Capítulo 29Antonino estava diante do espelho, dando o nó na gravata. Enquanto se vestia pensava no negócio lucrativo que fecharia naquela noite e pensava também em uma maneira de descobrir quem eram os seus inimigos infiltrados. Viveu a vida inteira apostando que o traidor era Luciano, mas agora estava começando a se preocupar de verdade com aquela situação.Olhou as horas no relógio de pulso, vestiu o paletó e enquanto o ajeitava mandou mensagem para Daniela. Depois saiu do quarto e foi esperá-la no corredor. Em poucos minutos ela abriu a porta. Estava divinamente linda com os cabelos presos em um coque, deixando alguns fios livres. Usava um vestido preto de alças finas com a saia rodada na altura do joelho.Entraram no elevador e em poucos minutos ele e Daniela chegaram ao restaurante elegante do hotel. Numa mesa discreta há um canto estava Fernando Barbosa que sorriu para eles formando rugas ao redor dos olhos e levantou para cumprimentá-los. Estava sozinho e Antonino observou que
Capítulo 30Daniela acordou cedo com o brilho do sol nascente entrando pela janela do quarto. Levantou da cama descalça e foi até a varanda. Que espetáculo maravilhoso presenciava naquele momento! O céu estava limpo e não tinha uma nuvem sequer, enquanto lá embaixo, as águas espumantes do mar azul batiam de encontro as rochas num vaivém que encantava a visão até dos mais distraídos.Voltou-se para dentro, entrou no banheiro fez sua higiene matinal depois vestiu um biquíni com estampa africana mesclando verde com vermelho e amarelo. Ela o havia comprado no Brasil um pouco antes de viajar para a Itália. Colocou uma saída de praia transparente também com cores mescladas combinando com o seu biquíni e desceu.Sentou numa cadeira de frente para o mar e ficou observando o cenário. Naquele momento a praia estava abarrotada. Parecia que todos os hóspedes haviam decidido tomar banho de mar ao mesmo tempo.Olhou para o lado esquerdo e um casal de idoso acenou para ela. Daniela sorriu e voltou a
Daniela naquele momento estava dentro do avião retornando para o Brasil. Depois que expulsou Antonino do seu quarto após voltarem do passeio na gruta, os dois não falaram mais sobre o assunto. E quando ele a deixou na frente da pensão, ela deu um boa noite seco e saltou do carro sem olhar para trás. Ela estava mesmo decidida a tirá-lo da sua vida. Depois que o conheceu seus dias ficaram simplesmente infernais. Quando chegou à Itália não imaginava que fosse se apaixonar daquele jeito. E o pior de tudo era que Antonino Goldacci não tinha sentimentos; era um homem totalmente frio e tratava as mulheres como objeto, só que ela estava sofrendo demais e por isso resolveu esquecê-lo para sempre. Não queria dormir e acordar tendo como pensamento principal um homem que não dava a mínima para ela.Assim que desceu do avião no aeroporto de Salvador pegou um taxi. Quando chegou ao condomínio se identificou na portaria e logo sua entrada foi liberada. Saltou do taxi e uma mulher alta e muito magra
No dia em que Antonino retornou da ilha Barbarella, logo depois de deixar Daniela na pensão, recebeu a ligação de Franco pedindo para que fosse imediatamente ao galpão onde a garota do bar estava amarrada.Ele deu a ordem para Giorgio, seu motorista e segurança, e seguiu direto para lá. Assim que chegou, saltou rápido do carro e entrou, encontrando Franco e os dois vigias tatuados de pé na frente do corpo da garota que estava caído no chão. Os braços dela ainda estavam amarrados para trás. Antonino se abaixou e constatou que ela estava morta. Havia recebido um tiro na testa.— Tive que fazer isso, primo — Franco se justificou. — Ela se recusou a dar as informações; não podia soltá-la. A mulher já estava há uma semana aqui e a coisa começou a ficar demasiadamente perigosa.Antonino se irritou.— Mas que droga, Franco! Se eu não estivesse viajando tenho certeza de que controlaria a situação.— Controlaria como? Pode me dizer? — Franco o desafiou.— Agora vou continuar sem saber quem a m
No dia seguinte logo depois que retornou ao Brasil, Daniela saiu para procurar emprego. Amanheceu um dia lindo e ensolarado na capital baiana. Ela desceu a ladeira feita de paralelepípedos quase correndo até chegar ao cruzamento da avenida principal. Naquela manhã ela usava calça jeans, blusa de tecido fino sem mangas e sapatilhas. Gostava do verão, do calor, do sol e principalmente do estado onde nasceu; ela adorava a Bahia e a cultura do lugar.No momento em que atravessava uma praça viu um amontoado de pessoas batendo palmas e no meio um grupinho usando roupas brancas. À medida que se aproximava percebeu que era um grupo de capoeira. Ela juntou-se ao grupo e começou a bater palmas também. Havia várias pessoas tocando o berimbau, inclusive algumas mulheres.No meio da roda estavam dois homens, um mais velho e outro muito jovem, quase adolescente. Ambos eram negros, estavam descalços, sem camisa e com as calças arregaçadas. Começaram com a ginga, um movimento repetitivo de colocar a
Daniela naquele momento estava diante do espelho grande do quarto examinando o seu visual. Usava um vestido longo de verão e sandálias rasteiras. Ao sair do quarto encontrou Angélica e Carlos esperando na sala. Carmem que estava sentada no sofá vendo televisão não deixou de fazer um elogio:— Você está muito bonita! Vê se arruma um namorado para alegrar mais essa cara.Em quinze minutos de carro chegaram ao local da festa. Na verdade não era bem uma festa e sim uma reunião de amigos na praia, com fogueira acesa, cervejas e petiscos. A maioria das garotas usavam short e camiseta e os rapazes bermuda.Daniela tirou as sandálias e caminhou na areia ao lado de Carlos e Angélica. Viu Rafael conversando em um grupo de rapazes; ele usava bermuda surfista escura e camiseta branca e assim que a viu se aproximou e a cumprimentou com um beijo no rosto. — Que bom que você veio!Depois cumprimentou Angélica e Carlos e os encaminhou para perto da fogueira. Do lado direito depois da fogueira havia
O celular tocou várias vezes enquanto Antonino enfrentava o trânsito matinal na rodovia. Eram ligações de Francesco, mas ele não atendeu nenhuma. Encarou um congestionamento estressante até alcançar o Parque da Cidade, rodou pelas ruas laterais por mais de dez minutos e finalmente encontrou uma vaga para estacionar. Atravessou um caminho de árvores e foi seguindo em frente. Aquele Parque era um magnífico cenário verde destinado para aqueles que queriam passar um tempo longe dos arranha-céus da cidade. Era o lugar preferido dos turistas, e naquela manhã não era uma exceção. Ele caminhou entre a multidão. Os eucaliptos sussurravam e chacoalhavam lá em cima enquanto o vento passava pelas pessoas, apressado. Ouvia os gravetos secos se quebrando debaixo dos seus pés e o vento chicoteando os galhos nas árvores. O sol estava alto e forte abrindo caminho entre ocasionais brechas nos galhos.Uma pesada gota de suor escorreu para dentro do seu olho e ele a secou, de forma automática.Mais adi
Aquele foi um dia exaustivo para Antonino Goldacci. Depois de três reuniões em lugares diferentes, ele estava totalmente consumido.Naquela noite ao sair da empresa Antonino estava entediado e mal humorado. Precisava de uma diversão senão ficaria louco. Pensou em ir até o bar Nuevo, mas naquele momento queria algo diferente. Então seguiu direto para o Clube Felicitá, lugar adequado para assistir as strippers dançarem antes de ter sexo bom e prazeroso.O clube estava lotado: despedidas de solteiros, universitários curiosos e grupos de homens maduros amontoados em volta do palco. Havia também uma multidão no balcão do bar. Antonino se dirigiu para lá, pediu uma bebida e viu um pequeno grupo de empresários sentados em uma mesa próxima, todos conhecidos. Ele ergueu a mão e os cumprimentou, mas permaneceu no seu lugar como um lobo solitário.Ficou analisando os homens casados que estavam ali e se perguntou: porque casavam, se uma hora daquelas estavam em um clube de strip-tease em vez de es