Passo as próximas duas horas tirando todas as caqueiras de argila e os vasos de dentro da estufa, que são praticamente caixões ambulantes para plantas mortas há alguns anos, no mínimo. Limpo tudo, tiro a poeira, junto os galhos secos e murchos em uma sacola de lixo preta e a amarro quando ela já está totalmente cheia.
— Não esperava todo esse trabalho! — Resmungo e alongo o pescoço, depois a coluna.
— Talvez se tivesse aceitado ajuda… — A voz de Eli vem de trás de mim, me dando um baita susto.
— Você quer me matar do coração?! — Falo com uma mão no peito e outra na cabeça.
— Oh, pare. Não seja dramática. — Reviro os olhos para ele, que olha em volta parecendo impressionado.
— E então, tem esperança?
Falo me referindo a estufa, mas ele apenas concorda com a cabeça, uma expressão totalmente nostálgica está estampada em seu rosto.
Ele manca até uma parede que é metade de vidro e metade tijolos marrons avermelhados, puxa uma alavanca de metal no
A semana passou lentamente, minha rotina variando apenas um pouco no tempo em que eu passava na estufa-estúdio. Eu até consegui adicionar algumas suculentas novas que o jardineiro simpático que veio na quinta feira me arrumou, deu um ar mais vivo ao ambiente ver aquelas plantas pequenininhas e delicadas espalhadas pelas prateleiras e perto das janelas, até me inspirou um pouco.Minha relação com Eli continua meio morna desde o nosso beijo, não sei se consigo me aproximar dele de novo, parece que ele conseguiu construir mais um muro nós últimos dias – o que eu achava impossível, mas claramente não é.Na estufa, olho em volta para ver o fim do meu trabalho árduo e fico satisfeita vendo tudo em seu devido lugar, tudo organizado e harmônico. Vou até meu cavalete velho e manchado com tintas de vários tipos e cores, uma lembrança de todas as telas que p
Quinze minutos depois, ouço o caminhar familiar de Elijah se aproximando, olho na direção do barulho e o vejo passar pela porta da cozinha parecendo determinado. Ele se aproxima e se senta no degrau da banheira. Seus olhos passeiam pelas minhas tatuagens expostas, sua expressão é uma mistura de admiração e surpresa.— Se veio aqui para me expulsar de novo, faça logo, já estou imune a você.Ele respira fundo e olha para qualquer lugar menos para mim, e fica assim por longos e torturosos minutos.— Eli… — Começo mas ele me interrompe.— O que suas tatuagens significam? — Ele ainda está bêbado, mas perece mais focado que antes pelo menos.— Você vai lembrar amanhã a resposta que vou te dar agora?— Talvez sim, talvez não. Você pode mentir para mim, ou falar que não é da minha conta, tanto faz. — Eu solto uma risada desdenhosa.— Elijah, você é um idiota. — Ele ri sem humor, mas então seus olhos lindos encontram os meus.— Acredite em mim,
Os dias passam lentamente, mas mais leves que antes. Nós não nos beijamos de novo, mas, pelo menos, agora Eli está fazendo exercícios com as pernas diariamente, o que significa que meus pedidos incansáveis resultaram em alguma coisa. Mandei um e-mail ao pai dele informando a situação atual, já que ele não está mais bebendo e está se exercitando, é motivo de comemoração com certeza, de pular de alegria na verdade. Mas foi o que eu disse a Eli, e a mim mesma, eu não desistiria, e não desistirei. Recebi um e-mail resposta de Dimitri que, para mim, pelo menos, pareceu genuinamente impressionado.“Não sei o que dizer além de obrigada, srta. Delyon. Sinceramente, não sei nem se acredito realmente nisso… depois de quase um ano, não acredito que ele está realmente progredindo. Não vejo a hora d
— Vocês dois tratem de sentarem à mesa para comer que eu vou servir o chá. — Nós apenas a obedecemos comportados.— Como está a estufa? — Ele pergunta parecendo realmente interessado no meu progresso.— Ela agora virou um estúdio adorável, você deveria passar lá para ver como ficou. — Ele abre um sorriso e aponta para o meu rosto.— Imagino que você esteve ocupada. — Eu arregalo os olhos e pego uma colher ao lado do meu prato para me ver no reflexo. Tenho tinta no meu rosto e cabelo.— Meu Deus, preciso de um banho. — Falo rindo.— Você tinha que vê-la trabalhando, David, ela estava tão concentrada que só percebeu que eu estava lá uns cinco minutos depois que eu cheguei. — Bri se senta ao meu lado e coloca o chá em três xícaras.— Mesmo? E qual o projeto? — Os dois olham para mim.— Meu baú de viagens no momento, mas em breve comprarei mais material. Agora que a Bri me indicou alguns lugares, acredito que em breve vou estar montando u
Dessa vez eu não espero que ele me beije, eu o beijo, cada vez mais eu sinto essa necessidade de colocar meus lábios nos dele de um jeito desesperado. Entre nós há mais que só uma tensão sexual. Eu sei. Ele sabe. E podemos sentir isso sempre que nos beijamos assim. Eli me puxa pela cintura tentando suprir o desejo que emana dos nossos corpos, a precisão de proximidade, a carência um do outro.— Eli…Suspiro o nome dele em seus lábios e ele retribui fechando a prancha de queda sobre as teclas e, me colocando sobre ela, ele se levanta e se posiciona entre minhas pernas para voltar a me beijar – nenhum ferimento de guerra pode impedi-lo quando esse olhar está em seu rosto. Eu o abraço pelo pescoço e sua mão desce pelas minhas costas até o final dela, um pouco acima da minha bunda.— Droga, Hayden, você vai me deixar louco. — Ah, se ele soubesse o que faz comigo…Ele segura minha bochecha com uma mão e faz um carinho suave enquanto me olha com um brilho nos o
A quinta feira chega e eu acordo bem cedinho como sempre para acompanhar Eli na caminhada, que agora virou corrida, matinal, a perna dele melhorou bastante mesmo desde que conseguir convencê-lo a fazer os exercícios, então deixamos de fazer uma caminhada lenta limitada por uma bengala, para um trote suave, mas sei que logo ele vai conseguir correr como em sua época de colégio.Só que durante essa manhã, mesmo ele insistindo que está bem e cumprindo o que prometeu em relação aos beijos, ele está mais calado que o normal, arrisco dizer que ele está até um pouco tenso e me pergunto se o jantar dessa noite é a causa de tudo isso. Eu não entendo, pelo o que Dimitri falou, esse é um evento ocasional, então por que raios Eli está nervoso com isso? Será mesmo que ele está desconfortável com aquele papo de eu perguntar sobre o passado dele, ou é outra coisa?Suspiro longa e pesadamente, os olhos dele se voltam para mim por um breve momento, então ele volta a olhar para frente e n
De repente o som da porta da frente se abrindo chama nossa atenção e logo vários sons de vozes ecoam do hall até nós. Eu me levanto do banco e aliso minhas roupas, Briana me lança uma piscadela e faz um gesto para que eu respire fundo e mantenha a calma, eu faço, mas isso não impede que meu coração bata forte contra meu peito.— Onde estão as pessoas dessa casa? — Uma voz grave masculina e animada ressoa, chegando cada vez mais perto.— Aqui na cozinha, Sr. Allen! — Bri fala e logo cinco pessoas adentram o cômodo em que estamos com sorrisos largos.— Ah, aí estão vocês. Srta. Delyon, que prazer conhecer você! — Fala o homem de cabelos grisalhos e presença imponente, com certeza ele é Dimitri Allen.— Pode me chamar de Hayden, senhor. E o prazer é meu. — Lhe dou o meu melhor sorris
Adentramos a cozinha ainda sorrindo e eu vou até Eli, que provavelmente está só esperando que eu me aproxime para começar um interrogatório.— Olá. — Falo e aceno para Tobias, ao lado dele.— E aí. — Diz com um sorriso simpático e passa um braço por cima dos ombros de sua namorada.— E então, como foi a conversa com meu pai? — Dimitri volta ao meu campo de visão e responde por mim.— Muito boa, Hayden é encantadora e simpática, agora entendo o porque de Eli gostar tanto dela. — O duplo sentido é descarado! Eu limpo a garganta e tento não ficar vermelha.— De fato, não tem como não gostar de mim.Finjo jogar meu cabelo por cima do ombro de forma exagerada e arranco uma risada de Tobias e Evie, então Lucy e Joe se aproximam de nós.— Qual foi a piada?Lucy fala segurando uma taça com vinho – eles devem ter trazido de Londres, ou talvez seja aquele Golden Purple que a Briana falou –, mas eu não posso deixar de notar que o sotaque dela est