Ninguém esperava que aquela mulher ficasse tão calma.Tiago soltou um suspiro de alívio, e nos olhos de Nuno parecia brilhar um "brilho gélido", seus lábios apertados como os de uma serpente venenosa, observando fixamente aquele casal.Havia outro, ele no meio da multidão, embora não tão apreensivo como Nuno, o movimento da sua garganta ainda revelava seu intenso interesse naqueles dois.Os olhos negros de Rafael, fixos na mulher em frente:- Jane.Ele nem percebeu, naquele momento, estava nervoso, algo raro em sua vida:- Eu não quis enganar você de propósito. Eu só queria que você ficasse ao meu lado, mas naquela época, você era tão desconfiada de mim, mesmo quando eu falava sem segundas intenções, você ainda estava na defensiva. Jane, eu só queria que você ficasse comigo, por isso recorri a essa estratégia. Foi uma necessidade.A mulher ouviu as palavras do homem à sua frente, ele falou tanto, mas quanto mais ela ouvia, mais desesperada se sentia.Esse homem, esse homem!Suas mãos,
Na poltrona, a mulher dormia inquieta e, em pouco tempo, uma fila de gotas de suor fino surgia em sua testa.Em seu sonho, um momento era a cena de sua vida na antiga casa da família Pereira quando era criança, e seu avô ainda estava vivo; outro momento era a cena de sua perseguição apaixonada por Rafael; e ainda outro era o ano de seus dezoito anos, quando estava no auge, uma cena sem igual de esplendor.A imagem mudava, e lá estava a cena horrível dela sendo presa. Em seguida, a cena da morte de Mathy, aquela garota tola, e outra transição, a de sua libertação, a vida árdua, e aquele homem do qual ela ainda não conseguia escapar. Em seus sonhos, seus pais também apareciam, mas sempre de forma vaga.“- Jane, quero estar com a Jane para sempre, quero que a Jane seja feliz para sempre.”Uma voz inocente e pura soou.Ela abriu os olhos bruscamente, olhando para o teto, e demorou um bom tempo até finalmente voltar a si, percebendo que tudo aquilo tinha sido apenas um sonho.A mulher sento
Jane parou diante do grande portão branco, ficando ali, imóvel, por um longo momento. Finalmente, estendeu a mão e empurrou a porta aberta.- Não vou comer. Na cama de hospital dentro do quarto, André estava com aparência debilitada. Estes dias, vivia em agonia, desejando viver, lutando contra a doença e a dor.Mas a dor era muito intensa, e a esperança se tornava cada vez mais escassa à medida que os dias passavam.Ele lutava entre a doença e o desespero, querendo viver, ansiando pelo brilho e festividade da vida, desejando retornar aos dias sem preocupações do passado.Sra. Rafaela estava constantemente em lágrimas, e André não suportava vê-la chorar e lamentar o dia todo. Recentemente, Sra. Rafaela também adoeceu, e André sentiu um alívio, podendo se afastar da presença constante de alguém lamentando-se.Restava apenas o mordomo para trazer a comida. Sra. Rafaela contratou os melhores enfermeiros, que se revezavam 24 horas por dia, cuidando de seu querido filho.André estava farto d
- O que você quer dizer?André ficou atordoado. Na beira da cama, Jane se virou para ir embora, mas ele rapidamente agarrou seu braço com força:- Você realmente encontrou um doador de medula compatível?Ele olhou fixamente para a mulher à beira da cama, e nesse momento, parecia que seu coração iria saltar. Jane abaixou os olhos, sua expressão capturou a tensão, a ansiedade, a expectativa e a esperança de André.A esperança de sobrevivência.Seus lábios exibiram um sorriso gentil e brilhante:- Sim, eu encontrei. Irmão, você vai viver.Diante de André, ela estendeu uma mão fina e esguia, separando-se da dele, uma mão frágil, mas aparentemente decidida.Ao se virar para a porta, Na cama, André ficou boquiaberto, olhando para a porta, para sua irmã, aquele olhar e sorriso na despedida, algo que jamais esqueceria pelo resto de sua vida.- Irmão, viva bem.Quando a palavra caiu, a porta se fechou.André não teve tempo de dizer "obrigado", só ecoou no quarto de hospital.Ele rapidamente li
- Certo, amanhã de manhã, não vou ao Grupo Pereira.- Algum problema?- Estou um pouco cansada, quero descansar um pouco.Jane disse, com uma expressão de exaustão:- Vivian, eu estou confiando em você com metade do Grupo Pereira, você não pode me decepcionar.Ela falou, meio brincando, meio séria, e se levantou:- Não vou mantê-la para o jantar. Vou descansar um pouco, não sei por que, mas tenho estado especialmente cansada ultimamente.Vivian, ouvindo isso, com uma expressão de preocupação:- Você sempre é assim. Tudo bem, vou embora, não se apresse para trabalhar, estou aqui para cuidar das coisas na empresa. Você já deu a sua parte do Grupo Pereira para mim... Você realmente não se arrepende?Ela ainda estava insegura, dizendo que Jane não precisava entregar as ações do Grupo Pereira, pois Vivian sempre seria leal a Jane em toda a sua vida.Quando Vivian estava saindo, Jane gritou:- Espere um minuto.- Hum?- Sem perceber, nós não somos mais jovens de vinte anos, Vivian. O tempo é
O carro corria pela estrada, com Michel transformado em motorista. No espaço sombrio do interior, a mulher no banco de trás, de corpo delicado, tremia suavemente.Um braço firme a prendia com força, impedindo-a de se mover.Em vez de um abraço, parecia mais uma prisão, o homem que prendia a mulher, de rosto bonito, estava visivelmente abatido.Na testa de Michel, gotas de suor frio escorriam, deslizando para baixo, mas ele não ousava enxugá-las.Nesse momento, ele não estava carregando um casal, mas uma "tempestade".Uma baixa pressão atmosférica envolvia o homem.Michel não podia deixar de invejar os outros.Pelo menos, ele não tinha que estar no mesmo lugar com esse "leão" que se continha e parecia prestes a enlouquecer.O carro fez uma curva em um semáforo, deslizando para a faixa da esquerda. Inesperadamente, uma voz fria e sinistra veio do banco traseiro:- Eu disse para voltar à família Gomes?Michel estremeceu subitamente.- Chefe, o que é?- Vamos para casa. - O homem disse ind
Ele a pressionava, os olhos da mulher se enchiam de umidade, e sua voz áspera e rouca rangia:- Eu te odeio.Um beijo profundo e firme silenciou as palavras que não chegaram a ser ditas.A mulher não podia falar, somente os olhos revelavam ódio e medo.O homem tocou esses olhos, e uma dor súbita atingiu seu peito. Cobriu-lhes com a mão, ele não queria ver, não queria que ela o olhasse assim!Os olhos negros do homem estavam cheios de uma dor agonizante que, naquele momento, ele podia mostrar sem reservas. Afinal, os olhos dela estavam cobertos, ela não podia vê-los. Afinal, ela era dele!"Jane, você é tão cruel!"Cada um deixou seu coração afundar nas profundezas do "lago"."Desculpe-me, Jane, eu não quis te machucar. Não fuja, fique comigo. Eu serei bom para você, darei o mundo inteiro a você, não fuja mais."Ele sabia que era desprezível, sabia que em toda a sua vida, havia entregue a ela o que havia de mais desprezível.Entre o céu e o inferno, ele finalmente enlouqueceu.- Você rea
Jane observou o homem que puxou a porta de seu carro ao lado, sentindo uma queda no peito. "Este acidente de carro não foi um acaso."- Nos encontramos novamente, mordomo Antônio.O ancião parecia ainda mais velho do que quando ela o viu pela última vez, particularmente lembrando que mordomo Antônio serviru como mordomo da família Gomes por toda a vida. Na sua memória, esse homem sempre foi digno.Em seu rosto alongado nunca se via um sorriso. Sua expressão sempre séria, seu corpo inteiro irradiava uma rigidez indomável.Mas agora, esse homem já não tinha mais a mesma dignidade de quando serviu a família Gomes como mordomo. Seu corpo emagrecido parecia como um galho velho no deserto, seco e murcho.Observando o rosto severo de sua memória, agora ele parecia enlouquecido.- Você ainda se lembra de mim! Difícil de acreditar que você se lembre deste velho!O mordomo Antônio riu com uma loucura na expressão, rindo de um modo que causava arrepios.- Está surpresa em ver este velho? Está?-