Depois da dura conversa com o Eduardo, eu não pude deixar de pensar em voltar para o Rio, mas voltar poderia trazer todos os fantasmas que tanto me machucaram de volta. Me sinto um pouco mal de pensar em só abandonar meu pai e seguir minha vida, afinal é o meu pai, independente do que ele tenha feito ainda é meu pai.
É um peso que eu não deveria estar carregando, mas estou. Sei que independente de qualquer grau parentesco, preciso me manter afastada daquilo que me machuca, mas eu não consigo, não posso abandonar ele, não agora.
Decido ir conversar com a Tia Ana, ela com certeza vai me entender e poder me ajudar, o Eduardo é um amor, mas a Tia Ana vai compreender a situação de dentro da família.
Precisava resolver toda essa situação o quanto antes, é melhor aproveitar que o Yago ainda estava em Portugal, não posso inclui-lo nessa conversa por ago
Logo depois da conversa como Dr. Charles, passei na casa do Eduardo para falar com ele sobre a minha decisão.- Eu pensei bastante, conversei com a minha tia e acho que o melhor a se fazer é realmente ir para o Rio- Você está realmente bem com essa escolha?- Acho que estou, é isso que eu quero, preciso passar por isso, acredito que as coisas podem se acertar.- Passou no hospital para falar com o Charles?- Acabei de vir de lá, vou ficar vinte dias afastada- Você acha que é o suficiente?- Na verdade, só iria precisar de um final de semana, mas minha tia vai comigo, faz tanto tempo que ela não visita o Rio, seria cruel da minha parte não aproveitar isso por ela.- Você sempre foi muito generosa, se precisar de alguma coisa, qualquer coisa que seja é só me avisar.- Por falar nisso, meio que eu preciso sim. Nós vamos p
No meio de toda aquela agitação com a minha tia apaixonada pela vida normal, eu só conseguia pensar em como seria voltar depois de tanto tempo, como me sentiria ao entrar na casa que eu morei por tanto tempo. Quase não pude ouvir minha tia tagarelando sobre como era fascinante as barraquinhas de água de coco em cada uma das esquinas.Mas eu não posso deixar de me divertir com ela, minha tia sempre me acolheu e fez o máximo para que eu me sentisse confortável mesmo em outro país. Eu sei que estamos aqui para ver a situação do meu pai, mas esse momento também é por ela.Não demoramos muito para chegar no apartamento, as coisas estavam exatamente como me lembrava, as mesmas enormes grades que pareciam lanças enferrujadas nas pontas, um pequeno jardim de margaridas e a cabine de vidro em que seu Geraldo sempre ficava com o seu radinho de pilha sintonizado na mesma esta&
Quando acordei pela manha estava sozinha no sofá, minhas costas doeram ao tentar me levantar, por alguns segundos pensei em ficar deitada o resto do meu tempo de vida, mas infelizmente isso não seria possível.Estava quase na hora de ir visitar meu pai, ainda não sei direito como me sinto sobre isso, é um pouco angustiante, eu fico pensando em como vai ser quando ele me ver? como vai reagir? Vai ficar feliz? Para falar a verdade nem eu sei como eu vou reagir a tudo isso.Mas não da para pensar nesse tipo de coisas de estomago vazio, preciso de um café e depois eu coloco a cabeça no lugar. Me levanto e percebo que ninguém tinha acordado ainda, vou para a cozinha e preparo o café da manhã, primeiro a Laura acordou e me ajudou a por a mesa, logo depois tia Ana e para variar Yago foi o último. Logo depois Yago foi para o trabalho, tia Ana preferiu ficar em casa então Laura e eu fomos
A conversa com o Yago não adiantou em nada, não importa o quanto eu tentasse explicar ou argumentar que não adiantava, Yago estava decidido e irredutível, eu sabia que não seria fácil de convence-lo, porem não achei que seria tão difícil também. Por fim deixei essa história de lado, por enquanto.Enquanto não resolvia essa pequena questão com o Yago, eu queria aproveitar esses momentos de folga para curtir com a tia Ana, primeiramente nós fomos até a praia, era uma questão de necessidade, eu estava quase brilhando de tão branca. Estamos em Ipanema, foi divertido acompanhar a reação da minha tia dizendo que não lembrava de ver tanta gente sarada e bronzeada.Passamos um bom tempo na praia, logo depois Laura chegou para nos fazer companhia. Não demorou muito para chegar a hora de ir, logo eu disse:- E se por acaso a ge
- Estou morrendo de fome – Tia Ana diz- Vamos pegar as malas e comemos algo antes de ir- Aquele não é o Eduardo?Olho para a direção que a Tia Ana apontava e fiquei surpresa ao ver que minha tia não estava louca nem nada do tipo, realmente era o Eduardo sentado em uma das cadeiras enquanto tentava se distrair com algo no celular, parecia estar funcionando já que ele nem viu enquanto nos aproximávamos.- Está perdido? – Perguntei rindo- Ah, Oi – Ele diz rindo após o susto- Está morando aqui? – Tia Ana debocha- Quase isso, mas só vim buscar vocês- Como assim? Eu nem te avisei – Pergunto surpresa- Não avisou? – Minha tia parecia ainda mais assustada que eu- Eu calculei quando terminaria sua folga e vim fazer uma surpresa – Ele faz uma pausa e grita log
Quatro dias se passaram desde que conversei com a tia Ana sobre voltar a morar no Rio e ainda não tenho nenhuma decisão, parte de mim precisa voltar e dividir com o Yago o peso que meu pai é enquanto parte de mim gosta muito da vida que está tendo aqui.- Dra. Gabriela? - Uma enfermeira me chama assim que saio da sala de cirurgia- Oi Kate, aconteceu alguma coisa?- Yago ligou diversas vezes- E por que não me chamou? - eu a interrompi- Dra. ele disse para não te chamar, que não envolvia seu pai, que não é nada urgente, mas pediu para que ligasse pra ele assim que possível- Tudo bem Kate, obrigadaDigo e logo me afasto dela, definitivamente tinha algo de errado e eu precisava pegar meu celular o quanto antes, o elevador estava a um andar de mim e parecia uma eternidade até aquelas benditas portas se abrirem e mais uma eternidade
Ainda estava ali jogada no sofá com o celular na mão, esperando ansiosamente pela ligação da Laura, será que eu estou agindo de má fé com o Eduardo? Por mais que eu tente não consigo simplesmente deixar de pensar no Chris. Mas sinto mal de fazer isso com o Eduardo.O telefone toca, por alguns segundos eu encaro a tela e me pergunto se eu realmente queria fazer isso. Mas é inevitável:- Oi Lau, você já chegou?- Na verdade eu estou quase, já entrei no prédio, estou aqui fora esperando autorizarem a entrada.- O Chris e o Yago já estão por aí?- Eu acredito que os dois já estão lá dentro, não vi o Yago chegando, mas o Chris passou por mim não tem muito tempo.- Quando você conseguir entrar tenta ficar o mais na frente possível, eu quero tentar escutar tudo.- Tá bom
Faz alguns dias desde o julgamento do Chris e ainda não tivemos nenhuma resposta objetiva, sempre fica para amanhã ou semana que vem e provavelmente o Yago já não aguenta mais me ouvir perguntando sobre isso, só me resta esperar. Enquanto isso, minha decisão de voltar a morar no Rio, estava cada vez mais concreta, a princípio minha tia ainda parecia um pouco relutante, mas me apoiava de qualquer forma.Antes de comunicar ao Yago que eu estava voltando, atenção que eu disse comunicar e não pedir pra ele deixar, tinha duas coisas que precisavam ser feitas terminar meu relacionamento com o Eduardo e pedir demissão do hospital e sinceramente eu não sabia qual das duas seria a mais difícil, decidi aproveitar que hoje estamos de folga para ir conversar com o Eduardo.- Oi Gab, não está um pouco cedo demais?- Desculpa vir tão cedo, mas eu preci