O velho rei, com sua autoridade ainda palpável em sua voz trêmula pela idade, acenou com a mão. —Leve-o embora —, ele ordenou em um sussurro carregado de poder. Imediatamente, os guardas obedeceram sem questionar, avançando com determinação em direção a Izan.O homem ficou ereto, com os olhos escuros fixos no garotinho que cochilava nos braços do filho. -Ele é meu neto? -perguntou ele, com uma sombra de vulnerabilidade cruzando seu semblante severo.—É sim", Brad assentiu, segurando Harvey com cuidado infinito. Mas antes que ele pudesse dizer mais uma palavra, os soldados agarraram Izan pelos braços e começaram a arrastá-lo para fora da sala do trono.Brad e seu avô foram até a sala de estar e ficaram em silêncio.—Avô... A voz de Brad cortou o silêncio que se instalou como um cobertor pesado na sala. A figura do rei se inclinou em uma cadeira, sua idade se tornando mais evidente a cada segundo que passava. —Há coisas que eu não entendo. Por que você não cuidou da minha mãe? Po
—Como isso aconteceu? —Brad conseguiu se articular, embora parte dele não quisesse saber, como se o fato de não saber os detalhes pudesse manter viva a chama da esperança.—Ele estava caçando e, naquele momento, seu coração explodiu —respondeu Aldric com pesar. —Foi rápido, ele não sofreu.—Obrigado —murmurou o rei, embora o agradecimento soasse vazio em sua própria voz.Obrigado pela rapidez do destino, obrigado pela morte sem dor; pensamentos absurdos que dançavam em sua mente enquanto uma parte dele se recusava a aceitar a realidade de que ele o conhecia há anos e sabia que Jacob era um bom homem.—Yara precisa saber —disse ele finalmente, reunindo as fibras de sua força. —Ela precisa saber agora.Enquanto isso, as mãos de Yara se moviam com facilidade, colocando as energias necessárias para aliviar as doenças dos feridos.Mas, no meio do gesto, um súbito aperto apertou seu peito, um prelúdio de desastre sussurrado através dos tendões e ossos.Lá dentro, a voz de Kira, tingida de p
Os olhos de Yara examinaram o rosto de Brad, com um vinco de preocupação se formando entre suas sobrancelhas.—O que foi, Brad? —perguntou ela, com uma voz de urgência que fez suas mãos tremerem.Brad desviou o olhar para Estrella e depois voltou a olhar para Yara, com um nó na garganta.—Estão muito calados. O que estão escondendo de mim? Vão me contar a verdade? —insistiu Yara, com seus instintos inflamados pela suspeita.Ela tentou, através do vínculo, conectar-se com Leo, o lobo de Brad, mas encontrou apenas uma parede onde antes havia uma porta aberta, bloqueada para que ela não soubesse do que se tratava o mistério.Seu coração se afundou; a traição, aguda e repentina, fez com que sua pele ficasse irritada.—É porque você não me ama mais como sua Luna? Se for assim, eu aceito —disse ela, com uma aceitação amarga em suas palavras —, deve ser por isso que você hesitou em marcar uma data para o ritual de união.Com essas palavras, ela girou sobre os calcanhares, pronta para fugir,
Brad ficou parado, com o olhar fixo nos olhos suplicantes de Yara. Ele podia sentir o peso quente do pedido dela pendurado entre eles como uma corda esticada.Ele queria gritar que sim, que a queria como sua companheira para toda a vida, mas o medo em sua garganta o impediu.—Yara, eu não posso — gaguejou ele, finalmente, com a voz embargada. — O perigo que você está correndo, minha morte pode acabar com a sua também, e nosso filho? Temos que pensar nele também, é difícil crescer sem uma mãe... Digo isso por experiência própria.Ela deu um passo à frente, suas mãos encontraram as dele, e Brad sentiu a firmeza de seu aperto.—Não vou morrer, não me importo com a dor que possa estar sentindo —ela insistiu com veemência. —Quero estar ao seu lado. Ter sua marca... será meu orgulho. Viverei por nosso filho!Brad fechou os olhos por um momento, lutando contra a corrente de emoções.O perfume de Yara o envolveu, lembrando-o de que ela era mais forte do que qualquer um poderia imaginar.—E se
A luz do amanhecer entrava pelas frestas das cortinas, pintando o quarto com os tons suaves de um novo dia. Brad se remexeu na cama e abriu os olhos, encontrando o rosto sereno de Yara ao seu lado. Com um gesto delicado, ele passou os lábios pela testa dela, uma carícia fugaz carregada de promessas e despedidas, sentindo o calor da pele dela sob seus lábios.Yara se remexeu levemente no sono, mas não acordou. Brad sorriu calorosamente e foi tomar banho e se vestir cuidadosamente, preparando-se para o dia seguinte.Quando ele estava pronto, Yara abriu os olhos e olhou para ele com um sorriso sonolento.—Por que você não me acordou? Eu vou com você —ela sussurrou, suas palavras sendo apenas um fio no silêncio da manhã. Seus olhos, reflexos de tempestades, continham um mar de emoções indecifráveis.—Tudo bem, eu espero —disse ele, com a voz fingindo firmeza, mas revelando sua vulnerabilidade.Depois que ela se arrumou, eles caminharam de mãos dadas, entrelaçados em um destino compartilha
As paredes de pedra exalavam umidade e o ar frio da masmorra envolvia Izan como uma promessa de morte. Trancado na sombra, tendo apenas o monótono gotejamento da água como companhia, ele sentia o tempo escorrer por entre seus dedos enquanto ansiava desesperadamente pelo calor de uma família, aquela que ele perdeu por ser ambicioso, insensível, por se deixar seduzir por uma mulher perversa.—Isto foi trazido a você —rosnou o guardião, deslizando um prato de comida sem gosto pelas grades enferrujadas. —O Alfa vai se casar hoje na matilha Silver Mist, é uma grande celebração.Izan olhou para cima, seu estômago se revirando não de fome, mas de ansiedade.—Meu filho vai se casar, e como está Harvey? —perguntou ele, roucamente, sem conseguir esconder o tremor de preocupação que enchia sua voz.—É isso mesmo, dizem que ele vai ser operado amanhã por causa de uma maldição —o zelador deu de ombros, indiferente ao peso de suas palavras.A notícia caiu sobre Izan como um fardo pesado: o que afli
Brad observou enquanto a escuridão da floresta se fechava sobre ele como uma prisão de sombras e galhos entrelaçados.Na forma de lobo, ele corria livremente, mas com evidente agitação. Suas patas, fortes e ágeis, mal roçavam o chão enquanto ele corria, seu pelo escuro se misturando à noite que o envolvia.Ele não sabia há quanto tempo estava correndo; o instinto o guiava, um chamado mudo que ecoava loucamente em seu peito e o arrastava para aquele lugar.Por fim, ele chegou, emergindo em uma clareira iluminada apenas pelo brilho leitoso da lua. Ali, perto de uma antiga fonte de pedra coberta de musgo, ele encontrou outro lobo.Por um momento, ele não o reconheceu, pois estava coberto por uma sombra de tristeza, tanta que lhe causou um pesar infinito. Ao olhar mais de perto, ele percebeu que era Elio, o nobre lobo companheiro de seu pai, cujos olhos refletiam profunda tristeza. Com um soluço, Elio se transformou, revelando a figura abatida de seu pai.— Brad — seu pai começou a dizer,
Depois de saber que seu pai havia morrido, ele se levantou e foi para o quarto onde ele estava deitado imóvel na cama, aproximando-se em silêncio. Ele não sabia como se sentir, pois seus sentimentos eram contraditórios. Ele se sentiu sobrecarregado, caminhou pelos corredores do hospital com passos pesados, com o coração cheio de incertezas. Finalmente, chegou ao quarto onde seu pai estava deitado na cama, imóvel e sem vida.Brad ficou parado na porta, olhando para o pai com uma mistura de sentimentos contraditórios. Por tanto tempo, ele odiou esse homem por sua indiferença, pelo tratamento dado à sua mãe, por sua ausência em sua vida, pelas escolhas que havia feito.Mas agora, diante do sacrifício supremo que havia feito por seu filho, Brad não pôde deixar de sentir um choque profundo.Ele levantou o lençol que cobria o corpo sem vida de seu pai e olhou para ele com olhos cheios de tristeza e admiração. Apesar do tempo que havia se passado desde a última vez que se viram, ele sentia