- Rafael...As palavras que estavam na ponta da língua de Bruno perderam o som. Rafael estava parecendo terrível. Mesmo alguém como Bruno, olhando para ele, sentia um frio na espinha.Rafael ignorou Bruno. Seus olhos estreitos e penetrantes estavam cravados em Jane. Seu semblante, naquele momento, era extremamente assustador.Diante daquela mulher, além da raiva, o que mais havia era uma frustração que ele não conseguia descarregar de seu coração.- Você realmente nunca aprende.A voz fria do homem era impiedosa.Bruno sentiu um calafrio. Seu olhar vagava entre Rafael e Jane. A atmosfera na sala estava congelante.Parecia calmo superficialmente, mas por baixo de tudo aquilo havia correntes tumultuosas.A mulher na cama de hospital se encolheu levemente quando viu a figura na porta. Ela odiava aquele homem, mas também tinha medo dele.O sangue em seu rosto estava gradualmente se esvaindo.- Três anos não foram suficientes para te educar, pelo contrário, só fez você se tornar ainda pior.
Ele perguntou se ela sabia que estava errada.Errada?O que era certo?O que era errado?- Eu não estou errada. - Ela disse.O coração dela já estava ferido ao extremo!Ele realmente a perguntou, se ela sabia que estava errada?Com uma risada irônica ela disse.- Presidente Gomes, se você me dissesse que eu estava errada, então eu só poderia estar errada, mas você me perguntou se eu reconhecia meu erro.Ela levantou o queixo, de maneira orgulhosa e deslumbrante, tocou o canto da boca ferida, seu sorriso, era como o da Jane de antes, mais brilhante:- Eu não sei onde estou errada.Ódio!O ódio por Xaviana. Incapaz de se enganar novamente, Jane disse a si mesma, “por que não enlouquecer uma vez, e daí?” O pior que poderia acontecer era ser enviada de volta àquele lugar horrível!- Me deixe ir!Ela ergueu a cabeça, fixando-se naquela figura:- Me deixe ir!Ela queria assim, partir dele?Deixá-la ir? Deixá-la ir embora, para viver com Matheus?Rafael se lembrou novamente daquela mulher em
Os dias pareciam ter voltado a ser os mesmos de sempre. No fim do expediente, Cristina entregou todos os cheques a Jane.- Cristina, obrigada.Jane não recusou, ela iria guardar aquele dinheiro, esperando que Rafael se cansasse deste jogo interminável. Então, com aquele dinheiro, ela deixaria aquele lugar, indo para bem longe, e nunca mais voltaria.Saindo do escritório de Cristina, Jane guardou cuidadosamente o saco cheio de cheques e dinheiro em sua bolsa de tecido. Ela acariciou a bolsa... Matilde, essa é a chave dos nossos sonhos. Espere por mim, Matilde, eu cumprirei a promessa que fiz a você.Então, ela lembrou que as cinzas de Matilde ainda estavam na funerária... Matilde, espere por mim! Eu mesmo vou levar você para o mar, para ver o céu azul e as nuvens brancas!Naquele dia, depois do trabalho, Jane se permitiu o luxo de pegar um táxi. No caminho do dormitório, ela saiu do táxi, segurando firmemente sua bolsa de pano.Depois de pagar a tarifa do táxi, ela subiu apressadamente
Lucas tremia de raiva!Apontou para Jane:- Como é que eu pude ter uma filha igual a você, Jane!Segurando as lágrimas que insistiam em aparecer, Jane mordeu os dentes com tanta força que temeu que, se soltasse, palavras de ódio escapariam interminavelmente.Respirou fundo, tentando falar com a maior calma possível:- Sr. Lucas, Sra. Rafaela, já está tarde, por favor, voltem para casa.Suas mãos estavam vermelhas por terem sido queimadas pela água fervente, mas ela não sentia dor.Ela não esperava que seu primeiro encontro com Lucas, após sair da prisão, fosse nessas circunstâncias.- Você precisa me explicar de onde veio todo esse dinheiro!Lucas não estava disposto a desistir de Jane, encarando-a com raiva:- Ou você quer que eu diga? Esse dinheiro é sujo!Ao ouvir a palavra "sujo", Jane tremeu violentamente!- Fora! Vocês dois, saiam daqui!Ainda de cabeça baixa, ela apontou furiosamente para a porta:- Se não saírem agora, vou chamar a polícia! A manchete de amanhã será "O CEO e a
Aparentemente indiferente, mas com uma dor indescritível escondida no fundo dos olhos... Aquelas que mais machucam são, muitas vezes, as pessoas mais próximas. Jane sorriu levemente, achando o casal bastante peculiar. Um deles questionou por que ela escolheu viver de maneira tão humilde, tão desprezível. E o outro, ainda mais cruel, questionou diretamente quem ela era.Um sentimento de exaustão a inundou.Naquele entanto, a guerra ainda não havia terminado.Lucas ficou pálido com as palavras de Jane. Por um momento, ele sentiu uma pontada de culpa, mas continuou obstinadamente exigindo de Jane:- Arranje outro emprego! Pare de se degradar com esse trabalho que envergonha a todos nós!Ele lançou um olhar rápido para as pilhas de dinheiro e vários cheques na mesa, e qualquer culpa que ele sentia evaporou-se instantaneamente.- Esse dinheiro sujo! Como você pode gastá-lo sem se sentir envergonhada?Olhando para o dinheiro e pensando de onde vinha, Lucas ficou irado. Ele pegou um punhado d
A porta do dormitório estava escancarada e, no meio da sala, uma mulher desabada no chão, olhando fixamente para as ladrilhos com um olhar vago.Ela apenas estava ali, olhando absorta para o chão, enquanto lágrimas silenciosas deslizavam suavemente pelo seu rosto. Há quem diga que no sorriso de Mona Lisa, um olho chorava e o outro sorria - um absurdo, uma impossibilidade.Jane sempre acreditou que era apenas uma questão de pintura, exagerada por aqueles que a sucederam. Como poderia existir um olho chorando e outro sorrindo ao mesmo tempo?Era absurdo! Mas naquele dia, Jane percebeu que existiam, sim, aquelas emoções bipolares no mundo. Ela mesma era um exemplo. O prazer da vingança fazia com que ela quisesse rir alto, enquanto a dor de ser tratada como lixo por sua família fazia com que ela quisesse chorar de dor... e assim, aquelas lágrimas claras pareciam um tanto insanas. Ela não sabia se estava rindo enquanto chorava, ou se estava chorando enquanto ria.No dia seguinte.Dentro
Rafael não estava muito disposto a ir para o Clube Internacional do Imperador.- Por que você não tem ido ao Clube Internacional do Imperador recentemente?Bruno, de maneira nada sofisticada, se sentou na mesa de Rafael.Este não mexeu nem um músculo do rosto, e Tiago começou a rir suavemente:- O que foi, Bruno, está esperando que ele vá ao Clube Internacional do Imperador para fazer o quê?Bruno lançou um olhar a Tiago, havia muitas histórias por trás disso, Tiago não estava no país até recentemente, ele não sabia de nada.- Você não está evitando ir por causa dela, está?Bruno batucou na mesa com os dedos.Rafael não falou, Tiago, curioso, se aproximou:- Quem? Quem? Por causa dela quem? Quem é ela? - E, com uma expressão maldosa, ele continuou. - O presidente Gomes está interessado em alguém? Quem é? Quando você vai nos apresentar? Queremos conhecê-la.Bruno tinha um sorriso malicioso:- Tiago, acho que se você continuar se exibindo assim, vai levar um soco.- O que você tem a ver
O céu estava limpo e o sol estava quente. Jane apertou seu casaco ao redor do corpo, a pequena trilha sombreada estava vazia naquele dia, mas sempre que alguém passava por ela, olhava-a com estranheza.- Essa pessoa tem problema mental?Um jovem casal passou por ela, dando uma segunda olhada e sussurrando entre si. Embora não falassem diretamente com Jane, eles não se esforçavam para falar em voz baixa. A murmuração baixa atingia os ouvidos de Jane, que estava acostumada com aquilo. As expressões frequentes de surpresa dos passantes ocasionais também não a incomodavam mais.Ela levantou a cabeça para olhar o sol a pino e entendeu o quanto sua aparência devia ser chocante para os outros. Enquanto todos estavam de shorts e camisetas, ela estava completamente coberta. Olhando para a camisa de manga comprida, ela se arrependeu... deveria ter vestido um casaco mais grosso.A dor aguda em seus ossos voltou e outro jovem casal passou por ela de bicicleta. A menina usava um vestido branco e o