Marília acordou bem cedo como sempre fazia, vestiu-se e foi direto para o ponto de ônibus partir em direção ao trabalho. Foi pensando no que o filho do patrão poderia ter dito, claro que sua recusa não o deixou nada feliz.
Chegando lá, foi surpreendida por más notícias.– Pegue suas coisas e não volte mais, você está oficialmente demitida!Ela ficou sem chão, ficar sem trabalho era terrivelmente preocupante para alguém que não tinha nenhum apoio financeiro. Marília apenas podia procurar outro trabalho, naquela mesma manhã ela saiu para procurar algo, caminhou pelo centro da cidade até seus pés criarem bolhas dolorosas. Odiava a ideia de ter sido prejudicada por recusar um flerte, se sentiu diminuída e muito revoltada com a situação.– Deus, me ajude a achar alguma coisa! – Ela encostou-se um momento para descansar, com o jornal do dia nas mãos.MaríliaVoltei para casa, não posso me deixar abater por causa disso, apesar de que a vontade de sair desesperada é enorme. Cedo ou tarde, vai aparecer alguma coisa para mim, ter sido mandada embora dessa forma foi muito estranho e constrangedor, sequer vi Diogo ou me disseram o que ele relatou sobre a noite passada. Então se ele não falou, por que me mandaram embora?Tenho que parar de pensar no passado, vou esquecer essa droga de restaurante e procurar algo melhor. Talvez tenha sido um grande livramento terem me mandado embora de lá.Tomei um banho, olhei meu celular e pela janela contei as estrelas sem ter muito o que fazer. Fui dormir muito cansada, e a partir do dia seguinte eu comecei a sair para procurar trabalho diariamente e nunca voltava para casa antes das 19:00, mas tudo estava difícil… uma semana passou e nada.[...]Marília estava muito ansiosa e não dormia direito, seu pensamento estava direcionado as preocupações sobre a situação de desemprego atual dela. Sem ter apoio de ninguém, ela não poderia ficar sem seu salário por muito tempo ou chegaria a passar necessidade. Não queria pedir dinheiro emprestado para as amigas ou ter que pegar um empréstimo no banco. Muito menos recorrer à avó que vivia longe dela e tinha uma saúde frágil.Até que finalmente e quando menos esperava, ela recebeu uma mensagem do gerente do restaurante onde trabalhou, era um pedido para que a jovem voltasse imediatamente ao trabalho e ela mal podia acreditar que teria de volta o que perdeu.– Deus, obrigada!Não era a oportunidade dos seus sonhos, o trabalho como garçonete era desgastante e ela sabia bem disso, mas não estava em condições de recusar nada.MaríliaVoltar para o restaurante não me pareceu má ideia, já conheço todos e sei fazer o trabalho. Tudo é uma questão de me mostrar sempre tolerante com tudo e todos para que não me mandem embora de novo, não vou desperdiçar essa oportunidade que a vida está me dando.Espero não encontrar Diogo ou outro que seja como ele, não sei sequer se terei a mesma vaga de antes. Não importa! Está decidido e eu voltarei a trabalhar lá, se algum dia a vida me sorrir com outra chance, aí, sim, eu irei![...]Ela foi imediatamente até lá e falou com o gerente que estava esperando por ela, feliz e empolgada ela tratou de assinar os documentos de readmissão, mas sentiu que deveria perguntar algumas coisas, mesmo depois de já ter concordado com tudo. Era uma nova contratação, mesmo que em um estabelecimento que ela já conhecia e onde já sabiam como era o seu trabalho.– Eu achei que o senhor Adalberto, jamais te permitiria me chamar para o trabalho de novo.O gerente a olhou surpreso, achou que ela já sabia sobre as mudanças que haviam ocorrido após sua saída do emprego. Já que ela não estava a par da situação, ele iria esclarecer tudo antes que ela começasse no trabalho.– Mas não foi ele Marília, e sim o novo dono que me pediu para te chamar novamente... Vinícius Vargas e o outro sobrenome dele eu não me lembro. Ele é o dono do restaurante agora!A expressão de alegria de Marília cedeu lugar a fúria, ela quase jogou os documentos sobre a mesa e levantou-se.– Que palhaçada é essa? Esse cara só pode estar me zoando!– Espera Marília, aonde você vai?– Procurar um emprego droga!Ela saiu furiosa, Marília voltou para casa revoltada com o que tinha escutado, era um tremendo absurdo Vinícius ter comprado aquele restaurante e ela jamais aceitaria trabalhar para ele. Ela estava lavando as louças para poder jogar as panelas com toda a força e raiva que estava sentindo, quando tocaram a campainha de sua casa.Olá! – Ela prontamente reconheceu o dono da casa onde morava, já era inquilina dele a alguns anos e felizmente sempre pode arcar com os gastos.– Marília, eu vim para receber o dinheiro do aluguel deste mês, você já está com vinte dias de atraso.[...]Ela ficou constrangida e nunca havia passado por uma situação como aquela, era uma das mais pontuais com o pagamento.– Me perdoe senhor, estou a procura de trabalho e prometo que ainda essa semana eu vou dar um jeito e levo o seu dinheiro. O senhor sabe que sempre fui uma boa inquilina, só estou passando por um momento complicado e peço apenas um pouco de paciência!– Eu sei filha, mas eu realmente preciso muito do dinheiro e estarei esperando.Ela ficou ainda mais angustiada e ansiosa para conseguir um emprego, havia deixado seu currículo em alguns lugares e esperava por alguma ligação, o telefone tocou e ela correu para atender.– Eu falo com a senhora Marília?– Sim, sou eu mesma. – Seu coração encheu-se de esperança mais uma vez.– Somos de uma agência e queremos marcar uma entrevista com a senhorita para uma vaga de babá, adianto a você que a remuneração é ótima.Marília quase pulou do sofá, seria maravilhoso cuidar de crianças e ela sempre gostou disso.– Sim, sim, senhor, eu tenho interesse por essa vaga!Ela achou inteligente mandar seu currículo antes mesmo de conversar pessoalmente, ela mandou o arquivo de seu currículo em P*F e em menos de três segundos a resposta veio.– O emprego é seu se quiser!– Eu vou, estarei aí amanhã mesmo. – Ela deu mais um pulo de alegria do sofá, estava aliviada em não ter que fazer mais dívidas para se manter.MaríliaDeus ouviu as minhas preces e muito mais do que eu poderia imaginar, o salário seria ótimo e cuidar de uma criança não seria nada complicado a se fazer, dormi até mais leve e no dia seguinte, levantei-me animada para o meu primeiro dia de trabalho.Peguei o endereço e fui até o local combinado, levei um susto ao ver que a casa era justamente de Vinícius.– Só pode ser uma piada de mal gosto, o que raios você quer de mim? – Eu me virar para ir embora sem sequer falar tudo o que eu penso para ele, mas acabamos esbarrando.– Fico feliz que você tenha vindo bem cedo para cuidar da Yasmin!– Eu não sabia que era você o contratante, estou indo para casa… se não aceitei ficar no restaurante, não aceitarei ficar aqui também.Vinícius segurou meu braço e nos olhamos de repente.– Paradinha aí Marília, lembre-se de que antes de saber quem era o novo dono… você assinou a readmissão no restaurante. Ou seja, temos um contrato e você é minha empregada oficialmente.– Mas eu não aceito trabalhar para você, simples assim! – Eu gritei, ele sorriu ironicamente.– Está certo, para rescindir o contrato, basta que você pague um milhão de reais para mim.– Isso é jogo sujo, que espécie de contrato maluco é esse, que me força a pagar tão caro assim?– Ora… que você assinou garota hoje mesmo, agora entre e comece seu primeiro dia de trabalho com um sorriso no rosto.Minha vontade era de depenar esse frango de terno e gravata, entrei naquela casa com uma vontade imensa de sumir dali. Ele me acompanhou até o quarto da menina, deu um beijo no rosto dela e me olhou.– Aqui está sua tão sonhada babá, sei que Marília vai cuidar muito bem de você!Ele passou por mim para sair do quarto, passou a mão em uma mecha do meu cabelo, dei uma olhada matadora nos olhos dele.– Que filho da p...– Falou alguma coisa? – A garota perguntou, sabendo bem do que Yasmin é capaz, achei melhor desconversar. – Nada, eu pedi para que você me mostre suas bonecas!Brincando com aquela garotinha, minha cabeça estava distante, quer dizer… nem tão distante assim. Porque Vinícius não saia da minha mente, mesmo ele sendo um completo insuportável e controlador.– Por que você está triste?– Por nada, Yasmin, por que não vamos até o jardim da casa um pouco?Marília e a menina estavam se dando bem, ela não entendia por estava nutrindo sentimentos por um homem que só a queria como babá de seu filho e a tratava sempre com tanto desprezo e arrogância.Marília começou a trabalhar na casa de Vinícius mesmo contra sua vontade, não tinha outra alternativa a não ser ceder a imposição daquele homem poderoso. A raiva por ter sua vida manipulada a estava deixando cega, não queria descontar tudo na garota e fazer um mau serviço.Arrumou sua bolsa, passou um suave batom nos lábios e mandou uma mensagem para Rafaela dizendo que iria começar no trabalho e pediu que a desejasse muita sorte: ela iria precisar.A jovem chegou na casa grande e a garota correu para os braços dela... Marília tinha que manter o sorriso, afinal a menina não tinha culpa de o pai ser tão autoritário com ela.Yasmin estava adorando ter uma companhia feminina e estava cada vez mais empolgada em ter alguém com quem conversar. Naquela mansão ela tinha muito luxo, mas apenas isso e fazia falta para ela ter uma amiga, Marília ficou encantada com as coisas belas que ela tinha e seu material escolar muito provavelmente custava o valor de um mês de seu aluguel.– Eu não gosto de
MaríliaAcordei e tomei um banho para ir ao trabalho, espero que Vinícius já tenha saído de casa para que não me veja chegar e descarregue todo o seu estresse em mim. Acho que ele deveria trocar de trabalho comigo por um dia e com direito a um patrão tão exigente e mandão quanto ele.Entrei no ônibus sem muita empolgação e cheguei na casa grande, assim que uma das empregadas abriu a porta para mim a cara dele… foi a primeira coisa que vi e ele não parecia nada contente em me ver. Eu também não estava disposta a dar nenhuma desculpa, simplesmente fui para minha casa por que me deu vontade!– Por que não fez o que eu te mandei fazer? Custava tanto assim pernoitar aqui?Ele agia como se fosse a coisa mais simples do mundo querer me manipular dessa forma.– Eu… eu...– Não quero ouvir sua voz, apenas trate de fazer o seu trabalho e nunca mais se atreva a desafiar as minhas ordens!Ele sempre desconta as frustrações em mim e pelo visto ele estava muito descontente com alguma outra coisa, i
No dia seguinte, Marília acordou bem cedo, resolveu ir para casa e lavar algumas roupas. Na casa grande ela não tinha liberdade para fazer essas coisas, sentia falta de casa e de sua privacidade. Não quis pedir carona ao motorista de Vinícius, afinal, ela era uma empregada assim como ele.– Vai sair dona Marília?– Sim, mas não se preocupe, eu vou de ônibus!Ele estranhou que a moça que podia usufruir de regalias não estava aproveitando isso, as empregadas já comentavam sobre ela e o patrão, mas aquela atitude demonstrava o oposto. Ele nunca quis mostrar qualquer sinal de vulnerabilidade, estar ali já era o bastante.Marília entrou em um ônibus lotado, percorreu trinta minutos e chegando lá, teve uma grande surpresa ao ver boa parte das suas coisas sendo retiradas da casa e colocadas do lado de fora, correndo o risco de serem danificadas caso chovesse. O medo tomou conta dela, não podia pensar que o que ela tanto temia estava acontecendo.– Espere, por que estão retirando minhas coisa
Marília se adaptou a viver na casa de Vinícius mesmo contra sua vontade, no dia seguinte como havia prometido a empresa de mudanças trouxe as coisas dela para a mansão. Ela arrumou tudo o que coube no quarto de hóspedes e o que não deu para ficar ali, foi guardado na despensa daquela enorme casa que agora era seu lar também.Alguns dias passaram, e Vinícius chegou do trabalho com um sorriso enigmático. Isso deixou a jovem muito mais preocupada do que antes.– Quero falar com você Marília e a sós!Ela arregalou os olhos, Yasmin foi para seu quarto deixando-os sozinhos na sala de estar, ela queria mais é que os dois se aproximassem e tivessem uma relação. Ele segurava uma caixa de tamanho médio e ela ficou muito curiosa com o que poderia ser aquilo...– Eu trouxe isso para você. – Ela achou estranho, mas foi até ele e pegou o pacote, abrindo-o delicadamente e com muita curiosidade.Era um lindo vestido de cor vermelha muito elegante, de bom gosto e tecido de cetim fino.– Por que está m
MaríliaApós ouvir o que eu havia dito no fracasso da minha noite com o patrão e dos problemas com o meu aluguel. O despejo repentino que me forçou a morar na casa do patrão e satisfazer as vontades da filha dele, até Rafaela percebeu quantas coisas estranhas e repentinas tem mudado a minha vida nos últimos dias e tudo me leva em direção a ele e seus mistérios.– Eu acho tudo isso muito estranho Marília, mas também acho que você deve esquecer esse cara e essa noite fracassada.– Eu não sei o que fazer e a minha cabeça não está ajudando nem um pouquinho!– Mas eu, sim, já volto e não se mexa.Forcei um sorriso e Rafaela foi até a cozinha, acabou voltando de lá com duas garrafas de vinho na mão e algumas taças.– Ficou maluca, acha que a essa hora da madrugada eu vou sair bebendo feito uma maluca com você? – Eu perguntei olhando a expressão tranquila dela.– Nada disso, essa sua revolta aí contra o patrão bonitão só vai passar com um bom porre, pense bem, Marília… é só uma diversão entr
No dia seguinte, Marília acordou com dor de cabeça e olhou ao seu lado... Vinícius já não estava na cama. Tentou se lembrar exatamente do que havia acontecido na noite anterior, mas vinham apenas alguns flashs em sua mente, lembrou-se da festa e de ter saído muito triste com o que aquela mulher havia dito para ela. Pensou na saída repentina de dentro do carro de Vinícius e que havia ido até à casa de Rafaela… lembrou-se das garrafas de vinho e tudo depois parecia desconexo, como estar nos braços dele e em seu carro.– Ele me salvou, outra vez. Não foi um sonho maluco… foi verdade!Lembrou-se de senti o cheiro dele, depois sentir o macio da cama sob seu corpo e o toque dele abraçando-a por trás, seu braço forte e pesado sobre sua cintura.Ela se levantou e tomou um banho demorado e lavou os cabelos para ficar mais desperta, quando havia terminado de secar os cabelos... Yasmin bateu na porta de seu quarto.– Eu preciso falar com você mamãe, posso entrar agora!– Entre Yasmin.A garotinh
Marília estava tentando se adaptar a situação, mas não se sentia à vontade. Ela se queixava repetidas vezes de que viver naquela mansão a deixava triste e intimidada, Rafaela pensou sobre isso por muitas vezes em seu trabalho e não podia permitir que aquela situação continuasse.Certo dia, Marília saiu com Rafaela e as duas passaram a conversar sobre o assunto que tanto a incomodava.– Você já conseguiu alguma casa para alugar?– Nada ainda Rafa, não sei o que pensar..., mas acho que a vida está me dando todos os dias uma rasteira maior que a outra.– Eu já disse que você pode ficar na minha casa, vamos Marília. Não quero te ver triste assim, não é hora para ter orgulho… exceto se algo mais te mantenha na casa dele. Ninguém é obrigado a dormir no trabalho se não quiser!MaríliaEu me sinto envergonhada em viver na casa de Vinícius e essa situação já passou da hora de terminar, seria muito menos constrangedor para mim, dever um favor para Rafaela do que para ele. Eu decidi aceitar e me
Bruno empurrou Marília e ela acabou caindo sobre o sofá e ele veio para cima dela ainda tentando tocá-la de maneira íntima. Ela dava tudo de si para evitá-lo e continuou lutando por sua honra.– Já chega, por favor! – Marília gritou, nesse momento, Vinícius entrou na casa e o arrancou de cima dela com todas as forças, o jogou no chão e começou a bater nele.O homem que estava com Rafaela veio devido aos gritos e viu Bruno sendo espancado por Vinícius e tentou salvá-lo, sendo inutilmente agredido também vários socos e as duas gritavam por ajuda.– Já chega Vinícius, chega de violência. – Marília pediu para ele, que por um momento desviou o olhar para ela e Bruno aproveitou a chance e fugiu para fora desesperado.– A festa acabou, vão embora agora mesmo daqui! – Vinícius gritou mandando todos para fora da casa.Os que ainda estavam ali saíram correndo para fora, os capangas de Vinícius pegaram Bruno do lado de fora e não permitiram que ele fugisse.MaríliaO olhar de Vinícius ao sair da