04 - Camilla Coppola

Camilla Coppola

Ouvir o mesmo discurso que o meu pai vem proferindo nos últimos três meses chega a me enjoar. Não quero ser obrigada a casar com um lunático por poder, sei que esse russo quer apenas usar o meu sobrenome para fortalecer alianças antigas.

— Camilla não adianta discutir, a decisão está tomada! — Meu pai esbraveja batendo a mão na mesa que assusta a todos. — Qual a dificuldade de ser obediente?

Mantenho a cabeça erguida sem perder o foco em meu olhar, não tenho medo de meu pai e tenho certeza que ele sabe o quão são tão psicopata como a minha irmã Letícia a nossa diferença é que não faço questão de nada disso.

Na verdade, queria apenas ter uma vida tranquila, quem sabe encontrar uma pessoa que me fizesse descobrir o que é o amor e criar uma família tranquila ao meu lado. Respiro fundo depois de sustentar o olhar irritado do meu pai.

— Tudo bem, quando me encontrar morta em alguma vala, não diga que não avisei! — Digo bufando de raiva, viro de costas para meu pai.

— Menina afrontosa, pensa que está falando com quem? — Ele grita e arremessa o cinzeiro de cristal que espatifa aos meus pés.

— Sou sua filha, mas pelo que vejo, não passo de uma moeda de troca! — Digo por cima dos ombros e não espero para ouvir os seus gritos.

Saio daquele escritório sabendo que a minha vida em casa vai se tornar um inferno até que me case com Oleg Volkov e ele se torne o meu próprio torturador, ou no pior dos casos o meu executor.

Caminho para fora de casa e vou em direção a único lugar que me traz conforto e tranquilidade, algo que não tenho mais em família desde que minha mãe se foi. Essa m*****a doença a levou de uma forma horrenda. Ela sentia dores a cada minuto do dia, a ponto dela implorar que meu pai desse um fim a esse tormento.

Entro na estufa de orquídeas que ela sempre amou e cuidou como se estivesse cuidando de mim e de Letícia. Sento no primeiro banquinho puxando as pernas para cima e abraço minhas pernas, solto um suspiro e deito a minha cabeça sobre os joelhos e decido conversar com o espírito de minha mãe.

— Oh, mamãe, por que papai se tornou nesse homem que não se importa com a felicidade da filha? — Pergunto olhando para o conjunto de orquídeas bem cuidadas.

Fecho os olhos para tentar ouvir a sua voz. Sinto tantas saudades da mulher que mesmo sabendo do terrível destino das filhas cuidou para que não sofresse antes da hora e pior ainda que não nos fossemos dadas a qualquer idiota.

Minha irmã teve sorte, quando o seu noivo foi escolhido nossa mãe ainda estava lúcida e deu a sua opinião sobre o noivo, mas para mim…

Tudo cooperava para o meu trágico fim, meu casamento já estava marcado para daqui a seis meses, teríamos apenas que ir participar do casamento do filho do líder da alta cúpula da máfia, Leon Carter estava se casando com Ella Walker, uma garota que entrou no nosso mundo e sem treinamento algum mostrou o seu valor para todos esses homens que subestimam o poder de uma mulher.

Desde a minha última discussão com meu pai se passou quase duas semanas e estava ansiosa para ter um dia de patricinha pelas suas da badalada Nova York. Somente eu e minha irmã mais velha, sei que ela está ansiosa para comprar coisas para usar nas suas núpcias.

— Precisa de parar com essas brigas com o papai. — Minha irmã diz quando entramos de carro na Quinta Avenida.

— Que ele me transforme em uma freira, mas não me case com Oleg… — Reclamo e vejo o meu segurança me olhando pelo espelho. — Vamos ficar aqui. — Digo com firmeza.

Não os quero ouvindo as minhas lamúrias, já basta Letícia não ser tão assim do meu lado. Os nossos seguranças param o carro e descemos com eles logo atrás da gente.

— Duvido que nosso pai faça isso, mas tenho certeza que enquanto você continuar batendo nessa tecla, ele manterá a sua palavra com os Volkov. — Pela primeira vez vejo a minha irmã realmente preocupada com a situação.

— Ele é um psicopata, soube que ele matou uma vadia apenas por que os dentes dela roçaram em seu pau! — Digo sentindo um cala frio.

Sinto a mão de Letícia em meus ombros e naquele momento de cumplicidade entre irmãs, sei que ela vai me apoiar se fizer qualquer loucura. Naquele da seguimos com os planos de fazer compras e mesmo que já tivesse decidido o vestido que usaria no casamento decido comprar outro com um ar mais primaveril.

Meu pai havia solicitado um andar inteiro para a nossa família e sabia que ele não ficaria no hotel durante a semana do casamento, ele iria se divertir nas boates da família Carter que foram reservados apenas para os convidados. O que me deixou mais tranquila para aproveitar o dia e a noite sozinha sem nenhuma preocupação.

Na cerimônia já havia arrumado meu cabelo e a maquiagem discreta, faltava apenas colocar o vestido e ir em direção à igreja. Que se tornou um martírio ao dar de cara com Oleg assim que entrei de braços dados com Letícia que estava compartilhando comigo as cenas da nossa série favorita.

— Bom dia, senhorita Coppola! — Viro em direção a quem referiu o meu nome.

O homem que não devia ser mais alto que meu pai estava ali de olhos fixos em mim, loiro dos olhos azuis, sem barba e com um sorrisinho convencido. Senti um reboliço em meu estômago apenas com a aproximação.

— Bom dia! — Digo e viro de costas para continuar a andar.

— Camilla! — Minha irmã diz.

— Cala a boca e anda… — Peço e passo por nosso pai rebocando a minha irmã.

Sei que meu pai vai me engolir por isso, mas não estou nem aí. Caminho para a frente da igreja, sei que há lugares vagos por lá e quero ficar o mais longe possível do meu pai e principalmente daquele idiota com quem estou sendo obrigada a casar.

Assim que nos sentamos sinto várias pessoas olhando para a minha direção, sinto um pouco de vergonha então percebo que eles olhavam para o homem de batina que passou próximo a mim e que homem lindo um puro desperdiço para estar usando uma roupa daquela. Mantenho os meus olhos fixos nele e por um segundo os nossos olhares se conectam. Então percebo que o afetei.

Então o plano passa por minha cabeça, se me entregar a ele ou a qualquer outro meu pai não poderá mais me casar com aquele russo assassino.

Troco de lugar com a minha irmã e fico satisfeita quando vejo o Bispo saindo do altar e indo em direção confessionário não muito longe de mim.

— Leticia? — Chamo a minha irmã que me olha preocupada. — Preciso ir ao banheiro, minha menstruação acabou de descer…

Finjo um olhar desesperada e levanto do banco.

— Tudo bem, acho que ali é um banheiro, quer que vá com você? — Nego com a cabeça.

— Não, segura o meu lugar aí do seu lado! — Digo naturalmente.

E o que acontece no gabinete no Bispo é algo tão inesperado que fico sem fala e impressionada com a forma como ele me beijou, sentia o desespero para tirar tudo de mim assim como o cuidado por saber que essa era a minha primeira experiência.

E é claro que ele não aceitou a minha oferta, o que me frustrou. Queria muito que ele fosse um desses devotos que não cumprem com o celibato e por um minuto cheguei a pensar que seria. Irritada voltei para o meu lugar e sentei ao lado da minha irmã, menti para ela e começamos a prestar atenção na cerimônia que foi linda.

Assistimos à união de um casal que lutou muito para conseguir ficar juntos, espero um dia ter um casamento dessa forma, que o meu noivo olhe para mim como Leon olha para a sua Ella, a mulher que com certeza faz dele de gato e sapato.

— Quer ir comigo, ou prefere ir com o seu futuro noivo? — Minha irmã diz e aponta em uma direção discretamente.

— Camilla, deixei que você vá com o Oleg, ele pediu para conversar a sós com você! — Via o meu pai sorrindo de orelha a orelha.

— Eu ia com a Letícia… — Começo a dizer e Oleg se põe ao meu lado.

Olho para o meu pai e o vejo estreitar os olhos, sei muito bem que aqui não é o melhor lugar para uma cena.

— Vamos querida! — Oleg diz.

Caminho e passo pelo Bispo que conversava com a senhora Carter e suspiro irritada por estar de braços dados com esse idiota. Saímos da igreja e em pouco minutos estávamos entrando em uma SUV escura. Oleg abre a porta e me ajuda a entrar no carro.

Assim que ele senta ao meu lado ele se vira em minha direção.

— Finalmente a sós bambina… — Ele diz em meu idioma o que não me agrada em nada.

Agora é aturar o que esse homem quer de mim, que Deus tenha misericórdia.

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