As páginas do livro viraram rapidamente sob a luz da lâmpada. O relógio marcava meia—noite e lá estava ela, imersa no emaranhado de teorias, determinada a vencer todas as questões que o teste lhe apresentasse. Brad, seu sogro, havia movido céus e terra para lhe dar essa oportunidade, fazendo com que ele fizesse o teste de conhecimento para se qualificar para o bacharelado, no qual foi aprovado, e assim ele estava lá, três semanas depois, preparando—se para fazer o teste de admissão à faculdade de medicina, e não pretendia desperdiçar essa oportunidade, embora seus olhos estivessem implorando por misericórdia enquanto dormia.—Amor, já é tarde", murmurou Harvey, sua presença como um farol na escuridão do escritório. —Você deve descansar, além disso, os bebês querem dormir.—Eles entendem que esse é o sonho da mãe deles e me apoiam, prometo que será apenas mais um capítulo", insistiu ela, quase automaticamente, sem tirar os olhos do texto.—Você sempre diz isso", respondeu Harvey com u
—Tem certeza, Roxana? —perguntou Harvey, com um olhar que misturava preocupação e surpresa. —Acho que não, você estava bem preparada, talvez tenha errado, mas não é possível que tenha falhado.—Sei que é uma decepção para você, porque esperava o melhor, mas... — ela começou a dizer, com tristeza no rosto e a palidez da decepção, mas foi interrompida pelo pai.—Deve haver um erro, além disso, você não pode desistir tão facilmente — disse Jayden calmamente.Mas antes que ela pudesse derramar uma lágrima, Brad interveio com seu tom calmo de sempre.—Espere um pouco. Tem certeza de que fez a busca corretamente?Roxana assentiu com a cabeça, já à beira das lágrimas.Ilan foi até o local onde o anúncio estava publicado e riu, enquanto olhava fixamente para ele, até que apontou para o outdoor.— Parece que alguém precisa usar óculos — disse ele em tom de brincadeira.Roxana franziu a testa e olhou para onde o dedo de Ilan estava apontando. E lá estava seu nome, escrito corretamente, no topo
Roxana estava sentada na primeira fila da aula de Anatomia, mas não estava prestando atenção porque começou a sentir um leve desconforto na barriga.Ela deslizou o olhar pelas páginas do livro didático, os dedos traçando linhas, a luz da sala de aula banhando seu rosto concentrado, iluminando a determinação que havia consolidado seu lugar entre os alunos.Foram meses de trabalho árduo, que se refletiram em notas excelentes e no respeito implícito de seus colegas, que a aceitaram como sua futura rainha e a admiravam.—Senhorita Roxana — chamou o professor, seu tom interrompendo o silêncio estudioso da sala —, a senhora poderia vir aqui e explicar à classe como funciona o aparelho urinário?Ela assentiu com a cabeça, assumindo sua postura real, e seguiu em frente. Mas, a cada passo, parecia liberar algo dentro dela, uma sensação peculiar. Sentiu uma espécie de gotejamento de água fluindo de seu interior. Quando chegou ao professor, uma onda de umidade a surpreendeu.—Roxana! — insistiu
Roxana, já em seu quarto no palácio, observava um par de berços gêmeos, com os pequenos filhotes de lobo ronronando durante o sono. Seus peitos subiam e desciam em um ritmo tranquilo, e suas pequenas mãos agarravam os cobertores que os envolviam.Harvey, ao lado dela, sorriu ao olhar para eles, com o coração cheio de amor e orgulho. Ele mal podia acreditar na sorte que tinha: ter uma parceira e seus dois filhos pequenos, lembrando-se de que quase os havia perdido. O medo percorreu seu corpo ao pensar que, por não ter escutado Roxana no início, tudo poderia ter acabado diferente. Agradeceu à deusa Luna por ter-lhe dado uma segunda chance com a mulher que amava, pois agora estava feliz.—Obrigado, Roxy, por esse presente, por me fazer feliz —disse ele em um sussurro.—E obrigada a você por me ensinar o quanto sou valiosa, por me dar uma nova vida e por me dar a oportunidade de provar a todos que não somos definidos por quem fomos — respondeu Roxana, sorrindo enquanto acariciava gentilme
O coração de Roxana batia forte enquanto ela se aproximava da entrada da sala de aula.Seus passos ecoavam pelo corredor, marcando o ritmo frenético de sua excitação reprimida. Ela podia sentir cada respiração como um suspiro de expectativa, uma contagem regressiva para o momento em que veria anos de esforço e sonhos se cristalizarem.—Vocês acreditam nisso? —perguntou, voltando-se para os rostos amorosos de seus pais, com Núbia tendo tomado o lugar de sua mãe, e de seus sogros, que a ladeavam como guardiões de seu destino.—Sempre soubemos que você iria longe —disse Yara, com um sorriso caloroso, colocando uma mecha rebelde do cabelo de Roxana atrás da orelha.—Estou muito orgulhoso, filha —disse seu pai, com a voz carregada de emoção.—Obrigada por estarem aqui, por tudo —murmurou Roxana, sentindo o peso da gratidão encher seu peito.—E Harvey... —começou ela, voltando-se para o marido, cujo apoio havia sido seu farol. —Sem você...—Shhh —Harvey a interrompeu com um olhar carinhoso.
O coração de Yara batia como um tambor desgovernado, golpeando contra a jaula de suas costelas enquanto a imagem das mãos de sua mãe, fortes e inflexíveis, empurrando a mulher sem nome pelo bordo do penhasco a perseguia.Gritou ao despertar.—Aahhhhh —levantou-se respirando entrecortadamente e seus olhos se abriram de repente para a segurança de seu quarto.—Senhorita Yara, calma, foi apenas um pesadelo, está tudo bem.A voz da criada, calma e tranquilizadora, atravessou a escuridão de seus pensamentos como uma lâmina de prata.—Parecia tão real, Marisol —sussurrou Yara, ocultando com dificuldade o tremor que a sacudia por dentro.—Os sonhos são enganosos, senhorita —respondeu Marisol, retirando os lençóis de seda com mão experta.Então começou a vasculhar o armário e seus dedos dançaram sobre os tecidos até se fixarem no vestido, o mais bonito que Yara possuía.—É o grande dia de sua mãe —disse Marisol, mostrando o vestido à luz, o sol da manhã filtrando-se através dele como se abenç
Alguns dias depois.A camisa preta escorregou sobre seus ombros como uma segunda pele, os botões subindo um a um sob seus dedos ágeis. Brad se olhou no espelho, o reflexo de um homem determinado o encarando com os olhos brilhando de uma determinação feroz.—Tem certeza disso? —pergunta seu amigo Jayden, encostado no batente da porta, com as sobrancelhas franzidas em uma expressão de dúvida.—Mais do que certo, vou bater na Minerva onde dói —disse ele calmamente—, agora você deve ir, porque quando a pequena chegar, não quero que ela fique constrangida, muito menos desconfiada de nada.—Brad —começou seu amigo, hesitante.—O que você quer? Fale imediatamente —ele exigiu, e seu amigo fez um gesto de irritação.O tom de seu amigo sugere um aviso, mas Brad ouve apenas o chamado da vingança, aquele antigo sussurro em seu sangue.—Talvez Minerva não se importe muito. Afinal, não a vejo como uma boa mãe. Além disso, os filhos não são responsáveis pelos erros dos pais... Ela é inocente, ingênu
A luz do sol se filtrava pelas cortinas de renda, projetando um brilho quente sobre o papel que Yara segurava com mãos trêmulas. Desdobrou a carta com um toque quase reverente, seus olhos examinando a escrita, emocionada porque Brad lhe havia enviado uma carta."Queridíssima Yara", começava a carta, e ela quase podia ouvir a voz de Brad acariciando cada palavra. "Meu coração está decidido; bate unicamente por você. Esta noite, sob o halo de estrelas da grande festa, na minha casa, proclamarei ao mundo que você é a rainha do meu coração".Ficou sem fôlego, as palavras acendendo um fogo em seu peito. Uma declaração tão ousada, tão pública, era tudo o que ela havia desejado em segredo.O amor de Brad, agora seria tão inegável quanto a lua no céu noturno.—Será que está acontecendo de verdade? —murmurou para o quarto vazio, com um sorriso nos lábios.Seu reflexo no espelho retribuiu o gesto, com os olhos cheios de possibilidades.Em um surto de excitação, Yara se levantou da beirada da ca