HANA
* Eu me lembro daquele dia como se fosse hoje, o dia em que a minha mãe me expulsou de casa pra que o relacionamento dela pudesse funcionar, como se fosse eu o motivo de todas as brigas que ela tinha com o namorado dela. Por várias vezes eu me perguntei que tipo de mãe faria algo assim, colocando o amor de um homem acima do amor de uma filha, homem esse que não valia porra nenhuma, homem esse que ficava olhando eu me trocar pelas brechas da porta, que ficava me olhando com desejo, como se eu não tivesse consciência de tudo aquilo que ele gostaria de fazer comigo. Quando eu falei pra minha mãe o que ele fazia e que ela precisava encontrar um homem que a respeitasse, ela mandou eu arrumar as minhas coisas e ir embora, eu quase não acreditei naquela atitude. O único teto que eu tinha pra ir, era a casa da minha irmã por parte de pai, era a única pessoa que eu sabia que iria me acolher e me ajudar a levantar, sem passar exatamente nada na minha cara. Às 23:00 horas daquele dia, eu saí sozinha de casa, carregando uma mala de roupas, e eu não consegui ver nenhum resquício de preocupação por parte da minha mãe ao me ver saindo naquela hora, eu mal atravessei a porta, e ela fechou sem nem ao menos me desejar boa sorte naquela nova vida que ela estava me obrigando a ter. Eu fiquei me perguntando até que ponto uma mulher é capaz de ir pelo amor de um homem? E por mais que eu tentasse entender a loucura que alguém é capaz de fazer por amor, eu não me via exercendo aquele papel, eu jamais iria permitir que um homem tivesse tanto poder sobre mim ao ponto de me deixar cega. Eu não me permiti chorar, eu guardei toda a dor que eu estava sentindo pois eu tentei me convencer que a mulher que me gerou não merecia nenhuma lágrima se quer, ela havia feito a escolha dela, e a partir dali eu passaria a fazer escolhas sem me importar com ela. Quando eu cheguei na casa da minha irmã, ela não me atendeu, logo eu imaginei que ela estivesse em algum desfile importante, afinal ela era uma modelo bastante conhecida, e uma das mais lindas do país, e eu tinha orgulho dela. Eu olhei em volta pra saber se eu não estava sendo observada, quando eu vi que a rua estava deserta, eu caminhei até uma enorme pedra que tinha próximo aos jarros de plantas e a levantei pra pegar a chave reserva que eu sabia que ela sempre colocava lá. Já do lado de dentro, eu percebi que o imenso jardim que existia lá, havia sido reduzido e dado lugar a uma piscina, tudo estava absurdamente lindo, um luxo, as portas de madeira haviam sido substitituidas por portas de vidro, o lugar já era grande, mas naquele momento eu vi que todo o lugar havia passado por grandes reformas e se transformado em uma casa de gente rica. Eu sabia que ela ganhava muito bem com os desfiles, mas também sabia que ela devia uma fortuna pelos procedimentos estéticos que ela fez e não conseguiu pagar, se tornando uma imensa bola de neve, e da última vez que nos vimos, ela disse que todo o dinheiro que recebia, era pra pagar a dívida. — Será que ela arrumou um namorado rico? A dúvida me consumiu, mas nós teríamos bastante tempo pra conversamos sobre aquele assunto. Eu tentei entrar na parte interna da casa e não consegui, ela havia colocado fechaduras eletrônica em todas as portas, a minha única saída foi ligar pra ela, mesmo correndo o risco de atrapalhar algum trabalho que ela pudesse estar fazendo. Eu liguei várias vezes e não obtive sucesso. — Que droga, se eu colocar a senha errada aqui, o alarme vai acionar, é melhor eu não tentar. Eu caminhei até uma cadeira de sol, deitei e tentei ignorar o frio, o sono logo chegou, me tirando por um momento da bagunça dos meus pensamentos. Eu acordei com uma mão balançando o meu ombro, eu estava meio atordoada, mas logo me conscientizei do lugar onde eu estava. Ingrid: O que aconteceu Hana? Você passou a noite no relento? Porque você não me avisou que vinha? — Eu não sabia que eu vinha. Ingrid: Vamos entrar e tomar um chá antes que você adoeça. Eu apenas concordei com a cabeça e me levantei sentindo o meu corpo inteiro doer. Ao entrarmos na casa, eu senti o cheiro de móveis novos, o lugar inteiro havia sido modernizado. Eu parei no meio da sala incrédula e depois a encarei. — Como foi que você conseguiu fazer tantas melhorias aqui tendo tantas dívidas? Ela levou uma das mãos até o pescoço e logo ficou de costas pra mim, mas deu pra perceber perfeitamente as marcas roxas no pescoço dela. — Que marcas são essas no seu pescoço Ingrid? Eu segurei no pulso dela e a fiz olhar pra mim, o olhar dela estava frio, ela parecia outra pessoa, como se toda aquela doçura tivesse desaparecido em um piscar de olhos. — O que você está escondendo de mim? Ingrid: Vai tomar um banho quente Hana, eu vou fazer um chá pra você e depois conversamos. Ela foi em direção a cozinha e eu fiquei preocupada com o tipo de coisa que ela estava metida. Eu tentei tomar um banho rápido, depois coloquei uma roupa confortável e proucurei por ela que já estava sentada na mesa me aguardando. — Pronto, agora me fala que marcas são essas no seu pescoço? Ingrid: Você chegou aqui que horas? — Eu te fiz uma pergunta primeiro e quero respostas Ingrid. Ingrid: Você esqueceu que eu sou a irmã mais velha e que é você que me deve explicações e não eu? — Se eu falar tudo pra você, promete que depois você me explica o que está acontecendo? Ingrid: Sim, eu prometo. Eu respirei fundo, buscando coragem pra revelar tudo o que eu escondi ao longo de dois anos. — A minha mãe me expulsou de casa depois que revelei pra ela que o namorado dela ficava me espiando nua, e que ela merecia um homem que a respeitasse, ela não acreditou em mim, ela disse que o problema era eu. A Ingrid se levantou transtornada. Ingrid: Desde quando isso está acontecendo? Porque você nunca me falou nada? Você não podia ter escondido isso de mim Hana. E que lixo de mãe é essa que não acredita na própria filha? Anda, levanta, nós vamos denunciá-lo agora. — Eu não vou, eu só quero poder viver a minha vida Ingrid, é por isso que estou aqui, pra você me ajudar a seguir em frente e esquecer que algum dia eu passei por isso. Ela me abraçou e eu pude finalmente desabar. Ingrid: Eu só não entendo o motivo de você não ter me dito isso antes Hana, você sabe que eu sempre estive aqui pra você. — Desculpa, mas eu tinha medo de ninguém acreditar em mim, e quando finalmente eu tive coragem pra contar, foi exatamente isso o que aconteceu. Ela segurou o meu rosto e me olhou no fundo dos olhos. Ingrid: Eu acredito em você entendeu? Você promete que nunca mais vai esconder as coisas de mim? — Prometo. Ingrid: Você vai morar comigo, e juntas vamos conseguir viver bem e felizes. Eu limpei as lágrimas dos meus olhos, e depois voltei a questioná-la sobre as marcas no pescoço dela, pois assim como ela não queria que eu escondesse nada dela, eu também esperava o mesmo. Ingrid: Tudo bem, você já é grande o suficiente pra saber dessas coisas. Eu não ganho dinheiro apenas desfilando Hana, eu ganho também fazendo book vermelho. — Book vermelho? Que diabos é isso? Ingrid: Eu desfilo pra um monte de filhos da puta, e se alguém se interessar por mim, pagam uma fortuna pra me levarem pra cama. É isso. Eu fiquei horrorizada, tentando assimilar o que aquilo significava. — Você está se prostituindo? Ingrid: Eu estou ganhando dinheiro. — A que custo? Ingrid: O custo não importa, desde que eu tenha uma vida longe de dívidas Hana. Naquele momento eu tentei me colocar no lugar da Ingrid, e cheguei a conclusão que eu não deveria julgá-la, afinal na situação em que eu estava, era bem provável que eu seguisse o mesmo caminho.Eu e a Ingrid tivemos uma longa conversa, ela me contou com detalhes sobre como ela conseguiu bancar toda a reforma da casa dela, assim também como conseguiu pagar todas as dívidas que ela tinha, e apesar de eu não concordar com tudo o que ela permitia que aqueles caras fizessem com ela, eu não poderia julgá-la.Eu fiquei pensativa, pois apesar de saber que ela ganhava muito bem, eu não tinha como ajudá-la financeiramente, já que eu estaria morando com ela era obrigação minha contribuir com as contas da casa.Ingrid: Que cara é essa?– Eu preciso arranjar um emprego, eu não posso ficar aqui dependendo totalmente de você.Ingrid: Eu ganho o suficiente pra nós duas Hana, isso não será um problema.– Eu quero trabalhar Ingrid, será que existe alguma possibilidade de você conseguir um emprego pra mim na agência que você trabalha?Ingrid: Você não ouviu tudo o que eu acabei de falar?– Sim, mas eu iria trabalhar apenas desfilando, eu tenho quase o mesmo padrão que o seu.Ingrid: Você ainda
JONH*No ramo em que eu estava trabalhando não poderia haver erros, e eu não poderia falhar com a marca contratante, porém a recusa da Ingrid me trouxe grandes problemas.Flávia: Bom dia Sr. Carter, eu estou ligando para avisar que a pessoa que eu tinha em vista para substituir a Ingrid não vai poder participar do desfile.— Isso não pode acontecer, você sabe muito bem que não podemos ter desfalques nesse desfile, ligue para Ingrid agora e tente convencê-la a participar.Flávia: Sim senhor.Haviam muitas modelos na agência, mas poucas delas possuíam o padrão que a marca contratante queria, e uma das modelos mais requisitadas era a Ingrid, pois ela possuía o padrão que a maioria das marcas procuravam, não só as marcas a queriam, como também os clientes.Eu achava que eu não deveria me preocupar, pois a Flávia era muito competente no que fazia, e eu tinha certeza que ela conseguiria convencer a Ingrid, porém não foi isso o que aconteceu.Eu estava tomando o meu café quando o meu celula
HANA*Quando o dia do desfile chegou era notório o estresse da Ingrid, eu fiz o café da manhã e respeitei o silêncio dela, depois de alguns minutos nós ouvimos o celular dela tocar e ela correu para atender.Ingrid: É da agência Hana, volto já.Ela saiu para área externa e voltou alguns minutos depois com a fisionomia um pouco melhor.— E então? Porquê ligaram pra você?A pessoa que iria ficar no meu lugar no desfile não vai poder comparecer e estão precisando de mim, eu disse que aceitaria se eu não precisasse fazer o book vermelho, a Flávia ficou de me dar um retorno, disse que iria falar com o Carter.— Você acha que ele irá concordar com isso?Ingrid: O Carter é aquele tipo de homem que não se permite errar, o desfalque de uma modelo o colocaria em uma posição muito ruim diante da marca contratante e diante dos outros clientes, ele não tem escolha.— Como você consegue ter tanta paciência com esse homem? Ele nem respeita as suas limitações.Ingrid: Pra te falar a verdade eu já es
JONH*Eu tive os meus pensamentos interrompidos pela Flávia.Flávia: Com licença Sr.Carter, a última garota saiu daqui como se estivesse chateada, eu achei que ela seria perfeita pra o que o senhor está procurando.— De fato ela é, mas eu fiz uma proposta ousada pra ela e acho que isso a constrangeu.Flávia: Posso saber que proposta foi essa?Eu encarei a Flávia e pensei se ela deveria ou não ser informada sobre a decisão maluca que eu havia acabado de tomar e cheguei à conclusão de que eu não poderia fazer aquilo sem a ajuda dela.— Eu não posso colocar qualquer garota diante de um cliente tão importante como o Sr.Klaus, muito menos alguém que nunca esteve com um homem, então eu disse pra garota que eu mesmo iria prepará-la pra esse momento, que eu iria ensiná-la a se comportar, e a como deixar um homem excitado, eu dei um prazo pra ela me dar a resposta, e eu espero que ela aceite, pois existe muito dinheiro envolvido nisso.Flávia: Mas isso não está no contrato que você me pediu p
HANA*Eu passei pela funcionária dele sem olhar para os lados, já estava complicado demais ter que lidar com sentimentos que estavam aflorando dentro de mim, sentimentos de desejo, excitação e também raiva por estar sentindo tudo aquilo por alguém que claramente não valia nada.Assim que a Ingrid me viu, ela já percebeu que havia algo de errado.Ingrid: Que cara é essa? Você não foi aprovada?Eu olhei para os lados verificando as pessoas que estavam próximas da gente e pedi para que fossemos conversar em um lugar mais vazio.Caminhamos até a cafeteria que existia ao lado do prédio, pedimos um café e eu falei exatamente tudo o que aconteceu.A Ingrid ouviu tudo atentamente com as mãos nos lábios, ela balançava a cabeça constantemente como se não tivesse acreditando em tudo aquilo, mas depois que eu terminei de falar ela me surpreendeu com algo que eu não havia pensado.Ingrid: O Carter nunca se envolveu com ninguém da agência, mesmo tendo quase todas as modelos babando por ele, existe
JONH*Apesar das chantagens da Ingrid, eu não via a hora de ter a irmã dela ao alcance das minhas mãos, então me apressei pra fazer o contrato.Eu liguei pra Flávia e pedi pra ela ir até a minha sala.Flávia: Estou aqui.— Eu quero que você fique responsável por escolher uma virgem pro cliente, você fará uma nova seleção, e você irá decidir quem é a melhor garota e a mais bonita, o contrato pode ser o primeiro que foi criado.Flávia: E quanto a Hana? Desistiu dela?— A Hana se tornou um assunto pessoal meu, ela não será escolhida pra encontrar o cliente.Flávia: Eu não entendo, você será o cliente dela então?— Eu disse que é um assunto pessoal, isso significa que não cabe a você entender.Aquela era a primeira vez que eu tratava a Flávia com grosseria, e ela encheu os olhos de lágrimas, eu só não sabia se aquelas lágrimas era só pela forma como falei ou por ciúmes, de qualquer modo ela sabia que nada poderia existir entre nós dois, e que o fato dela ser o meu braço direito não dava
HANA * Ainda dava tempo de desistir de toda aquela loucura, mas eu não estava em condições de recusar um valor tão alto, eu sabia que todo o meu futuro iria depender daqueles três meses, e eu precisava agir tranquilamente, e deixar que ele conduzisse as coisas da forma como achasse melhor, afinal ele estava investindo alto em mim. Eu e a Ingrid fomos pra casa e ela ficou me dando dicas de como me manter calma diante de um homem, mas ele não era qualquer homem, parecia que ela tinha esquecido que havia feito a caveira dele pra mim, e eu não sabia o que esperar de um homem sem coração. Ingrid: Você não está prestando atenção em nada do que eu estou falando não é? — Eu estou sim Ingrid, mas acho que nesse momento o silêncio me faria bem. Ingrid: Você está chateada comigo? Eu já falei que você ainda pode desistir. — Eu não quero desistir, eu só quero me preparar psicologicamente pra ficar nua na frente daquele homem. Ingrid: Tudo bem, eu vou deixar você quieta. Eu entrei no meu
JONH*Quando a Ingrid me ligou pra informar que o contrato havia sido assinado, eu tentei controlar a minha fúria ao ser ameaçado por ela, afinal tudo estava saindo da forma como eu queria e eu não poderia perder tempo com confrontos desnecessários, eu acho que eu fiquei com mais raiva por ela ter desligado na minha cara do que com a ameaça em si.Quando o meu motorista chegou com o documento, eu o tirei de dentro do envelope e encarei aquela assinatura, ainda precisava autenticar, e eu faria aquilo no dia seguinte. — Hana Galeno, em breve eu vou devorar cada parte do seu corpo, farei você esguichar de prazer, deixarei as suas pernas tão bambas que você perderá o sentido dos próprios pensamentos.Eu falei antes de tomar o último gole do meu vinho.Eu finalmente fui pra minha casa, desatei o nó da minha gravata, tirei toda a roupa, depois entrei na jacuzzi e aproveitei pra relaxar, eu não sabia como seria ao certo os próximos três meses, mas eu tinha intenção de ser o pior tipo de pe