O silêncio era a trilha sonora da segunda viagem de Andrew e Margot em menos de uma semana. Ambos pareciam ainda tentar raciocinar como uma manhã tranquila havia se transformado em uma nova fuga.— Como eles conseguiram nos achar? — Andrew finalmente juntou coragem o suficiente para falar.— Provavelmente pelo seu celular. Ah, por cartões de crédito também, essas merdas têm rastreadores potentes. — Margot lhe respondeu abafadamente, já que mantinha o rosto grudado a janela. — Precisamos encontrar um novo esconderijo.Com os olhos voltados para a estrada, Andrew assentiu e repassou mentalmente todos os lugares em que poderiam ficar. Anunciou depois de algum tempo, que a próxima cidade pela qual passassem iriam usar como esconderijo pela noite.— Descansamos em algum hotel e poderemos decidir o que fazer.Margot concordou sem muita vontade e se fechou novamente em seus pensamentos. A confirmação de que Stan a queria viva era pior que se tivesse mandado que os matassem de uma vez. Ele es
— Acha que agora podemos conversar? — Andrew perguntou, a respiração entrecortada e uma Margot igualmente cansada deitada ao seu lado.A jovem havia voltado de seu banho e o encontrado recém-chegado do seu, não lhe dando tempo nem de se vestir, antes de ser novamente agarrado como na noite passada. E ele não reclamou nem um pouco.— Podemos. — Ela lhe beijou rapidamente, se sentando na cama em seguida. — Temos muito a fazer, antes de chegar em LA. Precisamos vender meu carro e pegar um novo. Comprar outros celulares e entrar em contato com seu hacker. Tudo bem para você?— Claro, mas posso te perguntar uma coisa? Na verdade, duas. — Pediu, a observando assentir, já se levantando e pegando o roupão que havia abandonado há alguns minutos. — A primeira é: Qual o motivo para LA ser sua escolha?— Simples: é onde meu pai e minha irmã estão escondidos. — Andrew se sentou de uma só vez, observando a expressão da jovem se fechar em clara preocupação. — Eu tenho uma casa com um nome falso, com
Com a vista privilegiada do centro de Los Angeles, Margot aproveitava mais uma xícara do café maravilhoso preparado por Andrew. Ele estava mais que inspirado naquela manhã, graças à animação para ver a jovem em ação novamente.Aliás, desde que começaram a treinar, uma semana antes, ele não conseguia deixar de admirá-la. E aos poucos começar a entender como usar uma arma da forma correta. Não queria correr o risco de deixá-la na mão, como aconteceu na noite em que se conheceram.A simples lembrança daquele homem tentando acabar com a vida dela lhe dava calafrios. Os dois estavam se dando tão bem, que a ideia de algo acontecer com Margot o deixava em estado de terror.Pegando sua xícara, Andrew caminhou até a sacada para encontrá-la. Ela parecia serena observando os prédios a sua frente, a brisa do final de verão terminando de secar os fios curtos de seu cabelo.Na verdade, sua mente estava longe, ainda tentando entender o silêncio de sua irmã e preocupada com seu melhor amigo, Gavin. O
Sacramento – Três dias antesUma, duas, três vezes.Joyce terminava uma mecha de seu cabelo e passava para a próxima, a cabeça longe do seu ritual de cuidados capilares da manhã. Tudo estava caminhando para onde ela queria.Para onde ele desejava.Mesmo Margot e o idiota do Andrew tendo fugido, a mulher sabia que em breve os teria de volta e nada sairia do seu controle. Seu sorriso surgiu, enquanto finalmente deixava a escova de lado e seguindo para o primeiro andar da casa, onde seu marido a aguardava.Colocando a máscara da esposa troféu, a mesma que usava nos últimos doze anos de casamento, Joyce beijou Matthew com falsa doçura, mesmo enojada com a crise de tosses que o acometeu depois.Por ela, nunca teria se casado com o filho do casal responsável pela ruína da sua família, afinal, nutria variados sentimentos por ele. Exceto pelo amor.Mas esse casamento fora necessário para que seus planos tomassem forma. Para que os planos deles dessem certo.— Está piorando muito, meu amor. —
Margot estava presa em uma espiral de culpa.Seu pai e sua irmã estavam nas mãos de Stan e ela ali, usando roupas bonitas, bebendo, rindo e se divertindo. Ela estava falhando com os dois. Sua mente flutuou para o pior cenário: os dois estarem mortos àquele ponto e era sua culpa.Eu jamais deveria ter saído do lado deles. Deveria ter deixado Andrew fugir e me entregado. Eu deveria estar no lugar dos dois.— Margot, você está me escutando? — Andrew chamou pela terceira vez.Ele mantinha seus braços em volta dela, já que ao ouvir a novidade dada por Flynn, Margot quase caiu ao chão. Aliás, ele estava completamente arrependido de ter lhe dado aquela notícia em meio a pista de dança.Mas o que ele deveria dizer primeiro? “Ei, meus pais estão muito bem, mas a sua família não teve a mesma sorte”?— Toma, Mag. — Gavin reapareceu, entregando um copo d'água à amiga, que o sorveu com rapidez e tremendo muito. — Você precisa se acalmar, mi amor. Isso tudo vai se resolver.— Exatamente, Margot. Tu
A música pop genérica tocava alto, enquanto as dançarinas se moviam de forma provocante. Margot era uma delas.Ela não tinha costume com o pole dance ou era a melhor dançarina do mundo, mas sabia como usar seu corpo para seduzir. Ela fez isso por um ano, seduzindo suas vítimas, antes de arrancar suas vidas sem piedade alguma.Pensamento errado e hora errada, Margot. Se repreendeu, voltando a se movimentar de forma provocadora, os olhos presos a mesa em que Stan estava, a sua favorita. Como ela sabia daquilo? Bom, a jovem já havia estado ali, na companhia do próprio, por duas vezes.Enquanto contava a Margot sobre um dos seus diversos negócios ilegais, se gabando como aquela mesa era sua favorita e que todos ali beijavam o chão em que pisava. Essa última parte não era mentira, afinal, o próprio dono do local, Elliot, era uma das diversas pessoas que o cercavam.Nesse pequeno grupo, além dele, estavam algumas dançarinas, incluindo a garota que a ajudou com sua maquiagem e Leah. Elas sor
Depois quase seis horas de uma viagem direta até Los Angeles, Margot e Andrew chegaram em sua casa. Isso depois de deixarem um Gavin mais do que nervoso em casa, com a promessa de visitá-lo, antes de decidirem como toda aquela história iria terminar.Em silêncio, cada um seguiu para um dos banheiros da casa tentando relaxar após a noite agitada que tiveram. Além disso, Margot queria mais do que tudo tirar o cheiro do perfume de Stan de seu corpo.Completamente enojada ao lembrar dos toques inapropriados do seu ex-chefe, ela se limpou, enquanto as imagens de seu pai e irmã, que Stan havia enviado para Joyce, não deixavam sua mente.Os dois pareciam tão frágeis! Seu pai principalmente, mas o olhar que Melinda direcionava à câmera lhe deixou apavorada. Não era nada comum para Margot ver sua irmã daquela maneira.Melinda era resiliente assim como Jane Sanders fora. Margot era fisicamente parecida com a mãe, mas a mais nova puxara sua personalidade. E era isso que mantinha a memória dela v
— Mais uma vez. — Margot praticamente gritou, os olhos fixos na postura de Andrew. — Arrume os ombros. — Repetiu, os braços cruzados atrás do corpo e se segurando para não ir até onde ele estava.Ensinar alguém a atirar para matar era tudo que ela não desejava ter que fazer em sua vida. Mas lá estava ela, ordenando que Andrew se concentrasse em acertar pontos do boneco de treino, que seriam fatais em uma pessoa.Se meus pais me vissem agora... pensou, se recriminando logo em seguida.Tentar não pensar no pai e na irmã era a tarefa mais difícil que ela tentava realizar nos últimos dias. Aguardar que Flynn entrasse em contato também estava sendo difícil. Além disso, os pensamentos sobre como seu coração andava batendo de uma forma perigosamente rápida, quando Andrew encostava nela. Ou falava algo, sorria, estava por perto ou simplesmente respirava.Inclusive naquele momento, quando ao acertar o peito próximo aonde o coração do boneco estaria, ele se voltou para ela sorrindo com orgulho