Camilla ScottSinto a mão de Benjamin apertando a minha e algumas vozes um pouco mais alteradas, enquanto a minha mente estava em desespero por não fazer a mínima ideia de como farei com quatro crianças. Abro os olhos lentamente, ainda ouvindo as batidas ritmadas dos meus filhos, e encontro o par de olhos fixos em meu rosto.— Está tudo bem? — Ele me pergunta.Mas em vez de responder, começo a rir, olhando da minha barriga que ainda estava com a médica, deslizando o sensor e fazendo algumas medidas. Volto a olhar para meu Bispo que parecia tão perdido como eu estava, e as quatro manchinhas na tela chamam a minha atenção enquanto tento controlar a risada sem sentido.— Não… — Nego com a cabeça quando meu marido refaz a sua pergunta.— Calma, tudo vai dar certo! — Olho para o homem com quase o dobro da minha idade.Como ele imagina que estou psicologicamente bem? Não sei nem cuidar de mim, quem dirá de outras quatro crianças.— Quatro? — Pergunto, esperando que a médica desmentisse o que
Benjamin ScottMinha cabeça está agora preocupada em como manterei a segurança em torno de Camilla, sei que assim que voltarmos ela insistirá na ideia de fazer a faculdade. O que não me importo, acho que até será bom para ela passar um tempo fora de casa.Mesmo que o ciúme de saber que ela possa ter contato com outros homens, como o idiota que a tocou no dia que a trouxe para casa. Puxo uma respiração mais forte apenas pela recordação em visualizar aquela cena.Posso não ser o homem mais experiente do mundo, mas conheço muito bem o olhar de cobiça que um homem tem por uma mulher e aquele enviado do inferno é um homem que desejo ter a minha diabinha em sua cama.Havia acabado de sair da mansão e tinha ao meu lado Oliver, que parecia mais estressado que o normal.— O que houve? — Pergunto curioso.— Sophia quer dar um nome de cachorro para o nosso bebê! — Ele diz e começo a rir.Ainda não havia dito aos meus primos que esperava quatro crianças de uma única vez.— Por curiosidade, qual é
Benjamin ScottPousamos na capital de Honduras, Tegucigalpa. Uma cidade até que grande e com uma infraestrutura de cidade de pequeno porte. Vimos que a cidade estava se reerguendo depois da última tempestade tropical que a cidade enfrentou.Algo que estávamos infelizmente suscetíveis a presenciar.— A previsão diz que os ventos podem alcançar mais de cem quilômetros… — Oliver fala com Victor.Aquilo estava começando a me preocupar, precisamos ser rápidos e voltar o mais rápido possível para casa, não posso permitir que aquela mulher chegue perto da minha mulher e dos meus filhos tão indefesos.— Fique calmo, não podemos fazer nada até que resolvamos tudo aqui! — Oliver diz.Estávamos ainda sentados na aeronave, esperando que o jatinho que iria trazer Raul Carrillo pousasse. Já havíamos reservado um hotel que fica perto da costa, o que nos deixará ainda mais perto da maldita ilha que serve de esconderijo para os chineses e seus negócios tão sujos.Sentados um de frente para o outro, te
Camilla ScottVer o meu marido sair de casa para ir à sua primeira missão, sendo que ele não teve treinamento desde a sua infância, a não ser o básico com Victor, meu pai e seus primos e tio.Aquilo está me deixando aflita e já havia comentado até mesmo com a Carol. Que tentou me tranquilizar e pediria a Henrique que ele providenciasse algo.— Calma, tudo vai correr bem! — Ouço Miley me puxando para dentro de casa.Sophia estava tão calada como estava, sei que para ela estar na posição de esposa que precisa ficar para trás enquanto o marido se arrisca para proteger alguém é angustiante. Também estava me sentindo assim, não que não confiasse em Victor ou em Oliver, mas porque sei que meu bispo não tem destreza em várias coisas.— Sim… — Sophia diz, enroscando o seu braço no meu e nos guiando para a cozinha. — Agora me conte como foi o seu exame.Só então lembro que não havia contado para ninguém além de quem estava em casa mais cedo.Sentamos onde estava até ainda pouco, com Benjamin me
Camilla ScottEstava sentada no sofá da grande sala, com os olhos fixos na TV que exibia a previsão de tempo nos países latinos que estão sofrendo com toda aquela destruição que a tempestade estava causando.Já havia chorado e tinha as minhas amigas ao meu lado, ela estava tentando me acalmar. Mas sentia algo dentro de mim que estava me deixando ansiosa. Via os jornalistas informando que a tempestade mudou de classificação e passou a ser considerada um furacão, precisamente um F-4.Com o celular em meu colo, via as preocupações de Leticia, o grupo das filhas e noras de Carol, preocupadas comigo. Mas nesse momento não tinha nada para falar com nenhuma delas.Minhas orações estavam em meu marido, no pai dos meus filhos. Ele tem que voltar para mim, precisa sobreviver a essa loucura que estava acontecendo nesse momento.Olho para o celular que chegava mais uma notificação e vejo a mensagem que não queria.Carol: Não se preocupe, estamos todos pedindo a Allah que ele volte para você! Tenha
Benjamin ScottNos dividimos nos vários carros e Victor estava ao meu lado, ouvia todos os seus conselhos enquanto o motorista nos levava para as docas onde está o porto que Raul subornou para ter uma lancha à nossa disposição.Mas, agora, olhando para o tempo que estava cada vez pior, acredito que deveríamos deixar a nossa missão para amanhã, quando essa tempestade estiver longe de nossas cabeças.— Ouviu o que eu disse? — Victor chama a minha atenção.— Claro que sim, primeiro a automática, os pentes dela e somente depois a pistola! — Afirmo, respirando fundo.— O que está te incomodando? — Sua pergunta me faz olhar para fora.Posso ver muitas coisas voando sobre o nosso carro e algumas coisas caindo ao nosso redor. O motorista que estava nos levando estava se desviando com destreza e seguia de perto o carro onde estava o Raul com os seus homens.— Não se preocupe, é apenas uma tempestade! — Oliver começa a dizer.Reviro os olhos, porque já sabemos que estamos enfrentando um furacão
Benjamin ScottEsforço o meu corpo para pelo menos manter a cabeça para fora da água que estava fria e agitada pelos ventos que não paravam ao meu redor. Sinto os impactos das ondas sobre meus ombros e a força da água me puxando para o fundo. Para o lugar escuro onde sinto algo se prendendo em meus pés.Por mais que batesse meus pés e me impulsionasse para cima, sentia que não saia do lugar e lembrei de todo o equipamento que estava carregando. Comecei a me livrar de tudo e já começava a sentir os meus pulmões queimando pela falta de ar, estava me afogando.Me concentro e empurro o meu nervosismo para a casa do caralho e volto a nadar para cima assim que deixo todo aquele equipamento para trás, ficando apenas de calça jeans e sapato. Torcendo que, quando minha cabeça esteja para fora, não seja atingida por outra onda.— Benjamin? — Ouço Raul me chamando.Olho para todos os lados e não consigo ver nada, nado contra algumas ondas que me puxam e arremessam contra o enorme paredão de rocha
Camilla ScottA voz tranquila da Carolina é a única coisa que posso ouvir. Estava deitada em minha cama, depois que recebi notícia de que Benjamin sumiu no meio da tempestade. Sentir o cheiro do meu marido em meio aos nossos lençóis é a única coisa que está me acalmando.Passamos a madrugada toda aguardando notícias de Oliver e, quando ele nos disse que realmente não encontraram nenhum dos dois corpos, o meu mundo ruiu.Cai desmaiada e fui amparada pela família que estava ao meu lado e, ao mesmo tempo, desolada pela perda de um deles. Sentia a mão de Sophia abraçada ao meu corpo enquanto a mão de Carolina estava em meus cabelos.— Não me interessa, Henrique, mova terra e céu e encontre o Benjamin, não aceito uma filha minha viúva…Ela tinha uma voz firme, ainda me agarrando na mesma esperança que ela e Sebastian tinham naquele momento.“Sem corpo, não há morte”Uma frase fria ao ser dita em outro momento, mas agora ela é a única coisa que está me sustentando, ver no olhar de todos a me