Conversei por telefone com a senhora Albuquerque que marcou uma reunião em sua mansão para resolvermos a questão de pagamento e do que seria exigido de mim. Eram quatro da tarde quando cheguei na mansão. Ela pediu pra que um dos seus motoristas fossem me buscar no meu apartamento, talvez ela estivesse com medo que eu mudasse de ideia, não posso julgá-la porque falei tantas vezes que não aceitaria sua proposta e lá estava eu, prestes a entrar na zona perigosa. Quando passamos pelo grande portão, meu coração começou a palpitar, o trajeto foi um pouco demorado pra alguém tão ansiosa como eu estava. Nunca tinha estado antes em uma mansão como aquela tão luxuosa. Fiquei deslumbrada com tanta beleza, eles tinham até mesmo um chafariz!
— Senhorita. — o motorista disse chamando minha atenção.
Limpei uma babinha no canto da boca na manga da camisa. Encarei o senhorzinho de cabelos grisalhos, sorrindo simpática.
— Obrigada! — agradeci por ele ter aberto a porta do carro pra mim.
A governanta da mansão aguardava-me logo ao lado do carro. Como sabia que era a governanta? Simples, ela estava com um uniforme diferente dos outros empregados! Tinha uma moça jovem perto das rosas brancas que sequer notou minha presença. Com certeza, ela era parente da senhora Albuquerque, pois eram parecidas. Não sabia muita coisa sobre aquela família, somente os escândalos que saiam nos jornais. A governanta pediu para que eu a acompanhasse e assim fiz.
Caminhamos em silêncio pelo grande salão. Vi algumas faxineiras fazendo a limpeza de alguns vasos aparentemente caríssimos. Para aquele serviço não bastaria apenas uma? Perguntei-me, continuando a seguir a governanta. Gente rica tinha um gosto bem peculiar de móveis, pareciam todos antigos! Cada passo me sentia desconfortável. Não conseguia esquecer que uma fisioterapeuta levou um tiro naquele lugar, mesmo com tantos seguranças, não conseguiram evitar. Precisava de dinheiro pra comprar o colete aprova de balas, não queria meu corpo todo perfurado por causa de Theo Albuquerque!
Paramos em frente a uma das portas fechadas. Senti um arrepio pelo corpo. A governanta abriu a porta, pedindo para que eu entrasse que a senhora sua patroa aguardava-me. Era um enorme escritório! Fui recebida pela senhora Albuquerque com um aperto de mão.
— Obrigada, por aceitar finalmente minha proposta, senhorita Campos. — disse ela, formalmente. — Sente-se! Vamos conversar um pouco sobre meu filho.
Assenti, sentando em seguida no pequeno sofá de três lugares do seu escritório.
— Espero que a senhora seja bem generosa porque estou arriscando minha vida...
O que foi? Claro que tocaria primeiro no assunto do dinheiro! Afinal, a razão deu ter ido até lá era essa! Esperava que ela não fosse uma mesquinha.
— O valor do dinheiro vai depender do seu trabalho. Theo, não é um rapaz fácil de lidar. Inicialmente, pagarei dez mil reais semanais. Não vou mentir pra senhorita, ele pode ser grosseiro e insolente, fará de tudo para que desista de ajudá-lo no tratamento. Peço que em momento nenhum o chame de aleijado, por mais que ele possa lhe ofender. Como sei o gênio forte que ele tem, lhe dou carta branca para respondê-lo a altura sempre que precisar.
Ouvi com atenção sem parar de pensar nos dez mil que foram oferecidos pelos meus serviços. Dez mil reais para uns não significava nada, mas pra mim era um dinheirão da porra!
— Meu filho é sensível, embora não demonstre que seja. A depressão veio depois do acidente de moto que sofreu com um dos seus amigos. Os médicos disseram que com tratamento ele pode voltar a caminhar normalmente como antes. O difícil é convencê-lo disso, entende? Ele recusa-se a qualquer tratamento, nem mesmo os psicólogos conseguiram convencê-lo disso. Ele dorme profundamente durante a noite a custas de medicações fortes...
Não tinha como eu ficar indiferente a tudo que aquela senhora me contava sobre seu filho. Me senti uma cretina por ter pensando apenas no dinheiro.
— Senhora Albuquerque, não posso prometer um milagre, no entanto, tentarei de tudo para que seu filho volte a caminhar normalmente. Espero que ele se recupere da depressão e volte a ser quem um dia foi. — falei de todo coração. Por mais difícil que ele fosse, eu também era cabeça dura.
— Com sua ajuda, com certeza, ele ficará bem. Obrigada, senhorita campos por aceitar esse grande desafio. Quando pode começar? — perguntou demonstrando ansiedade. Vi em seus olhos azuis esperança.
— Amanhã mesmo, caso a senhora me dê um adiantamento, pois tenho dívidas para pagar. — confessei, coçando a testa e continuei. — Precisei sair da clínica por motivos pessoais...
Ela não tinha porque saber do meu pé na bunda da clínica. Fiquei com receio dela negar-se a liberar o adiantamento.
— Me passe os dados da sua conta bancária que agora mesmo faço uma transferência da metade do dinheiro. — respondeu, aliviando minhas preocupações.
Após ela transferir o dinheiro pra minha conta, foi como se um peso saísse dos meus ombros. Combinamos que no dia seguinte eu seria apresentada ao seu filho, conhecia ele apenas por fotos e revistas de fofoca. Os Albuquerque eram do ramo do petróleo, dinheiro era algo que não lhes faltava. Não gastaria dinheiro com táxi, pois ela disse que todos os dias um dos seus motoristas me buscaria no meu apartamento. Retornei pro meu lar com o mesmo motorista.
Já no meu apartamento liguei o som alto e corri pra debaixo do chuveiro. Um banho demorado e revigorante. Com pensamentos positivos saí do banheiro. Enrolei a toalha nos meus cabelos úmidos, caminhando até o closet. Uma das vantagens de morar sozinha era que poderia ficar nua que ninguém falaria nada. Coloquei roupas confortáveis, saltitando pelo quarto em seguida.
— Aí! — resmunguei ao bater o pé na perna da cadeira. — Isso dói, caralho!
Okay, não deveria ter exagerado na empolgação. Nem sabia se sobreviveria ao primeiro encontro com meu paciente no dia seguinte. Não queria ter que devolver o dinheiro se algo desse errado. Ficaria preparada para enfrentá-lo e manter meu novo trabalho fossem quais fossem as consequências.
Mal consegui dormir na noite interior com várias paranoias na cabeça. No dia seguinte, durante a manhã, me preparei para a guerra na mansão Albuquerque. Comprei um colete aprova de balas e também um spray de pimenta, esperava não ter que usá-lo no meu paciente, justo no primeiro dia. Sem meu uniforme, optei por roupas mais confortáveis, portanto, escolhi uma blusinha branca de alças e um short jeans curto com meia calça. Coloquei também um tênis branco com cadarços cinzas.Como eu queria mais informações sobre o acidente de Theo, pesquisei na Internet. Por que incomodar a senhora Albuquerque lembrando ela do acidente? Sendo que eu mesma poderia fazer minha pesquisa? Foi isso que pensei quando resolvi buscar no navegador do celular. O amigo dele precisou amputar parte do braço di
Theo AlbuquerqueEu não queria nenhum tratamento com fisioterapia, estava frustrado e não tinha porque continuar tratando a maldita lesão no meu joelho. Todos sabiam que eu não passava de um invalido manco! Um aleijado como a última fisioterapeuta havia falado. Me senti ofendido, claro, por isso acabei cometendo uma loucura ao pegar a pistola que guardava como segurança na gaveta do criado-mudo. Apenas queria calá-la das barbaridades que falava de mim, não era minha intenção realmente lhe dar um tiro.A única coisa que constantemente deixava-me ligado a vida era minha família, não queria fazê-los sofrer. Muitas vezes pensei em tirar minha vida, acabar com todo meu sofrimento, porém, era injusto com aqueles que m
Pamela CamposNo caso de estresse rotineiro um porre e uma transa com um homem gostoso resolve, com esse pensamento saí sábado à noite. Quem não fica feliz depois de alguns goles da melhor bebida alcoólica? Às vezes nem precisa ser a mais cara e sim, a intenção de perder os sentidos! Após cinco dias seguidos de muita exaustão e discussões, resolvi sair pra curtir e esquecer do meu paciente problemático. A senhora Albuquerque foi compreensiva ao entender que não conseguiria estar com seu filho todos os dias. Folgas aos sábados e domingos para descansar, foi tudo que lhe pedi.Mandei meu currículo pra algumas clínicas e não tinha recebido sequer uma ligação. A grana que os Albuquerque
Sabe quando você tem que agir naturalmente e não consegue? Exatamente, estou falando de mim! Na segunda-feira me transformei em outra mulher, usava um boné e óculos escuros. Coloquei uma jardineira preta com uma camiseta rosa de mangas longas. Optei por um par de chinelos. Com minha cabeça distante do corpo acabei esquecendo de pôr o colete aprova de balas. Entrei no carro do motorista da senhora Albuquerque com um frio na espinha. Toquei algumas vezes na alça do meu sutiã incomodada, mas não era com ele, acontece que ainda estava com meus pensamentos a mil por causa do incidente com meu paciente.Recorri a internet pra tentar descobrir se ele era ou não homossexual. Nos sites de fofocas encontrei fotos dele com mulheres diferentes em festas badaladas. Aparentemente ele não era gay. No entanto, tinha esperan&ccedi
Theo AlbuquerquePor um momento pensei que fosse capaz de sair novamente com alguma mulher, mas especificamente uma certa fisioterapeuta. Mas como chegar junto de uma mulher como ela? Não sabia, portanto, enchi o saco da minha irmãzinha até que ela me passasse o telefone de Pamela. O plano era falar por chamada de vídeo que queria conhecê-la melhor, apesar dos seus defeitos irritantes, como por exemplo, ser mandona demais! Claro que passou pela minha cabeça ela dizendo vários não de maneiras diferentes, mesmo assim quis arriscar.Ela atendeu a chamada de vídeo de um jeito que nem nos meus sonhos sonharia em tão pouco tempo. A visão que tive pareceu surreal, não consegui nem ao menos piscar os olhos. Eram um par de seios bem di
Pamela CamposApós chegar da mansão Albuquerque, convidei a Dra. Bruna para meu apartamento. Não era porque não trabalhávamos mais juntas que tínhamos que cortar laços. Preparei uma refeição simples e aguardei sua chegada. O cheiro de Theo ficou impregnado nas minhas roupas, o que me fez ter raiva por saber da sua diversão com a prostituta. Raiva por quê? Porque ele era um fingido a doente, claro! Saí dos meus devaneios quando ouvi a porta anunciando a chegada da minha convidada. Levantei a bunda do sofá e fui atender a porta.— Bruna, entra. — disse abrindo passagem para ela. — Obrigada por ter aceito meu convite em cima da hora.Ela era uma mulher incrível e nunca olhou com asco meu humilde lar. Geralmente nossos encontros eram em sua casa luxuosa, mas sempre havia exceções como aquela.— Nã
A noite anterior não foi nada mal considerando o fato de que passei a noite quase toda sendo zoada pela Dra. Bruna. No dia seguinte logo cedo fui lavar minhas calcinhas ao som de sofrência. Eu queria ter uma manhã tranquila e também me sentia inspirada para fazer alguns desenhos. Após estender minhas calcinhas para secar, abaixei o volume do som e corri na ponta dos pés até o quarto. Empolgada, sentei na cadeira de frente para a escrivaninha. Abri o caderno de desenhos, pegando o lápis.— O que vai ser hoje? — perguntei-me, pressionando o lápis nos lábios.Comecei com alguns rabiscos do que seria um vestido de inverno até ser interrompida pelo toque do meu celular. Levantei da cadeira revirando os olhos. Quando peguei meu telefone era uma ligaç
Após hospedar meu irmãozinho da maneira certa, digo ditando minhas regras claro, almoçamos em um restaurante próximo do meu apartamento, não deixei que ele passasse fome com miojo. Não queria ter que deixá-lo sozinho, mas foi preciso, não tinha porque levá-lo junto comigo para a mansão Albuquerque. A primeira coisa que queria fazer depois de chegar na mansão era procurar Anabel e pedir desculpas. Eu errei jogando minha fúria toda em cima dela, esperava que ela pudesse me desculpar. Pro look daquele dia optei por uma calça jeans e um moletom de capuz rosa. Talvez se perguntem, e o seu colete? Não coloquei até porque cão que late não morde.Durante o trajeto fiquei em silêncio. Quando desci do carro, encontrei Anabel sentada próxima ao jardim em uma cadeira de balanço. Envergonhada caminhei em sua direção.— Ol&aac