Durante a noite, a mulher já tinha dificuldade em dormir, e quando chegou a meia-noite, o suave bater da chuva nas janelas tornou ainda mais difícil. Ela se virou na cama, tentando forçar-se a dormir várias vezes.Depois de muitas voltas no leito, depois de uma ou duas horas, ainda não havia sinal de sono.Ela jogou para longe as cobertas e pisou descalça no chão, andando inquieta diante da janela.Vestindo apenas seu roupão de dormir, e com os pés descalços, caminhou até a sala e ligou a televisão. Seus olhos caíram sobre um programa infantil, e ela ficou atordoada por um momento, antes de perceber que fazia muito tempo que não assistia à televisão.A televisão da sala estava sempre ocupada por ele.Assim como ele, ela se acomodou no sofá e assistiu ao desenho animado que passava, ficando boquiaberta.O lobo comia a ovelha, uma regra da selva social. Ela começou a duvidar de seu entendimento, lembrando-se dele, que assistia a isso todos os dias.Um som leve vindo de fora da porta.A m
Ela e ele, caíram em um estranho entendimento mútuo.Se tivesse que descrever, talvez esses dias fossem os mais harmoniosos para Rafael e Jane.Sem brigas, sem repreensões, sem culpas.Tudo estava tranquilo.Tranquilo como a fase doce dos amantes.Ela não se enfurecia com ele, e ele era obediente, nada parecido com o Rafael dominador e insuportável de antes.Cada dia, ele preparava as refeições, e ela comia em silêncio.Às vezes até passavam a noite no sofá assistindo televisão, assistindo aos desenhos animados que ele gostava.- "Eu sou Adão, Jane é minha Eva."Cada vez que aquele desenho era transmitido, ele dizia essas palavras com alegria.Ele nunca se cansava disso. Sempre que havia uma cena com Adão e Eva, repetia essas palavras.Nessas horas, ela apenas sorria e pedia para ele descascar uma maçã ou laranja.Parecia que tudo estava maravilhoso.Maravilhoso, mas um tanto irreal.No fim de semana, Cristina veio a sua casa e, ao ver a harmonia entre os dois, quase deixava o queixo c
- Coloque-me no chão, tenho muitos assuntos para tratar na minha empresa.Nuno dirigia o carro sem interrupções, avançando pelas ruas sem parar nem um minuto, sempre com o sinal verde, como se até mesmo o trânsito desse lugar a sua sorte.- Siga-me, e verá a verdade.Nuno disse:- Ou será que você simplesmente quer continuar vivendo na mentira?Jane cerrou os dentes.O carro deslizou suavemente para o edifício Grupo Gomes.- Desça do carro.Nuno abriu a porta com elegância, saiu primeiro, circulou o veículo e abriu a porta do lado de Jane:- Claro, eu também posso carregá-la para fora do carro. - Ele brincou, ao ver que Jane não se movia.Jane lançou um olhar intenso a Nuno, um olhar que fez Nuno sentir uma súbita hesitação, detendo rapidamente seus pensamentos. Em seu rosto bonito, o sorriso zombeteiro voltou:- Por favor.Ela desceu do carro, indiferente.- Agora que chegamos a este ponto, não fuja.Nuno liderou, brincando com a mulher que o seguia com passos iguais.- Você se deu ao
Ninguém esperava que aquela mulher ficasse tão calma.Tiago soltou um suspiro de alívio, e nos olhos de Nuno parecia brilhar um "brilho gélido", seus lábios apertados como os de uma serpente venenosa, observando fixamente aquele casal.Havia outro, ele no meio da multidão, embora não tão apreensivo como Nuno, o movimento da sua garganta ainda revelava seu intenso interesse naqueles dois.Os olhos negros de Rafael, fixos na mulher em frente:- Jane.Ele nem percebeu, naquele momento, estava nervoso, algo raro em sua vida:- Eu não quis enganar você de propósito. Eu só queria que você ficasse ao meu lado, mas naquela época, você era tão desconfiada de mim, mesmo quando eu falava sem segundas intenções, você ainda estava na defensiva. Jane, eu só queria que você ficasse comigo, por isso recorri a essa estratégia. Foi uma necessidade.A mulher ouviu as palavras do homem à sua frente, ele falou tanto, mas quanto mais ela ouvia, mais desesperada se sentia.Esse homem, esse homem!Suas mãos,
Na poltrona, a mulher dormia inquieta e, em pouco tempo, uma fila de gotas de suor fino surgia em sua testa.Em seu sonho, um momento era a cena de sua vida na antiga casa da família Pereira quando era criança, e seu avô ainda estava vivo; outro momento era a cena de sua perseguição apaixonada por Rafael; e ainda outro era o ano de seus dezoito anos, quando estava no auge, uma cena sem igual de esplendor.A imagem mudava, e lá estava a cena horrível dela sendo presa. Em seguida, a cena da morte de Mathy, aquela garota tola, e outra transição, a de sua libertação, a vida árdua, e aquele homem do qual ela ainda não conseguia escapar. Em seus sonhos, seus pais também apareciam, mas sempre de forma vaga.“- Jane, quero estar com a Jane para sempre, quero que a Jane seja feliz para sempre.”Uma voz inocente e pura soou.Ela abriu os olhos bruscamente, olhando para o teto, e demorou um bom tempo até finalmente voltar a si, percebendo que tudo aquilo tinha sido apenas um sonho.A mulher sento
Jane parou diante do grande portão branco, ficando ali, imóvel, por um longo momento. Finalmente, estendeu a mão e empurrou a porta aberta.- Não vou comer. Na cama de hospital dentro do quarto, André estava com aparência debilitada. Estes dias, vivia em agonia, desejando viver, lutando contra a doença e a dor.Mas a dor era muito intensa, e a esperança se tornava cada vez mais escassa à medida que os dias passavam.Ele lutava entre a doença e o desespero, querendo viver, ansiando pelo brilho e festividade da vida, desejando retornar aos dias sem preocupações do passado.Sra. Rafaela estava constantemente em lágrimas, e André não suportava vê-la chorar e lamentar o dia todo. Recentemente, Sra. Rafaela também adoeceu, e André sentiu um alívio, podendo se afastar da presença constante de alguém lamentando-se.Restava apenas o mordomo para trazer a comida. Sra. Rafaela contratou os melhores enfermeiros, que se revezavam 24 horas por dia, cuidando de seu querido filho.André estava farto d
- O que você quer dizer?André ficou atordoado. Na beira da cama, Jane se virou para ir embora, mas ele rapidamente agarrou seu braço com força:- Você realmente encontrou um doador de medula compatível?Ele olhou fixamente para a mulher à beira da cama, e nesse momento, parecia que seu coração iria saltar. Jane abaixou os olhos, sua expressão capturou a tensão, a ansiedade, a expectativa e a esperança de André.A esperança de sobrevivência.Seus lábios exibiram um sorriso gentil e brilhante:- Sim, eu encontrei. Irmão, você vai viver.Diante de André, ela estendeu uma mão fina e esguia, separando-se da dele, uma mão frágil, mas aparentemente decidida.Ao se virar para a porta, Na cama, André ficou boquiaberto, olhando para a porta, para sua irmã, aquele olhar e sorriso na despedida, algo que jamais esqueceria pelo resto de sua vida.- Irmão, viva bem.Quando a palavra caiu, a porta se fechou.André não teve tempo de dizer "obrigado", só ecoou no quarto de hospital.Ele rapidamente li
- Certo, amanhã de manhã, não vou ao Grupo Pereira.- Algum problema?- Estou um pouco cansada, quero descansar um pouco.Jane disse, com uma expressão de exaustão:- Vivian, eu estou confiando em você com metade do Grupo Pereira, você não pode me decepcionar.Ela falou, meio brincando, meio séria, e se levantou:- Não vou mantê-la para o jantar. Vou descansar um pouco, não sei por que, mas tenho estado especialmente cansada ultimamente.Vivian, ouvindo isso, com uma expressão de preocupação:- Você sempre é assim. Tudo bem, vou embora, não se apresse para trabalhar, estou aqui para cuidar das coisas na empresa. Você já deu a sua parte do Grupo Pereira para mim... Você realmente não se arrepende?Ela ainda estava insegura, dizendo que Jane não precisava entregar as ações do Grupo Pereira, pois Vivian sempre seria leal a Jane em toda a sua vida.Quando Vivian estava saindo, Jane gritou:- Espere um minuto.- Hum?- Sem perceber, nós não somos mais jovens de vinte anos, Vivian. O tempo é