Pamela Campos
No caso de estresse rotineiro um porre e uma transa com um homem gostoso resolve, com esse pensamento saí sábado à noite. Quem não fica feliz depois de alguns goles da melhor bebida alcoólica? Às vezes nem precisa ser a mais cara e sim, a intenção de perder os sentidos! Após cinco dias seguidos de muita exaustão e discussões, resolvi sair pra curtir e esquecer do meu paciente problemático. A senhora Albuquerque foi compreensiva ao entender que não conseguiria estar com seu filho todos os dias. Folgas aos sábados e domingos para descansar, foi tudo que lhe pedi.
Mandei meu currículo pra algumas clínicas e não tinha recebido sequer uma ligação. A grana que os Albuquerque pagavam pelos meus serviços era mais do que ótima, no entanto, não valia a pena tanto esforço por Theo. Ele não ajudava nos exercícios, recusava-se a sair do quarto pra caminhar lá fora. Me sentia mal em cada discussão nossa, isso afetava nós dois pra falar a verdade. Mas por que brigávamos então? Porque não tinha um dia em que ele desse trégua!
— Barman, traz o litro! — berrei, batendo no balcão de madeira.
O som alto e as luzes piscando na balada não conseguiam tirar Theo dos meus pensamentos. Ele era tudo de ruim, seu cheiro de cachorro malcheiroso, aquela marra toda de macho alfa, tudo era horrível, claro que era! No momento que o Barman colocou a garrafa sobre o balcão, chorei levemente alcoolizada. Deitei a cabeça ali apoiando-a nos meus braços.
Quem dorme em um lugar público e com um barulho extremamente alto? Eu, obviamente! Pra completar acordei com um pesadelo, no sonho vi meu paciente passando a corda no pescoço e pulando de onde estava. Meu coração acelerou e eu quase caí da cadeira. A festa continuava a todo vapor, contudo, tudo que queria era sair de lá. Paguei por minha bebida e caminhei meio tonta pelo local. Vomitei do lado de fora da grande balada. Precisei tirar as sandálias.
Saí andando pela calçada até encontrar um Uber. O motorista simpático ajudou-me a sentar no banco do passageiro, até mesmo colocou o cinto de segurança em mim! Depois de alguns minutos chegamos finalmente no meu doce lar. Paguei pelos seus serviços e subi a escada cambaleando com as sandálias em uma das mãos.
— Faltou o sexo gostoso, droga! — resmunguei, indignada. Não era pra ter acabado daquele jeito minha noite, alcoolizada e sozinha!
Entrei no apartamento jogando longe minha bolsa e as sandálias. Cheguei até o sofá e fiquei ali mesmo, apaguei. Acordei no dia seguinte correndo até o banheiro pra vomitar no vaso sanitário. A ressaca era uma das piores coisas pra mim, a primeira delas era ficar com cólicas durante o período menstrual inteiro. Devido a minha situação, tirei minhas roupas e resolvi tomar um banho de água fria.
Domingo apenas queria sair daquele banheiro e deitar na minha cama quentinha. Após o banho escovei os dentes e saí apressada pro meu quarto. Depois de encontrar minha toalha de banho, sequei meu corpo e entrei debaixo das cobertas do jeito que vim ao mundo. Tudo estava indo conforme o planejado até que meu celular começou a tocar sem parar. A distância da sala de estar para buscá-lo era longa demais! Talvez fossem meus pais, supondo ser eles, cobri meu corpo com uma das cobertas, criando coragem de sair da cama.
— Estou chegando... — murmurei, escorregando o corpo pelo lado direito da cama. Levantei puxando um pouco a coberta pra não tropeçar nela enquanto caminhava.
Por que eles escolheram ligar tão cedo logo no domingo? Olhei pro relógio de parede assim que adentrei a sala de estar, não eram nem onze horas! Tirei o celular da minha bolsa que continuava no chão. Por costume simplesmente atendi sem me dar conta de que era uma chamada de vídeo de um número que nunca tinha visto antes. Gritei quase derrubando meu aparelho no chão quando vi quem era.
— Theo? É você, caramba! Como conseguiu meu número? Por que diabos resolveu fazer chamada de vídeo? — perguntei, nervosa. — Perdeu a fala por quê?
Não conseguia decifrar a expressão do seu rosto, mas aparentava estar surpreso ou até mesmo assustado.
— Porra, cê tá nua! To vendo seus seios! Eles são tão... minha nossa! — afirmou, virando o rosto de lado e continuou. — Não era pra você essa chamada! Errei o número, tchau!
Ele desligou a chamada na minha cara, atordoada do que tinha acontecido olhei pra baixo, a coberta estava nos meus pés. Berrei, histérica depois de me dar conta da gravidade do que tinha acontecido.
— O cachorro louco, viu meus seios! Nunca mandei nem nudez e agora aconteceu isso comigo! — comecei a chorar em pânico. — Ele viu vocês...
Toquei nos meus seios e saí correndo pro quarto envergonhada. Não acreditei na sua desculpa esfarrapada de que tinha feito a chamada de vídeo por engano. Pelo que sabia ele tinha afastado todos os amigos dele, claro que aquela chamada era pra mim. Mas o que ele queria? Nos veríamos no outro dia e nem éramos amigos.
Choraminguei constrangida por no mínimo cinco minutos. Como encararia ele no outro dia? Ele tinha visto em alta resolução meus seios na tela do seu telefone! Quis muito me enfiar dentro de um buraco e permanecer lá. Quando fiquei mais calma olhei as chamadas e ali estava seu número.
— Sou adulta e foi apenas um incidente. Claro que ele vai entender e podemos conviver numa boa depois disso, claro que sim! E daí que ele é meu paciente? Não foi o primeiro homem a ver meus seios. Não tem porque eu ficar assim, ele sequer tocou em mim, não foi nada demais, Pamela, nada demais! — disse pra mim mesma, me convencendo de que o melhor era conversar com ele.
Mandei um sms pro número e aguardei qualquer resposta que fosse, entretanto, Theo visualizou e ignorou. Em seguida mandei vários emojis de brava que ele não demorou a visualizar, ignorando também. Na hora que estava prestes a desligar o telefone recebi uma mensagem de áudio dele. Era melhor ouvir logo de uma vez, mesmo que eu não estivesse preparada pro que ouviria dele. Respirei fundo e apertei o play.
— Estou ocupado! Não vou perder meu tempo com isso! Esqueça esse assunto porque não lembro mais! — falou meio ofegante, como se estivesse exercitando-se, porém, não deixou de ser grosseiro.
Respondi seu áudio com um emoji revirando os olhos. Que reação foi aquela afinal? Meus seios eram tão insignificantes assim? Por acaso ele não era homem não? Por alguma razão fiquei ofendida. Theo Albuquerque era gay enrustido? Me questionei. Qual é, eu era uma gostosa dos seios durinhos! Nenhum homem nunca reclamou! Afastei dos meus pensamentos minhas dúvidas, até porque se ele era gay ou não, não era da minha conta.
Sabe quando você tem que agir naturalmente e não consegue? Exatamente, estou falando de mim! Na segunda-feira me transformei em outra mulher, usava um boné e óculos escuros. Coloquei uma jardineira preta com uma camiseta rosa de mangas longas. Optei por um par de chinelos. Com minha cabeça distante do corpo acabei esquecendo de pôr o colete aprova de balas. Entrei no carro do motorista da senhora Albuquerque com um frio na espinha. Toquei algumas vezes na alça do meu sutiã incomodada, mas não era com ele, acontece que ainda estava com meus pensamentos a mil por causa do incidente com meu paciente.Recorri a internet pra tentar descobrir se ele era ou não homossexual. Nos sites de fofocas encontrei fotos dele com mulheres diferentes em festas badaladas. Aparentemente ele não era gay. No entanto, tinha esperan&ccedi
Theo AlbuquerquePor um momento pensei que fosse capaz de sair novamente com alguma mulher, mas especificamente uma certa fisioterapeuta. Mas como chegar junto de uma mulher como ela? Não sabia, portanto, enchi o saco da minha irmãzinha até que ela me passasse o telefone de Pamela. O plano era falar por chamada de vídeo que queria conhecê-la melhor, apesar dos seus defeitos irritantes, como por exemplo, ser mandona demais! Claro que passou pela minha cabeça ela dizendo vários não de maneiras diferentes, mesmo assim quis arriscar.Ela atendeu a chamada de vídeo de um jeito que nem nos meus sonhos sonharia em tão pouco tempo. A visão que tive pareceu surreal, não consegui nem ao menos piscar os olhos. Eram um par de seios bem di
Pamela CamposApós chegar da mansão Albuquerque, convidei a Dra. Bruna para meu apartamento. Não era porque não trabalhávamos mais juntas que tínhamos que cortar laços. Preparei uma refeição simples e aguardei sua chegada. O cheiro de Theo ficou impregnado nas minhas roupas, o que me fez ter raiva por saber da sua diversão com a prostituta. Raiva por quê? Porque ele era um fingido a doente, claro! Saí dos meus devaneios quando ouvi a porta anunciando a chegada da minha convidada. Levantei a bunda do sofá e fui atender a porta.— Bruna, entra. — disse abrindo passagem para ela. — Obrigada por ter aceito meu convite em cima da hora.Ela era uma mulher incrível e nunca olhou com asco meu humilde lar. Geralmente nossos encontros eram em sua casa luxuosa, mas sempre havia exceções como aquela.— Nã
A noite anterior não foi nada mal considerando o fato de que passei a noite quase toda sendo zoada pela Dra. Bruna. No dia seguinte logo cedo fui lavar minhas calcinhas ao som de sofrência. Eu queria ter uma manhã tranquila e também me sentia inspirada para fazer alguns desenhos. Após estender minhas calcinhas para secar, abaixei o volume do som e corri na ponta dos pés até o quarto. Empolgada, sentei na cadeira de frente para a escrivaninha. Abri o caderno de desenhos, pegando o lápis.— O que vai ser hoje? — perguntei-me, pressionando o lápis nos lábios.Comecei com alguns rabiscos do que seria um vestido de inverno até ser interrompida pelo toque do meu celular. Levantei da cadeira revirando os olhos. Quando peguei meu telefone era uma ligaç
Após hospedar meu irmãozinho da maneira certa, digo ditando minhas regras claro, almoçamos em um restaurante próximo do meu apartamento, não deixei que ele passasse fome com miojo. Não queria ter que deixá-lo sozinho, mas foi preciso, não tinha porque levá-lo junto comigo para a mansão Albuquerque. A primeira coisa que queria fazer depois de chegar na mansão era procurar Anabel e pedir desculpas. Eu errei jogando minha fúria toda em cima dela, esperava que ela pudesse me desculpar. Pro look daquele dia optei por uma calça jeans e um moletom de capuz rosa. Talvez se perguntem, e o seu colete? Não coloquei até porque cão que late não morde.Durante o trajeto fiquei em silêncio. Quando desci do carro, encontrei Anabel sentada próxima ao jardim em uma cadeira de balanço. Envergonhada caminhei em sua direção.— Ol&aac
Theo AlbuquerqueEla merecia algo melhor, alguém que pudesse lhe trazer alegrias e ser mais do que um peso. Eu não era para ela e não forçaria nada, por mais que quisesse tê-la nos meus braços e sentir o sabor dos seus lábios, afastei-me. Sua reação com minha ação repentina não foi das melhores. E se nos beijássemos? O talvez deveria ficar nos meus pensamentos, não de fato deixar acontecer. Levantei do chão, estendi minha mão em sua direção para ajudá-la levantar do chão.— Desculpe as provocações, senhorita Pamela. — falei, torcendo que ela aceitasse minha ajuda.Com um sorriso lindo ela segurou firme minha mão. De alguma maneira aquele gesto fez meu coração acelerar e eu gostei muito disso.— Estou me acostumando às suas esquisit
Pamela CamposQuatro dias após eu quase ter desistido do tratamento de Theo, estávamos meu irmão e eu os aguardando, sim, os! Convidei Theo e Anabel para meu apartamento, pensei que seria bom ele sair um pouco de casa. Gabriel não gostou muito porque enxotei ele do sofá, obrigando-o a tomar um longo banho. Meu irmãozinho ficou de cara fechada. Era quase sete da noite. Minha ansiedade mal conseguia disfarçar, os últimos quatro dias foram de muitas emoções.Coloquei um vestido que há muito tempo não usava, um azul-claro de bolinhas brancas, um pouco acima dos joelhos e de mangas longas. Não vi porque não usá-lo, o pequeno decote era um charme a mais, embora eu não tivesse seios grandes, me sentia muito sexy nele. Não que eu quisesse seduzir alguém, não era nada disso, está bem? Apenas senti vontade de usá
De tudo que poderia acontecer para interromper um momento tão gostoso como o nosso, sequer imaginaríamos que seria por causa de Ernesto Albuquerque! Nos assustamos com uma confusão em alto e bom som para quem quisesse ouvir.— Não sente vergonha de trazer homens para nossa casa? Anabel, você é mesmo uma vadia! Ter uma filha como você me envergonha! Por que fez isso sua garota burra? Sabia que acabaria mal porque estou em casa!Engoli em seco. Ele com certeza, falava do meu irmão Gabriel. Uma das coisas mais assustadoras que poderia ter acontecido naquela noite foi ele ter chamado a própria filha de vadia. Pelo pouco que a conhecia tinha plena certeza de que não era uma. Como um pai tinha coragem de tratar a filha daquela maneira? Ele não a amava? Me questionei.Theo saiu da cama indo até o closet. Fiquei trêmula, ouvindo a discussão ficar cada vez mais violenta.