O ar era uma mistura de sangue, morte e até pólvora. O campo de batalha, repleto de corpos flácidos e lamentos sufocados, era um testemunho mudo do caos que acabara de ser consumado.Brad, carrancudo e olhando para o horizonte, gritava ordens em uma voz autoritária, à esquerda e à direita.—Vocês, recolham os caídos! E vocês, levem os feridos para as tendas! Rápido! —Sua voz de barítono ecoou sobre o murmúrio de desespero.Os homens se moviam como uma maré agitada, obedecendo sem hesitação. De certa forma, seus comandos eram o farol em meio à tempestade, impondo ordem à desordem. Eles se mantinham ocupados, recolhendo os corpos dos lobos mortos em batalha e preparando-os para um enterro digno.A noite foi um turbilhão de atividades, com os membros do rebanho ocupados com diferentes tarefas, tentando restaurar a normalidade após a batalha.Enquanto isso, Yara se juntou às mulheres do rebanho que estavam ocupadas cuidando dos feridos, fornecendo comida e abrigo para os mais jovens e par
O médico piscou várias vezes, surpreso com a confissão de Brad e com a fúria que emanava dele. A atmosfera ficou tensa com o confronto iminente. Brad, com os punhos cerrados e o olhar fixo no médico, sabia que algo estava errado, que o homem guardava mais segredos do que sua falsa simpatia deixava transparecer.-O que está escondendo, doutor? -perguntou Brad, examinando os olhos do homem à sua frente.-Brad", respondeu o médico com um sorriso torto, "não há nada a esconder.Apesar de suas palavras, a voz dela tinha uma nuance que Brad não conseguia ignorar, um tom que fazia sua pele arrepiar.-Então por que sinto o cheiro de mentira em seu hálito? -Brad deu um passo à frente, com seus instintos de lobo aguçados pela suspeita.Mas antes que ele pudesse responder, Brad se lançou sobre ele com as garras estendidas e, com um movimento rápido, cortou o ar e feriu o médico no peito. O impacto o jogou para trás, fazendo-o cair com força no chão.O médico soltou um grito de dor ao se levanta
A câmara iluminada pela lua pulsava com uma tensão predatória, as sombras dançando como se prenunciassem o confronto iminente. Yara respirou fundo, com os olhos arregalados de terror, fixos na figura ameaçadora do médico, com a garra dele sussurrando em sua garganta.—Pense novamente, Brad —sibilou o médico, com as presas brilhando, enquanto se aproximava da pele trêmula de Yara. —Uma mordida e sua companheira será minha para sempre.O coração de Yara batia forte, um tamborilar feroz contra o silêncio. Mas, dentro dela, a brasa do desafio se transformou em chama.O olhar do médico estava fixo nela, com suas presas ameaçadoras a poucos centímetros de seu pescoço. A mão do médico deslizou por sua garganta, e Yara sentiu a borda fria e afiada das garras dele roçar nela. Medo e raiva se misturaram dentro dela, mas ela sabia que não podia ficar parada e ser um fardo nessa situação.Então reagiu e, com uma súbita explosão de força, bateu com o cotovelo no peito do médico, enviando ondas de
Brad, com o peito subindo e descendo pelo esforço recente, com o coração batendo forte, observou o corpo sem vida do médico inerte no chão, com uma mistura de alívio e satisfação. Ele havia vencido um inimigo poderoso e protegido sua matilha e Yara.—Recolham o corpo e queimem-no —ordenou a seus homens, que assentiram e se movimentaram para cumprir suas ordens.Os lobos se apressaram a recolher o corpo do médico e o levaram embora. Brad sabia que não podia permitir que ficasse nenhum rastro desse perigoso híbrido.Uma vez que o corpo foi retirado, Brad se virou para o pai, que ainda estava parado atrás dele.As palavras ficaram presas em sua garganta, ele não sabia o que dizer. Já fazia um tempo que o havia exilado da matilha, e agora ele aparecia para ajudá-lo em seu momento de necessidade.—Obrigado —foi tudo o que Brad conseguiu dizer naquele momento, com a voz cheia de gratidão e confusão.Seu pai assentiu, baixando a cabeça em sinal de submissão.—É o que um pai faria por um filh
O velho rei, com sua autoridade ainda palpável em sua voz trêmula pela idade, acenou com a mão. —Leve-o embora —, ele ordenou em um sussurro carregado de poder. Imediatamente, os guardas obedeceram sem questionar, avançando com determinação em direção a Izan.O homem ficou ereto, com os olhos escuros fixos no garotinho que cochilava nos braços do filho. -Ele é meu neto? -perguntou ele, com uma sombra de vulnerabilidade cruzando seu semblante severo.—É sim", Brad assentiu, segurando Harvey com cuidado infinito. Mas antes que ele pudesse dizer mais uma palavra, os soldados agarraram Izan pelos braços e começaram a arrastá-lo para fora da sala do trono.Brad e seu avô foram até a sala de estar e ficaram em silêncio.—Avô... A voz de Brad cortou o silêncio que se instalou como um cobertor pesado na sala. A figura do rei se inclinou em uma cadeira, sua idade se tornando mais evidente a cada segundo que passava. —Há coisas que eu não entendo. Por que você não cuidou da minha mãe? Po
—Como isso aconteceu? —Brad conseguiu se articular, embora parte dele não quisesse saber, como se o fato de não saber os detalhes pudesse manter viva a chama da esperança.—Ele estava caçando e, naquele momento, seu coração explodiu —respondeu Aldric com pesar. —Foi rápido, ele não sofreu.—Obrigado —murmurou o rei, embora o agradecimento soasse vazio em sua própria voz.Obrigado pela rapidez do destino, obrigado pela morte sem dor; pensamentos absurdos que dançavam em sua mente enquanto uma parte dele se recusava a aceitar a realidade de que ele o conhecia há anos e sabia que Jacob era um bom homem.—Yara precisa saber —disse ele finalmente, reunindo as fibras de sua força. —Ela precisa saber agora.Enquanto isso, as mãos de Yara se moviam com facilidade, colocando as energias necessárias para aliviar as doenças dos feridos.Mas, no meio do gesto, um súbito aperto apertou seu peito, um prelúdio de desastre sussurrado através dos tendões e ossos.Lá dentro, a voz de Kira, tingida de p
Os olhos de Yara examinaram o rosto de Brad, com um vinco de preocupação se formando entre suas sobrancelhas.—O que foi, Brad? —perguntou ela, com uma voz de urgência que fez suas mãos tremerem.Brad desviou o olhar para Estrella e depois voltou a olhar para Yara, com um nó na garganta.—Estão muito calados. O que estão escondendo de mim? Vão me contar a verdade? —insistiu Yara, com seus instintos inflamados pela suspeita.Ela tentou, através do vínculo, conectar-se com Leo, o lobo de Brad, mas encontrou apenas uma parede onde antes havia uma porta aberta, bloqueada para que ela não soubesse do que se tratava o mistério.Seu coração se afundou; a traição, aguda e repentina, fez com que sua pele ficasse irritada.—É porque você não me ama mais como sua Luna? Se for assim, eu aceito —disse ela, com uma aceitação amarga em suas palavras —, deve ser por isso que você hesitou em marcar uma data para o ritual de união.Com essas palavras, ela girou sobre os calcanhares, pronta para fugir,
Brad ficou parado, com o olhar fixo nos olhos suplicantes de Yara. Ele podia sentir o peso quente do pedido dela pendurado entre eles como uma corda esticada.Ele queria gritar que sim, que a queria como sua companheira para toda a vida, mas o medo em sua garganta o impediu.—Yara, eu não posso — gaguejou ele, finalmente, com a voz embargada. — O perigo que você está correndo, minha morte pode acabar com a sua também, e nosso filho? Temos que pensar nele também, é difícil crescer sem uma mãe... Digo isso por experiência própria.Ela deu um passo à frente, suas mãos encontraram as dele, e Brad sentiu a firmeza de seu aperto.—Não vou morrer, não me importo com a dor que possa estar sentindo —ela insistiu com veemência. —Quero estar ao seu lado. Ter sua marca... será meu orgulho. Viverei por nosso filho!Brad fechou os olhos por um momento, lutando contra a corrente de emoções.O perfume de Yara o envolveu, lembrando-o de que ela era mais forte do que qualquer um poderia imaginar.—E se