Não esperava humilhação, mas em seu ouvido ecoou a voz grave e levemente repreensiva do homem:- Não quero mais te ver correndo apressada.Enquanto falava, Rafael colocava o pé de Jane no chão. Se ela demonstrasse um pouco de cuidado com a própria saúde, ele não a trataria dessa maneira. Ele lançou outro olhar frio para o pé dela.- Onde estão seus sapatos?- Sapatos? Que sapatos?Jane seguiu o olhar dele, só então lembrou-se de que, ao se levantar tão apressadamente, com o coração focado em encontrar esse homem, em protestar contra ele, em expressar a fúria que fervilhava dentro dela havia tempos, ela acabou saindo descalça do quarto.Então... Ele estava checando seus pés?Parecia absurdo... Ele seria tão gentil? Estaria realmente preocupado com ela?A cama se moveu levemente, uma sombra escura se levantou à sua frente.- Deixe-a pronta em meia hora.Rafael levantou o pulso para olhar o relógio, deu a ordem com uma voz profunda e, tranquilamente, se virou para ir embora.A expressão
"Lembrar, como não sentir dor? Se não causasse dor, por que gastaria metade da minha vida? Se não causasse dor, quem seria louco o suficiente para apostar metade da vida em uma batalha de vitória ou derrota? E a recompensa é apenas... Que ele finalmente concorda em se virar para olhar para mim? Forcei-me a aprender a indiferença e a crueldade dele em três anos, forçando-me a reconhecer a realidade, lembro-me agora... É tão cruel... Vou retirar até a oportunidade de ser uma ‘tartaruga que encolhe a cabeça’?"Ela tentava desesperadamente convencer a si mesma de que não se importava mais, não amava, e então poderia escapar desse círculo."Então, eu ainda me importo. Então, meu coração ainda dói. Então, o sentimento de amar alguém obsessivamente sempre será gravado no coração."Ela olhou para o teto, desejando poder ser como a personagem principal de um romance, se envolver em um acidente de carro, perder a memória e então poder esquecer tudo. Se apenas pudesse ser assim, seria maravilhoso
O pé esquerdo estendido pairava acima da escada, o velho mordomo permanecia no andar de baixo, fixando seu olhar na mulher na entrada do segundo andar. A princípio, ele se surpreendia por ela não usar um vestido branco, mas que importância tinha isso? O importante era que essa mulher sofresse."Agora, ela deve estar muito mal, não é? Essa postura... Ela vai pular, não é? Pule, pule, pule! Maldita, deveria ter morrido há muito tempo. Maldita... Se três anos atrás, todo o sofrimento que Xaviana suportou tivesse sido suportado por essa mulher... Xaviana não teria morrido."Os olhos do velho mordomo estavam fixados em Jane na entrada do segundo andar... "Pule! Pule agora!"Jane observou toda a maldade nos olhos do velho mordomo que esperava ao pé da escada.Seus lábios, delineados com um vibrante batom vermelho pelo maquiador, se curvaram num leve sorriso. O pé esquerdo pisou firmemente no degrau seguinte, vendo claramente a desilusão infinita nos olhos do mordomo."Mordomo, não tenho inte
Jane também percebeu a atenção que estava atraindo do público ao redor.- Vou ao banheiro.Ela se levantou, caminhando com pressa para fora.Como Cain poderia deixá-la escapar tão facilmente?Ao ver Jane se afastando, a expressão em seu rosto sedutor mudou. Ele tentou segui-la, mas Rafael, imóvel como uma montanha, bloqueava seu caminho.- Saia da frente!Ele tentou empurrar Rafael, cujos olhos cintilaram friamente.- Ninguém ousa causar problemas aqui. Quer mesmo testar as consequências? - Ecoou uma voz fria e sombria.Jane apressou o passo, mas os saltos altos impediam que ela se movesse rápido.- Espere. Jane! Responda a uma pergunta para mim!Cain estava desesperado, como ele poderia deixar essa oportunidade passar?Se ele não tivesse encontrado essa mulher novamente hoje, talvez ele tivesse deixado isso passar.Jane parou.De costas para Cain, ela ficou em silêncio por quase meio minuto, antes de finalmente responder, sua voz rica e profunda, sem qualquer emoção.- Tudo bem.- Voc
Xavier estava surpreso, sem palavras. Olhava atonitamente para Jane por alguns instantes, antes de finalmente dizer com um olhar de realização:- Jane, eu não acredito. Eu não acredito que você seja realmente uma mulher que só pensa em dinheiro. Se fosse assim, por que teria me dito aquelas coisas na última vez? Por que teria me aconselhado a não me tornar a pessoa que detesto só por sua causa... Jane, eu não acredito que você seja assim. Eu sei que te magoei com minhas ações, mas...- Não tem mas. Xavier, vamos ser francos, eu vou ser direta com você. Você quer que eu vá com você? Ok, mas só quando você derrotar Rafael...Ela riu um pouco e estendeu a mão:- Você tem um cigarro?Xavier ficou confuso com a pergunta repentina, mas apenas assentiu e disse:- Tenho...Jane estendeu a mão e disse:- Dê-me um.- Para que você quer um cigarro? Xavier não entendeu, mas mesmo assim, estendeu a mão com um cigarro.Quando Xavier pegou a caixa de cigarros, também pegou o isqueiro. Quando Jane peg
Jane conseguiu descer do carro, mas foi praticamente carregada.- Eu não vou descer! Me solta! Me solta!Com quase todo o corpo carregado por Rafael, restavam apenas suas mãos, segurando-se desesperadamente à porta do carro. Seus pés chutavam freneticamente contra ele. - Quem saberia onde teriam acertado naquele tumulto.- Não foi você que acabou de dizer que queria descer? Ouvindo isso, Jane imediatamente recuperou a compostura:- E você não era o cara que recusava casar-se comigo, mesmo eu tendo ido para a prisão? - Ela respondeu sarcasticamente.- Aquilo foi um erro. Agora eu estou corrigindo.Havia uma luz fugaz no belo rosto do homem, tornando sua expressão ainda mais determinada sob a luz.- Rafael.Ela disse, sorrindo:- Agora, eu também estou corrigindo erros.Enquanto trocavam farpas, o olhar do homem era frio. Ignorando sua última observação, ele falou com convicção:- A partir de hoje, você será a esposa de Rafael e mãe dos meus filhos.- Rafael, você me enoja! - Jane disse
Um Bentley preto entrou em uma alameda arborizada, as altas árvores dos dois lados pareciam inclinar-se para trás, enquanto o carro atravessava o portão de ferro forjado, passando pelo jardim, e continuava a avançar para o interior.Parou delicadamente na entrada, Rafael saiu primeiro do carro, depois se inclinou para pegar a mulher no carro.Os olhos da mulher estavam vazios, permitindo que ele a carregasse.O mordomo disse:- Senhor, você voltou?Enquanto falava, seu olhar caiu na mulher desgrenhada nos braços de Rafael. Ao ver o terno masculino que a cobria, seu olhar repentinamente paralisou.Os lábios ressecados se mexeram algumas vezes, forçando um sorriso enquanto se inclinava.As pessoas passavam por ele, e o velho mordomo lançou um rápido olhar furtivo. Só um olhar, e ele imediatamente ficou chocado ao ver a certidão de casamento chamativa.- Senhor, deixe-me levar isso para você. - O mordomo apressadamente se aproximou, sua garganta seca enquanto falava.Estendeu a mão, tenta
- Mordomo, venha comigo.O mordomo estava prestes a fechar a porta da mansão quando ouviu uma voz grave por trás dele. A mão do mordomo, apoiada no batente da porta, tremeu imperceptivelmente. Sem ter tempo para se virar, a sombra por trás dele já havia passado diante de seu rosto, atravessado a porta principal e saído ao ar livre.Imediatamente, o mordomo seguiu silenciosamente, caminhando com a cabeça levemente baixa e sempre a menos de um metro de distância da figura esguia à sua frente.Um mestre e seu servo, os dois navegaram pelo longo corredor, contornando a mansão e caminhando em direção ao quintal.Quanto mais avançavam, mais profundo o caminho se tornava.Quanto mais profundo o caminho, mais as árvores à beira da sombria trilha se erguiam, tornando-se ainda mais sombrias à noite.E agora, o inverno havia chegado.Com tudo em silêncio, as árvores sem folhas.De tempos em tempos, pássaros selvagens voavam com o bater de asas entre os galhos secos.Era terrivelmente sombrio.Um