Capítulo 6

Marília acordou bem cedo como sempre fazia, vestiu-se e foi direto para o ponto de ônibus partir em direção ao trabalho. Foi pensando no que o filho do patrão poderia ter dito, claro que sua recusa não o deixou nada feliz.

Chegando lá, foi surpreendida por más notícias.

– Pegue suas coisas e não volte mais, você está oficialmente demitida!

Ela ficou sem chão, ficar sem trabalho era terrivelmente preocupante para alguém que não tinha nenhum apoio financeiro. Marília apenas podia procurar outro trabalho, naquela mesma manhã ela saiu para procurar algo, caminhou pelo centro da cidade até seus pés criarem bolhas dolorosas. Odiava a ideia de ter sido prejudicada por recusar um flerte, se sentiu diminuída e muito revoltada com a situação.

– Deus, me ajude a achar alguma coisa! – Ela encostou-se um momento para descansar, com o jornal do dia nas mãos.

Marília

Voltei para casa, não posso me deixar abater por causa disso, apesar de que a vontade de sair desesperada é enorme. Cedo ou tarde, vai aparecer alguma coisa para mim, ter sido mandada embora dessa forma foi muito estranho e constrangedor, sequer vi Diogo ou me disseram o que ele relatou sobre a noite passada. Então se ele não falou, por que me mandaram embora?

Tenho que parar de pensar no passado, vou esquecer essa droga de restaurante e procurar algo melhor. Talvez tenha sido um grande livramento terem me mandado embora de lá.

Tomei um banho, olhei meu celular e pela janela contei as estrelas sem ter muito o que fazer. Fui dormir muito cansada, e a partir do dia seguinte eu comecei a sair para procurar trabalho diariamente e nunca voltava para casa antes das 19:00, mas tudo estava difícil… uma semana passou e nada.

[...]

Marília estava muito ansiosa e não dormia direito, seu pensamento estava direcionado as preocupações sobre a situação de desemprego atual dela. Sem ter apoio de ninguém, ela não poderia ficar sem seu salário por muito tempo ou chegaria a passar necessidade. Não queria pedir dinheiro emprestado para as amigas ou ter que pegar um empréstimo no banco. Muito menos recorrer à avó que vivia longe dela e tinha uma saúde frágil.

Até que finalmente e quando menos esperava, ela recebeu uma mensagem do gerente do restaurante onde trabalhou, era um pedido para que a jovem voltasse imediatamente ao trabalho e ela mal podia acreditar que teria de volta o que perdeu.

– Deus, obrigada!

Não era a oportunidade dos seus sonhos, o trabalho como garçonete era desgastante e ela sabia bem disso, mas não estava em condições de recusar nada.

Marília

Voltar para o restaurante não me pareceu má ideia, já conheço todos e sei fazer o trabalho. Tudo é uma questão de me mostrar sempre tolerante com tudo e todos para que não me mandem embora de novo, não vou desperdiçar essa oportunidade que a vida está me dando.

Espero não encontrar Diogo ou outro que seja como ele, não sei sequer se terei a mesma vaga de antes. Não importa! Está decidido e eu voltarei a trabalhar lá, se algum dia a vida me sorrir com outra chance, aí, sim, eu irei!

[...]

Ela foi imediatamente até lá e falou com o gerente que estava esperando por ela, feliz e empolgada ela tratou de assinar os documentos de readmissão, mas sentiu que deveria perguntar algumas coisas, mesmo depois de já ter concordado com tudo. Era uma nova contratação, mesmo que em um estabelecimento que ela já conhecia e onde já sabiam como era o seu trabalho.

– Eu achei que o senhor Adalberto, jamais te permitiria me chamar para o trabalho de novo.

O gerente a olhou surpreso, achou que ela já sabia sobre as mudanças que haviam ocorrido após sua saída do emprego. Já que ela não estava a par da situação, ele iria esclarecer tudo antes que ela começasse no trabalho.

– Mas não foi ele Marília, e sim o novo dono que me pediu para te chamar novamente... Vinícius Vargas e o outro sobrenome dele eu não me lembro. Ele é o dono do restaurante agora!

A expressão de alegria de Marília cedeu lugar a fúria, ela quase jogou os documentos sobre a mesa e levantou-se.

– Que palhaçada é essa? Esse cara só pode estar me zoando!

– Espera Marília, aonde você vai?

– Procurar um emprego droga!

Ela saiu furiosa, Marília voltou para casa revoltada com o que tinha escutado, era um tremendo absurdo Vinícius ter comprado aquele restaurante e ela jamais aceitaria trabalhar para ele. Ela estava lavando as louças para poder jogar as panelas com toda a força e raiva que estava sentindo, quando tocaram a campainha de sua casa.

Olá! – Ela prontamente reconheceu o dono da casa onde morava, já era inquilina dele a alguns anos e felizmente sempre pode arcar com os gastos.

– Marília, eu vim para receber o dinheiro do aluguel deste mês, você já está com vinte dias de atraso.

[...]

Ela ficou constrangida e nunca havia passado por uma situação como aquela, era uma das mais pontuais com o pagamento.

– Me perdoe senhor, estou a procura de trabalho e prometo que ainda essa semana eu vou dar um jeito e levo o seu dinheiro. O senhor sabe que sempre fui uma boa inquilina, só estou passando por um momento complicado e peço apenas um pouco de paciência!

– Eu sei filha, mas eu realmente preciso muito do dinheiro e estarei esperando.

Ela ficou ainda mais angustiada e ansiosa para conseguir um emprego, havia deixado seu currículo em alguns lugares e esperava por alguma ligação, o telefone tocou e ela correu para atender.

– Eu falo com a senhora Marília?

– Sim, sou eu mesma. – Seu coração encheu-se de esperança mais uma vez.

– Somos de uma agência e queremos marcar uma entrevista com a senhorita para uma vaga de babá, adianto a você que a remuneração é ótima.

Marília quase pulou do sofá, seria maravilhoso cuidar de crianças e ela sempre gostou disso.

– Sim, sim, senhor, eu tenho interesse por essa vaga!

Ela achou inteligente mandar seu currículo antes mesmo de conversar pessoalmente, ela mandou o arquivo de seu currículo em P*F e em menos de três segundos a resposta veio.

– O emprego é seu se quiser!

– Eu vou, estarei aí amanhã mesmo. – Ela deu mais um pulo de alegria do sofá, estava aliviada em não ter que fazer mais dívidas para se manter.

Marília

Deus ouviu as minhas preces e muito mais do que eu poderia imaginar, o salário seria ótimo e cuidar de uma criança não seria nada complicado a se fazer, dormi até mais leve e no dia seguinte, levantei-me animada para o meu primeiro dia de trabalho.

Peguei o endereço e fui até o local combinado, levei um susto ao ver que a casa era justamente de Vinícius.

– Só pode ser uma piada de mal gosto, o que raios você quer de mim? – Eu me virar para ir embora sem sequer falar tudo o que eu penso para ele, mas acabamos esbarrando.

– Fico feliz que você tenha vindo bem cedo para cuidar da Yasmin!

– Eu não sabia que era você o contratante, estou indo para casa… se não aceitei ficar no restaurante, não aceitarei ficar aqui também.

Vinícius segurou meu braço e nos olhamos de repente.

– Paradinha aí Marília, lembre-se de que antes de saber quem era o novo dono… você assinou a readmissão no restaurante. Ou seja, temos um contrato e você é minha empregada oficialmente.

– Mas eu não aceito trabalhar para você, simples assim! – Eu gritei, ele sorriu ironicamente.

– Está certo, para rescindir o contrato, basta que você pague um milhão de reais para mim.

– Isso é jogo sujo, que espécie de contrato maluco é esse, que me força a pagar tão caro assim?

– Ora… que você assinou garota hoje mesmo, agora entre e comece seu primeiro dia de trabalho com um sorriso no rosto.

Minha vontade era de depenar esse frango de terno e gravata, entrei naquela casa com uma vontade imensa de sumir dali. Ele me acompanhou até o quarto da menina, deu um beijo no rosto dela e me olhou.

– Aqui está sua tão sonhada babá, sei que Marília vai cuidar muito bem de você!

Ele passou por mim para sair do quarto, passou a mão em uma mecha do meu cabelo, dei uma olhada matadora nos olhos dele.

– Que filho da p...

– Falou alguma coisa? – A garota perguntou, sabendo bem do que Yasmin é capaz, achei melhor desconversar. – Nada, eu pedi para que você me mostre suas bonecas!

Brincando com aquela garotinha, minha cabeça estava distante, quer dizer… nem tão distante assim. Porque Vinícius não saia da minha mente, mesmo ele sendo um completo insuportável e controlador.

– Por que você está triste?

– Por nada, Yasmin, por que não vamos até o jardim da casa um pouco?

Marília e a menina estavam se dando bem, ela não entendia por estava nutrindo sentimentos por um homem que só a queria como babá de seu filho e a tratava sempre com tanto desprezo e arrogância.

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