Abrir os olhos naquela manhã estava sendo uma tarefa difícil para Margot. Não por causa do ferimento que pulsava de maneira menos incômoda em seu braço, mas pelo cansaço físico e emocional de ter que se mudar novamente.Ela e Andrew passaram o restante da madrugada e dia seguinte ao ataque a Glass arrumando todas as suas coisas e decidindo para aonde iriam daquela vez. Foram horas de trocas de celular, roupas, carro e identidades, mas assim que a jovem terminasse de se levantar, eles iriam embora.— Eu não queria que a nossa noite tivesse acabado daquela forma. — Foi a primeira coisa que ela disse para um igualmente cansado Andrew, que acabara de despertar ao seu lado. — Tinha preparado tudo para termos mais um pouco de normalidade. — Suspirou, olhando para o teto com raiva.— Ei, olhe para mim. — Andrew pediu, arrumando seu corpo sobre o dela, uma das mãos nas bochechas da jovem e a fazendo finalmente o encarar. — Você não tem culpa do que aconteceu. Se a culpa deveria ir para alguém
Sacramento – Horas após o ataque a GlassO barulho criado pela força com que Stan bateu sua mão a mesa, tirou a mulher de seu transe. Ela queria revirar os olhos para a notícia de que, mais uma vez, os homens dele haviam falhado.Joyce não entendia o motivo dele querer trabalhar com alguém tão falho, quanto Stan, mas respeitava suas ordens.E por isso Margot e Andrew estavam sabe-se Deus onde e atrapalhando todos os planos dela. Era para os dois estarem mortos, desde o instante em que a mulher falhou em cumprir o seu trabalho de tirar o melhor amigo de Matthew do seu caminho.— Eu simplesmente não entendo o porquê de eles terem falhado de novo. — Ele disse em indignação, acendendo um de seus charutos.— Talvez se você mandasse que a trouxessem morta, os dois já estariam aqui. — Joyce soltou com simplicidade, vendo a face do homem se contorcer em raiva. — Eu sei, eu sei, você a ama. — Revirou os olhos. — Mas sabe que ela nunca vai querer nada com você, não sabe? Ela te detesta e provav
Naquela manhã Margot acordou sentindo que algo não estava certo. Ela não sabia exatamente o porquê daquilo, mas nada tiraria da sua cabeça que tinha uma coisa muito ruim chegando até eles.E aquela sensação a acompanhou pelo restante de suas atividades matinais: tomando banho, escovando os dentes e durante o café. Nem mesmo escutar a voz de seu amigo tão próxima dela, saber que ele estava seguro, fez com que o alerta de perigo eminente parasse de piscar em sua mente.— Mag, você está bem? — Gavin a chamou, colocando uma xícara de cappuccino a sua frente. — Está calada desde que saiu do quarto.— Eu estou com uma sensação estranha, não sei exatamente o porquê. — Suspirou, sorvendo o líquido quente. — Mas tudo bem, tenho certeza de que irá passar. Cadê o Andrew?— Pensei que tivessem dormido juntos. — Sorriu com animação, fazendo a jovem revirar os olhos, mas espelhar a reação do amigo em seguida. — Ele disse que iria comprar algumas coisas para o almoço. Estava bem animado em saber que
Andrew e Gavin tentaram fazê-la desistir de todas as formas que podiam, mas a única coisa que conseguiram foi atrasar a viagem dela. E a convencer que deixasse que Andrew a acompanhasse, com a promessa de Gavin ficar bem quietinho no esconderijo.Margot também não quis usar o carro para viajar, preferiu ir misturada a outras pessoas em um ônibus. Sabia que ali, nem Stan ou Joyce, muito menos o tal Italiano, se atreveriam a atacá-los.E para que eles não dissessem que ela era muito teimosa, deixou que Andrew conseguisse as acomodações para o tempo que fosse necessário. Assim como pediu que Flynn tentasse ao máximo descobrir quem era o tal Italiano, a quem Joyce e Stan respondiam. Ele também estava na sua lista.Horas depois, quando finalmente chegaram a Sacramento e eles conseguiram deixar a rodoviária sem sustos, Andrew conseguiu ficar calmo. Pediram um táxi e ele passou o endereço para o motorista. No meio do caminho, Margot, que estava calada desde o instante em que entraram no ônib
— Andrew! — Matthew falou de maneira fraca e dando um largo sorriso.O coração de seu amigo apertou, ao notar que ele estava muito magro e em uma cadeira de rodas, que era empurrada por Joyce. Aquilo era tudo que ele não queria para seu amigo.Mesmo assim, tentando não demonstrar para Joyce o quanto aquilo o deixava abalado, sorriu e foi abraçar o amigo. Ele se sentia culpado.— Como você está, irmão? — Perguntou, olhando atentamente para o amigo.— Melhorando, na verdade. — Deu de ombros e esticou a mão para a esposa. — Joyce tem me dado uma mão para que tudo fique melhor.A loira sorriu de modo falso e fez tanto Andrew quanto Margot quererem revirar os olhos.Deus, como Andrew se sentia culpado! Por deixar que a situação de Matthew chegasse àquele ponto, que não tivesse contado para o amigo o que descobriu, desde o momento em que Flynn lhe passou o relatório sobre Joyce. Talvez se tivesse feito isso, ele não estaria em uma cadeira de rodas.Todos se cumprimentaram, mesmo com Margot
— Seus pais são incríveis. — Margot falou, assim que terminaram de cruzar a piscina e chegaram na casa em que ficariam.— Mamãe praticamente me apertou, dizendo o quanto tinha gostado de você. — Andrew confidenciou, arrancando um sorriso sincero dela, enquanto terminava de acender as luzes da sala. — E meu pai também gostou de você, mas ele não é muito de falar. Acho que ele deixa que dona Helena fale por ele.Foram quase cinco horas na casa deles, três após a saída de Matthew e Joyce. Eles riram, conversaram sobre vários assuntos e tiveram uma segunda sobremesa, feita por Helena, antes de irem embora.Apesar da ameaça clara que a mulher representava, Margot e Andrew tiveram um bom momento.— Aliás, eu adorei as fotos que sua mãe me mostrou. — Margot relembrou, fazendo Andrew tapar o rosto, envergonhado. Sua mãe adorava mostrar todas as fotos possíveis do filho, como se assim todos poderiam ver o quanto se orgulhava dele. — Você era uma criança muito fofa.— Eu ainda não acredito que
Casa dos Carter — Quatro dias após o sequestro de Melinda e Marc SandersSe havia algo ou alguém em quem Matthew sempre havia confiado, era em Joyce e no relacionamento que os dois construíram. Casados há pouco mais de doze anos, ela sempre fora tudo o que ele pensava, tudo o que desejava desde a adolescência: Adorável, inteligente, engraçada, amável e muito bela.Se ele fechasse os olhos, conseguia voltar para o dia em que se conheceram. O esbarrão que derrubou toda a bebida dela em sua roupa, o sorriso sem graça entre os pedidos de desculpas da jovem e a forma em que havia ficado completamente congelado ao encará-la.Sempre brincava que havia sido amor à primeira vista.Ele nunca havia desconfiado de nenhuma de suas atitudes ou talvez nunca tenha quisto desconfiar, afinal contando com seus poucos amigos e parentes, ela era a sua família mais próxima.Porém naqueles últimos dias algo o estava incomodando.Joyce costumava ficar fora por horas, mesmo antes da doença dele e de, conseque
Surpresa estampava a face de Margot e Andrew após escutarem as palavras de Matthew. Tudo o que eles mais precisavam e não faziam a mínima ideia, era ter um aliado importante como ele.— Me desculpe por não ter lhe dito nada antes, Matt. Eu fiquei com medo de...— De que eu não acreditasse em você? — O interrompeu, vendo o amigo assentir seriamente. — Não precisa se desculpar, Drew. Eu entendo os seus motivos, porque sei que não acreditaria. Eu estava há quase duas décadas completamente cego por Joyce. — Suspirou longamente, se aproximando de Andrew e o abraçando. — Eu tenho é que te agradecer, amigão. Se não fosse por você, talvez eu nem tivesse descoberto tudo o que minha querida esposa deseja aprontar.— E não teria conseguido trazer minha família de volta para mim. — Margot deu um largo sorriso, os braços em volta do pai e da irmã, que ainda choravam de felicidade e alívio. — Obrigada.— Não precisa agradecer, era o mínimo que eu poderia fazer, depois de todo o sofrimento que Joyce