Fechar aquela porta atrás de mim doeu, doeu tanto que achei ter perdido as forças, achei que não sabia mais andar, cheguei a pensar que nunca mais iria respirar feito uma pessoa normal, mas foi necessário, a dor que estou sentindo é necessária.
Fiz todo o caminho de volta até a Laura implorando um pouco mais de força para não desabar bem ali, pois tudo o que eu mais queria era deitar em qualquer lugar e chorar, até que essa dor saísse de mim.
- Gab, ele te machucou? - Laura questiona assim que eu me aproximo, mais uma vez não garanto a minha voz, ela provavelmente não iria funcionar nesse momento então apenas nego com a cabeça esperando que ela entenda - Gabriella, o que aconteceu? Aonde vocês foram? - O olhar preocupado dela me fez perceber que ela não me deixaria em paz enquanto não conseguisse uma resposta útil.
- E
Yago ignorou tudo o que Chris estava falando pra mim e não demorou nada até meu irmão começar a encher o Chris de perguntas, eram respostas curtas e nada relevantes, pelo menos não para mim, até que o Chris levantou a cabeça e encarou o vidro, quase deu para acreditar que ele estava me vendo, seu olhar se iluminou e ele sorriu como a muito tempo eu não cia- Ela está ali, não está?Meu irmão olhou para trás como se buscasse algum sinal da minha presença do outro lado do vidro, constatou que era impossível qualquer sinal de minha presença ali, voltou a olhar para ele confirmando com a cabeça- Yago já chega dessas perguntas, posso contar toda a história do começo e vai ser bem mais conclusivo do que essas perguntas roteirizadas. Temos tempo para isso?- Christopher, você se entregou, e
Depois daquele péssimo episódio da boate e delegacia assim que chegamos em casa tomei um banho e apaguei na cama com o Yago, dormimos abraçados para aproveitar todo o tempo do mundo, isso segundo ele.O resto do final de semana passou tranquilo, se for comparado ao dia da boate foi bem tranquilo mesmo, fiquei maior parte do tempo em casa, Yago pegou folga para o final de semana e não largou do meu pé, um perfeito chiclete, mas não reclamei iria morrer de saudade dele, até café da manhã na cama eu estava recebendo.Laura veio na minha casa durante a tarde no final de semana, fizemos sessão cinema, muita pipoca, pizza e chocolateMeu pai não apareceu, na verdade ele chegava em casa eu já estava dormindo e saia antes que eu acordasse, fiquei um pouco triste, ele realmente estava me evitando, não sei se por estar com raiva, ou evitando me ver e talvez mudar de op
O caminho do aeroporto até o apartamento que iria me servir de lar foi bem calmo e um silêncio constrangedor tomava conta do carro da minha tia, vez ou outra uma pergunta boba surgia e eu apenas respondia com sim ou não. Não que eu odeie minha tia, muito pelo contrário, éramos amigas, muito amigas antes dela se mudar, mas com o tempo passamos a ser família apenas e essa não era a melhor forma de voltar a encontrar com ela.Assim que entramos ela me mostra onde seria meu quarto e respiro fundo avaliando o local, não era feio como eu imaginava, bem básico com tudo que é relativamente necessário, dou a desculpa que iria tomar banho antes de me juntar a minha tia para o almoço e ela sai fechando a porta atrás de si. Respiro fundo e pego o celular, hora de ver as mensagens da Laura e do Yago, meu coração se aperta ao lembrar e novamente lágrimas volta
Os dois primeiros dias eu só fiquei em casa, tentando me adaptar a essa nova vida, perdi a conta de quantas vezes chorei junto com o Yago durante uma ligação, principalmente durante uma chamada de vídeo, falei com a Laura pelo menos uma vez por dia e a Rosa fiz questão de ligar para conversar com ela também, contar como está sendo tudo aqui.Meu relacionamento com a minha tia é bom, é ótimo na verdade, voltamos a ser rapidamente como éramos antes dela se mudar para Portugal, nesse momento estou mais uma vez em minha cama com o notebook em meu colo observando o site de cada hospital da cidade que eu enviei um currículo junto com minha carta de recomendaçãoEu não iria suportar ficar muito tempo em casa parada, precisava urgentemente de uma vaga em algum hospital ou clínica ou qualquer coisa que me tirasse de casa e me mantivesse ocu
Estava deitada em meu quarto enquanto a Rosa preparava o almoço, sem mais nem menos a porta abriu e um furacão passou por ela- Gab! Misericórdia Gab. - André gritava enquanto eu tentava me recuperar do susto- Quer me matar? Tem formas mais fáceis e mais rápidas - Falo rindo enquanto ele anda de um lado para o outro- Gabriella, eu acabei de notar que estou apaixonado - O olhar de pânico dele me arrancou uma gargalhada enquanto ele ficava cada vez mais bravo- E qual é o problema disso? Você é lindo com esses olhos escuros, ela com certeza deve estar apaixonada também- Você não entende Gabriella, não entende - ele finalmente sossega e se senta ao meu lado enquanto eu tento controlar o riso - sua louca, você é minha melhor amiga, deveria me apoiar e não rir da minha cara- André, você invade minha cas
Essa era a minha maior oportunidade e não estava nem perto dos meus planos desperdiçar a chance de já começar a trabalhar ainda mais no hospital que se enquadra entre os melhores, combinei tudo que seria necessário por hora com o Dr. Eduardo e fui até a sala do Dr. Charles, tinham umas pequenas burocracias para resolver e alguns papeis para assinar.- Gabriela, por enquanto vai ter um contrato provisório – Dr. Charles explicou – tem autorizações provisórias em caso de emergência com alguma criança, e depois do processo de experiencia com o Eduardo, caso decida trabalhar com a gente iremos providenciar a documentação definitiva.-Ta bom Dr. Charles, muito obrigada pela oportunidade – Digo sorrindo- Vou deixar avisado na recepção para que liberem sua entrada – Ele diz enquanto me acompanha até a porta – Quando chegar
Enquanto caminhava até o meu armário, tentei ligar pro Yago pelo menos umas dez vezes, mas para não fugir do costume ele não me atendeu, na verdade ele nunca me atende quando preciso falar e tenho pouco tempo disponível, já estou até acostumada com esse tipo de coisa, então mandei só uma mensagem dizendo que queria falar com ele, mas que agora estaria em uma cirurgia.Coloquei a caixinha dentro do meu armário e quase que deixo a curiosidade me dominar, quase abri antes de falar com ele, mas o conheço o suficiente para ter certeza de todo o drama que ele faria se eu estragasse algum tipo de surpresa ou seja lá o que for isso, bebo um gole demorado do meu café e bato a porta do armário.- Droga, maldita curiosidade – Resmungo enquanto faço o caminho de volta até a sala do Dr. Eduardo- Onde vai assim? – Ele pergunt
Estávamos achando que seria um dia tranquilo, mas só achamos mesmo. As crianças que vieram desse acidente estavam bem mais machucadas do que imaginamos, conseguimos salvar todas que chegaram até o hospital e isso é ótimo, quase reconfortante se for comparado ao cansaço que sentia no final do dia.Quando finalizamos todos os atendimentos já tinha terminado nosso horário e já estava anoitecendo, tudo que eu precisava era de um banho e longas horas de cama, nem adianta me julgar, qualquer um faria o mesmo no meu lugar.- O que acha de irmos jantar? – Dr. Eduardo pergunta enquanto entra na sala- Eu bem que gostaria, mas estou exausta- Então isso é um não?- Infelizmente é, acho que não me aguento mais nem um minuto- Nossa, que pecado – Eduardo diz rindo – Vai me deixar jantar sozinho mesmo?- Fica pra