi o último. Logo depois Yago foi para o trabalho, tia Ana preferiu ficar em casa então Laura e eu fomos