Agradeço a cada uma que acompanhou o livro, que vibrou, torceu, enlouqueceu, me xingou e mesmo assim se manteve firme enquanto escrevia essa história que começou como uma brincadeira minha com um amigo e que fiz dela uma das minhas histórias mais longas. Obrigada a cada uma de vocês!
Camilla ScottO restaurante para onde ele nos trouxe fica escondido entre os prédios da cidade, pequeno e acolhedor, com janelas grandes que ofereciam uma vista perfeita da neve caindo do lado de fora. As velas sobre as mesas lançavam sombras suaves nas paredes, criando uma atmosfera íntima que parecia ter sido feita sob medida para nós dois.Sentamos em uma mesa no canto mais reservado, longe de olhares curiosos que nos olhavam com um pouco de medo ao perceber que estava ao meu lado. Benjamin parecia diferente esta noite, ele estava mais relaxado, quase despreocupado, talvez a nossa diversão no carro tenha surtido o efeito que desejava. O observava enquanto ele tirava o casaco e ajeitava o cabelo de um jeito casual que me fazia esquecer como respirar.Durante o jantar, conversamos sobre coisas simples: como a neve sempre o fazia lembrar dos invernos da sua infância, as últimas notícias da fábrica de uísque e até mesmo sobre o livro que estava lendo. Mas havia algo na maneira como ele
Giorgia ScottO primeiro dia na universidade deveria ser sobre liberdade, independência e novas oportunidades. Mas, para mim, era apenas mais uma extensão do controle sufocante dos meus pais. Benjamin e Camilla Scott, ícones de força e influência, não conseguiam aceitar que eu podia cuidar de mim mesma.Então, aqui estou eu, caminhando pelo campus com dois brutamontes me seguindo como sombras inconvenientes.Respiro fundo, tentando ignorar a sensação de ser vigiada, mas a cada passo deles ouvia ecoar como um lembrete irritante de que, na mente dos meus pais, eu sou um alvo ambulante para qualquer um que deseje o poder de meu pai.— Relaxe, Giorgia, é só o primeiro dia — murmuro para mim mesma, ajustando a alça da mochila no ombro.Enquanto atravesso o corredor do prédio de engenharia, olho para o mapa do campus no celular, tentando me localizar. Foi nesse momento que aconteceu. Esbarrei em alguém com força suficiente para quase perder o equilíbrio. Livros e papéis caíram no chão, e eu
Raul CarrilloOs dias recentes haviam sido uma espiral de caos. Ching nos colocou em um jogo cruel, um tabuleiro de decisões impossíveis, e agora o som do alerta ecoava pelos corredores como o toque de um sino de guerra. Enquanto me preparava para o que vinha a seguir, observei meu amigo se aproximar. Ele estava pronto para partir, mas algo em seu olhar mostrava que ele sabia exatamente o que estava deixando para trás.Eu sabia que deveria me concentrar na missão, mas minha mente era uma mistura de planos, medos e desejos. Cada vez que eu pensava nela, sentia como se o chão firme sob meus pés vacilasse. Não era apenas por ela. Era pelos pais dela. Pela promessa que fiz, silenciosa, a mim mesmo: trazê-los de volta vivos. Eu precisava garantir a segurança deles para que, quando tudo isso acabasse, ela pudesse olhar para mim com algo mais do que desconfiança ou dívida.Benjamin parou à minha frente, o olhar firme, a mão estendida para um aperto que parecia dizer mais do que qualquer pala
Raul CarrilloO porto surgia à nossa frente como uma fera adormecida. Era um labirinto de contêineres empilhados, guindastes enferrujados e sombras que pareciam se mover ao ritmo do vento. O cheiro de sal misturado com óleo era sufocante, mas meus sentidos estavam em alerta total. Cada ruído, cada movimento parecia uma pista.— Setores A e B limpos. Sem sinal de Ching ou qualquer atividade recente — informou o rádio.Respirei fundo, tentando manter a calma. Ele estava aqui, eu sabia disso. Ching não teria tempo de escapar tão rápido. Seu plano era se esconder até que um navio estivesse pronto para levá-lo. Ele era calculista, mas eu o conhecia bem o suficiente para saber que, quando encurralado, podia cometer erros.— Dividam-se em duplas. Verifiquem cada canto. Quero cada entrada e saída bloqueada. — Minhas ordens saíram automáticas, como se meu corpo estivesse no controle enquanto minha mente vagava.Ching havia nos destruído de tantas maneiras que eu nem sabia por onde começar a co
Raul CarrilloNa sala de interrogatório, Ching estava sentado, algemado a uma cadeira de metal. Seu rosto estava cansado, mas ele sorria. Era um sorriso que eu odiava, um sorriso de alguém que acreditava ainda ter controle.— Então, você finalmente decidiu se juntar a nós? — ele disse com sarcasmo, me encarando enquanto eu entrava.Ignorei. Peguei uma cadeira e me sentei à sua frente.— Você sabe como isso vai acabar, Ching. Está em suas mãos decidir o quão difícil vai ser.Ele inclinou a cabeça, o sorriso desaparecendo lentamente.— Eu já contei aos seus homens o que eles queriam saber. Mas você, Raul… você parece querer algo mais.— Quero saber tudo. Quem está por trás de você, por que fez isso? Onde estão os pais de Xuan? E quero agora.Ele riu, mas dessa vez foi uma risada amarga.— Você acha que sou o único problema aqui? Há pessoas muito maiores do que eu nesse jogo, Carrillo. Pessoas que você nem imagina. Sou apenas uma peça.— Talvez. Mas você é a peça que temos agora. Então,
Benjamin ScottO dia amanheceu com a temperatura fresca, o que me deixou radiante para a cerimônia que estava para realizar. A primavera chegou trazendo suas flores e o aroma refrescante que vinha do Central Park e com elas um casamento para ser celebrado em nossa igreja. Sou o bispo mais novo de nosso país, fui ordenado há três anos e agora com meus trinta e nove anos começo a ver o quanto venho sendo abençoado pela graça divina.Levanto de minha cama simples e ergo o olhar para a cruz de madeira que estava no meio da parede de frente minha cama. Uma decoração simples compõe o meu quarto na casa paroquial, sorrio agradecido por mais um dia na vocação que há muito custo consegui concluir. Olhando diretamente para a cruz de madeira me ajoelho e início as minhas preces matinais, pedindo misericórdia pelos pecados da minha comunidade e sem deixar de pedir que todos eles continuem complacente.Termino a minha oração e começo a me arrumar para realizar o casamento mai esperado e cheio de c
Benjamin ScottFecho os olhos apreciando o meu próprio toque em minha ereção, algo que não faço há muito tempo. Tento seguir todos os votos que fiz quando entrei para o sacerdócio e o fato de nesse momento ter sentido desejo pela mulher dos olhos tão azuis como o céu e sua pele tão branca como se fosse uma linda nuvem, me deixa assustado.Aperto a minha ereção antes que a porta se abrindo me assuste. Viro na direção a porta e tento solto a batina para poder esconder a minha nudez de quem quer que tenha entrado no meu gabinete sem ao menos ter batido na porta.— Posso resolver esse problema! — Sua voz suave combina muito bem para o seu rosto angelical.— Não necessito de ajuda e gostaria que saísse do meu gabinete antes que acabe morto por tê-la aqui comigo sozinha! — Digo constrangido e preocupado com todos os outros convidados que estão lá fora.— Me chamo Camilla Coppola e estou aqui para pedir algo a você e pelo que percebo minha presença o… — Ela diz e se aproxima de mim. — O afet
Benjamin ScottAntes que pudesse me afastar e ir em direção ao Cardeal Antony e se tiver sorte depois de ter cometido o pecado que está fazendo com que a minha pele nesse momento queime como se já fosse um cativo do inferno.— Bispo Scott? — Ouço a mãe do noivo me chamando!Viro em sua direção sem muita vontade de ter que conversar com qualquer um deles naquele momento, quero ir apenas até onde o homem que me criou estar.— Senhora Carter! — Tento ser sucinto para perceber a pressa que estou.— Gostaria que estivesse no salão de festas mais tarde, minha mãe deseja trocar algumas palavras com o senhor, vou deixar um carro a sua disposição… — Ela diz e começo a negar com a cabeça. — Acho que não é sensato negar a um pedido de Carolina Alcântara Al-Makki.Ela diz e sinto um arrepio ao ouvir aquele nome, o mesmo que atormentou a minha vida por muitos anos.— Estarei lá, preciso apenas me despedir de meu pai, agora se me der licença, espero ainda o encontrar com vida. — Sem medo dou as cos