Briana é extrovertida e descontraída, enquanto David parece bem tímido e introvertido, fico pensando em como eles se conheceram e acabo chegando a conclusão de que Briana deve ter colocado o pobre David em alguns problemas no início do relacionamento, eu sorrio o pensamento enquanto observo os dois sorrindo um para o outro.
Eu sigo os dois ainda com um sorriso, contagiada pela vibração amigável e familiar que eles transmitem, embora o resto da casa me pareça um pouco fria demais, mesmo sendo elegante ao extremo. Briana aponta para o balcão e, tanto eu quanto o David, nos sentamos. Ela nos serve xícaras de chá fumegantes e coloca um prato branco com biscoitos com gotas enormes de chocolate na nossa frente, minha barriga ronca.
— Podem se servir, vou pegar o bolo também, e tem frutas. — Ela tem essa energia todos os dias, ou é só porquê sou novidade aqui?
— Se for por mim, eu já estou muito satisfeita com os cookies. — Ela sorri e concorda com a cabeça, mas pega as outras coisas mesmo assim.
— Então, nos fale sobre você. — Tomo um pequeno gole de chá para ganhar algum tempo para pensar na resposta, mas acabo tendo que fazer um esforço muito maior para não fazer uma careta.
— Bom, eu tenho vinte e cinco anos, terminei a faculdade de artes tem um ano, eu trabalhei em alguns empregos de meio período durante todo o tempo de faculdade, mas quando me formei acabei conseguindo um emprego em uma loja de antiguidades linda, sai de lá para vir para cá. — Eu adorava aquele lugar, se eu tivesse continuado morando em Chicago, com certeza não teria saído de lá. — Passei os últimos dois anos praticando artes marciais no meu tempo livre, principalmente defesa pessoal, mas isso foi quando eu passei a morar totalmente sozinha, antes eu tinha uma colega de quarto, sabe?
Isso sim é mentira, comecei as artes marciais para me sentir segura depois do que aconteceu com meu ex, o que funcionou um pouco.
— Isso é muito importante para uma mulher, principalmente para uma jovem como você. — Briana diz e David concorda obediente, eu quase rio, mas me contenho.
— Concordo totalmente, me faz sentir mais segura. — Digo firme. — Mas se estão preocupados com minhas qualificações para o emprego, garanto que vou dar o meu máximo para ajudar Elijah a melhorar.
— Não estamos duvidando da sua capacidade, Hayden. — David fala e eu olho para ele. — Nós confiamos que Dimitri escolheu você porque você é a mais qualificada para o cargo, ele não colocaria alguém despreparada para cuidar de um de seus filhos. — Concordo com a cabeça, me sentindo um pouco boba no momento.
— Exatamente. — Briana diz e coloca uma mão sobre a de David. — Nós só queremos ter certeza de que, além de profissional, você é uma pessoa legal também.
— Eu entendo, me desculpa. — Ela levanta uma mão para me parar.
— Não precisa pedir desculpas, querida. — Seu sorriso chega aos seus olhos de um jeito carinhoso, isso aquece meu coração, principalmente quando ela segura minha mão com força.
— Eu disse antes, gostei de você.
— Que bom, porque eu também gostei de vocês.
Ela ri e eu dou uma mordida generosa e me delicio com o chocolate macio e quente, ela deve ter tirado esses cookies do forno a pouco tempo.
— Meu Deus! — Dou um leve tapinha no balcão e saboreio mais um pouco. — Que minha mãe não me ouça, mas esses são os melhores cookies que eu já comi na minha vida. — Tanto ela quanto David riem, é curioso que eles pareçam tão interessados em me conhecer além das minhas habilidades para o trabalho.
— Eu fico lisonjeada com seu elogio. Sua mãe cozinha também? — Concordo com a cabeça enquanto mastigo e, quando engulo, respondo.
— Sim, ela tem uma confeitaria lá, o forte dela são os bolos que, além de muito bonitos, são incrivelmente deliciosos. — Briana parece satisfeita com a conversa até então.
— Você não se importa que eu te encha de perguntas? O Sr. Allen não nos contou muito além do seu histórico profissional quando nos falou que você viria. — Eu franzo o cenho e concordo com a cabeça.
— Claro, tudo bem, podem perguntar o que quiserem, fico feliz em responder. — Ela puxa um banco e se é ao meu lado.
De repente me sinto meio encurralada sentada assim no meio dos dois, quase me pergunto se é seguro tomar esse chá.
— Você é de Chicago, certo?
— Sim, senhora. — David ri baixinho e recebe um olhar de repreensão de Briana.
— Não precisa ser tão formal, me chame de Briana, está tudo bem. Mas me diga o que trouxe uma garota jovem para Harlley? — Eu engulo em seco com seu tom surpreendentemente áspero.
— Bri… — O tom de David é baixo e repreensivo.
— Só estou tentando conhecê-la melhor.
— Conhecerá com o tempo, ela só está aqui tem quinze minutos. — O clima pesa entre eles, e estaria tudo bem se eu não estivesse entre eles nesse exato momento.
— Está tudo bem, David, eu disse que responderia qualquer pergunta que vocês tivessem. — Ambos olham para mim com atenção. — Chicago é uma cidade grande, movimentada, sirenes para todos os lados e chega a ser meio claustrofóbico as vezes. Eu sou uma pessoa tranquila, precisava de uma mudança de ares depois de passar minha vida inteira lá.
— Entendo, mas é um pouco estranho uma garota da sua idade trocar a Cidade dos Ventos por Harlley assim, ainda mais para trabalhar como cuidadora de um veterano de guerra. — David limpa a garganta e se ajeita em seu banco, mas ainda está claramente desconfortável.
— Tudo bem, já chega. Briana, por que não leva a Hayden para um tour e depois a leva para o seu quarto? Aposto que ela quer descansar um pouco depois de passar tantas horas naquele avião, certo, Hayden? — Okay, está acontecendo alguma coisa aqui, por que eles parecem tão tensos?
— Certo. — Briana diz e se levanta, eu pego mais um cookie e a sigo, feliz por deixar minha xícara chá quase intocada para trás.
— Na verdade… — Ela para de andar e olha para mim. — Eu gostaria de conhecer meu paciente, Elijah está aqui? — Ela olha para David por cima do meu ombro por um breve momento e depois olha para mim de novo. Não sei o que está acontecendo, mas não estou gostando.
— Claro, ele deve estar na biblioteca agora. Dav, pode levar a mala direto ao quarto dela?
— Posso sim. — Ela sorri educadamente. Eu a sigo até a entrada da casa e passamos pelas as escadas do hall com um pouco de pressa.
— Então, David falou que você cozinheira daqui e ele é o motorista. — Falo puxando assunto.
— Exatamente, sou a cozinheira e governanta. Já David trabalha na área da administração da casa e como motorista também. Somos só nós dois que ficamos aqui todos os dias, quer dizer, somos três agora que você está aqui, o resto dos funcionários tem seus dias de trabalho específicos, então é tudo bem quieto por aqui.
— Entendi. E quanto a Elijah? Qual é a rotina dele? — Ela para de andar novamente e olha para mim com uma mistura equilibrada de empatia e preocupação.
— Ele acorda cedo e faz sua rotina de caminhada às cinco da manhã, quando volta toma seu café na biblioteca, passa horas lá, então almoça e fica lá até que de a hora dos seus exercícios na academia, depois janta e vai dormir. — Confusa, eu dou um passo em sua direção.
— Mas isso não parece grande coisa. Passar o dia todo enfurnado em uma biblioteca não é exatamente saudável, mas ele mantém uma rotina de exercícios e faz as três refeições diárias, então qual o problema aqui? — Ela suspira e coloca uma mão no meu ombro.
— Para começar, a única refeição realmente feita por assim dizer é o café da manhã, as outras ele só come menos de um terço e abandona o prato. Ele anda bebendo muito, mais do que eu gostaria de admitir. E quanto aos exercícios, ele tem um ferimento de guerra na perna direita, então ele se recusa a fazer exercícios da cintura para baixo. — Eu aceno com a cabeça em compreensão. — Ele é um bom garoto, sabe?
— Foi o que David disse. — Ela sorri. — Só não entendo o motivo de vocês estarem reafirmando isso para mim. — Ela se inclina um pouco na minha direção e, como se fosse contar um segredo, ela abaixa o volume da sua voz.
— Você precisará ser forte e ter estômago para lidar com ele. — Arqueio uma sobrancelha, não acreditando muito. Fala sério, pode realmente ser tão ruim assim? — Você verá em breve o que eu quero dizer.
Briana passa um braço sob o meu e me arrasta pelos corredores em um ritmo acelerado. Tenho pouco tempo, mas me admiro com os belos quadros e decorações antigas, me fazem sentir que viajei no tempo pela história da arte, embora existam alguns quadros que eu não reconheço de cara os artistas por trás.
— Na área leste são só quartos os quartos de hóspedes, então podemos pular essa parte. — Ela aponta para o corredor citado e vai para o lado oposto. — Aqui temos a sala de jogos.
— Ela abre duas portas grandes e eu arrasto meus olhos pelo cômodo incrível. Tem uma tv enorme, sofás e puffs espalhados, a mesa de bilhar mais chique que eu já vi, mesa de ping pongue, consoles de vídeo game e até mesmo cabines de jogos antigos de fliperama. Isso aqui é demais para mim!
— Eu não acredito nos meus olhos.
É bem impressionante, não é? — Concordo com a cabeça, meus olhos brilhando de animação. — Os pais do Eli trazia ele e os irmãos aqui quando eram pequenos, eles não saiam desse cômodo por nada no mundo. — Seu sorriso é nostálgico, mas consigo ver uma pontinha de tristeza. — Você pode vir aqui sempre que quiser, está a sua disposição.
— Isso é incrível, mas não parece muito divertido estar aqui sozinha. Acha que posso convencer Eli a fazer alguma dessas atividades comigo? — Ela nega comprimindo os lábios.
— Tudo é possível, mas não posso dizer que é muito provável. Elijah tende a ler o máximo que pode com o tempo que tem.
— Entendi. Pretendo mudar essa rotina monótona dele, verei o que posso fazer depois.
— Como você já viu a cozinha e essa sala, acredito que a única coisa que vai te impressionar de verdade é o que tem atrás dessa porta. — Ela vai até o fundo do cômodo em que estamos e a abre, da um passo para o lado para que eu entre primeiro e eu arregalo meus olhos ao perceber que é uma sala de cinema.
— Eu simplesmente não posso acreditar que passarei os próximos seis meses da minha vida nessa mansão! — Briana ri.
— É bom ter mais alguém aqui. Esse lugar também está a sua disposição sempre.
— Graças a Deus, acho que eu choraria se eu não pudesse vir aqui. — Passo a ponta dos dedos pelo braço de uma das poltronas de couro marrom chique. — Mas quando você fala que está disponível, não consigo não pensar se existem cômodos que eu não terei acesso.
— Na verdade existem alguns que você não deveria ir. O estúdio de música, por exemplo, e o jardim privado lá trás, são os lugares preferidos do Elijah e ele prefere ficar sozinho neles. — David falou desse tal jardim, mas saber que não posso só me dá mais vontade de ir ver o que tem lá. — Vamos, tenho que te mostrar a área da piscina e depois vamos lá fora.
A parte de da piscina é tão incrível quanto o resto da casa, quebra um pouco o clima antiquado, mas ainda assim não é nada simples ou básico… não posso acreditar que eles tem uma FICKING PISCINA SEMI OLÍMPICA… em casa.
— O senhor Joseph costumava competir quando era adolescente, era um dos melhores nadadores na equipe dele tanto no ensino médio quanto na faculdade, mas agora que ele está trabalhando com o pai, mal tem tempo de praticar. — Sua expressão é nostálgica e levemente melancólica.
— E esse tal de Joseph é um dos irmão de Eli, certo? — Ela concorda com a cabeça.
— É o irmão mais velho dele, o mais novo se chama Tobias. Todos eles tinham os esportes preferidos durante o ensino médio, Joseph era a natação, Eli tinha a corrida e Tobias era um atleta. — Ela suspira. — Mas como todos já são homens feitos agora, têm outras prioridades, e esse se tornou um dos lugares menos usados da casa, mas se você gosta de natação, é uma ótima opção.
— Concordo, agora que o verão começou, parece realmente uma boa ideia.
— É a sua estação favorita?
— Não exatamente, eu gosto do clima frio. — Do lado de fora eu puxo bastante ar, enchendo meus pulmões lentamente e então expiro.
— Isso pode ser conveniente para você então, aqui costuma ter temperaturas baixas mesmo durante o verão.
A sigo ate a beira de uma piscina selvagem em um formato não muito convencional, tem espreguiçadeiras e um bar do outro lado do pátio.
— Aqui é a área de lazer, você pode ficar a vontade para usar quando estiver fora do seu horário de trabalho. A hidromassagem e a sauna são ótimas, recomendo. — Ela me lança uma piscadela e eu não discordo, longe disso!
— Parece bem relaxante. — Posso ver mais distante a tal quadra de tênis que David havia comentado, mas tem mais algumas contrações depois dela que me chamam atenção.
— Pronta para conhecer seu quarto?
— Mais que pronta. — Briana é rápida e objetiva, vou ter que fazer um tour mais detalhado depois. Vou verificar mais de perto a hidromassagem, com certeza.
Nós voltamos ao Hall em um silêncio desconfortável e subimos as escadas lentamente, eu já estou cansada, essa casa é enorme! Atravessamos um corredor e ela aponta para algumas portas.
— Esses três primeiros quartos pertencem aos irmãos e ao de Eli. — Me pergunto onde está a mãe dele. — A biblioteca é mais às frente, o quarto de Eli é no fim do corredor e esse é o seu quarto.
Ela aponta para a porta ao lado e eu fico confusa por estar a apenas alguns poucos metros de distância do quarto de Elijah.
— Caso ele precise de alguma coisa, é bom que você esteja por perto. — Ela completa.
— Está tudo bem, acho que é conveniente. — Viramos mais um corredor e paramos em frente a uma porta alta de madeira escura, a maçaneta é velha, rústica, para falar a verdade. — Aqui é a biblioteca. Você pode entrar enquanto o Sr. Elijah não estiver, ele não gosta de ser incomodado. — Eu suspiro, talvez não seja tão fácil quanto eu pensei que seria. — Bem, quer repassar suas funções? — Concordo com a cabeça.
— Claro. Eu tenho que incentivar que Eli faça os exercícios, fazer com que ele coma e, principalmente, fazer companhia. — Ela sorri e segura meus ombros com carinho.
— Você vai m****r bem.
— Alguma dica, além de ser paciente, corajosa e persistente? — Ela ri.
— Seja você mesma, querida, acredito que é o suficiente. — A porta se abre atrás da gente e uma figura alta e com o rosto escondido por um capuz de moletom sai parcialmente.
— Tsk…
Seu tom desdenhoso já me irrita levemente, mas eu mantenho a pose, mesmo com uma pontada de medo pelos seus visíveis mais de um metro e noventa.— Você deve ser Elijah. — Levanto a mão para cumprimentá-lo, mas ele apenas cruza os braços.— E você é a tal Delyon, você ao menos sabe o que está fazendo aqui, realmente? Quando meu pai disse que tinha contratado outra babá, não achei que ele estivesse falando de uma adolescente. — Eu recolho minha mão e respiro fundo enquanto reprimo um xingamento.— Primeiramente, sim, eu sei o que estou fazendo aqui. E em segundo lugar, não gosto do seu tom, se você acha que pode me tratar dessa forma, não espere que eu seja gentil. — Mesmo não tendo uma visão clara dos seus olhos, sinto que ele está olhando no fundo dos meus.— Hayden…Briana
Acordo com o despertador tocando de um jeito estridente e irritante, eu praticamente pulo da cama e visto a roupa que deixei separada ontem, calço meu tênis, amarro meu cabelo em um rabo de cavalo e me olho no espelho.— Acho que vou tirar essas tranças… — Falo sozinha e brevemente distraída com meu próprio reflexo. — Vamos lá,Hayden. Concentração! — Dou tapinhas leves nas minhas bochechas para forçar meu cérebro a focar. — Eu não sei a rota de caminhada dele…Sento no banco da janela me sentindo frustrada, quando de repente escuto a porta ao lado abrir e então fechar em seguida. Sorrio de um jeito travesso e dou passos cuidadosos até a minha porta, o escuto andar lentamente, uma batida suave me chama atenção, talvez ele use uma muleta ou bengala.Coloco a cabeça para fora do quarto bem a tempo de v&ec
Quando eu volto a entrar na biblioteca de uma forma totalmente natural, eu evito olhar para o Elijah, tá muito difícil não rir depois das reações da Briana e do David, se eu olhar para Eli e ele estiver tão igualmente confuso, receio não conseguir me segurar.— Não lembro de ter pedido por companhia, Chicago. — Eu reviro os olhos e me sento no chão para ficar numa altura boa de comer na mesa de centro. O ignoro e começo a comer. — Saia daqui.— Não. — Sorrio sem humor e pego mais uma grande mordida do bolo incrível que a Briana fez.— Você não percebeu ainda que não é bem vinda aqui? — Eu olho para ele em desafio.— Ah, claro que sim, você já deixou isso bem claro. Mas isso não importa, eu vou continuar aqui até o prazo do contrato acabar e você vai ter que lidar com isso.— Seus lábios se comprimem de um jeito irritado. — Não precisamos ser demônios um para o outro, senhor Allen. Vamos fazer isso ser pelo menos agradável, pode ser? — O punho cerrado dele rela
Eu penso um pouco sobre como deveria respondê-lo, mas ao invés de fazer isso, eu engulo em seco e desvio o olhar me sentindo muito pressionada por seus lindos olhos cor de avelã, meio esverdeados com essa luz. — Não sei o que você quer que eu diga, não tenho nenhum outro motivo. — Ele solta uma risada, pela primeira vez o ouço rir. — Mentindo de novo. — Ele segue até às anilhas e pega algumas bem pesadas. Eu o encaro descaradamente. — Você vai treinar também ou vai só ficar olhando? — Só ficar olhando, eu sou gostosa por natureza, querido. — Os olhos dele me alcançam do outro lado da sala e eu sorrio enquanto ele me fita. — Percebi. — Mordo o lábio inferior. — Está tentando me seduzir? — Está funcionando? — Sinto muito, Chicago, mas não. — Cruzo os braços e os tornozelos após sentar em uma das máquinas. — Hayden! — Falo o repreendendo. Ele está me provocando, mas dois podem jogar esse jogo… Meu queixo cai quando
Chego na cozinha determinada, Briana tira os olhos do celular e sorri para mim.— Você está muito bonita, Hayden. — Dou de ombros sorrindo inocentemente.— Obrigada, quis me arrumar um pouco para aliviar o interrogatório. — Ela ri, mas ainda parece preocupada. — Eu não vou pegar muito pesado com ele, prometo.— Estou preocupada com você, querida. Eli pode ser… amarescente as vezes.— Eu ficarei bem, afinal, a melhor maneira de tirar a amargura de alguém é um pouquinho de açúcar. — Esfrego as pontas dos meus dedos indicador e polegar como se jogasse uma pitada de pó mágico.— Acho que sim. — Fala rindo e me oferece uma colher com um molho muito apetitoso. — Experimente.Coloco a colher na boca e saboreio aquele delicioso molho de tomate, acho que vou levar Briana comigo quando meu contrato aqui acabar.— Briana… eu preciso de mais disso imediatamente! —Ela ri.— Em quinze minutos estará tudo pronto. — Minha barriga ronca com a af
Meu alarme toca às cinco mais uma vez e eu me levanto me sentindo determinada. Ouço a porta de Eli abrir e fechar, assim como ontem, mas dessa vez não espero que ele saia da casa para fingir um encontro.— Bom dia! — Falo animada e ele olha para mim sem uma expressão certa, mal parece que ele está me vendo.Ele não responde, só volta a andar dolorosamente lento, mas eu o sigo até o tal elevador de carga que o David tinha comentado.— Não preciso de companhia. — Arqueio uma sobrancelha.— De acordo com seu pai, você precisa. Mas, de acordo com você, o que você precisa é de vigilância suicida. De qualquer forma, como eu estou aqui para realizar qualquer uma das dessas funções, então acostume-se com a minha presença. — Entro com ele no elevador e ignoro o palavrão que ele sussurrou. — Eu n&
Depois do clima que ficou entre mim e Eli essa manhã, decidi por almoçar com a Briana e o David para dar um tempo para ele pensar, para nós dois pensarmos, na verdade. Mas meu plano vai por água abaixo quando estamos nós três na mesa de jantar, comendo em silêncio, enquanto o casal troca olhares e leves sussurros o tempo todo, como se estivessem tendo uma discussão telepática. É engraçado, mas também me deixa um pouco sem graça.— Okay, okay. — Digo e abaixo meu garfo de volta ao prato. — O que está havendo com vocês? — Ambos olham para mim desconfortáveis, trocam olhares mais uma vez e então David limpa a garganta para falar.— Er… bem, é que meio…— Você ainda não falou nada sobre ontem, como foi?Briana fala por cima do David e ele a repreende com um olhar, acho que ela
Passo as próximas duas horas tirando todas as caqueiras de argila e os vasos de dentro da estufa, que são praticamente caixões ambulantes para plantas mortas há alguns anos, no mínimo. Limpo tudo, tiro a poeira, junto os galhos secos e murchos em uma sacola de lixo preta e a amarro quando ela já está totalmente cheia.— Não esperava todo esse trabalho! — Resmungo e alongo o pescoço, depois a coluna.— Talvez se tivesse aceitado ajuda… — A voz de Eli vem de trás de mim, me dando um baita susto.— Você quer me matar do coração?! — Falo com uma mão no peito e outra na cabeça.— Oh, pare. Não seja dramática. — Reviro os olhos para ele, que olha em volta parecendo impressionado.— E então, tem esperança?Falo me referindo a estufa, mas ele apenas concorda com a cabeça, uma expressão totalmente nostálgica está estampada em seu rosto.Ele manca até uma parede que é metade de vidro e metade tijolos marrons avermelhados, puxa uma alavanca de metal no