Naquela mesma noite, na casa da ilha, Valentina se olhava no espelho da parede antes de descer para o jantar, quando um relâmpago cortou o céu.Ela vestiu uma calça jeans, calçou um par de sandálias e pôs uma blusa sem mangas; passou um pouco de maquiagem e prendeu os cabelos num rabo de cavalo. Saiu do quarto, atravessou a sala de visitas e se dirigiu para a praia. Viu a fogueira acesa na areia e a mesa posta para quatro pessoas. De frente para ela estavam Daniela e Antonino, sentados pertinho um do outro. A outra pessoa estava de costas e ela não precisou se esforçar muito para saber que era Franco. Quando se aproximou ele se virou de repente e deu um sorriso reluzente para ela.— Boa noite — Valentina sorriu.— Boa noite, Valentina — Franco falou se levantando e puxando a cadeira para ela.Valentina sentou e esperou ele fazer o mesmo, mas Franco ficou alguns segundos encarando-a e ela sentiu uma pontada de nervosismo. Ele obviamente estava muito à vontade, mas ela também não se de
Antonino e Franco saíram logo cedo, nas primeiras horas do dia. Daniela e Valentina tomaram juntas o café da manhã, em seguida Valentina se despediu e partiu.O dia foi longo para Daniela. Ela pôs sua roupa de ginástica, correu na praia e mais tarde levou Enzo para tomar banho de mar. No início da noite estava lendo no terraço quando Antonino chegou e passou direto para o quarto.Na hora do jantar ela foi para a mesa sozinha. Estava sem fome e ficou com a colher circulando no caldo da sopa, observando as idas e vindas dos empregados entre a cozinha e a sala de jantar.Antonino estava há duas horas trancado no quarto falando ao telefone, e ela tentava adivinhar se a conversa dele era com um homem ou com uma mulher. Sentia naquele momento um ciúme doentio que estava corroendo as suas entranhas, porque amava aquele homem, mesmo sem ter lembrança alguma do passado. E ele era o seu marido, mas parecia que o casamento deles estava sendo empurrado com a barriga e ela não sabia porquê. O últ
Enquanto Daniela chorava dentro do quarto, Antonino caminhava com Enzo pela praia observando o garoto catar conchas do mar. Uma onda veio forte e respingou água neles quando bateu de encontro às rochas e foi naquele exato momento que o telefone dele tocou pela segunda vez; a primeira foi quando estava à mesa, tomando café. Ele olhou a tela e não reconheceu o número, mas atendeu.— Alô?— Bom dia, querido — era a voz de Claudina, do outro lado da linha.— Você não devia telefonar para mim.Claudina deu uma risada sonora.— Então só atendeu porque não reconheceu o número? Sabe essa coisa de ter dois telefones, um para os negócios e o outro particular? Pois é, acabei perdendo um deles; acho que ficou no hotel onde passamos a noite ontem. — Que é que você quer? — Antonino perguntou com acidez.— Lembrá-lo do nosso encontro hoje à tarde. Temos assuntos inacabados das nossas empresas. — Nunca me esqueço de um compromisso. Não precisava ligar.— Você parece preocupado. Não me diga que Da
Antonino tocou a campainha e imediatamente Franco abriu a porta. Estava usando roupão e chinelos.— Está com alguém? — Antonino perguntou. — Se não for uma boa hora volto depois.Franco deu passagem para Antonino que caminhou pela sala e foi sentar no sofá. Enquanto lhe servia uma bebida Franco comentou:— Estava indo dormir. Parece que esses dias não estou tendo muita sorte com as mulheres.— De que mulher está falando? Da Valentina?— Pois é, primo; o problema está aí. Sabe aquela garota que transei na casa do Felipe Molina? Por incrível que pareça, elas se conhecem e se já não bastasse o dia em que Valentina me viu no shopping com ela, a garota veio aqui e Valentina a encontrou no elevador quando estava chegando. Acho que perdi ponto com a gata. — Entendi — Antonino falou com sarcasmo.— Você sabe que não sou homem de me amarrar numa mulher só. E na verdade a gente tá só começando.Antonino tomou um gole da sua bebida e disse rindo.— Sei.—Não entendi qual é a graça.Antonino con
Naquela noite, como de costume, Daniela jantava sozinha quando viu Antonino descer as escadas. Ao vê-la ele parou; estava com o terno em uma das mãos e uma maleta na outra. O coração dela deu um salto. Se olharam por segundos que pareceram eternos. Então ele se moveu, caminhou até ela e se inclinou para beijá-la, mas Daniela virou o rosto. — Vou viajar. Volto em dois dias. — Ele falou e deu-lhe as costas.Depois que Antonino saiu Daniela pegou uma garrafa de vodka e foi beber no terraço. Sentada em uma poltrona de vime com o copo na mão, ela assistia pela centésima vez o vídeo onde Antonino aparecia transando com Claudina.Nem sequer lembrava quando casou com ele, mas sentia uma paixão louca por aquele homem que a desestruturava totalmente. E ela o desejava com uma loucura que ultrapassava toda a lucidez. A dor e o despeito eram tão grandes que Daniela virava um copo de bebida atrás do outro, enquanto enxugava as lágrimas com as costas da mão.Já era madrugada quando Daniela sentiu
Naquela mesma noite depois que voltaram do passeio de barco, Daniela colocou Enzo na cama e desceu para jantar. Ela e Antonino sentaram à mesa juntos, coisa que há algum tempo não faziam e após o jantar Antonino a levou direto para o quarto dele no final do corredor. Assim que entraram ele fechou a porta com o pé e a agarrou enfiando a língua quente e úmida na boca dela. Daniela pulou no pescoço dele e o enlaçou com os braços, com as pernas, completamente abrasada.Ele a deitou na cama, levantou o seu vestido até a barriga e beijou as partes do seu corpo que estavam expostas. Passou a língua pela barriga dela e chupou o seu umbigo lhe causando um resfriamento gostoso pela espinha. Depois desceu a boca e se fixou no seu sexo. Ela agarrou os lençóis com força, torcendo-os numa fúria animal, totalmente descontrolada pelo desejo e se entregou; se deu toda. Deixou que a língua dele explorasse sem limites a sua intimidade. Ficou em estado de euforia como se tivesse usado algum tipo de droga
Com o desaparecimento de Enzo, Daniela passou a noite angustiada. Sentada na cama ela se esforçava para não pensar o pior, mas os pensamentos negativos invadiam a sua mente; vinham sem pedir licença. Pensava nele subindo as rochas e despencando dentro do mar e aquela imagem mental doía como uma faca perfurando sua carne. Ela não queria chorar, precisava ser forte, ter pensamentos positivos, ser otimista, mas sentia que era impossível se controlar porque seu coração pesava como chumbo. Deitou na cama em posição fetal e começou a chorar em silêncio com as mãos no rosto. O pranto que se esforçou tanto para evitar tomou conta dela antes que conseguisse impedir que os olhos se enchessem de lágrimas. A dor que sentia era tão viva como se alguém a estivesse espetando com um instrumento pontiagudo. Só conseguia pensar em Enzo. Onde estaria àquela hora? Estaria chorando com medo do escuro? Ou sentindo fome? Tudo o que podia fazer era esperar. Os seguranças e os empregados da casa estavam lá
Antonino estava participando de uma conferência em São Paulo. Depois de mais de quatro horas numa sala fechada na semi-escuridão, assistindo vídeos cujo objetivo principal eram os milhões de dólares investidos, a reunião terminou e todos saíram da sala se espalhando pelos corredores. Antonino seguiu para o elevador já nas primeiras horas da noite e pouco tempo depois estava no quarto de hotel. Depois de tomar um banho demorado, digitou uma mensagem para Claudina e enviou.Uma hora depois estava sentado a uma mesa de canto do salão do andar superior do restaurante quando ela entrou na sua elegância costumeira, trajando calça de tecido escuro e blusa em tom pastel, usando salto alto cujo som ecoava pelo ambiente.Ela se sentou e foi logo dizendo:— Que convite inesperado!Antonino sorriu e disse:— Pois é. O Franco não pôde estar aqui hoje na conferência e eu odeio comer sozinho quando viajo.— Devo me sentir lisonjeada? — Claudina falou com sarcasmo.— Não seja tão emotiva; isso não c