GusQuando as portas se abriram no andar da pediatria, uma médica a avistou e veio até ela, com cara de pesar.— Eu sinto muito — disse, abraçando Maya, que me olhou confusa.— O quê? — perguntou.A médica obstetra a soltou e encarou-a com olhos cheios de lágrimas.— As suas filhas tiveram sorte. A polícia já confirmou o óbito de oito criancinhas.Cale a boca!, minha mente gritou.O pavor preencheu totalmente a face e todo o resto do corpo da Maya. Ela olhou-me e depois para a mulher à sua frente.— Onde elas estão?— Cento e doze.Maya seguiu para o quarto e, assim que entrou, Mary saltou da poltrona onde estava, correndo para os braços da mãe, que a apanhou no colo.— Você está bem?Ela assentiu.— Eu me escondi no banheiro.Lágrimas começaram a rolar pela face da Maya.— Onde está a sua irmã?— Ela foi levada para um raio-x e deve ir para a sala do gesso em seguida. Foi apenas uma luxação — garanti.Maya se sentou na poltrona com Mary ainda agarrada a ela.— Mas o que foi que acont
MayaCheia de sono, cheguei no hospital para mais um plantão de dezoito horas. Há sete dias eu não sabia o que era dormir direito. Louise tinha pesadelos boa parte da noite. Acordava gritando, implorando por socorro em meio ao choro. Eu sempre levava horas para acalmá-la. Agora é ela quem não gosta mais do escuro. Mary já havia começado na nova escola, um lugar que prometia ser mais seguro. Porém, Louise mal conseguia olhar pela janela. Ainda não sabia o que ela tinha visto e vivido. Nem mesmo com a psicóloga ela falava. Meu pai e Clear estavam basicamente morando na minha casa para me ajudar com ela.— Você está péssima — disse Anne, ao se sentar ao meu lado no banco do vestiário.— Eu sei. Só essa noite foram quatro pesadelos.— Ela ainda não fala?— Só quando grita por ajuda enquanto dorme.— E como você está?— Como você mesma disse: péssima! Estou cansada, precisando de uma noite de sono e uma garrafa de vinho. Minhas costas doem e os ombros também.Apertei-os, empertigando a col
MayaOs dias que se seguiram estavam sendo estressantes. Não sabia se era porque eu e Augustus estávamos irritando muito um ao outro, ou porque cada dia mais eu me sentia atraída e cheia de vontade pelo cara desprezível. Não conseguir me livrar desses sentimentos também estava me deixando irritada.— Ele não é o seu paciente! — Fui rude com Augustus.— Jacob é o meu amigo e me quer aqui.Ela olhou para ele, que estava sentado na cama hospitalar.— É verdade — disse Jacob.Respirando fundo, busquei uma calma inexistente para não soar grosseira com o paciente.— Não precisamos do seu amigo aqui. Ele é apenas o cirurgião plástico — falei com desdém, fazendo Jacob rir. — Eu sou a cardiologista!— Essas mãos aqui salvam mais que corações, elas salvam a autoestima das pessoas! — Augustus disse completamente ofendido.Gargalhei.— Se eu não salvar um coração primeiro, você não tem autoestima para salvar — disse, virando de frente para ele, encarando-o firmemente.— Eu já estou muito estressa
GusQuando enfim o meu turno acabou, troquei de roupa e segui para o estacionamento. Ao chegar lá, Maya estava escorada à minha moto. Parei e a encarei. Seu olhar era retraído e havia um pouco de tensão também. A passos lentos, aproximei-me dela, parando à sua frente, em silêncio. Era a vez de ela falar. Eu já havia dito o que queria. Ela quem decide se terei o que desejo.— Victor foi quem rompeu essa fronteira comigo. Ele foi o único para quem dei a minha submissão. Sinto falta disso, de pertencer outra vez. Mas tenho medo.— Do quê?Ela desviou os olhos de mim.— Ele não está mais aqui, Maya. Se entregar outra vez não vai magoá-lo. Não é como se estivesse traindo o seu Dominador. Porque ele não é mais o seu Dom.Olhou-me novamente, com olhos brilhantes. Existia uma luta interna dentro dela.— Ele foi o amor da sua vida, vejo isso. Mas amar de novo ou se submeter outra vez, não mudará o passado de vocês. Não vai feri-lo. Você ainda terá a marca dele na sua alma, no seu coração, no p
GusQuando o jantar chegou, nos sentamos à mesa e Maya subiu para tentar convencer Louise de que ela precisava comer.— Já não sabemos mais o que fazer — disse Teddy, um tanto derrotado.Eu me levantei e apanhei uma caixa que continha metade de uma pizza.— Onde é o quarto? — perguntei.— Quarta porta à esquerda — respondeu Clear.Subi as escadas e ao me aproximar da porta, encontrei Maya deixando o quarto.— Ela precisa comer — disse, erguendo a caixa de pizza.— Se conseguir fazer ela sair debaixo da cama...— Eu posso entrar?Ela me deu passagem para o quarto. Sob uma das camas, emanava luz. Coloquei a caixa no chão e sentei-me ao lado dela. Abri-a e apanhei uma fatia, dando uma mordida.— Hum... Isso está muito bom — disse de boca cheia.Metade de um rostinho surgiu sob a colcha que caía nas beiradas da cama.— Você está com fome? Pegue um pedaço. — Empurrei a caixa em direção a ela, que estendeu a mão e apanhou uma fatia levando-a para debaixo da cama.Comemos em silêncio, enquan
MayaDeitada na cama, encarava o teto. O relógio sobre a mesa de cabeceira marcava cinco da manhã. Demorei horas para conseguir dormir na noite passada. Augustus deixou meu corpo tão em alerta que, sozinha, não consegui relaxar.Levantei-me e parti para o banheiro, onde tomei um banho quente antes do trabalho. Ao sair de casa, todos ainda dormiam. Pela primeira vez em dias, Louise não acordou várias vezes na noite, gritando. Ela despertou apenas uma vez, chamando por mim.Quando cheguei no estacionamento do hospital, a Harley Davidson já estava ali. Ao descer, senti um certo nervosismo me invadir. No vestiário, troquei-me para o dia atribulado que teria. Passei horas em uma cirurgia onde por muitas vezes quase perdemos o paciente. Quando enfim acabou, eu estava cansada e precisava de um tempo. Depois que a sala foi esvaziada, escondi-me na galeria. É um ótimo lugar para se ter alguns minutos de paz.A porta foi aberta e Augustus entrou. Ele tinha dois cafés nas mãos. Entregou-me um de
MayaSem muita delicadeza, deitou-me em sua cama. De pé, encarou-me ofegante, retirando a sua camisa. Minha boca se encheu d'água. Seu corpo era torneado e bem definido. Já havia sentido os seus músculos antes, mas não imaginava que fossem assim, tão desenhados e perfeitos. A cruz de São Bento estava tatuado sobre o seu peito esquerdo.— Vou despir você — anunciou ele, retirando as minhas botas.Gus retirou peça por peça do meu corpo, com certa pressa, deixando-me apenas de calcinha. Não senti vergonha de ficar nua à sua frente, como senti à frente de Isaac. Acho que porque Augustus sabia o que havia guardado nas minhas profundezas. Sabia do meu segredo mais sádico.— Sua vez — eu disse.Ele sorriu e começou a tirar o restante das roupas. O volume que marcava a cueca cinza, fez minhas entranhas vibrarem. Vagarosamente, ele a retirou, deixando sua ereção saltar. Meu peito trepidou com o batimento alto. Augustus apanhou na gaveta da mesa de cabeceira um preservativo. Desenrolou-o em seu
MayaPassar algumas horas da noite no apartamento do Gus duas vezes por semana após um plantão exaustivo estava se tornando rotina. Não havia nada mais desestressante do que ficar nua para Augustus. Mas para ele, não sei se nossos encontros estavam sendo bons da mesma forma.Dominar para ele era uma necessidade, mais do que para mim. Às vezes, eu percebia a sua impaciência. Ele chegava a rosnar como um cachorro. Era engraçado, mas não quando ele rasgava os lençóis. Era como se ele estivesse fazendo todo o esforço do mundo para manter uma fera aprisionada dentro dele. Parecia até doloroso.Ajoelhado sobre o colchão, ele prendeu-me de bruços entre suas coxas. Augustus beijava e lambia minhas costas nuas, deixando leves mordidas nos ombros. De repente, senti algo quente ser derramado nas minhas nádegas. Ele havia gozado. Com a mão, espalhou seu gozo espesso pela minha pele.— Adoraria te levar para jantar assim, marcada por mim, exalando o meu cheiro — falou no meu ouvido.Olhei-o por ci