Henrique já estava aflito por não ter notícias de Nicolas, as únicas chamadas que haviam em seu celular era as ligações de seu pai e de Sofia, que parecia não entender o que significativa a frase "Me deixe em paz". Em relação ao seu pai, o conhecia o suficiente para saber que ele tomaria uma atitude em sua ausência. No momento não estava com cabeça para resolver problema de paternidade, por isso, o apoiaria independente da decisão que ele tomasse.
Uma manhã, ele recebe a ligação de Kleber e atende de imediato, esperando ser boas notícias.— Oi Kleber.— Acho que você precisa saber de uma coisa, eu não sei o que aconteceu, mas Camila tirou alguns dias de licença e viajou as pressas.— Para onde ela foi? — Henrique pergunta preocupado— Eu não sei. A única coisa que eu sei é que hoje pela manhã ela recebeu uma ligação, mas saiu do quarto antes de atender. Quando voltou já estava falando com a empresa, pedindo alguns dias de licença. ElaHenrique olha a sua volta, a sensação de abandono era uma coisa que ele nunca pensou sentir, mas ali estava ele se sentindo um cachorro que caiu do caminhão de mudança. Ele se senta em uma cadeira e recosta a cabeça na parede, estava se sentindo cansado e esgotado. Aos 32 anos se sentia um homem fracassado e destruido, se sentia culpado por acreditar que Nicolas estivesse naquela condição pelo que havia feito. Henrique permanece ali sentado e sozinho por mais de uma hora, e já cansado de esperar alguém aparecer para lhe dar notícias de Nicolas, ele vai até a recepção pedir informações, mas pouco descobre, apenas que Jade estava com ele. Por saber que de nada adiantaria permanecer ali com uma mala, ele faz uma pesquisa rápida e descobre um hotel perto do hospital. Sem perder tempo, vai até lá e depois de deixar a sua bagagem, volta para o hospital, encontrando Camila e Sebastian sentados onde ele estava antes. Ele se aproxima, mas permanece em silêncio, assim como eles est
Com os batimentos cardíacos acelerados Henrique se aproxima nervoso. — O que aconteceu? — Nicolas não está reagindo, ele não está reagindo — Jade responde entre lágrimas, com muito medo do pior acontecer — A culpa é sua, o meu filho esta assim por sua culpa — Jade vai até Henrique — Você se apresentou a ele como pai, e não agiu como um, o deixou pensando que não gostava dele por não ter voltado. O meu filho nem sabia ter um pai, pois você estava muito ocupado cuidando... — Ela prefere não continuar, mas sente a mesma raiva que sentiu quando o encontrou no corredor da maternidade e, com muita raiva ela o agride — Você é um crápula, um filha da puta que destruiu a minha vida, você me trocou por uma vadia, uma piranha qualquer e com ela criou uma filha que nem era sua. Veja só a ironia do destino, enquanto você estava cuidando da filha de outro, você não pode ver o seu filho nascer, não pode ver ele engatinhar e nem dar os primeiros passinhos, não pode ouvir ele fal
Ao ver uma enfermeira procurando por Jade, Henrique vai até ela preocupado. — O que aconteceu? — Nicolas não para de chorar e achamos melhor chamar a mãe para tentar acalmá-lo. — Ela deve estar na cantina, eu irei chamá-la. Quando Sebastian sai, a enfermeira olha para Henrique que parecia abatido e ela por saber ter sido ele o doador de sangue por ser o pai, pensou que a aparência abatida fosse por causa da preocupação com o filho doente. — O senhor não quer vê-lo, ele também chama pelo pai — Ao ouvir aquilo, Henrique sente o coração se aquecer com a possibilidade de se aproximar do filho. — Eu posso? — Talvez estivesse cometendo um outro erro, mas ele queria muito ver Nicolas. — É claro, vamos! Quando eles entram no quarto, Nicolas chorava agarrado a uma girafa de pelúcia. — Eu não achei a mamãe, mas veja quem estava do lado de fora do quarto esperando notícias suas — Nicolas olha para H
Jade tinha aproveitado a companhia dos amigos para poder fazer um lanche antes de voltar para o quarto, ela não tinha almoçado, por isso, além de lanchar, ela comprou biscoitos para deixar na bolsa. Quando ela está voltando para o quarto encontra duas pessoas que nunca imaginou encontrar ali, Jaime e Lurdes, os pais de Henrique. Ao vê-la parada os olhando, o casal corre até ela, que continua parada, sem reação. — Onde está o meu neto? Onde está o meu netinho? — Lurdes pergunta já em lágrimas — Como ele está? Me diga que ele está melhor. — O que vocês estão fazendo aqui? — Jade não consegue dizer outra coisa, sem querer acreditar que Henrique tenha os chamado. — Henrique disse que Nicolas está precisando de sangue, por isso viemos — Jaime se explica, demonstrando preocupação. — Como vocês podem ter certeza que o meu filho é neto de vocês? — Jade pergunta friamente. — Conhecemos o seu caráter, e mesmo que eu não concorde e
Ao chegar no quarto, Jade descobre que os pais de Henrique já tinham ido embora e ela se sente aliviada, não estava com disposição de enfrentar o interrogatório de Lurdes, com certeza iria lhe fazer tantas perguntas que a deixaria com a cabeça doendo, e talvez no final ainda quisesse lhe dizer o que deveria fazer. Dar ordens era a coisa que mais gostava de fazer. — Trouxe um lanche para você — Jade põe em cima da mesa que havia no quarto — Se continuar nessa posição, sentirá dor nas costas, deixa eu ajeitar ele — Jade percebe a preocupação de Henrique para que Nicolas não acordasse — Não se preocupe, ele não irá acordar. Com cuidado Jade ajeita Nicolas na cama, mas diferente do que havia imaginado, Nicolas abre os olhos, e chama pelo pai, que na mesma hora se aproxima dele. — Eu estou aqui filho. — Mamãe... — Nicolas sussurra fechando novamente os olhos — Shi, shi, shi... dorme bebê, dorme. — Isso é o suficiente para Nicolas volta
Jade ainda estava no mesmo banco, perdida em seus pensamentos quando Henrique senta ao seu lado. Ela prefere não dizer nada, não perderia seu tempo discutindo com ele. Jade tenta enxugar as lágrimas disfarçadamente para que ele não visse que estava chorando, mas ela não conseguiu disfarçar o suficiente para Henrique não perceber. Henrique quando a vê ali sentada sozinha e chorando sabe ser ele é o motivo das lágrimas, por isso vai até ela e senta-se ao seu lado, esperando que ela diga alguma coisa, mesmo que fosse gritar com ele, mas ela não diz nada. — Se eu pudesse voltar atrás, não cometeria o mesmo erro, eu juro. — Henrique, se Eduarda fosse a sua filha, você estaria aqui? — Jade pergunta por acreditar que ele estava abatido por descobrir não ser o pai da filha que registrou. — Sim, eu estaria — Ele não estava mentindo — E teria ficado ao seu lado se tivesse me dito sobre a gravidez. Eu te procurei por meses... — Eu não quero f
Ao voltar para o hospital, Jade encontra Henrique andando de um lado para o outro no quarto, nitidamente nervoso. Nicolas continuava dormindo. — Jade, eu já estava preocupado. — Não havia motivos, eu estava com um amigo. — Com Sebastian? — Você não o conhece, mas eu realmente precisava estar com ele hoje — Jade entra no banheiro e Henrique fica pensando quem seria esse amigo, seria um namorado? Ao voltar para o quarto, Jade vestia um conjunto de moletom, e estava com os cabelos soltos. Henrique permanecia de pé, e ao vê-la sair do banheiro a olha, mas não diz nada. Era estranho, ele pensa, estavam no mesmo ambiente, mas era como se fossem duas pessoas desconhecidas. Antes, viviam sorrindo um para o outro e não conseguiam se manter distantes, estavam sempre abraçados como se não fossem capazes de se manterem distantes. Mas ele conseguiu destruir o amor que existia entre eles. — Eu vou descansar um pouco, se não se importa
Como eles esperavam que Nicolas pudesse ter alta, Jade pediu a Henrique que pedisse aos pais para ter um pouco mais de paciência, assim eles o visitariam quando ele ja estivesse em casa, e assim aconteceu. O restante do tratamento poderia ser feito em casa com a medicação certa e uma alimentação adequada. Camila e sebastian foram embora depois de deixarem Jade em casa na companhia de Henrique. O pior havia passado, Nicolas estava bem e Jade não estava mais sozinha, e eles também precisavam voltar as suas atividades. — Se precisar de mim, e só gritar — Camila abraça a amiga se despedindo. — Obrigada por sempre estar do meu lado — Jade agradece com o coração agradecido. — Você nunca estará sozinha, tenha certeza disso. — E não se esqueça que também tem a mim — Sebastian abraça Jade lhe beijando a testa. Sebastian era muito alto e Jade só o alcançava quando estava de salto altíssimo. — Obrigada e me desculpe por fazer você