Estavam de volta ao orfanato. Pararam na porteira e ficaram uns minutos olhando lá para dentro. Nem sinal de Bento ou dos outros, estava tudo quieto. A porteira estava como deixaram, aberta.
ー Não tenho um pingo de vontade de entrar lá. ー disse Hanna.
Roger concordou com um aceno de cabeça. Pressentiram que os esperavam, que estavam à espreita os aguardando e era inevitável o arrepio que sentiam.
ー Ouça, Han, está ouvindo os pássaros?
ー Sim! Me parece tudo normal, veja o céu, está azul, será que está tudo bem, que voltou tudo ao normal?
ー Não imagina como gostaria de acreditar que sim, mas sinto em minha medula que não. El
ー Sério?ー Claro. Você achou que eu não iria querer conhecê-la?Roger sorriu mais abertamente e a puxou de encontro a si.ー Eu queria apresentá-la à vocês desde a segunda vez que saímos, mas tinha medo de que não fosse sério, sabe. E na verdade não sabia que era sério até agora.ー Seu bobo. Independente de ser sério ou não, quero muito conhecê-la. Ainda que seja só uma garota que está ficando com você, quero bater um papo com ela, contar como você é de verdade.Roger fingiu dar um soco em seu braço.ー Por favor, só n&atild
ー Padre, o senhor não acreditaria no que estamos metidos ー começou Roger. ー Aconteceu algo e nem sei por onde começar.Hanna, após ouvir o amigo tentando em desespero começar a contar, se afastou, o sorriso sumindo subitamente de seus lábios. Ela olhava para o Ford antigo do padre e se perguntava como ele podia estar ali. Será que podiam confiar nele, será que era um deles, dos que queriam matá-lo a todo custo para conhecerem uma outra realidade? Não passou despercebido ao padre a mudança abrupta da jovem.ー Acredito sim, meu caro, que estejam metido em alguma confusão, mas se acalme e me contem.ー Por que o senhor está aqui? ー Perguntou a garota, puxando Roger pelo braço para que se afastasse do clérigo at&eacut
ー Por favor, me perdoe, padre. O senhor irá entender tudo se nos ouvir. ー Pois se já não a ouvi! Está insana, dizendo coisas que não existem, falando sobre a abertura de um mundo novo, me dizendo que Bento se transformou em uma pessoa do mal! Me dê essas chaves ou não responderei por mim! Nunca levantei a mão para um de vocês ou qualquer outra criança, mas o farei se não me devolver a chave. Preciso ver como estão todos. Pedirei a Dora que ligue para seus pais, eu mesmo ligarei. Ele estava instável como Hanna nunca o via visto. A farta barba grisalha tinha perdigotos de sua fala raivosa e com o rosto bem perto da jovem, se fosse em outra situação, ela choraria por ser responsável por deixá-lo tão fora de si. E foi quando o carr
ー Que arcaico isso aqui! ー A voz foi de uma das criaturas, saiu alta e sarcástica. Não os olhavam, observavam tudo à volta, indiferentes a eles, com curiosidade. ー O que é aquilo barulhento? Não adiantou virá-lo. O ser que ficava no meio de dois, foi quem perguntou. Então sim, foram eles que viraram o carro. ー O que são vocês? ー Roger vociferou, dando um passo à frente, revoltado de saber que foram eles que viraram o carro. Hanna e Dora o seguraram pelo braço, tentando acalmá-lo. Já tinham visto que as tais criaturas eram poderosas e poderiam aniquilá-los facilmente. Roger com seu temperamento sempre volátil, não pensava quando era provocado. ー Somos os jovens da profecia, meu caro. E o que são vocês? Téro
ー Não nos resta mais muito tempo. Temos que entrar logo na fenda.Foi o que Bento disse. Seus aliados pensavam a mesma coisa. Não estavam preocupados com o que Hanna e Roger pensavam, tinham pouco tempo e não queriam gastar com perguntas sem respostas.ー Vão sem nós. Não queremos ir, Bento, por favor, siga seu caminho e nos deixe aqui. ー Pediu Roger em voz baixa, mais calmo do que havia estado até agora; olhava para Bento com um pedido no olhar, mais do que suas palavras, sua feição era de cansaço, físico e mental Ele não pedia á nenhum outro, mas á seu velho amigo.Hanna ao seu lado, não estava tão calma como ele, olhava com incredulidade para Bento e meio enraivecida de terem que insistir t
ー Melhor os três na frente. ー Téron avisou os demais. Serena e Dora estavam em polvorosa, mas deixaram que os três jovens passassem e entrassem primeiro na fenda da grande árvore. Não parecia que há apenas alguns minutos eles tivessem visto algo surreal e agora iriam fazer o mesmo. Olhando para a fenda, não parecia nada anormal, um grande buraco, um oco na árvore que brincaram tanto e por tantos anos. Nada de anormal ali, nenhuma luz irradiando, nenhuma seta brilhante, nenhum tapete de boas vindas, nada, apenas uma simples, grande, porém simples árvore que conheceram a vida toda.Bento deixou que os dois andassem à sua frente. Óbvio que temia que eles fossem desistir ou fazer algo, caso os deixasse entrar depois. Instava-os a continuar e transpor o buraco cavado no tronco por sabe-se lá quem. Será que a á
ー Meu Deus, Roger, você está bem? ー Agachada ao lado dele, com os joelhos, ela não conseguiu deixar de notar, no cimento, e não no gramado.O sangue quente do amigo saía forte e já se empoçava debaixo dele.ー Não acho que tenha quebrado nenhum osso, mas dói demais. Onde estamos? ーEle tentou se levantar, mas com um gemido se deixou cair novamente.Hanna olhou ao lado e lhe parecia que estavam em uma praça. Via pessoas ao longe, cerca de cinquenta metros. Nunca havia visto aquele lugar.ー Parece que entramos na fenda. Fique aqui e vou buscar ajuda.ーNão! Por favor, não me deixe só.ー Jamais o d
Bento- Chegou uma carta para você, Bento. - Disse Ronan, o rapaz que trabalhava no caixa do Supermercado, estava em sua hora de folga.- A carta chegou aqui? - Perguntou Bento, que usava a balança para pesar um frango para uma cliente.- Sim, estranho, né? Uma carta simples. Deixei na gaveta do meu caixa, vou fumar um cigarro lá fora, caso você queira pegá-la, está lá.Bento agradeceu e se esqueceu segundos depois, mais uma cliente aguardava sua vez de realizar o pedido.Só quando foi sua vez de fazer uma pausa, no meio da tarde, foi que Ronan o chamou do caixa e lhe entregou a carta.Bento se sentou