Quando eu cheguei na agência, eu encontrei uma das modelos discutindo com a Flávia, naquele momento eu já sabia o motivo da discussão, mas como todo chefe, eu tinha o dever de perguntar.
— O que está havendo aqui? Já imaginaram se algum cliente entra aqui e encontra essa baderna? Flávia: Desculpa Sr. Carter, mas a Ingrid está se recusando a fazer book vermelho Ingrid: Eu já fiz book vermelho essa semana, o cliente quase me estrangulou com aquela gravata no meu pescoço, eu ainda estou dolorida das chicotadas que ele me deu, eu só quero um descanso pra que eu me recupere. — Tudo bem, você pode ir pra casa e a Flávia irá encontrar uma substituta pra você. Ingrid: Eu não vou participar do desfile? — Você sabe como as coisas funcionam por aqui Ingrid, a passarela é como se fosse uma vitrine pros nossos clientes, eu não posso dar um "Não" pros clientes caso eles queiram sair com você. Ingrid: Eu preciso da grana Jonh. — E eu preciso dos clientes, agora você pode ir. Eu vi ela se retirar furiosa, e eu não dei a mínima pra crise de fúria dela. O dinheiro e o poder fizeram de mim um homem sem coração, mas eu tinha consciência dos limites das minhas modelos, a Ingrid jamais recusaria fazer book Vermelho se não estivesse realmente dolorida, mas tudo era negócios, eram esses negócios que comandavam a minha vida. — Flávia, consiga outra modelo pra ficar no lugar da Ingrid, e passa pro meu e-mail o relatório dos clientes que irão estar presentes no desfile. Flávia: Eu já mandei pro seu e-mail. — Obrigado, eficiente como sempre. Ela sorriu, aquele sorriso angelical da Flávia já me fez pensar em coisas absurdas que eu gostaria de fazer com ela, mas a minha ética no trabalho me impedia de ir além do contato profissional. Enquanto eu estava no meu escritório vendo o relatório, eu ouvi a voz da Shell ecoar na agência, a minha única reação foi colocar as mãos na cabeça, esperando o tsunami invadir a sala. A porta abriu, e o motivo dos meus maiores estresses entrou. Flávia: Desculpa Sr. Carter, eu não consegui impedi-la. — Tudo bem Flávia, pode sair e feche a porta. Assim que a Flávia saiu, a Shell começou com a onda de chantagens emocionais dela. Shell: Você desligou o celular na minha cara, e ainda teve a coragem de dizer que existem mulheres que valem mais a pena do que eu? Quando você chegou aqui, você não era ninguém, não tinha nem onde morar, eu fui teu ponto de apoio em diversas fazes da sua vida, não saí do seu lado nem por um momento, e agora que você ficou milionário, se tornou conhecido, conheceu pessoas importantes, você acha que pode me descartar assim, como se eu fosse um monte de lixo? — Porquê você faz isso Shell? Shell: O que eu estou fazendo? — Toda vez que as coisas não saem da forma como você idealiza, você j**a esse tanto de coisa na minha cara, como se isso fosse mudar a nossa situação, você quer o quê de mim? Que eu namore você por consideração? Que eu priorize você por gratidão? Que tipo de relacionamento nós teríamos se eu ficasse com você só porque você me ajudou a ter um teto lá no início? Teto esse que eu pagava a metade do valor? Você acha mesmo que se não fosse você eu não iria conseguir me virar? Eu morei com você só por quatro meses e paguei por isso, eu não te devo nada. Você precisa entender que eu não amo você, que pra mim tudo isso que rolou entre a gente foi só sexo, e isso não me prende a você. Shell: Você é um filho da puta covarde Jonh, se você não tivesse chegado onde chegou, eu duvido que você teria coragem de me tratar assim. — Eu vou facilitar as coisas pra nós dois Shell, a partir de hoje, nós dois não iremos ter mais nenhum tipo de relação além da amizade, isso se a minha amizade for o suficiente pra você, eu não quero que você entre aqui exigindo satisfações como se fosse minha mulher ou algo do tipo, você precisa respeitar as minhas escolhas. Shell: Quer saber de uma coisa? Enfia essa amizade no seu cú, eu vou fingir que eu nunca conheci você em toda a minha vida, e por favor, se você me encontrar algum dia, faça o mesmo. A Shell atravessou a porta, e foi embora levando uma amizade de anos, eu não vou negar que aquilo mexeu comigo, mas no fundo eu sabia que era o melhor, pois ela jamais me daria paz, como não me deu ao longo dos anos. Eu passei um tempo tentando reorganizar a minha mente, e depois toda a frieza voltou a tomar conta de mim, e eu pude finalmente voltar ao trabalho. Ao analisar o relatório, eu vi que os clientes de maior potência financeira estariam presentes no desfile, muitos daqueles homens gostavam de mulheres jovens e submissas, mulheres que aceitassem realizar os fetiches sexuais deles, fetiches esses que envolviam enforcamento, chicotadas, sexo anal, e até práticas sadomasoquistas, nesses casos, eles pagavam o triplo do valor. Todos os contratos que as modelos faziam com a agência, deixava claro que elas concordavam com tais práticas, apesar da prostituição ser algo proibida no país, era necessário eu possuir esses documentos assinados pra minha pena ser menor, caso o esquema fosse descoberto. Aquele era o risco que eu precisava correr pra conseguir manter a vida que eu tinha. No dia seguinte eu sabia que eu iria ter um faturamento acima da normalidade, então eu trabalhei o dia inteiro pra que tudo saísse na mais perfeita ordem, liguei pra marca contratante e confirmei o horário do evento, depois entrei em contato com os clientes da lista vermelha e antecipei as fotos das modelos que iriam participar do desfile, no final do dia eu fui pra minha mansão completamente ansioso pro dia seguinte. Quando eu finalmente cheguei em casa e abri um vinho pra conseguir amenizar o peso do mundo das minhas costas, o meu celular tocou, quando eu vi que se tratava de um dos clientes mais disputados entre as modelos, eu rapidamente atendi. — Boa noite Sr. Klaus, qual o motivo da sua ligação a essa hora? Klaus: Boa noite Carter, amanhã gostaria de ter uma reunião com você antes do desfile, é possível? — É claro que sim, mas aconteceu alguma coisa? Klaus: Não precisa se preocupar, eu só gostaria de fazer um pedido a você, mas quero fazer isso pessoalmente. — Tudo bem, amanhã chegarei mais cedo e irei esperá-lo na sala de reuniões do evento. Klaus: Até amanhã então. Quando ele desligou, eu sabia que o pedido dele não era algo simples de se conseguir, e eu fui logo me preparando psicologicamente para tudo o que eu precisar fazer pra atender as expectativas dele.HANA*Eu me lembro daquele dia como se fosse hoje, o dia em que a minha mãe me expulsou de casa pra que o relacionamento dela pudesse funcionar, como se fosse eu o motivo de todas as brigas que ela tinha com o namorado dela. Por várias vezes eu me perguntei que tipo de mãe faria algo assim, colocando o amor de um homem acima do amor de uma filha, homem esse que não valia porra nenhuma, homem esse que ficava olhando eu me trocar pelas brechas da porta, que ficava me olhando com desejo, como se eu não tivesse consciência de tudo aquilo que ele gostaria de fazer comigo. Quando eu falei pra minha mãe o que ele fazia e que ela precisava encontrar um homem que a respeitasse, ela mandou eu arrumar as minhas coisas e ir embora, eu quase não acreditei naquela atitude.O único teto que eu tinha pra ir, era a casa da minha irmã por parte de pai, era a única pessoa que eu sabia que iria me acolher e me ajudar a levantar, sem passar exatamente nada na minha cara.Às 23:00 horas daquele dia, eu
Eu e a Ingrid tivemos uma longa conversa, ela me contou com detalhes sobre como ela conseguiu bancar toda a reforma da casa dela, assim também como conseguiu pagar todas as dívidas que ela tinha, e apesar de eu não concordar com tudo o que ela permitia que aqueles caras fizessem com ela, eu não poderia julgá-la.Eu fiquei pensativa, pois apesar de saber que ela ganhava muito bem, eu não tinha como ajudá-la financeiramente, já que eu estaria morando com ela era obrigação minha contribuir com as contas da casa.Ingrid: Que cara é essa?– Eu preciso arranjar um emprego, eu não posso ficar aqui dependendo totalmente de você.Ingrid: Eu ganho o suficiente pra nós duas Hana, isso não será um problema.– Eu quero trabalhar Ingrid, será que existe alguma possibilidade de você conseguir um emprego pra mim na agência que você trabalha?Ingrid: Você não ouviu tudo o que eu acabei de falar?– Sim, mas eu iria trabalhar apenas desfilando, eu tenho quase o mesmo padrão que o seu.Ingrid: Você ainda
JONH*No ramo em que eu estava trabalhando não poderia haver erros, e eu não poderia falhar com a marca contratante, porém a recusa da Ingrid me trouxe grandes problemas.Flávia: Bom dia Sr. Carter, eu estou ligando para avisar que a pessoa que eu tinha em vista para substituir a Ingrid não vai poder participar do desfile.— Isso não pode acontecer, você sabe muito bem que não podemos ter desfalques nesse desfile, ligue para Ingrid agora e tente convencê-la a participar.Flávia: Sim senhor.Haviam muitas modelos na agência, mas poucas delas possuíam o padrão que a marca contratante queria, e uma das modelos mais requisitadas era a Ingrid, pois ela possuía o padrão que a maioria das marcas procuravam, não só as marcas a queriam, como também os clientes.Eu achava que eu não deveria me preocupar, pois a Flávia era muito competente no que fazia, e eu tinha certeza que ela conseguiria convencer a Ingrid, porém não foi isso o que aconteceu.Eu estava tomando o meu café quando o meu celula
HANA*Quando o dia do desfile chegou era notório o estresse da Ingrid, eu fiz o café da manhã e respeitei o silêncio dela, depois de alguns minutos nós ouvimos o celular dela tocar e ela correu para atender.Ingrid: É da agência Hana, volto já.Ela saiu para área externa e voltou alguns minutos depois com a fisionomia um pouco melhor.— E então? Porquê ligaram pra você?A pessoa que iria ficar no meu lugar no desfile não vai poder comparecer e estão precisando de mim, eu disse que aceitaria se eu não precisasse fazer o book vermelho, a Flávia ficou de me dar um retorno, disse que iria falar com o Carter.— Você acha que ele irá concordar com isso?Ingrid: O Carter é aquele tipo de homem que não se permite errar, o desfalque de uma modelo o colocaria em uma posição muito ruim diante da marca contratante e diante dos outros clientes, ele não tem escolha.— Como você consegue ter tanta paciência com esse homem? Ele nem respeita as suas limitações.Ingrid: Pra te falar a verdade eu já es
JONH*Eu tive os meus pensamentos interrompidos pela Flávia.Flávia: Com licença Sr.Carter, a última garota saiu daqui como se estivesse chateada, eu achei que ela seria perfeita pra o que o senhor está procurando.— De fato ela é, mas eu fiz uma proposta ousada pra ela e acho que isso a constrangeu.Flávia: Posso saber que proposta foi essa?Eu encarei a Flávia e pensei se ela deveria ou não ser informada sobre a decisão maluca que eu havia acabado de tomar e cheguei à conclusão de que eu não poderia fazer aquilo sem a ajuda dela.— Eu não posso colocar qualquer garota diante de um cliente tão importante como o Sr.Klaus, muito menos alguém que nunca esteve com um homem, então eu disse pra garota que eu mesmo iria prepará-la pra esse momento, que eu iria ensiná-la a se comportar, e a como deixar um homem excitado, eu dei um prazo pra ela me dar a resposta, e eu espero que ela aceite, pois existe muito dinheiro envolvido nisso.Flávia: Mas isso não está no contrato que você me pediu p
HANA*Eu passei pela funcionária dele sem olhar para os lados, já estava complicado demais ter que lidar com sentimentos que estavam aflorando dentro de mim, sentimentos de desejo, excitação e também raiva por estar sentindo tudo aquilo por alguém que claramente não valia nada.Assim que a Ingrid me viu, ela já percebeu que havia algo de errado.Ingrid: Que cara é essa? Você não foi aprovada?Eu olhei para os lados verificando as pessoas que estavam próximas da gente e pedi para que fossemos conversar em um lugar mais vazio.Caminhamos até a cafeteria que existia ao lado do prédio, pedimos um café e eu falei exatamente tudo o que aconteceu.A Ingrid ouviu tudo atentamente com as mãos nos lábios, ela balançava a cabeça constantemente como se não tivesse acreditando em tudo aquilo, mas depois que eu terminei de falar ela me surpreendeu com algo que eu não havia pensado.Ingrid: O Carter nunca se envolveu com ninguém da agência, mesmo tendo quase todas as modelos babando por ele, existe
JONH*Apesar das chantagens da Ingrid, eu não via a hora de ter a irmã dela ao alcance das minhas mãos, então me apressei pra fazer o contrato.Eu liguei pra Flávia e pedi pra ela ir até a minha sala.Flávia: Estou aqui.— Eu quero que você fique responsável por escolher uma virgem pro cliente, você fará uma nova seleção, e você irá decidir quem é a melhor garota e a mais bonita, o contrato pode ser o primeiro que foi criado.Flávia: E quanto a Hana? Desistiu dela?— A Hana se tornou um assunto pessoal meu, ela não será escolhida pra encontrar o cliente.Flávia: Eu não entendo, você será o cliente dela então?— Eu disse que é um assunto pessoal, isso significa que não cabe a você entender.Aquela era a primeira vez que eu tratava a Flávia com grosseria, e ela encheu os olhos de lágrimas, eu só não sabia se aquelas lágrimas era só pela forma como falei ou por ciúmes, de qualquer modo ela sabia que nada poderia existir entre nós dois, e que o fato dela ser o meu braço direito não dava
HANA * Ainda dava tempo de desistir de toda aquela loucura, mas eu não estava em condições de recusar um valor tão alto, eu sabia que todo o meu futuro iria depender daqueles três meses, e eu precisava agir tranquilamente, e deixar que ele conduzisse as coisas da forma como achasse melhor, afinal ele estava investindo alto em mim. Eu e a Ingrid fomos pra casa e ela ficou me dando dicas de como me manter calma diante de um homem, mas ele não era qualquer homem, parecia que ela tinha esquecido que havia feito a caveira dele pra mim, e eu não sabia o que esperar de um homem sem coração. Ingrid: Você não está prestando atenção em nada do que eu estou falando não é? — Eu estou sim Ingrid, mas acho que nesse momento o silêncio me faria bem. Ingrid: Você está chateada comigo? Eu já falei que você ainda pode desistir. — Eu não quero desistir, eu só quero me preparar psicologicamente pra ficar nua na frente daquele homem. Ingrid: Tudo bem, eu vou deixar você quieta. Eu entrei no meu