Eu não conseguia levantar meu corpo do chão. Tom veio até mim, pegando-me e me levando para a cama:
- Filho da puta, desgraçado... – eu disse tentando bater nele.
- Eu vou explicar, gatinha. Mas não agora... Você não entenderia.
Levantei e apontei o dedo para ele:
- Eu vou embora...
- Hoje você não tem condições de sair daqui. Amanhã, sóbria, você toma alguma decisão.
- Eu odeio você.
Ele me encarou e disse seriamente:
- Você não vai embora.
- Não é essa a resposta... Quando eu digo que odeio você...
- E qual seria?
- Esqueci... Você não é o senhor perfeito. – eu ri. – Ele só existe aqui. – apontei para minha cabeça.
Tom veio até mim e tirou meu sapato e depois meu vestido. Pegou meu corpo amolecid
- Lamento não ter podido trazer todas as minhas coisas. – falei sentando na poltrona que me era designada no avião.Tom sentou ao meu lado:- Você compra tudo lá, gatinha.- E se ficarmos mais tempo do que esperamos?- Você compra ainda mais. – ele sorriu.- Bobo.Deitei minha cabeça no ombro dele:- Tom, promete que não vai me deixar sozinha lá logo que chegarmos?- Prometo.- Quero conhecer pessoas antes. Sabe que odeio ficar sozinha.- Vamos ficar inicialmente na casa do meu sócio. Ele fez questão.- Que homem bondoso. – observei.- Moraremos na Villa, que eles chamam. É o local onde moram os funcionários. Eu até sugeri ficarmos num quarto no próprio resort ou num mais simples. Mas ele disse que quer que nos sintamos acolhidos e felizes. Eu gosto dele.- Já conhecia este
Arrumei-me cuidadosamente para o jantar. E resgatei meu perfume da adolescência, a fim de despertar qualquer lembrança que fosse em Nicolas. Usei um vestido leve, mas de qualidade e sandálias de salto alto. Deixei meus cabelos bem penteados e soltos.- É só um jantar íntimo, gatinha. – disse Tom quando me viu pronta.Ele usava jeans preto e camiseta azul lisa e justa, mostrando seu peito musculoso.- De onde você tirou este perfume? – ele perguntou. – Não lembro de você usá-lo.- Mas eu usava... Na adolescência. – falei abrindo a porta ansiosa.Andamos até o final do corredor. Havia várias portas naquele andar, provavelmente quartos. Descemos as escadas, que acabava na sala de íntima. Havia uma garota conversando com Nicolas. Ela estava sentada ao lado dele e os dois riam animadamente. Assim que chegamos, os dois levantaram:
- Bem, eu vou para a sala de Juliet, ver se está de acordo com o que ela necessita e merece. – disse Tom saindo.- Como ele se preocupa com você... Tem sorte de ter um marido assim. – observou Nicolas ironicamente enquanto ia atrás de mim.A minha sala era um pouco menor que de Nicolas. Também tinha a parede do fundo envidraçada, com a visão da praia perfeita. Uma mesa de tamanho adequado, cadeira confortável e duas poltronas. Uma estante, um computador, telefone...- O que achou, gatinha? – perguntou Tom me olhando.- Quero a mesa na lateral. Gostaria de trabalhar olhando o mar. – falei.- Mas achei que você detestava praia. Nunca quis ir...- Eu nunca disse que não gostava... Só que não queria ir. – falei tentando me explicar, afinal, Nicolas ainda estava ali.Tom virou a mesa de posição, mostrando sua força
- Éramos jovens... Dizíamos coisas que não faziam sentido. – ele disse.- Então também poderíamos fazer coisas que não faziam sentido. E ser perdoados.- Certas coisas não merecem perdão.- Eu só tinha 20 anos...- Quer que eu volte seis anos atrás como se nada tivesse acontecido?- Não... Só quero que você diga que não me odeia.- Eu não odeio você.- Obrigada... É importante para mim.- Mas também não a amo mais.Ele saiu, indo de encontro a namorada que ele insistia em dizer que era amiga. Deixou-me ali, com vontade de chorar, sair correndo. Senti que uma lágrima iria escorrer pelos meus olhos e fui até o banheiro. Estava ocupado. Esperei um bom tempo e nada. A lágrima já havia escorrido... Sequei com meu dedo. Não queria que ninguém m
Na manhã seguinte acordei cedo. Não havia trabalho, por ser final de semana. O que eu faria? Tom estaria péssimo e pediria desculpas de todas as formas possíveis. E eu já estava farta.Tomei um banho quente e fui até a pequena sacada que havia no quarto. Estava tudo tranquilo na Villa. Acho que quase ninguém havia acordado ainda. Coloquei uma roupa simples. Passaria o dia no quarto.Alguém bateu na porta. Era a empregada:- Senhora Panetiere, seu marido pediu que lhe entregasse isso. – ela me entregou um envelope. – E o senhor Welling à espera para o café da manhã.Senti meu coração bater forte. Nicolas me esperava para o café da manhã? Por que diabos ele queria me ver?- Por favor, poderia não me chamar de senhora Panetiere? Não sou esposa de Tom.- Me desculpe...- Me chame de Juliet, por favor. Eu prefi
Eu achei que Nicolas estava me chamando para um jantar a dois, como foi no café da manhã. Mas não. Era um jantar a três e com um único intuito: me ferir.Um dos empregados trouxe alguns drinques, entre eles pina colada. Peguei dois copos, um em cada mão.- Medo de ficar sem? – Joana perguntou, servido-se de uma taça de espumante enquanto me observava.Sorvi todo o líquido do primeiro copo de uma vez. Fazia muito tempo que eu não tomava pina colada. Trazia-me gosto da adolescência e eu voltava no tempo, no Manhattan Bar, quando a vida era só diversão, dar beijos na boca e não se preocupar com nada além do garoto que eu iria agarrar naquela noite.- Agora não mais. Só tenho um copo. – observei.- Pega leve, Juliet. – avisou Nicolas. – Não há ninguém para ajudá-la depois.Tomei o outro
Retirei minha roupa molhada, coloquei uma camisola rendada sexy e um resto do perfume do frasco que eu ainda usava na adolescência. Estava saindo quando o celular tocou. Era Tom. Não atendi. Eu estava decidida a acabar tudo quando ele voltasse. Eu não queria mais aquele relacionamento que não fazia bem a mim nem a ele. Eu não o amava. E além de ele usar cocaína, mesmo eu implorando que não fizesse, bebendo, levando uma vida sem nenhum tipo de compromisso a não ser se divertir com pessoas que mal conhecíamos, eu tinha quase certeza de que ele me traía nas viagens, embora eu não tivesse provas. Eu não daria o troco... Porque Nicolas não era uma vingança... Nicolas era o amor da minha vida inteira. Não ficar com ele era algo completamente impossível.Eu coloquei o telefone no silencioso e sai, abrindo a porta do quarto de Nicolas. Ouvi o barulho do chuveiro ligad
Comer comida gordurosa e refrigerante fazia mal para o meu corpo, mas muito bem para minha alma. Trazia gosto da adolescência, de papo com as amigas, de uma época onde a única obrigação era ser feliz. E por que hoje não era mais minha obrigação ser feliz? Eu tinha só 26 anos. Nunca era tarde para procurar a felicidade. E eu botei na minha cabeça que minha felicidade era Nicolas. Mas talvez não fosse. Minha felicidade não precisa estar em alguém... Ela poderia estar em mim mesma.Eduardo era divertido. Enquanto comíamos conversamos sobre assuntos agradáveis, como a vida dele, parte da minha (que só contei sobre as coisas que eu fazia na adolescência). Depois que pedi outro hambúrguer e comi inteiro, ele perguntou, rindo:- Há quanto temo você não comia?- Muitos anos, Edu. – falei tristemente. – Acredita que o