Depois quase seis horas de uma viagem direta até Los Angeles, Margot e Andrew chegaram em sua casa. Isso depois de deixarem um Gavin mais do que nervoso em casa, com a promessa de visitá-lo, antes de decidirem como toda aquela história iria terminar.Em silêncio, cada um seguiu para um dos banheiros da casa tentando relaxar após a noite agitada que tiveram. Além disso, Margot queria mais do que tudo tirar o cheiro do perfume de Stan de seu corpo.Completamente enojada ao lembrar dos toques inapropriados do seu ex-chefe, ela se limpou, enquanto as imagens de seu pai e irmã, que Stan havia enviado para Joyce, não deixavam sua mente.Os dois pareciam tão frágeis! Seu pai principalmente, mas o olhar que Melinda direcionava à câmera lhe deixou apavorada. Não era nada comum para Margot ver sua irmã daquela maneira.Melinda era resiliente assim como Jane Sanders fora. Margot era fisicamente parecida com a mãe, mas a mais nova puxara sua personalidade. E era isso que mantinha a memória dela v
— Mais uma vez. — Margot praticamente gritou, os olhos fixos na postura de Andrew. — Arrume os ombros. — Repetiu, os braços cruzados atrás do corpo e se segurando para não ir até onde ele estava.Ensinar alguém a atirar para matar era tudo que ela não desejava ter que fazer em sua vida. Mas lá estava ela, ordenando que Andrew se concentrasse em acertar pontos do boneco de treino, que seriam fatais em uma pessoa.Se meus pais me vissem agora... pensou, se recriminando logo em seguida.Tentar não pensar no pai e na irmã era a tarefa mais difícil que ela tentava realizar nos últimos dias. Aguardar que Flynn entrasse em contato também estava sendo difícil. Além disso, os pensamentos sobre como seu coração andava batendo de uma forma perigosamente rápida, quando Andrew encostava nela. Ou falava algo, sorria, estava por perto ou simplesmente respirava.Inclusive naquele momento, quando ao acertar o peito próximo aonde o coração do boneco estaria, ele se voltou para ela sorrindo com orgulho
A primeira coisa que ambos escutaram, foi um estrondo seguido de gritos. Margot ainda estava sonolenta, mas seus sentidos ficaram em alerta quando o segundo estrondo surgiu.— Que merda é essa? — Sussurrou, se levantando a procura do vestido e sua companhia constante: sua Taurus 380.— Margot... — Andrew a chamou, mas ela apenas pediu que ele mantivesse silêncio.Ambos se vestiram o mais rápido que puderam e com a jovem na frente, empunhando sua arma, caminharam a passos certeiros em direção ao salão principal da boate. A cada passo, mais alto ficavam os gritos de puro desespero das pessoas. Dois grupos de frequentadores passaram pelos dois, pouco antes da fumaça vinda do Glass ficar visível a eles.Margot contou três batidas rápidas de seu coração, até que o silêncio se fizesse presente, com apenas ecos dos gritos ficando para trás. Ela conferiu a trava da sua arma e sem pensar duas vezes, fez o caminho até o interior da boate.Quanto mais próxima da parte principal da Glass ela fica
Abrir os olhos naquela manhã estava sendo uma tarefa difícil para Margot. Não por causa do ferimento que pulsava de maneira menos incômoda em seu braço, mas pelo cansaço físico e emocional de ter que se mudar novamente.Ela e Andrew passaram o restante da madrugada e dia seguinte ao ataque a Glass arrumando todas as suas coisas e decidindo para aonde iriam daquela vez. Foram horas de trocas de celular, roupas, carro e identidades, mas assim que a jovem terminasse de se levantar, eles iriam embora.— Eu não queria que a nossa noite tivesse acabado daquela forma. — Foi a primeira coisa que ela disse para um igualmente cansado Andrew, que acabara de despertar ao seu lado. — Tinha preparado tudo para termos mais um pouco de normalidade. — Suspirou, olhando para o teto com raiva.— Ei, olhe para mim. — Andrew pediu, arrumando seu corpo sobre o dela, uma das mãos nas bochechas da jovem e a fazendo finalmente o encarar. — Você não tem culpa do que aconteceu. Se a culpa deveria ir para alguém
Sacramento – Horas após o ataque a GlassO barulho criado pela força com que Stan bateu sua mão a mesa, tirou a mulher de seu transe. Ela queria revirar os olhos para a notícia de que, mais uma vez, os homens dele haviam falhado.Joyce não entendia o motivo dele querer trabalhar com alguém tão falho, quanto Stan, mas respeitava suas ordens.E por isso Margot e Andrew estavam sabe-se Deus onde e atrapalhando todos os planos dela. Era para os dois estarem mortos, desde o instante em que a mulher falhou em cumprir o seu trabalho de tirar o melhor amigo de Matthew do seu caminho.— Eu simplesmente não entendo o porquê de eles terem falhado de novo. — Ele disse em indignação, acendendo um de seus charutos.— Talvez se você mandasse que a trouxessem morta, os dois já estariam aqui. — Joyce soltou com simplicidade, vendo a face do homem se contorcer em raiva. — Eu sei, eu sei, você a ama. — Revirou os olhos. — Mas sabe que ela nunca vai querer nada com você, não sabe? Ela te detesta e provav
Naquela manhã Margot acordou sentindo que algo não estava certo. Ela não sabia exatamente o porquê daquilo, mas nada tiraria da sua cabeça que tinha uma coisa muito ruim chegando até eles.E aquela sensação a acompanhou pelo restante de suas atividades matinais: tomando banho, escovando os dentes e durante o café. Nem mesmo escutar a voz de seu amigo tão próxima dela, saber que ele estava seguro, fez com que o alerta de perigo eminente parasse de piscar em sua mente.— Mag, você está bem? — Gavin a chamou, colocando uma xícara de cappuccino a sua frente. — Está calada desde que saiu do quarto.— Eu estou com uma sensação estranha, não sei exatamente o porquê. — Suspirou, sorvendo o líquido quente. — Mas tudo bem, tenho certeza de que irá passar. Cadê o Andrew?— Pensei que tivessem dormido juntos. — Sorriu com animação, fazendo a jovem revirar os olhos, mas espelhar a reação do amigo em seguida. — Ele disse que iria comprar algumas coisas para o almoço. Estava bem animado em saber que
Andrew e Gavin tentaram fazê-la desistir de todas as formas que podiam, mas a única coisa que conseguiram foi atrasar a viagem dela. E a convencer que deixasse que Andrew a acompanhasse, com a promessa de Gavin ficar bem quietinho no esconderijo.Margot também não quis usar o carro para viajar, preferiu ir misturada a outras pessoas em um ônibus. Sabia que ali, nem Stan ou Joyce, muito menos o tal Italiano, se atreveriam a atacá-los.E para que eles não dissessem que ela era muito teimosa, deixou que Andrew conseguisse as acomodações para o tempo que fosse necessário. Assim como pediu que Flynn tentasse ao máximo descobrir quem era o tal Italiano, a quem Joyce e Stan respondiam. Ele também estava na sua lista.Horas depois, quando finalmente chegaram a Sacramento e eles conseguiram deixar a rodoviária sem sustos, Andrew conseguiu ficar calmo. Pediram um táxi e ele passou o endereço para o motorista. No meio do caminho, Margot, que estava calada desde o instante em que entraram no ônib
— Andrew! — Matthew falou de maneira fraca e dando um largo sorriso.O coração de seu amigo apertou, ao notar que ele estava muito magro e em uma cadeira de rodas, que era empurrada por Joyce. Aquilo era tudo que ele não queria para seu amigo.Mesmo assim, tentando não demonstrar para Joyce o quanto aquilo o deixava abalado, sorriu e foi abraçar o amigo. Ele se sentia culpado.— Como você está, irmão? — Perguntou, olhando atentamente para o amigo.— Melhorando, na verdade. — Deu de ombros e esticou a mão para a esposa. — Joyce tem me dado uma mão para que tudo fique melhor.A loira sorriu de modo falso e fez tanto Andrew quanto Margot quererem revirar os olhos.Deus, como Andrew se sentia culpado! Por deixar que a situação de Matthew chegasse àquele ponto, que não tivesse contado para o amigo o que descobriu, desde o momento em que Flynn lhe passou o relatório sobre Joyce. Talvez se tivesse feito isso, ele não estaria em uma cadeira de rodas.Todos se cumprimentaram, mesmo com Margot