- E como se sacrificaram? - Indagou Hanna, com voz triste, emocionada.
- Não interessa como se sacrificaram, Hanna. Não estão vivos e nós também morreremos nesse lugar se continuarmos perdendo tempo com histórias. - Falou Roger, desinquieto, andando de um lado para o outro.
- Sente-se e cale-se, Roge, estou cansada de suas explosões! - Hanna disse, após sair do estupor. - Quero ouvir o que Serena tem a nos dizer, seja lá o que for.
Ele a olhou boquiaberto, olhou depois para Bento e esse pediu com um gesto que ele se sentasse.
- Continuando. - Serena ficara calada até que Roger se sentasse, ele o fez irritado e resmungando. - Entendo perfeitamente o ultraje de vocês, é m
- Não. Agradecemos, mas não queremos viver aqui, temos nossa vida lá. - Agora foi Hanna quem se opôs. - Temos nossa família, nossos pais, irmãos, amigos, Roger foi acolhido por uma pessoa boa e amável, Bento também foi acolhido, como e eu e estamos bem, muito obrigada.- Hanna tem razão, nos desculpem, mas queremos ir embora. Sentimos muito não poder ajudá-los. - Roger falou, baixo.- Não entendo vocês. - Disse Bento. - Roger me espanta mais. Era para se sentir animado de estar entre os seus, finalmente. Sempre foi revoltado por não ter sido adotado e ficado no orfanato até os dezoito anos. Agora descobre sua verdadeira origem, seu lar e quer voltar?- Nunca fui um revoltado. Por ser mais el&eac
Bento se distanciou de Téron, Roger percebeu, mesmo tendo diminuído a fenda dos olhos e fingindo estar totalmente entregue aos sonhos. Colocando as duas mãos debaixo da cabeça em um travesseiro improvisado, tinha mais acesso a olhá-los.- Pensei que tivesse acordado. - Falou Bento.- Foi uma dose pequena, mas bem concentrada. - garantiu Téron. - Não irão acordar nas próximas duas horas, pelo menos.- Pensei em amarrá-los daqui a pouco, só para que nos ouça, o que acha?- Não gostaram de chegarem aqui amarrados e Roger parecia um animal enfurecido, Bento. Sugiro que tente falar com um de cada vez, longe um do outro, sabe. Ir devagar. – Acho melhor deixar Bento resolver isso, Téron. Os conhece desde a infância e ninguém melhor que ele para falar, não acha? Já me custou muito tempo inventar todo esse cenário ilusório. Condado. Até a mim pareceu ridículo, não sei como caíram nessa.ー Achei mais forçado a parte em que nossos pais se sacrificaram, a tal gruta… Não pensou em nada melhor? Até eu quase chorei. ー Bento ria abertamente.ー Nunca me preparei para essa parte. A de inventar sobre os pais de vocês, foi puro improviso e achei que ficou até bom. Mas eles nunca precisarão saber que foram deixados aqui e que talvez seus covardes pais estejam por aí.CAPÍTULO VINTE
O orfanato. Passou a reconhecer o local onde estavam e a casa onde passaram a infância, se assomou à sua frente.ーHanna, acorde. Veja, é A Casa Abrigo. Olhe!Sua voz estava roufenha de cansaço, o efeito do que bebera ainda era sentido em sua língua seca. Hanna abriu os olhos quando ele a apoiou à sua frente em seus joelhos. Sentada e apoiada nele, ela abriu os olhos e viu o orfanato.ー O que estamos fazendo aqui? – Perguntou a jovem querendo resvalar novamente para o sono e já fechando os olhos.ー Não sei, mas você tem que lutar e tentar ficar acordada. Vamos entrar.Hanna se ajoelhou e pegou a mão qu
ーFiquem longe de nós! – O rapaz falou e segurando a mão de Hanna, começaram a se afastar de todos e irem em direção a porta. Só então Serena se mexeu. Não que tenha se movido do lugar nem nada assim. Mas com um menear de uma mão em direção a porta, essa se fechou com um baque tão forte, que as paredes tremeram. Hanna gritou e se agarrou a Roger.ーDeixem-nos sair! – A voz da jovem saiu chorosa. ーNão vamos denunciá-los, só queremos ir embora daqui, seguir com nossa vida. Bento, vamos conosco, por favor.ーNão seja ridícula, Hanna. Por que eu iria querer voltar à nossa vida patética se tenho a
Dora se aproximou dos dois e ambos se retraíram. Ela pegou devagar as mãos de Roger e passou as suas pelas palmas e braços do rapaz, que não conseguiu evitar um arrepio. Hanna segurava o pedaço de pau que havia se quebrado quando ele tentara quebrar a porta e se mantinha à espreita, colada ao seu corpo sem desviar os olhos da mulher, preparada para lhe atacar caso ele ferisse seu amigo. Seus olhos demonstravam que nada a impediria de golpeá-la. Dora a ignorou e em segundos, as feridas de Roger desapareceram.ーEsse é apenas um dos poderes que temos no início do solstício. ー Informou Dora, ficando de pé e se afastando. ーEntendam que uma nova vida se abre diante de todos. Vocês chegaram à maioridade e agora detém mais poder do que imaginam. Vocês três poderão abrir uma fenda para novas realidade
ーComo poderia não amá-los? E me acreditem, eu só soube disso há pouco tempo. Foi Dora e Téron que me disseram que isso era possível, que éramos os jovens da profecia. Tentei falar com vocês inúmeras vezes, quando descobri. Dora e Serena foi que me fez mudar de ideia e me disseram que ainda não estavam preparados. Achamos por bem esperar a hora certa de apresentar a vocês essa maravilhosa oportunidade.ーE nos dizer assim, dessa forma, tudo de uma vez? Nos trazer até aqui, fingir que tínhamos viajado entre realidades, modificar o orfanato, usar de seus poderes para criar um redemoinho, nos assustar por horas e apresentar a nós isso que acha que é para nós, uma maravilha? Ah, você é mesmo o pior filho da puta que já conheci, Bento. ー Roger lhe disse, o asco visí
Quando o barulho cessou, ele arriscou abrir um pouquinho a porta. O silêncio o saudou. Criando coragem, saiu de gatinhas da geladeira e engatinhou até onde estava sua amiga. O gosto de sangue na boca, com certeza do dente quebrado ou das mordidas na língua.Hanna estava de pé, seus cabelos grudados no suor do rosto, sua expressão, inescrutável. A exaustão visível, deixava pregas debaixo de seus olhos escuros pelas olheiras. O braço, antes quebrado, pendia solto e os dentes trincados. Com a outra mão, a sã, ela segurou o braço que, ao que parecia, doía, pela expressão dela, mas não mostrava sinais de quebradura. Como poderia ser possível isso:ーRoge, acho que os matei. ーela soluçou, a voz baixa e rouca.Último capítulo