Rafaela foi até a casa de Marília no dia seguinte, estava se consumindo de vontade de saber as novidades. Elas não moram relativamente próximas, mas sempre que podia ela estava ali para baterem um bom papo.– E aí, me conta o que aconteceu? Ontem sua voz parecia diferente e achei até um pouco tensa.– Foram tantas coisas, meu chefe como sempre tornando minha vida um inferno naquele restaurante. Acho que nunca tive um patrão pior do que ele!– Se eu fosse você já teria pedido demissão desse lugar, Marília, aquele homem não aceita que você não o quer!– Não posso ficar desempregada. Rafa eu moro de aluguel. E mais, quando eu estava indo para o trabalho, um imbecil me deu um banho com o esbarrão do carro em uma poça de lama. Cheguei feito um periquito molhado, levei uma bronca do mala sem alça e logo chegaram uns clientes.– E?– Tinha um cara e uma menina de uns oito anos em uma mesa, eu fui ser gentil e acabei sendo forçada a me sentar com eles para agradar à menina! O homem era um pas
MaríliaDe repente tudo ficou bem claro para mim… uma dor de cabeça fazia minha visão ficar turva, Deus, eu estou na casa do bonitão e isso é real. Ele é um criminoso, eu me lembro do que disseram e de como o chamaram Hades… será que ele me matará pelo que eu ouvi?Deixa de ser maluca, não posso entrar nessa roubada e tenho que fugir dessa casa antes que ele me mate e se livre do meu corpo. Esse filme eu já vi e não quero que encontrem meu corpo dentro da lata de lixo… levantei-me da cama, fui até o banheiro do quarto e que lugar lindo e bem decorado.Tomei um banho demorado, mesmo com pressa de sair eu tinha que tirar o cheiro puro de etanol, não sei quanto vou ter um chuveiro desses a minha disposição. Lavei meus cabelos para ficar mais desperta, me vesti e ia descer as escadas para sair da casa de fininho.– Parada!Paralisei antes de descer o primeiro degrau e levantei as mãos feito uma bandida, era a pestinha filha dele.– Oi! – Me virei com cara de boba certamente e ela sorriu.
Rafaela esperou o dia seguinte para tentar pedir desculpas para Marília, achava que assim de cabeça mais fria, as duas poderia se entender. Se sentia culpada por tê-la deixado sozinha, sabia o quanto a amiga prezava por sua honra e a havia abandonado sozinha na primeira oportunidade que teve.Bateu na porta e a jovem atendeu ainda com a escova de dentes na boca e vestida de pijama...– Por favor, me desculpa! – Ela implorou com lágrimas no olhar.Marília ficou revoltada ao vê-la em sua porta tão cedo.– Me desculpa? Rafaela você não tem noção do que fez. Como pode sair assim tranquilamente e me largar com dois homens em um bar?– Eu fui idiota, me perdoa… por favor.– Sai da minha casa, por gentileza… me presenteie com a sua ausência. Em outro momento podemos conversar, mas não agora!Marília fechou a porta, mesmo que um dia possa desculpar pelo que a amiga fez… havia sido demais deixá-la daquela forma e coisas horríveis poderiam ter acontecido se não fosse a intervenção de Vinícius.
Marília não se importou com o aviso e muito menos, levou a sério a mensagem de Vinícius. Não podia ficar pensando nisso o tempo todo e com medo de tudo e todos… eram muitas coisas em sua mente e agora ter que lidar com o filho insuportável do patrão, estava lhe tirando o sono. Foi para a sala, nenhum programa na televisão prendia sua atenção ou conseguia distraí-la, ficou de um lado para o outro apenas tentando encontrar uma saída para seus problemas.Já havia se submetido a empregos com chefes terríveis para se manter, mas nenhum deles envolvia se atrevido a manter tanto aproximação e um assédio descarado.MaríliaNão sei o que tem acontecido comigo, eu procuro uma saída e não encontro, tantos problemas e agora mais esse e justo no trabalho. Preciso manter o foco e conseguir suportar o que está acontecendo, não posso ficar sem esse emprego e tenho que engolir tudo isso sem reclamar… ela olhou mensagens em suas redes sociais, mas não havia nada de importante.Tomou um banho quente par
Marília acordou bem cedo como sempre fazia, vestiu-se e foi direto para o ponto de ônibus partir em direção ao trabalho. Foi pensando no que o filho do patrão poderia ter dito, claro que sua recusa não o deixou nada feliz.Chegando lá, foi surpreendida por más notícias.– Pegue suas coisas e não volte mais, você está oficialmente demitida!Ela ficou sem chão, ficar sem trabalho era terrivelmente preocupante para alguém que não tinha nenhum apoio financeiro. Marília apenas podia procurar outro trabalho, naquela mesma manhã ela saiu para procurar algo, caminhou pelo centro da cidade até seus pés criarem bolhas dolorosas. Odiava a ideia de ter sido prejudicada por recusar um flerte, se sentiu diminuída e muito revoltada com a situação.– Deus, me ajude a achar alguma coisa! – Ela encostou-se um momento para descansar, com o jornal do dia nas mãos.MaríliaVoltei para casa, não posso me deixar abater por causa disso, apesar de que a vontade de sair desesperada é enorme. Cedo ou tarde, vai
Marília começou a trabalhar na casa de Vinícius mesmo contra sua vontade, não tinha outra alternativa a não ser ceder a imposição daquele homem poderoso. A raiva por ter sua vida manipulada a estava deixando cega, não queria descontar tudo na garota e fazer um mau serviço.Arrumou sua bolsa, passou um suave batom nos lábios e mandou uma mensagem para Rafaela dizendo que iria começar no trabalho e pediu que a desejasse muita sorte: ela iria precisar.A jovem chegou na casa grande e a garota correu para os braços dela... Marília tinha que manter o sorriso, afinal a menina não tinha culpa de o pai ser tão autoritário com ela.Yasmin estava adorando ter uma companhia feminina e estava cada vez mais empolgada em ter alguém com quem conversar. Naquela mansão ela tinha muito luxo, mas apenas isso e fazia falta para ela ter uma amiga, Marília ficou encantada com as coisas belas que ela tinha e seu material escolar muito provavelmente custava o valor de um mês de seu aluguel.– Eu não gosto de
MaríliaAcordei e tomei um banho para ir ao trabalho, espero que Vinícius já tenha saído de casa para que não me veja chegar e descarregue todo o seu estresse em mim. Acho que ele deveria trocar de trabalho comigo por um dia e com direito a um patrão tão exigente e mandão quanto ele.Entrei no ônibus sem muita empolgação e cheguei na casa grande, assim que uma das empregadas abriu a porta para mim a cara dele… foi a primeira coisa que vi e ele não parecia nada contente em me ver. Eu também não estava disposta a dar nenhuma desculpa, simplesmente fui para minha casa por que me deu vontade!– Por que não fez o que eu te mandei fazer? Custava tanto assim pernoitar aqui?Ele agia como se fosse a coisa mais simples do mundo querer me manipular dessa forma.– Eu… eu...– Não quero ouvir sua voz, apenas trate de fazer o seu trabalho e nunca mais se atreva a desafiar as minhas ordens!Ele sempre desconta as frustrações em mim e pelo visto ele estava muito descontente com alguma outra coisa, i
No dia seguinte, Marília acordou bem cedo, resolveu ir para casa e lavar algumas roupas. Na casa grande ela não tinha liberdade para fazer essas coisas, sentia falta de casa e de sua privacidade. Não quis pedir carona ao motorista de Vinícius, afinal, ela era uma empregada assim como ele.– Vai sair dona Marília?– Sim, mas não se preocupe, eu vou de ônibus!Ele estranhou que a moça que podia usufruir de regalias não estava aproveitando isso, as empregadas já comentavam sobre ela e o patrão, mas aquela atitude demonstrava o oposto. Ele nunca quis mostrar qualquer sinal de vulnerabilidade, estar ali já era o bastante.Marília entrou em um ônibus lotado, percorreu trinta minutos e chegando lá, teve uma grande surpresa ao ver boa parte das suas coisas sendo retiradas da casa e colocadas do lado de fora, correndo o risco de serem danificadas caso chovesse. O medo tomou conta dela, não podia pensar que o que ela tanto temia estava acontecendo.– Espere, por que estão retirando minhas coisa