Alexia
Eu corri o mais rápido que eu pude, mas não podia muito pois eu estava de salto.
Corri até o banheiro e entrei bem rápido, tranquei a porta e me encostei nela ofegante, fui até a pia e molhei as mãos, passei sobre o pescoço e respirei o mais fundo possível, tentando me acalmar.
Sim, era ele, era o cara da Mansão.
Agora sem máscara, mostrando por completo seu rosto, seus olhos, e aquele sorriso sedutor.
Não, não Alexia, esses pensamentos não podiam estar na sua cabeça, o que aquele cara tem que te deixa assim? Você mal o conhece, você só o viu uma vez na sua vida e ele mexeu assim com a sua mente?
Só porque ele é o tipo de cara que parece proibido, que parece inalcançável pra você, um stripper, um acompanhante de mulheres e sabe-se lá mais o que.
Só porque ele tem aqueles cabelos enormes, aquela barba que deixa ele ainda mais rústico e sexy, aquele corpo escultural e aquele tamanho todo que parece que com um abraço é capaz de eu me perder ali, não, não Alexia, esqueça isso, esqueça esse homem, esqueça tudo! Isso tem que parar agora, aqui e agora.
Eu sou noiva, amo o meu futuro marido, vamos nos casar daqui a uns meses, tudo está perfeito, nada pode atrapalhar essa felicidade, esse sonho, esse futuro que vamos construir juntos, nada, muito menos um "prostituto", sem importância nenhuma.
Me recompus e voltei pra festa pra me despedir de todos, eu queria ir pra casa.
Procurei pela Meire e advinha onde ela estava, dançando com o tal Lorenzo, se é que esse é mesmo o nome dele.
Meu Deus, todas dessa festa ficaram caidinhas por ele? É a grande novidade! E Graziela não podia estar mais orgulhosa do "troféu" dela.
Esperei um pouco e quando eles terminaram a dança, eu a chamei discretamente, e aquele descarado, não parava de olhar pra mim e dar aquele sorrisinho de lado, provocante.
— Amiga, eu já vou… eu disse a ela.
— Sério? Logo agora que era a sua vez de dançar com o gato do Lorenzo… disse ela.
— Que? Dançar? Não, não quero dançar com ninguém, só queria avisar que eu já vou… eu disse.
— Caramba, todas as mulheres dançaram comigo, até a sua mãe, só você que vai me dispensar mesmo? Perguntou ele atrás de mim.
Me virei pra olhar e ele estava ali parado, com aquele sorrisinho, aí que raiva!
— Vai amiga, só uma dança… disse ela me empurrando pra ele.
— Vamos, prometo que não vou pisar no seu pé… disse ele estendendo a mão pra mim.
Droga, estava todo mundo olhando, eu queria recusar mas não podia, o que eles iriam pensar se eu me negasse a dançar com o “gentil e doce amigo” da Graziela.
— Tudo bem… eu disse respirando fundo e peguei em sua mão.
Fomos caminhando de mãos dadas até a pista e os outros casais já estavam lá pra dançar também.
Chegando no meio da pista, ficamos de frente um pro outro, e quando começa a música, ele pega em minha cintura com uma das mãos e me puxa pra mais perto do seu corpo, engulo seco e coloco a outra mão atrás do seu ombro, a outra, segura a mão dele na altura de nossos rostos, ou melhor, do meu rosto, porque ele é enorme e eu tenho que olhar pra cima se quero encará-lo.
— Você tem medo de mim? Ele pergunta olhando aleatoriamente pros lados, disfarçando.
— Eu medo de você? Eu deveria? Eu nem te conheço… eu disse.
— Exatamente por isso, pelo seu jeito, parece ter medo… porque? Uma mocinha rica não pode sequer olhar pra um homem pobre dançarino de boate, um stripper… disse ele.
— Temos que concordar que nossos mundos são completamente diferentes, e não me interessa ter nenhum tipo de amizade com um cara como você, não me acrescentaria em nada… eu disse firme.
— Nossa, que preconceituosa, faltou dizer que não quer ter amizade com um pobretão mestiço de sangue ruim como eu… ele disse sarcástico.
— Não foi isso que eu quis dizer, não ponha palavras na minha boca, eu disse que, não interessa pra você e nem pra mim, nem mesmo sermos “conhecidos” um do outro.
— Não fale por mim, eu adoraria ser seu amiguinho, quem sabe até, seu brinquedinho… sussurrou ele e eu me arrepiei com sua respiração em meu pescoço.
— Eu vou pedir pra você me respeitar, eu tenho um compromisso, sou noiva! Eu disse.
— Uau, sério? E onde está seu noivo? Se eu fosse ele, não deixaria uma mulher como você sozinha de jeito nenhum, tem homens muito perigosos que gostam de seduzir as mocinhas indefesa como você… disse ele.
— Está falando de você? Porque se estiver, não me seduz nem um pouco… eu menti e ele riu.
— Tem certeza? Hum, não me pareceu isso quando eu dancei com você, ontem a noite, quando eu te apertei no meu corpo e senti você tremer inteira, quando eu segurei firme na sua cintura fazendo você se virar pra mim e olhando no fundo dos seus olhos hipnotizados, eu me aproximei do seu pescoço e dei um leve cheiro, e vi sua pele se arrepiar inteira, como aconteceu quase agora quando eu sussurrei no seu ouvido… disse ele e me encarou dessa vez.
Eu não disse nada, não consegui, eu só queria que essa música acabasse logo pra sair dali o mais rápido possível, eu fiquei em silêncio e com o meu silêncio ele sorria satisfeito com tudo que disse.
— Sabia que só você me reconheceu e sabe porque, porque você olhou no fundo dos meus olhos e realmente parou pra olhar pra mim, assim como eu parei e olhei pra você… você é linda e debaixo desse vestido aqui, deve ser mais linda ainda… disse ele e eu fiquei vermelha de vergonha, minha respiração já estava ficando forte.
— Por favor, para de falar essas coisas, eu só não te deixo aqui nessa pista sozinho porque não quero gerar comentários… eu disse.
— Você sabe que se fosse o contrário, se você tivesse me visto como só um pedaço de carne, dançando e te deixando excitada, você não me reconheceria no dia seguinte, mas além de deixar você cheia de tesão, eu também entrei na sua mente… disse ele e a música terminou.
Me soltei dele e voltei pra onde estava Meire e minha mãe estava com ela e com Graziela.
— Mamãe estou cansada, podemos ir pra casa? Perguntei.
— Claro querida, eu já ia dizer isso mesmo, também estou cansada… disse ela.
— Vamos no meu carro, o meu motorista pode deixar vocês em casa… disse Graziela e eu pensei, ah não!
— Aí amiga, eu aceito a carona, já que dispensei o meu motorista hoje… disse minha mãe e as duas já saíram na frente conversando.
— Você vai Meire? Perguntei.
— Claro… disse ela toda animada e eu revirei os olhos.
— Então, vamos? A Graziela vai levar todos nós, olha que maravilha, de novo juntos… disse ele e sorriu pra nós.
Eu não disse nada, apenas sai na frente e eles vieram atrás seguindo.
Fomos até o estacionamento e entramos no carro de Graziela, que podia levar uma galera de tão grande.
— Onde você vai ficar Lorenzo? Perguntou ela.
— No hotel Casablanca por favor, estou lá por enquanto, até achar um apartamento pra mim… disse ele e eu pensei, que mentiroso da porra.
— Então você pensa em ficar por aqui? Pergunta Meire toda animada.
— Sim, com certeza, eu fui muito bem recebido e agora, não quero mesmo ir embora… disse ele olhando pra mim e fazendo aquela cara de safado.
— Que bom, então vamos nos ver mais vezes… disse ela.
— Com certeza minha querida, o Lorenzo vai me acompanhar em todos os eventos sociais e também nos informais, pra ele se familiarizar com todos nossos amigos… disse Graziela e eu arregalei os olhos surpresa.
Depois desse comentário, seguimos a viagem calados, e então chegamos ao hotel casablanca, Lorenzo desceu e eu fiquei observando pela janela, e já lá fora na calçada, quando o carro saiu ele piscou e mando um beijo, que descarado, eu fiquei morrendo de raiva, mas no fundo, eu quis rir de tanto atrevimento.
PabloQue dia, eu estava morto! As mulheres não saíram do meu pé, também “carne nova” no pedaço.Na verdade nenhuma delas me reconheceu, mas sei que muitas delas já me viram dançar, por isso que é bom esconder o rosto.Pra elas eu sou o empresário recém chegado, podre de rico que adora esbanjar dinheiro.Mas a Graziela sabe que eu não sou nada disso, e aquela garota também sabe, as únicas que sabem quem eu realmente sou, bom, parte do que sou.Ah aquela garota, ela me instiga, ela desperta em mim uma vontade de jogar com ela, de provocá-la, de vê-la toda nervosa e sem jeito na minha frente, sem falar que, ela é linda demais, é aquela garotinha intocável, delicadinha, que me deixa louco pra experimentar, já que nunca fiquei com uma puritana assim.Esse jogo me instiga e eu vou continuar jogando até ela cair na minha conversa, sei que posso fazer ela ficar rendida aos meus pés, eu sou bom demais nisso, e vou fazer, ela é quem vai pedir pra eu a beijar, ela é que vai pedir pra mim a leva
Alexia Os dias foram muito corridos, eu estava cheia de coisas pra resolver, no trabalho, as coisas do casamento, a saudade enorme que eu estava do Leandro, e ele muito ocupado, quase não tendo tempo pra falar comigo. Eu estava triste, eu queria ele aqui, eu queria que tudo isso acabasse logo. Estava em casa, olhando algumas decorações no computador quando Meire me ligou. — Oi amiga! Digo atendendo. — Oi sumida, não lembra mais da sua melhor amiga? Pergunta ela. — Desculpa, eu tava tão atolada de trabalho amiga… eu disse. — Hei, hoje é sábado, nada de trabalhar, vamos ao clube pra você se distrair um pouco… disse ela. — Sabe que é uma boa, tudo bem, te encontro lá então… eu disse. — Certo, te espero lá, beijos! Diz ela. — Beijos… digo e desligo. É, eu preciso me desligar um pouco dessa confusão que está na minha cabeça, relaxar, pegar um sol, beber um pouco e fofocar com a minha melhor amiga. Me levantei e fui trocar de roupa, soltei os cabelos e coloquei um vestido solti
Alexia Parece que quanto mais a gente reza, mais assombração aparece! No meu caso, não é nem assombração, é o diabo em pessoa mesmo. — Oi… eu respondi ao tal Lorenzo, com um sorriso amarelo, mas eu confesso, ele estava ainda mais bonito, e os cabelos soltos, deixavam ele charmoso. — Senta, eu vou buscar uns drinks pra gente no bar… disse Meire saindo. — Você sumiu baby… disse ele sentando de frente pra mim. — Ocupada, trabalhando… e meu nome é Alexia… eu disse. — Claro, Alexia, eu tinha esquecido confesso, são tantas mulheres… disse ele convencido e eu tive que rir, em tom de deboche mesmo. — Claro, muitas clientes não é mesmo?! Eu disse. — Você fala como se me conhecesse, não é? Disse ele. — Acontece que eu conheço, você é um… uma palavra que me recuso a dizer aqui, vai que alguém escuta… eu disse. — Não conhece não, mas eu conheço você… disse ele. — E como me conhece? Diz aí… perguntei. — Você é uma mocinha que está prestes a se casar, mas seu noivo não está no país, e vo
Amanhecer — Pablo Eu não sei exatamente se eu tive a noção do que eu fiz, mas eu precisa de um motivo pra Alexia confiar em mim, e não conseguia achar outro que não fosse mostrar parte da minha vida normal, a vida que eu levo além da Mansão. Eu não sei explicar, eu sentia um tesão enorme por ela, aquela vontade de levar ela pra qualquer lugar e transar até não me aguentar mais em pé, mas naquela noite, conversando com ela, eu não quis isso, pelo menos por algumas horas com ela eu só queria escutá-la, embora ela não tenha me contado muito da sua vida, mas eu vou ter tempo pra descobrir. Acabei me lembrando que, as amigas da Graziela estávamos falando dela, era ela que iria se casar com o cara rico que estava viajando a trabalho, e uma delas disse que não era só isso que ele estava fazendo lá, me intrigou, mas eu não podia dizer nada, eu não sei de nada. Pela primeira vez, em muito tempo, eu senti uma coisa estranha, uma coisa boa dentro de mim, uma coisa que eu deixei de sentir quan
Pablo — O que você tanto vê nesse celular? Pergunta ela saindo do banho. — Nada, só umas bobeiras… eu digo fechando as mensagens e colocando o celular de lado. — Quando você vai me contar sobre esse passado? Pergunta ela. — É passado gata, não tem nada pra ser dito… eu digo me recostando na cabeceira com as mãos atrás da cabeça. — Mas você sempre volta a ele, e não pode me dizer do que se trata, isso quer dizer que você não confia em mim… disse ela. — Gostosa, vamos ter uma DR? Achei que isso fosse coisa de casal… eu disse. — E nós somos o que Pablo? Somos apenas uma foda? Ela pergunta com raiva. — Hei… desde quando isso te incomodou Katherine? Pergunto sério… Você tá cheia de cobrança, isso não faz parte do nosso relacionamento, se for isso que você quer, se for ficar chato assim, eu tô caindo fora… eu disse me levantando da cama e vestindo minha calça. — Para! Para com isso, para… disse ela se aproximando de mim e me abraçando por trás. — Sei lá, você tá… com ciúmes de tudo
PauloConcordei com alguém batendo na porta do quarto, drogas, tinha dormido muito.— Vai Malvadão, para a Mansão já aberta! Diga Nicolas, meu amigo.- Ha voce, ha voce! Eu disse levantando rápido, tomei um banho frio para lembrar e me aconcheguei mais rápido do que pude, depois fui para os camarins.— Porra, ou o que você dizia todas as man
Alexia Sai da boate muito nervosa, chorando de raiva de mim mesma, andei até o estacionamento e fiquei ali no meio dele, respirando fundo e tentando me controlar. — Baby, tá nervosa porque? Foi só uma brincadeira! Disse ele vindo até onde eu estava, com as mãos no bolso da jaqueta, com aquele sorriso todo debochado e desinteressado. Me virei com raiva e fui ao seu encontro. — Olha, eu te chamei aqui porque já chega, a gente não pode continuar com isso, não podemos ser amigos, não podemos, é isso… eu disse firme chegando a sua frente. — Que? Me chamou aqui pra me dar um fora? Perguntou ele. — Não é um fora, não temos nada, porque seria um fora? Só disse que não quero mais tentar ser sua amiga… eu disse. — E isso só porque eu tô me tornando a sua "paixão proibida"? Ele perguntou rindo. — Você é tão ridículo, da onde tirou isso? Simplesmente essas coisas não podem acontecer, porque eu sou noiva e você não perde uma oportunidade de me provocar, falando coisas, escrevendo coisas, se
Alexia Pablo me trouxe para uma parte da cidade, que havia uma trilha e não era o fim da trilha, foi como foi encontrada em uma pracinha, onde havia alguns bancos e havia estruturas que protegem as pessoas de choveu e também tinha um saco enorme que dava pra ver toda a cidade à vista, e como era de madrugada não tinha ninguém lá, e as luzes da cidade iluminavam o local.Aproximamo-nos por fora e nos reclinamos, ele ficou calado, como olhar longe no horizonte.— Você é a primeira mulher a beber aqui... diga a ele... eu gostaria de vir aqui de madrugada, quando não tenho nenhum, para praticar sozinho e não pensar em nada, são só as boas que tenho para a vida .— À primeira vista, ela é bonita... e... ela disse, mais lembrei do que ele disse que você é a primeira mulher atrás daqui... — Você disse que é a primeira mulher atrás daqui? Pra mim isso parece impossível.— Nunca, nunca, mostrei a eles que estou por trás do mal que todos conhecemos, e fui o primeiro a saber dessas coisas, e co