Capítulo 4

Alexia

Eu corri o mais rápido que eu pude, mas não podia muito pois eu estava de salto.

Corri até o banheiro e entrei bem rápido, tranquei a porta e me encostei nela ofegante, fui até a pia e molhei as mãos, passei sobre o pescoço e respirei o mais fundo possível, tentando me acalmar.

Sim, era ele, era o cara da Mansão.

Agora sem máscara, mostrando por completo seu rosto, seus olhos, e aquele sorriso sedutor.

Não, não Alexia, esses pensamentos não podiam estar na sua cabeça, o que aquele cara tem que te deixa assim? Você mal o conhece, você só o viu uma vez na sua vida e ele mexeu assim com a sua mente? 

Só porque ele é o tipo de cara que parece proibido, que parece inalcançável pra você, um stripper, um acompanhante de mulheres e sabe-se lá mais o que.

Só porque ele tem aqueles cabelos enormes, aquela barba que deixa ele ainda mais rústico e sexy, aquele corpo escultural e aquele tamanho todo que parece que com um abraço é capaz de eu me perder ali, não, não Alexia, esqueça isso, esqueça esse homem, esqueça tudo! Isso tem que parar agora, aqui e agora.

Eu sou noiva, amo o meu futuro marido, vamos nos casar daqui a uns meses, tudo está perfeito, nada pode atrapalhar essa felicidade, esse sonho, esse futuro que vamos construir juntos, nada, muito menos um "prostituto", sem importância nenhuma.

Me recompus e voltei pra festa pra me despedir de todos, eu queria ir pra casa.

Procurei pela Meire e advinha onde ela estava, dançando com o tal Lorenzo, se é que esse é mesmo o nome dele.

Meu Deus, todas dessa festa ficaram caidinhas por ele? É a grande novidade! E Graziela não podia estar mais orgulhosa do "troféu" dela.

Esperei um pouco e quando eles terminaram a dança, eu a chamei discretamente, e aquele descarado, não parava de olhar pra mim e dar aquele sorrisinho de lado, provocante.

— Amiga, eu já vou… eu disse a ela.

— Sério? Logo agora que era a sua vez de dançar com o gato do Lorenzo… disse ela.

— Que? Dançar? Não, não quero dançar com ninguém, só queria avisar que eu já vou… eu disse.

— Caramba, todas as mulheres dançaram comigo, até a sua mãe, só você que vai me dispensar mesmo? Perguntou ele atrás de mim.

Me virei pra olhar e ele estava ali parado, com aquele sorrisinho, aí que raiva!

— Vai amiga, só uma dança… disse ela me empurrando pra ele.

— Vamos, prometo que não vou pisar no seu pé… disse ele estendendo a mão pra mim.

Droga, estava todo mundo olhando, eu queria recusar mas não podia, o que eles iriam pensar se eu me negasse a dançar com o “gentil e doce amigo” da Graziela.

— Tudo bem… eu disse respirando fundo e peguei em sua mão.

Fomos caminhando de mãos dadas até a pista e os outros casais já estavam lá pra dançar também.

Chegando no meio da pista, ficamos de frente um pro outro, e quando começa a música, ele pega em minha cintura com uma das mãos e me puxa pra mais perto do seu corpo, engulo seco e coloco a outra mão atrás do seu ombro, a outra, segura a mão dele na altura de nossos rostos, ou melhor, do meu rosto, porque ele é enorme e eu tenho que olhar pra cima se quero encará-lo.

— Você tem medo de mim? Ele pergunta olhando aleatoriamente pros lados, disfarçando.

— Eu medo de você? Eu deveria? Eu nem te conheço… eu disse.

— Exatamente por isso, pelo seu jeito, parece ter medo… porque? Uma mocinha rica não pode sequer olhar pra um homem pobre dançarino de boate, um stripper… disse ele.

— Temos que concordar que nossos mundos são completamente diferentes, e não me interessa ter nenhum tipo de amizade com um cara como você, não me acrescentaria em nada… eu disse firme.

— Nossa, que preconceituosa, faltou dizer que não quer ter amizade com um pobretão mestiço de sangue ruim como eu… ele disse sarcástico.

— Não foi isso que eu quis dizer, não ponha palavras na minha boca, eu disse que, não interessa pra você e nem pra mim, nem mesmo sermos “conhecidos” um do outro.

— Não fale por mim, eu adoraria ser seu amiguinho, quem sabe até, seu brinquedinho… sussurrou ele e eu me arrepiei com sua respiração em meu pescoço.

— Eu vou pedir pra você me respeitar, eu tenho um compromisso, sou noiva! Eu disse.

— Uau, sério? E onde está seu noivo? Se eu fosse ele, não deixaria uma mulher como você sozinha de jeito nenhum, tem homens muito perigosos que gostam de seduzir as mocinhas indefesa como você… disse ele.

— Está falando de você? Porque se estiver, não me seduz nem um pouco… eu menti e ele riu.

— Tem certeza? Hum, não me pareceu isso quando eu dancei com você, ontem a noite, quando eu te apertei no meu corpo e senti você tremer inteira, quando eu segurei firme na sua cintura fazendo você se virar pra mim e olhando no fundo dos seus olhos hipnotizados, eu me aproximei do seu pescoço e dei um leve cheiro, e vi sua pele se arrepiar inteira, como aconteceu quase agora quando eu sussurrei no seu ouvido… disse ele e me encarou dessa vez.

Eu não disse nada, não consegui, eu só queria que essa música acabasse logo pra sair dali o mais rápido possível, eu fiquei em silêncio e com o meu silêncio ele sorria satisfeito com tudo que disse.

— Sabia que só você me reconheceu e sabe porque, porque você olhou no fundo dos meus olhos e realmente parou pra olhar pra mim, assim como eu parei e olhei pra você… você é linda e debaixo desse vestido aqui, deve ser mais linda ainda… disse ele e eu fiquei vermelha de vergonha, minha respiração já estava ficando forte.

— Por favor, para de falar essas coisas, eu só não te deixo aqui nessa pista sozinho porque não quero gerar comentários… eu disse.

— Você sabe que se fosse o contrário, se você tivesse me visto como só um pedaço de carne, dançando e te deixando excitada, você não me reconheceria no dia seguinte, mas além de deixar você cheia de tesão, eu também entrei na sua mente… disse ele e a música terminou.

Me soltei dele e voltei pra onde estava Meire e minha mãe estava com ela e com Graziela.

— Mamãe estou cansada, podemos ir pra casa? Perguntei.

— Claro querida, eu já ia dizer isso mesmo, também estou cansada… disse ela.

— Vamos no meu carro, o meu motorista pode deixar vocês em casa… disse Graziela e eu pensei, ah não!

— Aí amiga, eu aceito a carona, já que dispensei o meu motorista hoje… disse minha mãe e as duas já saíram na frente conversando.

— Você vai Meire? Perguntei.

— Claro… disse ela toda animada e eu revirei os olhos.

— Então, vamos? A Graziela vai levar todos nós, olha que maravilha, de novo juntos… disse ele e sorriu pra nós.

Eu não disse nada, apenas sai na frente e eles vieram atrás seguindo. 

Fomos até o estacionamento e entramos no carro de Graziela, que podia levar uma galera de tão grande.

— Onde você vai ficar Lorenzo? Perguntou ela.

— No hotel Casablanca por favor, estou lá por enquanto, até achar um apartamento pra mim… disse ele e eu pensei, que mentiroso da porra.

— Então você pensa em ficar por aqui? Pergunta Meire toda animada.

— Sim, com certeza, eu fui muito bem recebido e agora, não quero mesmo ir embora… disse ele olhando pra mim e fazendo aquela cara de safado.

— Que bom, então vamos nos ver mais vezes… disse ela.

— Com certeza minha querida, o Lorenzo vai me acompanhar em todos os eventos sociais e também nos informais, pra ele se familiarizar com todos nossos amigos… disse Graziela e eu arregalei os olhos surpresa.

Depois desse comentário, seguimos a viagem calados, e então chegamos ao hotel casablanca, Lorenzo desceu e eu fiquei observando pela janela, e já lá fora na calçada, quando o carro saiu ele piscou e mando um beijo, que descarado, eu fiquei morrendo de raiva, mas no fundo, eu quis rir de tanto atrevimento.

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