Enquanto Daniela chorava dentro do quarto, Antonino caminhava com Enzo pela praia observando o garoto catar conchas do mar. Uma onda veio forte e respingou água neles quando bateu de encontro às rochas e foi naquele exato momento que o telefone dele tocou pela segunda vez; a primeira foi quando estava à mesa, tomando café. Ele olhou a tela e não reconheceu o número, mas atendeu.— Alô?— Bom dia, querido — era a voz de Claudina, do outro lado da linha.— Você não devia telefonar para mim.Claudina deu uma risada sonora.— Então só atendeu porque não reconheceu o número? Sabe essa coisa de ter dois telefones, um para os negócios e o outro particular? Pois é, acabei perdendo um deles; acho que ficou no hotel onde passamos a noite ontem. — Que é que você quer? — Antonino perguntou com acidez.— Lembrá-lo do nosso encontro hoje à tarde. Temos assuntos inacabados das nossas empresas. — Nunca me esqueço de um compromisso. Não precisava ligar.— Você parece preocupado. Não me diga que Da
Antonino tocou a campainha e imediatamente Franco abriu a porta. Estava usando roupão e chinelos.— Está com alguém? — Antonino perguntou. — Se não for uma boa hora volto depois.Franco deu passagem para Antonino que caminhou pela sala e foi sentar no sofá. Enquanto lhe servia uma bebida Franco comentou:— Estava indo dormir. Parece que esses dias não estou tendo muita sorte com as mulheres.— De que mulher está falando? Da Valentina?— Pois é, primo; o problema está aí. Sabe aquela garota que transei na casa do Felipe Molina? Por incrível que pareça, elas se conhecem e se já não bastasse o dia em que Valentina me viu no shopping com ela, a garota veio aqui e Valentina a encontrou no elevador quando estava chegando. Acho que perdi ponto com a gata. — Entendi — Antonino falou com sarcasmo.— Você sabe que não sou homem de me amarrar numa mulher só. E na verdade a gente tá só começando.Antonino tomou um gole da sua bebida e disse rindo.— Sei.—Não entendi qual é a graça.Antonino con
Naquela noite, como de costume, Daniela jantava sozinha quando viu Antonino descer as escadas. Ao vê-la ele parou; estava com o terno em uma das mãos e uma maleta na outra. O coração dela deu um salto. Se olharam por segundos que pareceram eternos. Então ele se moveu, caminhou até ela e se inclinou para beijá-la, mas Daniela virou o rosto. — Vou viajar. Volto em dois dias. — Ele falou e deu-lhe as costas.Depois que Antonino saiu Daniela pegou uma garrafa de vodka e foi beber no terraço. Sentada em uma poltrona de vime com o copo na mão, ela assistia pela centésima vez o vídeo onde Antonino aparecia transando com Claudina.Nem sequer lembrava quando casou com ele, mas sentia uma paixão louca por aquele homem que a desestruturava totalmente. E ela o desejava com uma loucura que ultrapassava toda a lucidez. A dor e o despeito eram tão grandes que Daniela virava um copo de bebida atrás do outro, enquanto enxugava as lágrimas com as costas da mão.Já era madrugada quando Daniela sentiu
Naquela mesma noite depois que voltaram do passeio de barco, Daniela colocou Enzo na cama e desceu para jantar. Ela e Antonino sentaram à mesa juntos, coisa que há algum tempo não faziam e após o jantar Antonino a levou direto para o quarto dele no final do corredor. Assim que entraram ele fechou a porta com o pé e a agarrou enfiando a língua quente e úmida na boca dela. Daniela pulou no pescoço dele e o enlaçou com os braços, com as pernas, completamente abrasada.Ele a deitou na cama, levantou o seu vestido até a barriga e beijou as partes do seu corpo que estavam expostas. Passou a língua pela barriga dela e chupou o seu umbigo lhe causando um resfriamento gostoso pela espinha. Depois desceu a boca e se fixou no seu sexo. Ela agarrou os lençóis com força, torcendo-os numa fúria animal, totalmente descontrolada pelo desejo e se entregou; se deu toda. Deixou que a língua dele explorasse sem limites a sua intimidade. Ficou em estado de euforia como se tivesse usado algum tipo de droga
Com o desaparecimento de Enzo, Daniela passou a noite angustiada. Sentada na cama ela se esforçava para não pensar o pior, mas os pensamentos negativos invadiam a sua mente; vinham sem pedir licença. Pensava nele subindo as rochas e despencando dentro do mar e aquela imagem mental doía como uma faca perfurando sua carne. Ela não queria chorar, precisava ser forte, ter pensamentos positivos, ser otimista, mas sentia que era impossível se controlar porque seu coração pesava como chumbo. Deitou na cama em posição fetal e começou a chorar em silêncio com as mãos no rosto. O pranto que se esforçou tanto para evitar tomou conta dela antes que conseguisse impedir que os olhos se enchessem de lágrimas. A dor que sentia era tão viva como se alguém a estivesse espetando com um instrumento pontiagudo. Só conseguia pensar em Enzo. Onde estaria àquela hora? Estaria chorando com medo do escuro? Ou sentindo fome? Tudo o que podia fazer era esperar. Os seguranças e os empregados da casa estavam lá
Antonino estava participando de uma conferência em São Paulo. Depois de mais de quatro horas numa sala fechada na semi-escuridão, assistindo vídeos cujo objetivo principal eram os milhões de dólares investidos, a reunião terminou e todos saíram da sala se espalhando pelos corredores. Antonino seguiu para o elevador já nas primeiras horas da noite e pouco tempo depois estava no quarto de hotel. Depois de tomar um banho demorado, digitou uma mensagem para Claudina e enviou.Uma hora depois estava sentado a uma mesa de canto do salão do andar superior do restaurante quando ela entrou na sua elegância costumeira, trajando calça de tecido escuro e blusa em tom pastel, usando salto alto cujo som ecoava pelo ambiente.Ela se sentou e foi logo dizendo:— Que convite inesperado!Antonino sorriu e disse:— Pois é. O Franco não pôde estar aqui hoje na conferência e eu odeio comer sozinho quando viajo.— Devo me sentir lisonjeada? — Claudina falou com sarcasmo.— Não seja tão emotiva; isso não c
O barco encostou no píer e Vanessa Cabrera saltou usando um vestido preto muito justo no meio da coxa e sapatos de salto fino. Foi revistada pelo segurança que abriu a sua bolsa de mão encontrando apenas um batom e um celular e depois foi liberada.Enquanto procurava andar mais depressa em direção ao chalé, olhou ao redor e contou dez seguranças armados em pontos estratégicos da ilha. Um vento cortante e penetrante lhe açoitava o corpo; a seus pés, havia uma areia branca crepitante, rodopiante. Apesar de estar no verão, naquele horário às duas da manhã, a temperatura sempre caía e ela estava enfrentando o frio que lhe fustigava a pele.A ruiva caminhava sabendo que estava metida em uma grande confusão. À medida que se aproximava do chalé aumentavam os seus temores mais ocultos sentindo-se invadida por sentimentos de intranquilidade e impulsos estranhos que se agitavam dentro dela. Estava numa armadilha, sem escapatória para nenhum lado. E não havia nenhum meio de esquivar-se dessa sit
Sentada no terraço, de frente para o mar vendo o dia amanhecer, Daniela não enxergava a beleza da natureza que se descortinava à sua frente. Seu pensamento divagava para longe; estava todo voltado para Antonino. Lutou muito consigo mesma para perdoar Claudina, mas enfim, depois que soube que a mulher ficou louca e tentou suicídio, teve pena. Agora, um mal pressentimento estava lhe sufocando como no dia em que sofrera o acidente.Não pôde deixar de lembrar da conversa que tivera com Antonino no dia anterior. Sentiu que ele estava nervoso e não precisava se esforçar muito para entender que algo muito ruim ia acontecer. Percebeu isso quando conversavam no quarto e ela foi até a janela e viu três helicópteros parados e vários homens armados, protegidos por coletes à prova de balas. Seus pensamentos foram interrompidos com a chegada de Rosa que veio chamá-la para o desjejum, mas Daniela não estava com fome. Saiu para caminhar na praia e foi muito longe andando com o pensamento solto, des