Amanhecer — Pablo
Eu não sei exatamente se eu tive a noção do que eu fiz, mas eu precisa de um motivo pra Alexia confiar em mim, e não conseguia achar outro que não fosse mostrar parte da minha vida normal, a vida que eu levo além da Mansão.
Eu não sei explicar, eu sentia um tesão enorme por ela, aquela vontade de levar ela pra qualquer lugar e transar até não me aguentar mais em pé, mas naquela noite, conversando com ela, eu não quis isso, pelo menos por algumas horas com ela eu só queria escutá-la, embora ela não tenha me contado muito da sua vida, mas eu vou ter tempo pra descobrir.
Acabei me lembrando que, as amigas da Graziela estávamos falando dela, era ela que iria se casar com o cara rico que estava viajando a trabalho, e uma delas disse que não era só isso que ele estava fazendo lá, me intrigou, mas eu não podia dizer nada, eu não sei de nada.
Pela primeira vez, em muito tempo, eu senti uma coisa estranha, uma coisa boa dentro de mim, uma coisa que eu deixei de sentir quando me vi na rua, sozinho, tendo que comer restos nos lixos pra sobreviver.
Mas não vou me queixar e muito menos me fazer de vítima, eu consegui sobreviver graças a pessoas muito boas, que me acolheram e encontrei uma forma de ganhar a vida, e acabei gostando disso, eu gosto do que faço, eu estou bem assim.
Mas, de vez enquanto, como agora, é bom se sentir uma pessoa “normal”, como me senti com Alexia.
O telefone toca, é Kathe, atendo.
— Onde você se meteu Pablo? Estou esperando a horas… disse ela com raiva.
— Calma gata, eu só vim visitar o passado, lembra? Já estou indo… eu disse.
— Você tem 10 minutos pra chegar aqui, entendeu? Disse ela firme.
— Relaxa aí garota, eu já chego… digo e desligo.
Alexia
Cheguei bem de fininho em casa pra que minha mãe não percebesse que eu havia passado a noite fora, subi pro meu quarto, tomei um banho e me deitei, pra ver se dava tempo de dormir pelo menos um pouco.
Meu Deus, que loucura que eu fiz… mas, pelo menos pude comprovar que as aparências enganam, que muitas pessoas não são o que parecem ser.
No caso do Pablo, ele é um cara com sentimentos, só não reconhece isso porque se acha muito machão.
Eu não posso mentir, eu gostei dessa noite, eu gostei de conhecer a sua história, eu passado, as pessoas daquele lugar, elas riem das coisas ruins que acontecem, elas não tem medo de enfrentá-las, elas passam muitas necessidades, mas estão brincando, se divertindo, fazendo pouco caso, como se deixassem os problemas pra depois é só por aquele momento, ser feliz, pra mim era isso e eu nunca tinha visto isso na vida, essa simplicidade, essa alegria em meio a tanta miséria, tanta dor, e eu reclamando dos meus problemas pequenos, que não são nada comparados aos deles.
Que bom que existem pessoas que ajudam umas as outras como ele se ajudam, como o Pablo os ajuda, e eu também quero poder fazer isso, de qualquer forma.
Fecho os olhos tentando relaxar, mas a imagem dele não são da minha cabeça, o sorriso sincero quando falava das coisas que ele fazia na adolescência pra sobreviver, do olhar que prende a gente mesmo sem ele querer, do jeito de falar… eu sorria sozinha quando lembrava dessas coisas.
Porque? Eu não posso sentir isso, eu não posso aceitar que ele me causa essas sensações bobas de uma adolescente.
Meu telefone vibra, era uma mensagem.
“— Embora eu tenha ficado a noite inteira com vontade de te pegar nos meus braços e encher você e o seu corpo inteiro de beijos… valeu a pena só conversar baby.”
Eu ri sozinha, era uma mensagem do Pablo, que safado!
Eu vou apagar essa mensagem, já pensou que alguém ler? Eu pensei.
Huuuum, não, eu vou guardar numa pasta com senha.
“— Combinamos que você não me falaria essas coisas, lembra? Mas tudo bem, eu gostei da noite também, me admirei com tudo que você faz por aquelas pessoas e quero, com certeza, poder fazer algo também.
Você me disse que não sabia se tinha um coração, mas eu sei que tem, só precisa aceitar os sentimentos que vem dele.”
Enviei uma resposta.
“— Foi mal, eu só falei o que eu não paro de pensar, em te beijar… e esse lance de sentimentos, não, eu não tenho tempo pra isso, eu quero sim sentir uma coisa, e não são sentimentos, é seu corpo, no meu, ardendo, se soubesse o que eu tô imaginando agora e como eu estou explodindo de tesão só em falar isso, mas enfim, desculpe, eu sou seu amigo e não posso dizer essas coisas… (risos)”
Eu rio de novo, mas também sinto como se meu sangue ficasse quente quando li essas palavras, e sem querer eu imagino tudo aquilo e mordo os lábios.
O que é isso Alexia? Está maluca!
“— Tchau Pablo, e chega disso.”
Respondo e jogo o celular pro lado da cama, respiro fundo passando as mãos pelos cabelos e fico encarando o teto com as mãos na cabeça, que loucura, isso não pode estar acontecendo comigo, eu não posso estar sentindo essas coisas, eu penso que não devo levar isso adiante, essa "amizade" adiante, isso pode acabar com o meu futuro e eu não quero isso, eu tenho que esquecer tudo isso, embora eu tente, eu tentei, mas foi envolvente demais, ele é envolvente, ele sabe como prender a atenção de uma mulher, ele faz isso muito bem, é o trabalho dele, e eu não posso cair nesse joguinho, não posso.
Pablo — O que você tanto vê nesse celular? Pergunta ela saindo do banho. — Nada, só umas bobeiras… eu digo fechando as mensagens e colocando o celular de lado. — Quando você vai me contar sobre esse passado? Pergunta ela. — É passado gata, não tem nada pra ser dito… eu digo me recostando na cabeceira com as mãos atrás da cabeça. — Mas você sempre volta a ele, e não pode me dizer do que se trata, isso quer dizer que você não confia em mim… disse ela. — Gostosa, vamos ter uma DR? Achei que isso fosse coisa de casal… eu disse. — E nós somos o que Pablo? Somos apenas uma foda? Ela pergunta com raiva. — Hei… desde quando isso te incomodou Katherine? Pergunto sério… Você tá cheia de cobrança, isso não faz parte do nosso relacionamento, se for isso que você quer, se for ficar chato assim, eu tô caindo fora… eu disse me levantando da cama e vestindo minha calça. — Para! Para com isso, para… disse ela se aproximando de mim e me abraçando por trás. — Sei lá, você tá… com ciúmes de tudo
PauloConcordei com alguém batendo na porta do quarto, drogas, tinha dormido muito.— Vai Malvadão, para a Mansão já aberta! Diga Nicolas, meu amigo.- Ha voce, ha voce! Eu disse levantando rápido, tomei um banho frio para lembrar e me aconcheguei mais rápido do que pude, depois fui para os camarins.— Porra, ou o que você dizia todas as man
Alexia Sai da boate muito nervosa, chorando de raiva de mim mesma, andei até o estacionamento e fiquei ali no meio dele, respirando fundo e tentando me controlar. — Baby, tá nervosa porque? Foi só uma brincadeira! Disse ele vindo até onde eu estava, com as mãos no bolso da jaqueta, com aquele sorriso todo debochado e desinteressado. Me virei com raiva e fui ao seu encontro. — Olha, eu te chamei aqui porque já chega, a gente não pode continuar com isso, não podemos ser amigos, não podemos, é isso… eu disse firme chegando a sua frente. — Que? Me chamou aqui pra me dar um fora? Perguntou ele. — Não é um fora, não temos nada, porque seria um fora? Só disse que não quero mais tentar ser sua amiga… eu disse. — E isso só porque eu tô me tornando a sua "paixão proibida"? Ele perguntou rindo. — Você é tão ridículo, da onde tirou isso? Simplesmente essas coisas não podem acontecer, porque eu sou noiva e você não perde uma oportunidade de me provocar, falando coisas, escrevendo coisas, se
Alexia Pablo me trouxe para uma parte da cidade, que havia uma trilha e não era o fim da trilha, foi como foi encontrada em uma pracinha, onde havia alguns bancos e havia estruturas que protegem as pessoas de choveu e também tinha um saco enorme que dava pra ver toda a cidade à vista, e como era de madrugada não tinha ninguém lá, e as luzes da cidade iluminavam o local.Aproximamo-nos por fora e nos reclinamos, ele ficou calado, como olhar longe no horizonte.— Você é a primeira mulher a beber aqui... diga a ele... eu gostaria de vir aqui de madrugada, quando não tenho nenhum, para praticar sozinho e não pensar em nada, são só as boas que tenho para a vida .— À primeira vista, ela é bonita... e... ela disse, mais lembrei do que ele disse que você é a primeira mulher atrás daqui... — Você disse que é a primeira mulher atrás daqui? Pra mim isso parece impossível.— Nunca, nunca, mostrei a eles que estou por trás do mal que todos conhecemos, e fui o primeiro a saber dessas coisas, e co
Paulo— Mais uma noite você saiu da Mansão? Outra vez revivendo ou seu "pasado"? Katherine pergunta, ela não vai me ver entrando no meu quarto?— Kathe, agora não tenho gato... digo.Minha cabeça está muito confusa, não sabia como decifrar o que havia acontecido até agora.— Parece que isso faz muito tempo com você, pena que você não quer me contar nada, claro, isso não significa nada para você, é apenas a sua noite de sono... diga a ela entrando no seu quarto direito longe.— Kathe, ou o que está acontecendo? Você está me cobrando por coisas que eu não cobrava, você está ocupado ou o tempo todo, achando que tem outras pessoas, você vai acabar comigo, por que isso? Pediu-me virando-se para ela.— Porque eu sou louca, louca Pablo, eu tô louca por você! Você me deixa louca… diga a ela que a vi correndo e me abraçando.— Kathe… Princesa… nós combinamos que não seria assim, que não chegaria a isso, você sabe, a nossa relação é perfeita do jeito que é… eu disse a soltando de mim.— E porq
2 meses depois — Pablo.— Meu bonito, lembre-se... lembre-se... disse uma voz feminina, você abriu os olhos para vagar e sorriu para ver o que era.— Querida… eu sussurrei… ela ficou encantada ao meu lado, acariciando meu rosto e sorrindo. — Amor... sussurrei de novo e sem susto.— Pablo, lembre-se, você está sonhando? O que é bebê? Diga Kathe.- Ele tem? Este? Não, quer dizer, não sei, eu tava faando alguma coisa? Digo passando as mãos pelas mãos te colocando pra trás.— Deixa para lá, concorda, Graziela está esperando o evento dela no fim de semana, e ela me manda ver um pedido de casamento pra você, tenho certeza que ela vai se casar... fala pra ela e eu levanto da cama eu desisto.— Tão foda! Graziela é coro preservado, mais pra esperar papai aqui eu tenho que ser namorada, não quero esperar... falei e ela gargalhou.— Você se acha muito Pablo, sai daí… diga ela.Fui pro banheiro, abri o chuveiro e entrei de cabeça em baixo, deixei a água cair no meu rosto e fiquei ali parado por
Alexia Corri para o banheiro e encarei minha mãe saindo, discretamente sequei as lágrimas e tentei me acalmar.— Ou o que aconteceu filha? Eu estava procurando por você... diga a ela.— Nada, eu... eu também estava tentando senhora... eu disse... qu foi uma surpresa, eu estú curioso.— Venha comigo, eu estava procurando você agora mesmo... diga a ela com um sorriso, peguei minha mão e fomos até onde todo mundo estava.Quando saímos do jardim, uma música começou a tocar ao som de violinos, todos estavam nos ouvindo, inclusive Pablo, eu o escutei discretamente e ele estava atento a mim, quando algumas pessoas abriram o caminho, ele apareceu um muito tempo, ou Leandro, meus olhos se voltarão para você e você abrirá um grande sorriso.— Meu amor... eu disse num sussurro com as mãos na boca.Ele começou a caminhar até mim, com aquele sorriso enorme, aquele que eu amava, e muito e que estava morrendo de saudades de ver.Eu não consegui esperar, eu corri até ele e pulei nos seus braços o ab
Paulo Terminei ou levantei e levantei à esquerda ou talvez Leandro, e fui procurar Graziela, e tive que dizer a ela que concordei com o pedido dela, mas passei perto do banheiro e vi a Alexia entrando por baixo pressão, eu tinha ouvido para ver se não estava atento e entrei imediatamente, trancando o portal.— Baby disse ao vê-la protegida na pia com a cabeça baixa.-Pablo! Ela disse que estava com medo e eu me olhei, me empurrei com o melhor apoio no peito, fingi ser um batedor com tudo na parede.— Ai! Eu digo.— Você tem noção de como sou por sua causa? Por que você tentou me beber de novo? E por que você era como Leandro? Ou o que ele te disse? Ou o que você disse para ele? Ele é estranho, parece nervoso, mas não falhou em nada, não sabia, ainda tem que ver você... diga que foi preso.— Hei, calma, relaxa tá, eu não falei nada, mas parece que sim, que ele sabe que eu não sou o "Lorenzo", e isso, eu quero saber como.— Pablo eu sei que não sou ninguém pra te pedir isso, mas você t